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Lúcio que veio com esse papo, que a banda de Damon Albarn baixaria por aqui no segundo semestre… O Blur seria um nome perfeito pra desintoxicar o Terra do risco de virar um festival pop (depois das expectativas criadas a partir da venda de ingressos a jato, depois do anúncio dos Strokes, no ano passado) e retomar suas raízes indies que o tornam um festival tão particular no cenário brasileiro. Mas embora o Blur seja apenas um dos nomes que podem exercer esse poder – Pulp, Suede, My Bloody Valentine, Wilco e Spiritualized são outros fáceis de se encaixar neste perfil -, ele é certamente o nome mais reconhecível pelo público não-indie.

É só torcer pra não ser no SWU, que aí é difícil…

Abaixo, a música nova que o grupo já apresentou como parte do material inédito que irá lançar ainda este ano.

Dedos cruzados.

Rita Lee pra começar a semana sem se cansar.

E por falar em Legião Urbana, segue a íntegra da apresentação da banda no Programa Livre, em 1994. Olha o repertório:

“Mais do mesmo”
“1965 (Duas tribos)”
“Que país é este?”
“Love in the afternoon”
“Será”
“Tempo perdido”
“Pais e filhos”
“Vinte e nove”
“Perfeição”

Eu não gostei, mas teve quem gostasse, portanto…

Dica do Leonardo.

Damon Albarn 2012

E o Damon Albarn vai lançar em disco a trilha sonora pra ópera que fez ano passado sobre a vida do enigmático mago, matemático e consultor da rainha Elizabeth I, John Dee, um sujeito descrito pelo Alan Moore (que também colaborou com o projeto) descreveu como sendo “o homem que inventou a Inglaterra”. Damon subiu um vídeo há pouco com trechos de “Apple Carts”, uma das músicas da ópera:

Ele já havia tocado a música outras vezes, no ano passado, como podemos ver no vídeo abaixo:

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Pra quem não sabe, sou um dos curadores do Cultura Inglesa Festival (o Lucio é o outro), que no ano passado trouxe shows do Gang of Four, Miles Kane e Blood Red Shoes de graça no Parque da Independência num dos melhores eventos no Brasil do ano passado (quem foi sabe, quem não foi pode conferir aqui). E, aos poucos, vamos divulgando as novidades do festival deste ano.

A primeira é que, além de São Paulo, o evento também acontece em quatro cidades no estado – Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Santos. A segunda é que já foram oficializadas as bandas que tocarão nestas apresentações: além dos brasileiros Banda Uó (tocando Smiths, imagina) e Garotas Suecas (tocando Stones, imagina), também anunciaram as vindas dos Horrors e do We Have Band, duas bandas novíssimas que chegam ao Brasil menos de um ano depois de começar a fazer sucesso em seu país de origem. Uma palhinha das duas bandas para quem não as conhece:


We Have Band – “Tired of Running”


Horrors – “Still Life”

Falta divulgar um só nome – a banda que fecha o evento em São Paulo. Eu já sei qual é, mas só posso falar depois que a divulgação for oficializada. Só adianto uma coisa: é um show incrível.

O show em São Paulo acontece no dia 27 de maio. Os de Campinas e São José dos Campos rolam no dia 2 de junho e os de Santos e Sorocaba no dia 3.

Hoje é dia de chillwave à brasileira, no Prata da Casa. Os cariocas do Dorgas, que filmei ano passado num show no Beco, também no meio da semana, são a terceira atração do mês de abril no festival que, esse ano, conta com a minha curadoria. O show começa às 21h, mas os ingressos só começam a ser distribuídos (sim, é de graça), uma hora antes, na bilheteria do Sesc Pompéia. Vamo lá? Abaixo, o texto de apresentação que escrevi pro Sesc.

“Dorgas, manolo!” é o meme inventado online para designar qualquer coisa – fotografia, links, vídeos – que tendam para a loucura pura e simples. A palavra “drogas” é escrita propositalmente errado como se pudesse separar o elemento lúdico do tóxico, enfatizando a natureza destrambelhada daquilo que está sendo destacado. Uma banda com esse nome pode causar uma sensação de estranheza que passa pelo humor abobalhado, mas o Dorgas – mesmo rindo de si mesmo a partir do batismo – passa à distância de qualquer tentativa de ser engraçadinho. Pelo contrário, são dos primeiros brasileiros a se enveredar pela praia da chillwave, subgênero da música eletrônica que recicla a dance music dos anos 80 com uma abordagem mais zen, que ganhou destaque ano passado com o lançamento dos primeiros álbuns de produtores solitários que se escondem atrás de nomes enigmáticos como Memory Tapes, Washed Out, Toro y Moi e Neon Indian. O Dorgas, no entanto, é uma banda de formação rock, mas que aborda essa tendência à música quase instrumental e hipnótica.

Aos poucos uma frase foi se formando na minha cabeça. O Sambanzo é a melhor banda do Brasil hoje.

Claro que ao mesmo tempo em que a torcida pra que ela fosse verdadeira surgia, uma série de ressalvas vinham surgindo para tentar contestá-la. Mas o fato é que há fatores que implicam fortemente para que essa afirmação seja verdadeira. Primeiro, porque passamos por um momento em que artistas solo estão produzindo mais do que grupos de artistas. Segundo, que os inevitáveis concorrentes na categoria (Nação Zumbi, Cidadão Instigado, Instituto, + 2) não lançam coisas novas há um tempo. E, terceiro, porque, como pudemos assistir na terça passada no Sesc Pompéia, estamos diante de uma usina sonora de ritmo e harmonia que carrega o público pra onde quiser.

Começa que a banda é liderada por Thiago França – integrante do Marginals e do Metá Metá, músico da banda de Criolo e um dos principais novos músicos do país, se firmando cada vez mais como representante da música instrumental brasileira em um instrumento de sopro, o saxofone. Entregue ao transe rítmico do grupo, Thiago desbrava as fronteiras de seu timbre em solos agressivos, riffs hipnóticos ou repetições em tom de mantra, sempre se entregando cegamente à música e contando com efeitos elétricos como parceiros no mergulho no próprio som.

Ao seu lado, fazendo as vezes de fiel escudeiro, outro grande músico brasileiro do século 21, Kiko Dinucci também empunha sua guitarra como facão na picada aberta por Thiago, ecoando música africana, carimbó, reggae, cumbia e calipso, mas sem deixar sua veia rock de lado, usando distorções e microfonias um pouco além da sutil moderação. Ao seu lado, o baixista Marcelo Cabral funciona como rede de segurança para as acrobacias de Kiko, e o produtor de Criolo cria uma base firme o suficiente para que Kiko e Thiago se entreguem na dobradinha de melodia e harmonia que conduzem sem perder a fluidez que deixa a música escorrer por minutos que parecem horas, no melhor sentido.

Amparando a linha de frente, não corre atrás. O baterista Welington Moreira é classudo e econômico, mesmo deixando-se levar pelo afro beat, não perde a fleuima de baterista de jazz – deixando espaços de som abertos o suficiente para que, junto à percussão temperada de Samba Sam, que também distorce seus instrumentos com o auxílio da eletricidade, criem uma atmosfera rítmica complexa e direta.


Sambanzo – “Capadócia”

A revelação surgiu no meio de “Capadócia” (acima) quando, de repente, parecia que eu tava assistindo a um show da turnê européia dos Talking Heads na Europa, com Adrian Belew na guitarra, em 1980. E permaneceu durante todo a apresentação, na medida em que o grupo transformava a choperia do Sesc Pompéia em múltiplos ambientes, a cada música: um salão de festas de terra batida no norte do Brasil, um baile clandestino caribenho, um terreiro de macumba, um clubinho abafado de jazz, o espaço sideral.

Não é pouco. Fiz mais vídeos aí embaixo, mas não perca a oportunidade de assiti-los ao vivo ainda esse ano.

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Quebra tudo, Jimbo!

Dica do Cid.