Tá rolando essa história de que a cantora cancelou os shows que faria na Argentina – e que talvez isso acabe complicando sua vinda para o Sonar brasileiro, no início do mês que vem. Apesar de ela não ser o show que eu mais quero ver no festival (Chromeooooooo), tomara que não seja nada… Vi na Rolling Stone argentina.
No show do Prata da Casa hoje, o convidado é o guitarrista mineiro Tibless, que leva seu lado soul pra seara do afrobeat. Abaixo, o texto que escrevi sobre ele para o projeto do Sesc. Lembrando que o show começa a partir das 21h e os ingressos podem ser retirados, de graça, a partir das 20h.
A influência da música africana na brasileira é umbilical. Dos lundus ao prefixo “afro” na afrociberdelia de Chico Science, passando pelos Afro-Sambas e pela conexão África-Brasil de Jorge Ben, a presença desta músicalidade em que a harmonia e o ritmo parecem se misturar em uma coisa só, em um caleidoscópio de escalas e beats é reverenciada com frequência por seus protagonistas, mas os efeitos da apresentação do afro beat para uma geração de novos artistas, que aconteceu na virada do milênio, vêm mostrando resultados. Tibless vem de Minas Gerais e passa à distância do groove visceral de artistas como Bixiga 70, Sambanzo e Lucas Santtana, pois equaciona elementos novos à mistura – principalmente soul e R&B. Mas não dá para deixar seu disco de estreia – Afro-Beat-Ado, de 2011 – fora desta paisagem de celebração à música africana no pop brasileiro do século 21.
Rolou nessa terça à noite, em Londres, mas como o fuso horário tá ao nosso favor, já dá para assistir…
Nem acho essa das melhores do disco novo, mas ela comanda de qualquer forma…
Agora sim! Se liga que show foda… A parte em que ele começa “Everything in its Right Place” com Neil Young então…
Olha o setlist:
“Bloom”
“15 Step”
“Weird Fishes/Arpeggi”
“Morning Mr. Magpie”
“Staircase”
“The Gloaming”
“Pyramid Song”
“The Daily Mail”
“Myxomatosis”
“Karma Police”
“Identikit”
“Lotus Flower”
“There There”
“Bodysnatchers”
“Idioteque”
Bis:
“Lucky”
“Reckoner”
“Everything In Its Right Place (‘After The Gold Rush’ intro)”
“Give Up the Ghost”
“Paranoid Android”
Melhor banda do mundo hoje há quanto tempo mesmo?
E essa, vocês viram?
Século 21, mano…
E para não perder a deixa, eis outro show do Coachella inteirinho no YouTube – sim, o mesmo que viu Tupac Shakur renascer em 3D.
O que foi esse show… Quando tem de novo no Brasil, hein? Abaixo um trecho do show que fizeram na quinta em Santa Barbara Bowl.
Mas já já o show do Coachella aparece inteirinho online, guentaê…
Quando vi que Foo Fighters e Arctic Monkeys seriam os principais nomes do Lollapalooza brasileiro, me bateu um sossego – poderia perder tranquilamente o festival. Ao assistir ao show dos Foo Fighters no primeiro dia do festival, ao vivo pela TV, o mesmo sossego transformou-se em desconforto – não só vinha a consciência de que os Foo Fighters haviam deixado de ser uma banda promissora para se tornar a maior banda emo do mundo (não que haa algum problema nisso), como Dave Grohl esqueceu-se de cantar, transformando-se em uma sirene de garganta que berra por todas as músicas e toca-as sempre em velocidade acelerada, como se estivesse com pressa de terminar o show. Ao vê-lo destruindo a própria “Big Me” ao tocá-la quase no dobro de sua velocidade original, mudei para outro canal em que pude assistir a um longo show do Cure da metade da década passada. Ao mesmo tempo lia mensagens e atualizações de status que reclamavam do perrengue antes, durante e depois do show. Os motivos eram os de sempre: filas, preços, qualidade do serviço, som baixo, telão pequeno, multidão, demora pra conseguir sair do lugar, etc. Defeitos e destratos que infelizmente se tornaram inerentes a qualquer grande evento no Brasil.
Mas no dia seguinte tinha os Arctic Monkeys, que não são propriamente uma banda favorita ou querida, mas pelos quais tenho um tremendo respeito. Mais especificamente em relação a Alex Turner, o dono do grupo, que é um cara que veremos pelos próximos 20, 30 anos mantendo a mesma qualidade e eficácia na produção de canções memoráveis. Dá até para arriscar que os Monkeys são melhores que os Strokes, a maior banda desta geração, pois o conjunto da obra dos ingleses é mais consistente que a discografia dos nova-iorquinos. Os últimos desempatam no quesito coletânea de hits – e muito pelo fato dos Strokes serem pioneiros de uma época em que o rock tinha ficado em segundo plano, fazendo que boa de suas canções venha com forte carga afetiva. Mas basta lembrar do show dos Strokes no último Planeta Terra – por melhor que ele tenha sido, não dá para dissociar aquela apresentação de uma reunião de banda antiga, um revival, uma versão (bem) melhorada da volta do Guns’N’Roses em 2001. Aos doze anos de idade, os Strokes já estão em sua fase Las Vegas. Bem diferente do que aconteceu com os Arctic Monkeys. Tive de conferir.
E logo mais me vi andando pela areia da pista de corrida do Jóquei paulistano rumo ao palco em que os ingleses iriam se apresentar. Cheguei tarde e perdi o MGMT, portanto bastava achar um lugar bom para ver o Foster the People e esperar um pouco mais para assistir aos Monkeys.
Tão esquecível quanto divertido, o Foster the People fez um show muito superior ao que poderia se imaginar de uma banda de sua estatura, vencedor da categoria “revelação” do indie rock do ano passado, com os dois pés na pista de dança. Em 2012, esses adjetivos tornam qualquer artista em menos do que uma nota de rodapé, mas o fato é que guardaram seus três (quatro?) hits para o final do show e, goste ou não, “Pumped Up Kicks” funciona muito bem no palco, ainda mais com uma gracinha que sublinha o aspecto dance music da canção, ao turbiná-la de repente, com muita ênfase no grave.
Foster the People – “Pumped Up Kicks”
Já o Arctic Monkeys não teve a menor dificuldade para dominar o final do evento. Como os Foo Fighters, eles também são heróis de uma geração muito nova, com menos de 20 anos, que sabem cantar todas suas músicas – e cantam aos berros. O que muda é a dimensão. Os Monkeys não são uma banda de primeiro escalão, uma banda de estádio, power rock, que domina sozinha uma multidão de dezenas de milhares. Mas caminham para isso (se isso ainda continuar existindo) – e a passos firmes. Seu fiel da balança é inevitavelmente seu principal nome, o guitarrista e vocalista Alex Turner, que aos poucos encarna uma mistura de Elvis Presley com Dorian Grey puxando o espírito norte-americano do rock’n’roll – aquele que se mistura com a caipirice do rockabilly de Jerry Lee Lewis e à melancolia dos falsetes de Roy Orbinson – para o sotaque do norte da Inglaterra. Eles talvez sejam a banda de rock mais importante do mundo hoje (com o Franz Ferdinand como seu grande rival nessa categoria) – rock enquanto gênero musical, não sinônimo de música pop. Estou falando de country com blues, baixo, guitarra e bateria, um gênero que começa com Elvis nos anos 50 e começa a perder sua importância depois que Kurt Cobain se matou e o Radiohead o tornou obsoleto de vez.
Nesse território os Monkeys não deixam a bola cair em momento algum (no máximo na chata “Brick by Brick”, mas tudo bem, é a música cantada pelo baterista) e Turner protagoniza um espetáculo de sonoridade essencialmente crua, onde a dinâmica entre as guitarras é conduzida a partir de seu instrumento, que rege o resto do grupo. Seu canto falado e mascado caminha com malemolência sobre riffs ponteagudos e refrões populistas. Ele joga para a galera – e a galera adora. Mas nunca é piegas, nunca é emotivo ou faz gracinhas bobalhonas. Sua rigidez como band leader é parente de sua própria música e não faz concessões. Melhor pra todo mundo.
Findo o show, vale frisar que a organização do festival até conseguiu dar melhor vazão ao público, à exceção, claro, da já costumeira ausência de táxis à saída do evento. Mais à frente, outro problema típico paulistano – embora o festival tivesse sido realizado a menos de um quilômetro de uma estação de metrô (quase um milagre quando se pensa na vida cultural de valets e estacionamentos a R$ 50 da vida cultural de São Paulo), o público se acotovelava para entrar na marra, exigindo que policiais tivessem que fechar o portão de entrada para que a massa não se espremesse de vez rumo aos vagões. A confusão teve direito a xingamentos coletivos, portão aberto na marra e cacetetes exibidos como intimação – e isso tudo levando em conta que o público era formado por indies pós-adolescentes com uma imensa quantidade de meninas. Não era um show de hardcore ou um jogo de futebol. Mesmo assim, uma confusão desnecessária – que inevitavelmente trouxe o bordao “quero ver na Copa” repetido entre resmungos, quase como um mantra. Final desnecessário para uma boa noite.
Abaixo, os vídeos que fiz dos dois shows:
Perdeu? Não esquenta, olha aí:
Começou na terça-feira a retrospectiva Kraftwerk no MoMA, em Nova York, em que o grupo alemão visita cada um de seus discos dia a dia, por uma semana inteira. Os primeiros vídeos começam a aparecer – e os da noite de abertura, que celebra o disco que colocou o grupo no mapa mundial, Autobahn, mostram que a íntegra do disco é só uma parte do show, também dedicado aos principais hits da carreira da banda alemã. Veja alguns vídeos e o setlist do primeiro dia logo abaixo (e a foto que ilustra o post saiu da Pitchfork):






