Atenção todos: a formação original do Black Sabbath voltará a reunir-se para uma última apresentação ao vivo, que acontecerá no dia 5 de julho na cidade-natal do grupo, Birmingham, na Inglaterra. E a reunião de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward depois de mais de 20 anos sem tocar juntos não será a única atração da noite. O evento, que tem a direção do guitarrista do Rage Against the Machine Tom Morello, contará com um elenco que ainda incluirá filhotes do Sabbath de diferentes gerações, incluindo Metallica, Slayer, Anthrax, Pantera, Lamb Of God, Mastodon, Alice in Chains, Halestorm e Gojira, além da apresentação de um supergrupo formado por Billy Corgan (Smashing Pumpkins), David Draiman (Disturbed), Duff McKagan (Guns N’ Roses), Frank Bello e Scott Ian (Anthrax), Fred Durst (Limp Bizkit), Sammy Hagar (Van Halen), Papa V Perpetua (Ghost), Wolfgang Van Halen, Zakk Wylde, Jonathan Davis (Korn) e Slash. Morello não mede palavras para referir-se ao show como “o maior show de heavy metal de todos os tempos”. A notícia do show surpreende principalmente em vista da recém-anunciada aposentadoria de Ozzy, que também fará uma última apresentação solo na mesma noite. A renda arrecadada pelo evento irá para instituições de caridade e os ingressos começam a ser vendidos no próximo dia 14, pela Ticketmaster. Mas o peso dessa apresentação é tão forte que não duvido que abra uma segunda noite…
Mais do que bonita, a apresentação que Mari Merenda fez nesta terça-feira no Centro da Terra dando início à nova fase de sua carreira que batizou o espetáculo, Reverbero, mostrou como ela vem disposta a ir além da primeira fase de sua carreira, quando cantava sorridente músicas fáceis de serem lembradas em vídeos online. Tocando na noite sozinha no palco, ela esteve quase o tempo todo às teclas, derramando sua voz forte e sensível em suas novas composições, canções profundas e emotivas, baladas que vêm do fundo de seu coração e quase sempre falam do processo – solitário – da criação artística, comparando-o a outras construções em vida. Mas por vezes amarrava chocalhos aos tornozelos ou sacava o assalato do bolso para mostrar seu lado mais solar (ligado aos hits que já emplacou online, como sua versão para “Feira de Mangaio” ou “Veneno”, gravada em parceria com a norte-americana Sofi Tukker). Isso estava evidente na música que escolheu para ser o primeiro capítulo dessa transição, com “Bote no Lugar”, seu novo single que será lançado nesta sexta-feira, em parceria com o percussionista Guegué Medeiros, que ela convidou para subir ao palco. Ele também a acompanhou quando ela entoou “Segue o Seco” de Marisa Monte, mas a essência dessa apresentação estava em sua estada solitária no palco, que reforçava uma musicalidade menos pop e mais dramática como escolha estética e desafio pessoal. Como, por exemplo, ao puxar a densa “Milagreiro” do Djavan para tocar sozinha ao violão ou quando exercitava o coro de sua própria voz – repetida em gravações em loop – em um pedal de efeitos. O ápice foi a última música da noite, a faixa que batiza essa nova fase, em que a cantora conseguiu dissipar a tensão cênica que deu à canção ainda ao piano, ficando depois de pé para dissipá-la com outro loop, desta vez humano, ao reger o público para repetir sua principal frase melódica. Está só começando, Mari!
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Satisfação trazer pela primeira vez ao palco do Centro da Terra a artista Mari Merenda que, neste espetáculo que batizou de Reverbero, sobe sozinha ao palco do teatro para mostrar os próximos rumos de seu trabalho, entre canções inéditas e novas inspirações, combinando sua bela voz com piano, o instrumento de percussão asalato e pedal de loop, fazendo abertura de vozes consigo mesma, enquanto passeia pelo forró, R&B, coco e MPB, correndo o risco de ter algum convidaod surpresa na apresentação. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão sendo vendidos pelo site do Centro da Terra.
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Intensa a primeira noite da temporada Adupé – Gratidão, Bênçãos e Graças que nos Chegam do Divino que Lenna Bahule começou nesta segunda-feira no Centro da Terra. A princípio acompanhada apenas de Kiko (baixo e efeitos) e Ed Woiski (guitarra e efeitos), que ajudaram-na a conceber o caminho destas quatro apresentações, ela recebeu nesta primeira noite as presenças de Rubens Oliveira, Ermi Panzo e Alessandra Leão, cada um deles se entregando às suas frequências artísticas principais para conduzir um transe de som, palavra, movimento, dança, percussão, música e voz que atravessou os corações dos presentes com uma densidade e emoção impressionantes.
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Imensa satisfação receber a artista moçambicana Lenna Bahule pelas segundas-feiras de fevereiro, quando ela apresenta sua temporada Adupé – Gratidão, Bênçãos e Graças que nos Chegam do Divino no Centro da Terra. Nas quatro apresentações, a cantora multiartista, percussionista, arte-educadora e ativista cultural nascida em Maputo nos conduz por uma mescla de música, dança, palavra, imagem e movimento a partir dos convidados que recebe em cada apresentação. O time que ela reuniu para estas quatro segundas é da pesada, contando com Kiko Woiski (baixo e efeitos), Ed Woiski (guitarra e efeitos) na idealização e direção de todas as noites, que terão as presenças de Jota Erre (bateria e voz), Rubens Oliveira (dança), Ermi Panzo (poesia e dança), Alessandra Leão (voz e percussão), Maurício Badé (percussão), Camilo Zorilla (percussão e voz), Guinho Nascimento (dança), Juçara Marçal (voz), Ari Colares (percussão), Kabé Pinheiro (percussão), Bruno Duarte (percussão, bateria e vibrafone) e Jéssica Areias (voz). Na primeira noite, dia 3, além de Lenna, Kiko e Ed participam Alessandra Leão, Ermi Panzo e Rubens Oliveira. Na segunda segunda-feira, dia 10, os três recebem Jota Erre, Jessica Areias e Maurício Badé. Na segunda dia 17 é a vez de receberem Camilo Zorrilla, Bruno Duarte e Guinho Nascimento para finalmente, na última segunda do mês, dia 24, receberem Ari Colares, Juçara Marçal e Kabé Pinheiro, em apresentações que prometem ser intensas. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados pelo site do Centro da Terra.
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Boogarins e DJ Nuts são as duas últimas atrações anunciadas para o festival Cecília Viva 2025, que acontecerá no dia 23 deste mês no Cine Joia. Os dois juntam-se a um elenco que já tinha nomes pesados como Kiko Dinucci visitando seu Cortes Curtos, Crizin da ZO, Test e um show único do Rakta e transformam esta noite de domingo num dos grandes eventos da música independente brasileira no começo deste ano. O festival tem a intenção de arrecadar fundos para a reabertura da Associação Cultural Cecília, um dos principais pontos de encontro da música ao vivo independente da cidade, que depois de um roubo no ano passado está tentando se reerguer. E o detalhe é que o quarteto goiano não fará show de seu recém-lançado Bacuri e sim uma de suas sensacionais sessões de libertação e cura, quando deixam o espírito do improviso psicodélico tomar conta. Os ingressos já estão à venda através deste link.
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A chuva deste domingo reduziu o público do Inferninho Trabalho Sujo no Redoma mas não a empolgação das bandas – inclusive de várias que vieram apenas ver os shows das que tocariam naquela noite. Os Fadas e a Schlop mostraram músicas novas e velhas numa noite em que o indie rock foi a régua estética. A noite começou com os Fadas mostrando tanto músicas de seu primeiro EP Sono Ruim quanto canções novas que ainda devem lançar este ano, mostrando como o entrosamento entre as guitarras estridentes de Anna Bogaciovas e Gabriel Magazza, o baixo marcado e sinuoso de Rafael Xuoz e a bateria na cara de Augusto Coaracy já cria uma sonoridade característica do grupo, além do fato de todos cantarem. E entre as músicas novas, destacaram “Mamata”, composta por Anna, que voltou a ser tocada quando pediram pra banda tocar mais uma.
Depois foi a vez de Isabella Pontes subir com seu Schlop no palco do Redoma e mostrar tanto as músicas de seu disco de 2023 (Canções de Amor para o Fim do Mundo) quanto do EP que lançaram no ano passado (Senhoras e Senhores, Cachorros e Madames). Acompanhada da guitarra clássica de Lúcia Esteves, do baixo pronunciado de Alexandre Lopes e da bateria marcante de Antonio Valoto, Bella mostrou todo sua crítica ácida e sua verve cronista em canções comezinhas e rotineiras, incluindo a já clássica versão paulistanizada para “New York I Love You But You’re Bringing Me Down”, do LCD Soundsystem, enquanto zunia com sua guitarra e testava um novo brinquedo, ao trazer um sintetizador para o palco. Foi demais.
#inferninhotrabalhosujo #schlop #osfadas #noitestrabalhosujo #redoma #trabalhosujo2025shows 013 e 014
Tirei o domingo cedo pra prestigiar o Sonoriza do Belas Artes, sessão do cinema de rua mais tradicional de São Paulo que convida artistas para fazer a trilha sonora ao vivo de um filme que é exibido na telona, que recebeu mais uma vez a improvável mas já clássica junção do filme O Mágico de Oz (de 1939) com o disco Dark Side of the Moon do Pink Floyd (de 1973), desta vez conduzida pela ótima banda cover Pink Floyd Dream. O mashup inusitado teria sido um experimento feito pelo Pink Floyd original quando estava produzindo seu disco mais emblemático, sincronizando as passagens das músicas, interligadas umas às outras no álbum conceitual, com as mudanças de cenas de um dos filmes mais tradicionais da era de ouro de Hollywood, mas a banda já desmentiu sem sucesso tantas vezes esse rumor que acabou aceitando – e incluindo os personagens do filme na montagem da capa de seu disco ao vivo de 1995 (Pulse) – e o que era uma lenda urbana tornou-se um ritual feito pelos fãs ao longo das décadas seguintes. Lembro de ter escrito para o Estadão, ainda nos anos 90, uma matéria sobre o feito que exigia que o espectador colocasse o disco para tocar quando o leão da Metro Goldwyn Meyer rugisse pela terceira vez para que a sincronização acontecesse, e de ter conduzido esse experimento de maneira analógica (com vinil e VHS) inúmeras vezes para visitas em casa. Por isso foi muito legal voltar para Oz ao som de Roger, David, Ricky e Nick mais uma vez numa tela de cinema de fato e com músicos tocando o disco ao vivo – duas vezes e meia! Claro que a primeira sincronia é a que soa melhor (especificamente quando “The Great Gig in the Sky” torna-se a trilha sonora para o furacão ainda em preto e branco e “Money” sonoriza a chegada de Dorothy a uma colorida Oz), mas a sessão – lotada! – encantou todos os presentes, elevando a sensação de viver uma nota de rodapé de um dos grupos mais importantes da história do rock a um experimento multimídia. Parabéns ao Belas e especialmente ao Pink Floyd Dream, que aceitou o desafio e o cumpriu à risca.
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É muito acertada a decisão dos Boogarins de tocar seu novo álbum Bacuri na íntegra nas apresentações que vêm fazendo do disco. Na verdade, fizeram isso apenas duas vezes, quando lançaram o disco no ano passado no Cine Joia e neste sábado, quando apresentaram-se pela primeira vez no ano na primeira de duas datas no Sesc Vila Mariana (quando repetem a dose neste domingo). Mas ao apresentar o novo trabalho como uma peça única, aproveitando inclusive para falar menos entre as músicas, eles reforçam a importância do disco na carreira da banda. Não é apenas o quinto disco ou o primeiro álbum depois do período pandêmico, mas um que eles puderam se reencontrar com a canção depois de passear pela estrada tortuosa da tentativa e erro, tanto em Lá Vem a Morte e Sombrou Dúvida (discos posteriores ao seu ápice fonográfico até então, o segundo disco, Manual), em que abusaram do estúdio como instrumento musical, quanto dos dois volumes que reuniam sobras da banda, batizados de Manchaca. Bacuri chega num momento em que os quatro filhos do cerrado entendem o equilíbrio entre a coesão pop de canções lapidadas com esmero e os espaços que estas deixam para os improvisos e viagens instrumentais do grupo, fruto tanto de terem revisitado seu disco de estreia que completou dez anos há pouco quanto a ter passeado pelo repertório clássico da MPB jazz rock mineira, ao criar um show-tributo à geração Clube da Esquina (sem apenas visitar o disco 1 ou 2). E assim Dinho, Benke, Fefel e Ynaiã esbanjam entrosamento e fritação sem perder o foco estrutural de canções que, ao vivo, só reforçam a qualidade única que torna esta coleção de canções em um único trabalho, este sim sua obra-prima. Depois do disco do ano passado, o grupo passeou por versões gigantes para “Te Quero Longe”, “Água” e “Tempo” (esta última com longos silêncios preenchidos por assobios imitando passarinhos), não sem antes de avisar que o vinil de Bacuri está aparecendo no horizonte…
#boogarins #sescvilamariana #trabalhosujo2025shows 011
Fechando esse longo janeiro de 2025 com o belo espetáculo proporcionado por Giovani Cidreira ao lançar seu ótimo Carnaval Eu Chego Lá, no Sesc Vila Mariana. Celebrando a obra do conterrâneo Ederaldo Gentil (falecido em 2012 e autor de joias como “Feira do Rolo” e “O Ouro e a Madeira”, eternizadas por Alcione e Clara Nunes, entre outras), o disco do ano passado verteu-se num show emotivo e impulsivo – como é típico de Giovani – em que o músico liderou uma banda formada por Filipe Castro (percussão, que também produziu o disco), seu velho compadre Cuca Ferreira (sax e flauta), Lu Manzin (teclados e vocais), Pedro Bienemann (baixo), Ed Trombone (trombone) e Pedro Lacerda (bateria) dividindo-se entre o violão e os teclados, deixando sua bela voz conduzir a apresentação, que ainda contou com músicas de seus discos anteriores, e com a participação das Pastoras – as três cantoras que Kiko Dinucci reuniu a Juçara Marçal para acompanhá-lo em seu disco Rastilho – , Graça Reis, Dulce Monteiro e Maraísa, que subiram ao palco em uma mesa de bar, quando acompanharam Giovani em momentos únicos deste show, trazendo um calor ainda mais afetivo para a noite. Foi bonito.
#giovanicidreira #sescvilamariana #trabalhosujo2025shows 010