Ninguém pediu, mas aí vai ela de novo.
Será que o Sonic Youth não acaba com o fim do casamento de Thurston e Kim? Aparentemente sim, como o Fabio comentou no post em que eu perguntava sobre isso. Olha o que ele diz:
Li o relato de dois caras que foram para o Uruguai ver o show (que aliás foi em lugar pequeno e fechado, com 1h50min de duração) e encontraram o Thurston dando rolê na rua sozinho. Ele quis saber o que dois brasileiros estavam fazendo em Montevidéu já que eles tocariam por aqui também. Os caras disseram que queriam ver um show completo (fora de festivais) do que seria provavelmente a última turnê da banda. O Thurston respondeu que duvida que a banda vá terminar, ele não acredita que isso possa de fato acontecer.
Pelo pegada que foi o show no SWU eu também duvido um pouco. Um amigo aposta que se banda não acabar, a Kim vai sair, pelos relatos de que ela gostaria de ter mais tempo para seus trampos em arte plástica. Até entendo, ela tá com 58 anos, deve estar de saco cheio de viver no rolê sem parar.
Eu aposto, no mínimo, em uma diminuição do tempo em turnê e espaçamento maior entre os discos (o que já passou a acontecer nos últimos 10 anos).
Tomara. Mas isso é só especulação.
Matéria do Lado B sobre a série de shows que o trio fez no Brasil há dez anos.
Grandes shows, a propósito. Alguém sabe se o áudio disso tá digitalizado em algum lugar?
O saxofonista Thiago França é um dos músicos mais ativos na São Paulo de 2011. Toca com o Criolo, com o Kiko Dinucci, com os Marginals, no Metá Metá e com o Rômulo Fróes – e com todos eles lançou discos responsa, todos esse ano (além de participar do disco do Gui Amabis). Agora é a vez de seu próprio projeto, o Sambanzo, que começa a ver a luz do dia. Porque a da noite, já conhecia faz um tempo:
E além dos shows, quem vem por aí é o próprio disco do grupo, que ainda conta com o Kiko na guitarra, o baixista Marcelo Cabral (também produtor do disco do Criolo, junto com o Ganjaman), Pimpa na batera e Samba Sam na percussa. França explicou o conceito por trás de Sambanzo: Etiópia, o primeiro CD, em entrevista ao Radiola Urbana. O disco só aparece de fato em 2012 – mas que já teve uma palhinha disposta online:
O Sambanzo é o meu projeto solo, criei pra tocar as minhas músicas. Partiu da vontade que eu tinha de fazer uma gafieira universal (isso não é uma citação à Banda Black Rio!!!). No geral, a gafieira está ligada só ao samba, mas outros gêneros próximos são tocados com a mesma intenção, o carimbó, o forró, a guitarrada… Eu sempre achei que tudo isso cabia no mesmo balaio. Tecnicamente, é possível entender o trabalho assim: são composições simples, melodias intuitivas, rudimentares, compostas num esquema básico de “pergunta e resposta”; harmonias com dois acordes, geralmente tônica e dominante, ou até mesmo músicas com um único acorde, que o caso de “Etiópia”. E, por trás disso, muito suingue, muito veneno. Estruturas elásticas, descompromissadas, pra fazer um belo baile. Além disso, o encontro dos cinco — eu, Marcelo Cabral (baixo), Kiko Dinucci (guitarra), Samba Sam (percussão) e Pimpa (bateria) — gerou uma sonoridade única, todo mundo tem personalidades musicais muito fortes. Além das minhas composições, eu inclui no repertório duas adaptações de pontos de umbanda, que dão a pista da espiritualidade presente nas músicas. Cada show é um ritual.
E o próximo acontece sexta-feira, na Afro Blitz, festa do Ramiro na Serralheira. Boa pedida.
Vocês lembram das irmãs suecas Johanna e Klara Söderberg, que começaram a frequentar nosso imaginário em uma versão tocante de uma das melhores músicas do Fleet Foxes, não? Pois as duas tiveram a oportunidade, no Polar Music Prize que aconteceu em agosto, de cantar “Dancing Barefoot”, da Patti Smith, PARA a Patti Smith. E ela, da platéia, não conteve a emoção:
Quem mostrou foi a Babee.
Duas fotos (uma oficial, do Marcus Hermes, e outra da cobertura da Soma, da Caroline Bittencourt)…
…e uma pergunta: e agora?
Fui ao SWU só pra assistir ao show do Sonic Youth (os vídeos tão subindo, hehe). Entrei na muvuca quando eles começaram a segunda música e zarpei fora ouvindo o Primus tocando ao fundo. Havia o boato, ainda não confirmado, de que aquele seria o último show da banda. Não importava – era um show do Sonic Youth, vê-los era uma obrigação.
O que ninguém soube responder foi se aquela, de fato, era a última apresentação do grupo – afinal, seu casal central, Thurston Moore e Kim Gordon, não é mais um casal (há quem culpe a banda da filha deles, mas acho que é maldade). Mas não parecia um último show. O nível de catarse e despojamento instrumental foi característico de outras apresentações da banda. Não houve sinal de despedida definitiva, no máximo o “nos vemos em breve” dito por Thurston Moore no final, que não decifra nada – ele podia estar falando de sua carreira solo. Houve quem sentisse uma tensão no palco entre os dois e quem notasse que Kim ainda estava usando aliança. Tive a impressão de estar vendo um show normal dos caras e tenho a sensação de que eles não fariam sua última apresentação longe de casa, em Nova York.
Mas isso sou eu. Alguém sabe de mais algo?
Culpa do Facebook, que agora tem uma página em homenagem ao clássico festival campineiro. Um resumo bem 3 x 4 na matéria abaixo, da EPTV.
Traduzindo: foi o início do rock alternativo no Brasil de fato, quando o movimento paralelo às gravadoras e rádios começou a se tornar nacional a partir de um festival realizado fora de uma grande capital. O Junta foi imaginado pelo Marcelão, que na época tocava com o Waterball, e executado pela dupla Sérgio Vanalli e Thiago Mello, que editavam o fanzine Broken Strings. O festival teve duas edições, ambas na Unicamp: na primeira, em 93, mais guitar e hardcore, a principal revelação foi os Raimundos, mas a banda de Brasília já estava no radar do jornalismo musical brasileiro há alguns meses e o show no Juntatribo (marcado em cima da hora) foi quase que a explosão de uma banda relógio. A principal atração da primeira edição foi reunir a primeiríssima geração daquele novo rock independente brasileiro (que cantava em inglês e existia basicamente entre o Rio e São Paulo) num mesmo evento: Mickey Junkies, Killing Chainsaw, Pin Ups, Second Come, Safari Hamburgers e Low Dream (a outra representante de Brasília). Os Raimundos funcionaram quase como um brinde para o festival. Assisti à maioria dos shows sem nenhum distanciamento crítico: era apenas estudante da Unicamp e a realização de um festival daqueles, feito na raça por pessoas que eu conhecia pessoalmente, era exatamente o que eu esperava da vida na universidade.
No ano seguinte, já estava trabalhando em jornal (no Diário do Povo) e ajudei a pensar a edição especial que cobriria a segunda edição do evento, que já ampliou seu leque musical e cuja principal atração era um grupo de rap novíssimo do Rio de Janeiro, um certo Planet Hemp. A edição de 94 foi marcada pela desorganização em alta escala, uma vez que a popularidade posterior do primeiro Junta trouxe dezenas de carros cheios de malucos da capital e de todo o interior de São Paulo para o festival. Já no primeiro dia, o palco desabou. O que transformou o segundo dia em uma maratona que começou ao meio-dia e terminou às cinco da manhã do dia seguinte, algumas horas antes dos shows do último dia começarem.
Foi um festival importante pra muita gente, que passou a aprender o que era rock alternativo, cultura independente e a lógica do faça-você-mesmo na prática e que cultivou sementes que brotariam no decorrer da década e que até hoje estão aí. E isso num tempo sem internet, sem MP3, sem blog, sem rede social, sem podcast, sem YouTube. Era tudo na base da carta, do xerox, do VHS, da fita cassete e do flyer. Parece que se passaram uns cinquenta anos.
A página do Feice do festival é essa. Curte lá.
Marty McFly voltou à vida no sábado passado, quando Michael J. Fox, organizador do evento A Funny Thing Happened On The Way to Cure Parkinson’s, empunhou novamente uma guitarra e revisitou o clássico de Chuck Berry que encerra seu filme mais emblemático, De Volta para o Futuro.
Não façam piadas sobre a câmera tremida, por favor, é feio.
Realizado no Sesc Santo André sempre no início de dezembro, o Batuque é o novo nome festival que até há dois anos se chamava de Indie Hip Hop e que havia varado os anos 00 trazendo alguns dos principais nomes do rap underground dos EUA para São Paulo, além de consagrar toda a geração do hip hop brasileiro pós-Racionais. Em sua nova versão, o festival inclui elementos afro em seus ingredientes e ano passado trouxe um dos filhos de Fela Kuti, o Femi, que já havia tocado em São Paulo num Free Jazz, e que se apresentou na mesma noite que viu shows do Kiko Dinucci, da Anelis Assumpção, do Maquinado, do Takara e do Elo da Corrente. E pra edição desse ano, o produtor Daniel Ganjaman já antecipou, via Twitter, que o festival recebe, além de duas das principais revelações nacionais do ano (o próprio Criolo que Ganja produziu e o grupo Bixiga 70), dois dos principais nomes da história do rap: o MC Q-Tip, que fez fama no A Tribe Called Quest, e o DJ Prince Paul, produtor do De La Soul.
Nada mal…
Além do genial encontro chamado Rocket Juice and the Moon (em que o ex-vocalista do Blur assume a responsa, o vocal e os teclados de uma banda que tem o Tony Allen na batera e o Flea no baixo), Damon Albarn segue sua cruzada pela expansão de sua área de atuação em uma expedição à República Democrática do Congo, o maior país da África, em uma expedição musical ao lado de bons compadres (Dan the Automator e Richard Russell, da gravadora XL, como nos conta a Rolling Stone gringa. E não custa lembrar que Damon já produziu um disco inteiro em um país africano…





