Um dos motivos que pautou minha curadoria no Centro da Terra é entender o quanto o palco é um momento importante para a transição e evolução da carreira de um artista de música – não apenas por ser o lugar em que este se encontra com seu público e por tornar-se a incorporação de uma nova fase de sua carreira (algo que quase sempre é materializado num disco), mas também por permitir que a música guie ela mesma o rumo que o artista está buscando. Tocar algo novo em frente ao público é uma boa forma de fazer que ideias se calcifiquem e consolidem, uma vez que palavras, melodias, harmonias, solos e andamentos são exercitados. Bruna Lucchesi entendeu esta lógica e mais uma vez trouxe um trabalho em progresso para experimentar no palco-laboratório – e como havia feito no início do ano passado em sua homenagem às músicas de Paulo Leminski, no espetáculo Quem Faz Amor Faz Barulho que depois virou o disco de mesmo nome. Ao apresentar um novo trabalho de transição nesta terça com a mesma banda que já a acompanha (Vitor Wutzki na guitarra, Ivan Gomes no baixo e Bianca Godoi na bateria), mostrando a evolução musical do grupo, ela revisitou músicas do disco anterior com composições novas ainda inéditas, além de versões para canções alheias, como “Pissing in a River”, de Patti Smith.
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Do mesmo jeito que começou sua homenagem à música feita por Paulo Leminski no Centro da Terra em fevereiro do ano passado, a curitibana Bruna Lucchesi volta mais uma vez ao palco do Sumaré para dar início a uma nova fase de sua carreira – ao mesmo tempo em que despede-se da anterior. Por isso Quem Faz Amor Faz de Tudo lembra o título da homenagem ao poeta paranaense que começou como show e culminou com o disco Quem Faz Amor Faz Barulho, mas desta vez ela prefere expandir a intesecção da poesia com a música para novos autores, passeando por poetas musicais como Patti Smith e Bob Dylan ao mesmo tempo em que mostra composições próprias nesta nova fase que batizou de Faz de Tudo. Nesta terça ela vem acompanhada de Vitor Wutzki (guitarra), Ivan Gomes (baixo) e Bianca Godoi (bateria). O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Na última sexta-feira de novembro o Inferninho Trabalho Sujo entra mais um espaço de São Paulo ao realizar sua primeira festa no Redoma, que fica ali no Bixiga. E quem desbrava esse novo palco com a gente são as bandas Naimaculada e Applegate, dois novos nomes da cena paulistana que estão aos poucos atingindo um público cada vez maior. As duas bandas aproveitam a festa para mostrar seus lançamentos: o Applegate lança seu novo álbum Mesmo Lugar enquanto o Naimaculada mostra o novo single “Não é Sobre Peixes”, mais um degrau rumo ao seu primeiro disco. As bandas se apresentam a partir das 21h na sexta dia 29 de novembro e além dos shows ainda teremos minha discotecagem e da Lina Andreosi. O Redoma fica na Rua 13 de Maio, 825 e os ingressos já estão à venda neste link.
Em dado momento de sua terceira apresentação no Centro da Terra deste mês, Jair Naves explicou como aquela temporada lhe ajudava a sair da famigerada zona de conforto ao se autoprovocar a visitar instantes diferentes de sua carreira com parceiros de diferentes fases da vida, visitando velhas canções como quem visita cicatrizes e tatuagens em seu próprio corpo – como havia mencionado na semana passada. Mas referia-se à saída não só por revisitar seu repertório de outros anos como a faze-lo com outras formações musicais, reforçando inclusive laços pessoais com os músicos que lhe acompanharam e citava a formação ali no palco desta terceira noite como sendo sua atual zona de conforto, reforçando que amava poucas pessoas no mundo mais do que o trio formado por Gustavo Nunes, Lucas Melo e Renato Ribeiro. Sozinhos os três são uma usina sônica em forma de power trio, um Crazy Horse misturado com Joy Division que reúne os pré-requisitos básicos de uma banda de pós-punk (guitarra ruidosa, baixo melódico e marcado, bateria mântrica) com traços típicos de uma banda de rock clássico e referências musicais ao indie rock norte-americano e brasileiro, além da força noise e hardcore, que fazem as canções de Jair – meio Nick Cave, meio Ian Curtis – crescerem ainda mais em tensão, tanto lírica quanto musical, extravasando também em sua performance, seja apenas ao microfone, nos teclados, na guitarra ou no violão – todos tocados nesta segunda. E apesar de ter visitado mais músicas de seu disco mais recente (o libelo antibolsonarista Ofuscante A Beleza Que Eu Vejo, de 2022), com o próprio Jair abrindo o show no teclado com a épica “Breu”, cujo crescendo pautou o resto da apresentação, ele também remoeu músicas de seu primeiro disco (as duas partes de Araguari e “De Branquidão Hospitalar”), duas de Trovões A Me Atingir (de 2015, “Resvala” e “5/4 (Trovões Vêm Me Atingir)”) e fechou a noite com uma das melhores faixas de Rente (2019, que acho seu melhor disco), “Sonhos Se Formam Sem o Meu Consentimento”, sempre deixando a emoção e um desejo de vingança transbordar no palco, cuja quantidade de ruído elétrico compensou as duas noites anteriores, que só não foram introspectivas por picos de impetuosidade do próprio Jair. Talvez tenha sido o melhor show que vi dele.
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O já tradicional festival mexicano Corona Capital encerrou sua edição neste domingo em grande estilo ao reunir, na última música do último show, três gigantes de três gerações diferentes numa jam session guitarreira, quando Jack White e St. Vincent se juntaram ao Sir Paul McCartney na parte instrumental do final da última música do último disco dos Beatles, “The End”, que encerra tanto o disco Abbey Road quanto a atual turnê do eterno beatle. Foi a primeira vez que Jack White, beatlemaníaco daqueles, dividiiu o palco com Paul – depois que o próprio Macca chamou St. Vincent para dividir “Get Back” com ele, minutos antes daquele mesmo show. Que delírio, olha só: Continue
Vamos pro Picles! Sexta-feira tem mais Inferninho Trabalho Sujo, desta vez na casa que viu a festa nascer com duas atrações daquelas: quem abre a noite é a novata Lotsze, que acaba de lançar seu disco de estreia, Excelentes Exceções e prepara o terreno para uma banda veterana de Inferninho, os mineiros do Varanda, que tocam seu recém-lançado disco de estreia, Beirada, pela primeira vez no Inferninho. E a noite termina comigo comandando a pista ao lado da minha comissária da loucura Bamboloki, que me ajuda a incendiar a pista do Picles, que fica no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde, no coração de Pinheiros! Vamos?
Ela de novo: Beyoncé acaba de anunciar que fará o show no intervalo do jogo de natal da liga de futebol norte-americana, que será transmitido pela Netflix para todo o mundo. E assim ela coroa o ótimo ano que teve com o lançamento do segundo ato de sua trilogia, Cowboy Carter, com uma versão particular da final do campeonato de futebol dos ianques.
Assista ao trailer abaixo: Continue
Patti Smith apresenta-se em São Paulo não apenas uma mas duas vezes no final de janeiro do ano que vem, quando faz parte da inauguração da nova temporada do recém-reformado teatro Cultura Artística, que começa a incluir música popular – e não apenas erudita – em sua programação. A madre superiora do punk rock apresenta-se ao lado da dupla nova-iorquina Soundwalk Collective, formada por Stephan Crasneanscki e Simone Merli, quando mostra a peça Correspondences nos dia 29 e 30 do primeiro mês de 2025. Os ingressos começam a ser vendidos nesta terça para quem faz parte do programa Amigos do teatro e para o público em geral no próximo dia 21 a partir das 10h da manhã pelo site da instituição. Os ingressos custam entre R$ 100 e R$ 750 e cada comprador só pode levar dois ingressos por CPF.
Pude passear neste domingo pelo fantástico IV Festival Mário de Andrade, realizado pela biblioteca municipal de mesmo nome em suas instalações e redondezas, e é sempre bom ver a rua viva acesa pela arte e cultura. E entre estandes de editoras alternativas bem específicas, leituras de poemas e textos, exposições e exibição de filmes a praça Dom José Gaspar, ao lado da Biblioteca, fervia de gente ávida por cultura – e a edição deste ano do festival tornava tudo ainda mais intenso ao se pautar pelo centenário do movimento surrealista. E entre os shows do domingo – que contavam com apresentações do grupo Rumo e do Noporn em homenagem à Liana Padilha – pude ver a versão que o quarteto Sophia Chablau & Uma Enorme Perda de Tempo fez ao lado de Vítor Araújo para o primeiro disco solo do eterno mutante Arnaldo Baptista, o cinquentenário Lóki?. A celebração começou de trás pra frente, com o disco sendo relido a partir de seu lado B, que abre com a música-tema “Cê Tá Pensando que Eu Sou Lóki?”, e o grupo desmontando a maioria das músicas originais em arranjos que misturavam elementos eletrônicos, hardcore, jazz funk e de música brasileira ao mar de baladas rock do disco de 1974. O clima frio e chuvoso do fim de semana também deu um tempo e abriu um bem-vindo sol, deixando a tarde deste domingo bem agradável, o que ajudou ainda mais a recepção da releitura feita pelo grupo paulistano ao lado do músico pernambucano.
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E se você está animado com a vinda do Mudhoney para o Brasil em março, se prepara porque aparentemente quem vem ao Brasil no mês seguinte é o Jon Spencer. Ícone do underground nova-iorquino desde anos 80, quando fundou a banda Pussy Galore, mas tornou-se mais conhecido na década seguinte à frente do trio que formou com o guitarrista Judah Bauer e o baterista Russell Simins, o Jon Spencer Blues Explosion, um dos melhores grupos de rock dos EUA naquele período, além de tocar em outras bandas como Boss Hog e Heavy Trash, sempre calcado no blues mais cru e punk possível. A vinda de Spencer para a América do Sul apareceu numa imagem que o Marcelo Costa twittou anunciando datas para a Argentina (1° de abril), para o Brasil (entre os dias 2 e 4) e para o Chile (dia 6) – e como o próprio Marcelo comentou, o fato de ter apenas duas datas em São Paulo (2 e 3) e uma em Jundiaí (dia 4) tem toda a cara de ser um show viabilizado pelo Sesc. Mudhoney num mês, Jon Spencer no outro… quem vai trazer o Yo La Tengo e o Stereolab?