Sílvio Santos (1930-2024)

, por Alexandre Matias

Personagem único na história do Brasil, Sílvio Santos, que morreu neste sábado, misturava dois papéis que normalmente andam separados na cultura brasileira: era um homem de negócios, de bastidores e das sombras ao mesmo tempo em que era protagonista, estrela e comunicador. Empresário de si mesmo, transformou-se num produto que era a melhor propaganda de seu negócio e quando chegou ao ápice, durante a ditadura militar, assumiu ser um manipulador de opinião pública que fazia isso descaradamente. Enquanto todos os magnatas da comunicação no mundo escolhem seus testas de ferro para emplacar sua visão de realidade, Sílvio Santos fazia isso ele mesmo, misturando ares de gestor, self-made-man e popstar. Uma figura tão carismática quanto vil, tão amada quanto odiada, igualmente puxa-saco e idolatrado, num retrato deformado – e de alguma forma fiel – à natureza social do brasileiro.

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