Show

De Porta a Porta

Tem horas que tudo que você precisa é uma bordoada kraut na cabeça, aquela imersão motorik de gritos, ritmo e microfonia que o prog alemão do início dos anos 70 inventou e que felizmente espalhou-se pelo tempo e espaço. Por aqui, o filhote mais tenso e intenso dessa genealogia é o ex-quarteto Madrugada que agora conta com Cacá “Rumbo Reverso” Amaral na segunda bateria, tornando o impacto do grupo ainda mais atordoante. E o show que o agora quinteto fez neste sábado no Porta Maldita foi uma espécie de saudação de boa vizinhança de uma porta à outra. Afinal, dois dos integrantes do grupo – a tecladista e vocalista Paula Rebellato e o guitarrista Raphael Carapia – são proprietários do Porta, na Vila Madelena, que naquela mesma noite encerrava suas atividades no endereço atual, preparando-se para recomeçar em um novo endereço, a um quarteirão do Porta Maldita. Duas portas célebres por voltarem-se para a cena underground de São Paulo – e do Brasil – quase vizinhas parecem iniciar o prenúncio de uma nova era – e não duvide que aquela esquina da rua do cemitério com a do Ó do Borogodó ocupe um espaço que já foi da Rua Augusta, reunindo notívagos, artistas e bandas passeando de um lado para o outro para ver shows de artistas que as pessoas mal conhecem. A avalanche sonora do Madrugada – que ainda conta com os irmãos Otto e Yann Dardenne no baixo e na primeira bateria – me pareceu um bom presságio para uma nova era na noite de São Paulo. Vamos que 2024 ainda promete muitas surpresas…

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Rio torto

Excelente a primeira apresentação que Caxtrinho fez de seu recém-lançado disco de estreia, Queda Livre, em São Paulo, quando o jovem sambista experimental participou da programação do evento Periferias Afro-Experimentais, realizado no Sesc Pompeia. Apresentando-se no discreto espaço cênico da unidade mais conhecida do Sesc em São Paulo, ele veio acompanhado de uma banda que só acentuou sua musicalidade distorcida, composta pelos dois guitarristas e produtores do álbum Vovô Bebê e Eduardo Manso (que também disparava efeitos com uma camiseta que decretava, em inglês, “dedicado a ninguém, graças a ninguém, a arte acabou”), pelo baixista João Luiz Lourenço e pelo baterista Kalebe, este último recém-chegado à formação (embora completamente entrosado ao grupo). Mas apesar das presenças de peso na banda, parte forte do núcleo torto do Rio de Janeiro atual (que marca presença no disco graças às participações de Negro Leo, Kau, Marcos Campello, Thomas Harres, Ana Frango Elétrico e dos cariocas honorários Bruno Schiavo e Tori), o holofote da noite não sai de Caxtrinho, showman nato – mesmo reforçando continuamente seu nervosismo – e músico brilhante. Seu violão é um show à parte, samba dissonante tocado de forma percussiva, regendo o ritmo e as harmonias tortas para seu conjunto sem precisar da eletricidade e distorção das guitarras, mas ele também se garante no gogó, com sua voz macia e seu canto falado, que surpreende e dribla o ouvinte ao sair por tangentes improváveis, cantando letras de cunho político e tecendo críticas ao estado das coisas em 2024, em letras que dão a tônica a partir do título: “Cria de Bel” (sufixo de sua região no Rio, Belford Roxo), “Brankkkos”, “Merecedores”, “Samba Errado” (esta em parceria com Rômulo Froes) e “Branca de Trança”, entre outras. Não o perca de vista: Queda Livre é um discão e ao vivo melhora ainda mais.

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Ampliando a festa

Foi demais a primeira edição do Inferninho Trabalho Sujo no Cineclube Cortina. O povo chegou cedo pra ver as duas bandas da noite, Os Fonsecas e Exclusive os Cabides. A banda paulistana começou a noite fazendo sua melhor apresentação – e tocar com o público cantando tudo junto e com um sonzão deixou o quarteto ainda mais à vontade – Caio, Tim e Thales esmerilhando seus instrumentos e deixando o vocalista Felipe à vontade para hipnotizar o público com suas músicas tortas, especificamente as de seu disco de estreia, Estranho pra Vizinha. Algumas delas tiveram a participação de Nina Maia, que juntou-se aos Fonsecas em três canções.

A apresentação dos Fonsecas deixou o público agulhado para assistir à primeira apresentação dos catarinenses Exclusive Os Cabides mostrando seu segundo disco Coisas Estranhas em São Paulo. E a banda faz jus ao nível do disco, um dos melhores discos brasileiros desse ano, completamente entrosados e soando idênticos à gravação. O público estava completamente sintonizado no disco e pérolas indie que nasceram hits como “Rua da Lua Cheia”, “Luminária de Lava” e “Lagartixa Tropical” deixaram a noite ainda mais quente e expandindo ainda mais o Inferninho Trabalho Sujo! E quinta-feira tem mais!

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Vamos esquentar outra sexta-feira, desta vez em novo endereço: pois neste penúltimo dia de agosto faremos a primeira edição da festa Inferninho Trabalho Sujo no Cineclube Cortina. A noite conta com duas bandas que estão entre os nomes para ficar de olho da nova cena musical brasileira: o grupo paulistano Os Fonsecas, que lançou seu disco Estranho pra Vizinha há pouco tempo, e o grupo catarinense Exclusive Os Cabides, que acabou de lançar o ótimo Coisas Estranhas, que vai ser mostrado ao vivo pela primeira vez em São Paulo neste dia 30. Além das duas bandas, a noite abre com a discotecagem da Lina Andreosi para, no final da noite, eu e Francesca incendiarmos a pista como de praxe. O Cineclube Cortina fica na Rua Araújo, 62, no centro, abre a partir das 21h e os ingressos já estão à venda neste link.

O festival Primavera Sound demorou pra se movimentar em 2024 e acaba de anunciar o que todos já previam: não fará edições em 2024 na América Latina, infelizmente. Uma pena, porque era um dos melhores festivais no Brasil em muito tempo. Abaixo, a explicação do festival: Continue

Depois de ter visto o BK’ no palco ao lado de outros artistas como MC convidado finalmente pude vê-lo ao vivo apresentando seu show na primeira ds duas datas esgotadas que fez no Sesc Pompeia. E faz jus por merecer o título de um dos melhores rappers do Brasil atualmente: movimenta-se de forma contida no palco e conversa pouco com o público, pois tudo que precisa fazer está em suas letras e suas rimas, que passeiam por diferentes sentimentos e sensações, descrevendo situações que acontecem dentro e fora de qualquer um e tirando as conclusões a partir destas sobreposições. Seu flow é impressionante: ao mesmo tempo em que entregar versos gigantes num mesmo fôlego, o faz como quem tivesse dando um conselho, um toque, uma consideração, rimando naturalmente, como quem conversa. Auxiliado de um DJ, um MC e um trio de backing vocals impressionante, ele passou por músicas de seus quatro grandes discos (Castelos & Ruínas, Gigantes, O Líder em Movimento e Icarus) e chamou toda a responsa pra si mesmo, segurando a apresentação inteira sem sair do holofote central, fazendo todo mundo cantar letras quilométricas juntos em canções relativamente curtas. Pesado.

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Imagine que você está em Glasgow, na Escócia, curtindo o show foda de praxe do Yo La Tengo quando dois dos principais representantes da música local sobem ao palco para dividir uma música, transformando o trio em quinteto. Foi isso que aconteceu nesta terça-feira, quando, no meio do show que o grupo nova-iorquino fazia na casa de shows SWG3, os dois guitarristas fundadores do Teenage Fanclub, Norman Blake e Raymond McGinley se juntaram ao guitarrista Ira Kaplan, à baterista Georgia Hubley e ao baixista James McNew para tocar uma versão fabulosa da clássica “I Heard You Looking”, um dos momentos mais transcendentais do show do Yo La Tengo. Por sorte tínhamos uma heroína na plateia que registrou esse acontecimento, confira abaixo: Continue

Perder-se em si

O Set que Paola Ribeiro armou nesta terça-feira no Centro da Terra fez os espectadores seguir o rumo que os artistas propunham no palco, abrindo um caminho para que a consciência possa perder-se em si mesma. A noite começou com Paola, sozinha, fora do palco, atrás do público, filmando sua boca que era projetada por Laysa Elias na performance “Ah!”, em que estendia a vogal entre a fala e o canto até ela tornar-se tão abstrata quanto a boca sem rosco que aparecia em frente à plateia. Depois, no palco, juntaram-se a ela, primeiro Douglas Leal e depois Panamby que, passeando por instrumentos, acompanharam a voz de Paola que, por sua vez, desconstruía um berimbau, ora tocando-o apenas como instrumento de corda, ora apenas como instrumeto de percussão. O transe abstrato tomou conta do público, que assistiu calado aos sentimentos crus expostos em sua frente – tudo isso iluminado pela luz discreta e intensa de Charlie Ho, que trabalhou apenas com as cores primárias, para preservar a aura elemental da noite.

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Paola Ribeiro: Set

E encerramos a programação de música do Centro da Terra em agosto nesta terça-feira com uma apresentação solo de uma das mais promissoras cantoras em ascensão na cena musical paulistana. Paola Ribeiro apresenta o espetáculo Set, que divide em quatro momentos: um solo, dois em duos e um em trio. A apresentação começa com a performance de “AH!” que faz em parceria com Laysa Elias na parte audiovisual. Os dois duos vêm em seguida, quando ela divide o palco com Douglas Leal e depois com Elton Panamby divindindo vocais, sopros, percussão e cordas, para finalmente reunir-se com os três na parte final da noite – que tem a iluminação a cargo de Charlie Ho. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados na bilheteria ou no site do Centro da Terra.

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É oficial: o Oasis volta a fazer shows no ano que vem. 15 anos depois do último show (que aconteceu dia 22 de agosto de 2009), os irmãos Gallagher acabaram de confirmar o boato que paira sobre a internet desde a semana passada, anunciando 14 shows para daqui um ano nas ilhas britânicas: dois shows em Cardiff no País de Gales, quatro em Manchester e quatro em Londres na Inglaterra, dois em Edimburgo na Escócia e dois em Dublin na Irlanda. Não devem ser os únicos shows dessa volta – inevitavelmente anunciarão datas no resto da Europa e nos Estados Unidos, embora Noel Gallagher tenha acabado de twittar que “essas datas serão as únicas na Europa”. Os ingressos para os shows anunciados começam a ser vendidos neste sábado. O Guardian levantou a possibilidade de que a esperada volta da banda tenha acontecido devido ao recente divórcio de Noel Gallagher de sua segunda esposa, Sara MacDonald, que foi resolvido num acordo extrajudicial que teria custado certa de 20 milhões de libras ao irmão mais velho da banda.

Assista abaixo o curta que anuncia a volta do grupo e veja em quais locais os irmãos se apresentarão: Continue