Dua Lipa segue desbravando territórios musicais à medida em que sua turnê passa por outros países, sempre cantando músicas de autores nativos dos locais pelos quais ela apresenta-se. Ela perdeu a oportunidade de cantar Kraftwerk em seu último show na Alemanha (preferindo cantar “Stolen Dance”, da banda alemã Milky Chance) e passou primeiro pela Holanda, quando cantou “Bloed, Zweet en Tranen” de André Hazes no primeiro show e “Scared to Be Lonely” pela primeira vez ao lado de seu parceiro no single de 2017, o DJ Martin Garrix; depois pela Itália, quando cantou “A Far L’Amore Comincia Tu” da cantora Raffaella Carrà; e finalmente pela Bélgica, quando cantou primeiro “Sensualité”, da cantora Axelle Red, depois “Un Jour Je Marierai Un Ange”, convidando o autor da canção Pierre de Maere, e finalmente “Fever”, quando fez dupla com a cantora Angèle, com quem gravou originalmente a canção. E no primeiro show que fez no estádio de Wembley, em Londres, nessa sexta-feira, ela convidou o próprio JK, do grupo Jamiroquai, para dividir vocais com ela na imortal “Virtual Insanity”. Coisa fina.
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Sexta-feira surreal com dois trios instrumentais da pesada no palco do Inferninho Trabalho Sujo, que desta vez aconteceu no Picles. A noite começou com o trio Jovita, em que o guitarrista João Faria cria texturas sonoras entre a surf music, a psicodelia clássica e o shoegaze, enquanto o baixista Nicolas “Bigode” Farias cavalga riffs que acompanham a bateria forte de Guilherme Ramalho, mostrando músicas ainda inéditas, citando um discurso do Pepe Mujica antes de uma delas e criando longas trips quase instrumentais (como boa parte do repertório da banda, que ocasionalmente ganha vocais cantarolados sem letra por João), uma delas começando com uma citação ao afrossamba “Iemanjá”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Pesado!
Depois do Jovita foi a vez do trio de Ponta Grossa Hoovaranas mostrar sua força, transformando o Picles em uma zona de saturação de eletricidade e ritmo, hipnotizando todos os presentes com sua sinergia assustadora. Sem usar a voz – a não ser para conversar com o público – o trio é um colosso instrumental em que a guitarra de Rehael Martins (que sola quase o tempo todo) é acompanhada do baixo absurdo de Jorge Bahls (jogando o tempo todo com a microfonia a seu favor, enquanto cria muralhas em forma de linhas de baixo) e da bateria estarrecedora de Eric Santana (quase sempre entre o groove circular do Sonic Youth e os tempos quebrados do free jazz), formando uma unidade sonora que seus integrantes sequer precisam trocar olhares para seguir em sincronia. Uma bordoada sonora que deixou todos os presentes de queixo caído. Depois eu e a Pérola soltamos aqueles hits que derretem a pista, só pra terminar a madrugada num inevitável São João. E o Inferninho desliga suas baterias este mês para voltar apenas em julho, quando comemoramos dois anos da festa numa festa foda que anuncio em breve.
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Nessa sexta-feira temos mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Picles, quando reunimos duas bandas instrumentais psicodélicas que estão despontando na cena brasileira. Quem abre a noite é o trio da Zona Leste Jovina, que já tocou na festa mas estreia no palco do Picles, seguido pelos festejados Hoovaranas, que vêm de Ponta Grossa para tocar pela primeira vez na festa. Depois dos shows, que começam às 22h, quem segura a noite madrugada adentro sou eu e minha comadre Pérola Mathias, que está se segurando para não transformar a pista do Picles numa quadrilha de São João. E quem garantir o ingresso antecipado e chegar antes das 21h30 não paga pra entrar. Vamos?
Coisa fina essa Sinfonia Orgânica Musical que o músico Marco Nalesso armou no Centro da Terra nessa terça-feira. Ao lado de seus velhos compadres Benedito Rapé (percussão), Marcelo Laguna (teclados), Sergio Ugeda (bateria), Pedro Silva (som e efeitos) e Rodrigo Coelho (trompete), ele amalgamou diferentes facetas de uma musicalidade quase instrumental que passeia pelo jazz rock, pelas músicas caribenha e nordestina, por uma psicodelia mineira, pela moda de viola, pelo reggae e pelo samba, pegando nos quadris e nos corações, às vezes ao mesmo tempo. Boa parte do repertório da noite saiu de seu recém-lançado disco, batizado apenas de Nalesso e que ainda irá sair nas plataformas digitais, mas que ele aproveitou essa apresentação para colocá-lo no mundo em seu próprio Bandcamp. A noite, com uma iluminação quase na penumbra como se nos induzisse a um espaço de vigília, entre o despertar e o sonho, ainda contou com a participação de Lúcio Maia, que soltou sua guitarra lisérgica nas duas últimas canções da noite, rasgando ainda mais o tecido musical do show. Emocionante.
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Enorme satisfação em receber, nesta terça-feira, o espetáculo S.O.M. (Sinfonia Orgânica Musical) idealizado e conduzido pelo multiinstrumentista de Santo André Marco Nalesso, em que antecipa músicas de seu quinto álbum, batizado apenas com seu sobrenome, com um repertório formado por canções registradas em mais de vinte anos de música experimental, seja tocando ao lado do MC Novíssimo Edgar, das bandas Marco Nalesso e a Fundação e HAB e nos projetos Nalesca Mantega e Santa Sangre. Ele vem acompanhado de Benedito Rapé, Marcelo Laguna, Sergio Ugeda, Pedro Silva e Rodrigo Coelho e mistura latinidade psicodélica, viola caipira, sintetizadores, trompete, guitarra e percussão, além da participação especialíssima do guitar hero Lúcio Maia. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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O paraense Se Rasgum comemora duas décadas na ativa como o festival independente mais longevo da região e começa a revelar seu elenco desse ano mostrando que não está pra brincadeira a partir dos primeiros nomes anunciados: o grupo escocês Teenage Fanclub, os paulistanos Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, os candangos Móveis Coloniais de Acaju, a carioca Valesca Popozuda e as Suraras do Tapajós, o primeiro grupo feminino amazônico e indígena de carimbó, que vêm acompanhadas da paraense Lia Sophia. O festival acontece entre os dias 3 a 6 de setembro, no Porto Futuro, e os grupos recém-anunciados tocarão apenas no último dia do evento – que já está vendendo ingressos.
O Planet Hemp acaba de anunciar sua turnê de despedida, quando passam por diversas capitais brasileiras (Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro) a partir de setembro, culminando com um show no estádio do Palmeiras em São Paulo, dia 15 de novembro. Os ingressos começam a ser vendidos a partir desta quarta-feira, ao meio-dia, neste link (à exceção do show de abertura da turnê, que acontece na Concha Acústica de Salvador, e ainda não tem link pra ingressos). No mesmo dia os ingressos estarão disponíveis nas bilheterias físicas dos locais que receberão os shows. E se o grupo seguir o padrão que vem estabelecendo nessa nova sobrevida pós-pandêmica, é de se esperar algo do nível Parliament-Funkadelic do século 21 em termos de produção e do nível dos shows clássicos dos Racionais MCs em quantidade de convidados. Não é pra menos, afinal de contas, estamos falando de uma das maiores bandas da história da música brasileira. Veja as datas abaixo: Continue
Na terceira noite de sua temporada Segurando a Chama no Centro da Terra, Rubinho Jacobina mais uma vez passou o verniz em suas novas parcerias com Otto, Nina Becker, Mãeana e Domenico Lancellotti, tirou a poeira de pérolas eternizadas por Adoniran Barbosa, Jackson do Pandeiro e Doris Monteiro ao lado da máquina de groove que vem azeitando com seus novos comparsas Allen Alencar, Gabriel “Bubu” Mayall e Theo Ceccato. O convidado da semana foi Péricles Cavalcanti, que pegou o violão de Rubinho e assumiu o centro do palco para mostrar as suas “Blues da Passagem”, “Quem Nasceu” e o novíssimo reggae “Na Babilônia” para o repertório dessa noite.
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Em mais uma cobertura que faço pro Toca UOL, assisti satisfeito ao show que o Deep Purple – um dos artistas estrangeiros que mais faz show no Brasil – fez neste domingo no Parque Ibirapuera. Está longe de ser um showzão como a reputação do nome da banda pediria, mas com três integrantes da fase clássica perto dos 80 anos (incluindo um Ian Paice preciso na bateria), conseguem mostrar serviço, mesmo que isso signifique sacrifícios no repertório e nos tons das músicas. E o bis, que emendou seu primeiro hit (a versão do grupo para “Hush”, nos tempos em que ainda era uma banda psicodélica) com o clássico “Black Night”, começou com uma surpreendente versão para um clássico da soul music, a instrumental “Green Onions”, dos mestres Booker T & The MGs. Continue
Bira Presidente, fundador do bloco Cacique de Ramos, que nos deixou na passagem do sábado para o domingo, felizmente pode desfrutar do merecido reconhecimento de sua importância na história da música brasileira, tanto como agente fundamental na transformação e evolução do samba (onde sempre foi reverenciado) como um dos principais artífices da popularização desta mudança, que mexeu na cara da música brasileira dos últimos cinquenta anos. Bastaria seu papel como fundador de um bloco de samba que saiu de sua vizinhança para ganhar o Rio de Janeiro e que até hoje segue firme e frutífero como o principal bloco carnavalesco da cidade que seu nome já teria motivos para figurar em nossa história. Mas se lembrarmos que, além de ter convivido com os pais-fundadores Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Carlos Cachaça e Aniceto do Império, este filho de um sambista do Estácio (a primeira escola de samba) com uma mãe de santo não apenas deu abrigo para músicos que revolucionariam o samba ao transformá-lo em pagode na virada dos anos 70 para os 80 (fundando, por sua vez, com a benção e um empurrãozinho de Beth Carvalho, o grupo Fundo de Quintal, maior fenômeno coletivo da história do samba) como reinventou seu instrumento, o pandeiro, neste novo ambiente musical, misturando qualidades como protagonista, músico, agitador cultural e testemunha viva da história. É um nome que confunde-se com a própria tradição do samba, o samba personificado que seu codinome, cargo vitalício no bloco que fundou, poderia fazer reverência ao seu papel de líder nato. Fico feliz de poder ter dado palco para um encontro histórico do Fundo de Quintal no Centro Cultural São Paulo, quando era curador de música daquele espaço e convidei Leandro Lehart para celebrar o Fundo de Quintal na mítica sala Adoniran Barbosa, palco caríssimo para a história de Leandro (que anos depois seria diretor daquele mesmo CCSP), que nunca havia se apresentado lá. Lehart saudou o grupo com a presença de quase todos seus mestres e o mais feliz deles era o próprio Bira, que havia completado 81 anos no dia anterior àquela apresentação, em março de 2018, e foi ovacionado pelo público que lotou o palco mágico do CCSP, feliz de estar sendo reverenciado por sua importância. Obrigado, Bira!
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