O baterista e percussionista Mariano de Melo, que segura o pulso dos Deaf Kids e conta com sua carreira solo com o codinome Sarine, deu início à temporada Desmonta 18 Anos que a produtora de Guarulhos celebra às segundas deste mês no Centro da Terra fazendo a apresentação mais ousada de sua carreira. Em dupla com a iluminadora Giorgia Tolani – que optou por transições lentas e fachos de luz brancas que por vezes refletiam-se num espelho atrás do músico -, ele embrenhou–se num set com vários sintetizadores, um atabaque, piano e baixo elétrico, indo de trechos puramente jazzístico a beats eletrônicos contínuos, grooves acentuados, solos de teclas ou paisagens monocromáticas, encadeando som, ruído, pulso e melodias em transições que preencheram uma hora de show que voou como se pudesse durar poucos minutos ou para sempre. Um transe em movimento, uma boa forma de abrir os caminhos.
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Satisfação começar o mês de outubro no Centro da Terra com a temporada que celebra a maioridade da produtora e selo Desmonta, comandada pelo herói de Guarulhos Luciano Valério, que lança discos e realiza shows de artistas e estrangeiros que exploram as fronteiras sônicas possíveis e que povoa as segundas deste mês com parte de seu elenco. Nesta primeira segunda, ele reúne o percussionista e baterista dos Deaf Kids, Sarine, em um transe experimental com as luzes de Giorgia Tollani. Na outra segunda, dia 13, o anfitrião é Kiko Dinucci, que explora novas texturas em seu violão – e outros instrumentos que podem vir no percurso – em busca de novas sonoridades para seus próximos trabalhos. Na terceira semana assistiremos ao encontro do próprio autor da temporada em seu projeto MNTH ao lado de Juçara Marçal e Douglas Leal, dos Deaf Kids (que apresenta-se como Yantra) e as luzes de Mau Schramm. O final da temporada vem com a presença massiva do grupo fluminense Crizin da Z.O., mais uma vez testando os limites do ruído. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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A volta do Rush era inevitável, só não sabíamos quando, mas Geddy Lee e Alex Lifeson acabam de anunciar que a espera termina em 2026, quando dão início à turnê Fifty Something, em que visitarão clássicos de sua banda ao lado da baterista Anika Nilles, que vinha tocando com Jeff Beck. Os dois já haviam tocado músicas de seu grupo após a morte do baterista Neil Peart no início de 2020 em ocasiões específicos e no vídeo que publicaram nessa segunda em seu Instagram fica claro o quanto eles gostam de estarem juntos, tocar e anunciar essa tão aguardada turnê. Lee também aproveita a nova formação para não tocar teclados e a banda passará por Los Angeles (dias 7 e 9 de junho), Cidade do México (18), Fort Worth (24 e 26), Chicago (16 e 18 de julho), Nova York (28 e 30), Toronto *6 e 9 de agosto) e Cleveland (17 de setembro) – e não duvide se pintarem mais datas na programação. Será que alguém vai trazer pro Brasil?
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Que maravilha o show que Mônica Salmaso e André Mehmari fizeram neste fim de semana no teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, revisitando o monumento à música brasileira que é o disco Elis & Tom que Elis Regina e Tom Jobim forjaram juntos – a princípio na marra e depois por prazer – em 1974. Celebrando a força desse encontro histórico, os dois optaram por não seguir a formação original do disco – que além da dupla ainda trazia uma banda (e que banda! César Camargo Mariano, Hélio Delmiro, Oscar Castro-Neves, Luizão Maia, Paulo Braga e Chico Batera, além dos gringos Bill Hitchcock, Hubert Laws e Jerome Richardson) – e fizeram uma versão minimalista e exuberante para esse conjunto de canções que fala à alma do nosso país. Optando por seguir a ordem original do disco, como um bom tributo a um álbum tem que ser, os dois só alteraram o final da noite, ao jogar “Inútil Paisagem” para o meio do show e não encerrar com uma música tão desoladora. Mônica até brincou com a carga dramática do disco, mencionando que a música mais animada chama-se “Triste”, e além de cantar passeou por alguns instrumentos de percussão, sempre no tom mínimo que escolheram para a homenagem, idealizada pelo compadre e bamba Lucas Nóbile. Tinha visto a cantora no meio do ano, no festival Jardim Sonoro, em Inhotim, celebrando a obra do maestro carioca ao lado de João Camareiro e Teco Cardoso, e sua voz parece ter sido talhada para o rigor de Jobim, bem diferente da carga dramática de Elis, que Tom achava exagerada antes de trabalhar com ela. Acompanhada apenas do virtuosismo delicado de Mehmari, Mônica estava completamente à vontade para seguir sua celebração de um dos pais do jazz brasileiro e a intimidade e longa amizade com André parecia pedir inclusive novas incursões por outros momentos da carreira de Tom. E além de hinos nacionais como “Águas de Março”, “Fotografia”, “Chovendo na Roseira”, “Corcovado”, “Modinha”, “Retrato em Branco e Preto”, “Pois É”, “Só Tinha de Ser Com Você” , “Brigas Nunca Mais”, “O Que Tinha de Ser”, “Por Toda Minha Vida” e as já citadas “Triste” e “Inútil Paisagem”, a dupla ainda voltou para um bis em que visitaram “Aos Pés da Cruz” (pérola gravada por Orlando Silva e eternizada por João Gilberto) e “Desde Que o Samba É Samba” (que Gilberto Gil e Caetano Veloso compuseram para o segundo volume do Tropicália), ambas contando com a participação do público. Foi maravilhoso – e tomara que tenham outros.
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Mais uma vez levo meu Inferninho Trabalho Sujo para o Redoma e no dia 10 de outubro, assistiremos a mais uma apresentação de uma banda que cresceu com a festa e mais uma atração que estreia no nosso palco. Quem abre a noite é a dupla Soxy, formada pelas vocalistas Zyom e Isabella Gil, que também toca guitarra e faz sua estreia ao vivo fundindo de forma experimental e DIY gêneros musicais como indie/alt-rock e dream pop, com um quê de nostalgia, em formato intimista. Já a Boca de Leoa, que já passou por diferentes palcos do Inferninho, estreia no Redoma mostrando seu disco de estreia que lançou este ano, No Canto da Boca, misturando rock e brasilidade com muita personalidade. E eu toco antes, entre e depois dos shows no Redoma, que fica na rua Treze de Maio, 825-A, no Bixiga. A festa começa às 21h e os ingressos já estão à venda.
Magdalena Bay e Japanese Breakfast dividiram mais do que a escalação do sábado no festival Austin City Limits, nos EUA, que aconteceu neste fim de semana quando a dona da última banda, Michelle Zauner, convidou a dupla da primeira para subir ao palco no final de sua apresentação. E a música que escolheram para tocar bateu tanto no ponto de vista nostálgico quanto no tema da canção, quando voltaram à já clássica “Time to Pretend”, da dupla MGMT, numa versão muito astral.
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Fui em mais um show do De La Soul nessa quinta-feira, no Áudio, e mais uma vez os caras quebraram tudo – sempre com um sorriso no rosto, deles e nossos. A presença de Talib Kweli fez a alma do saudoso Trugoy the Dove, que morreu há dois anos, presente e intensa na noite, como escrevi em mais uma colaboração para o Toca UOL. Continue
Quem mora em São Paulo sabe do luxo que é ter a Casa de Francisca em nossas vidas, mas vamos precisar de uma senhora distância histórica para medir a importância da antiga menor casa de shows de São Paulo e seu impacto na vida cultural da cidade e do Brasil. Quem acompanha o heróico trabalho de Rubens Amatto sabe o quanto ele se entrega à sua meta de tornar música e cultura cada vez mais parte de nossas vidas e sua recente mas intensa mudança para o atual Palacete Tereza, a um quarteirão da Sé (que inclui a incrível sobrevivência às trevas da pandemia e a nova fase da Casa, que abriu um porão para shows e festas e as portas para a rua para discotecagens ao ar livre), é só mais um capítulo de uma longa jornada que ano que vem completa 20 anos. Atualmente como uma média de 600 shows por ano, inaugura mais um palco, desta vez tão pequeno e intimista quanto a primeira versão da Casa, nos Jardins, exatamente com o mesmo número de lugares, 44. A Sala B começa a funcionar nessa semana, sempre às terças e quartas, e abre com Juçara Marçal e Kiko Dinucci (dias 7 e 8 de outubro), Douglas Germano (tocando um dos melhores discos do ano, o excelente Branco, dias 14 e 15), Arrigo Barnabé (21 e 22) e Alaíde Costa (cantando outro grande disco do ano, seu Uma Estrela para Dalva, dias 4 e 5 de novembro) e mostra que crescer não é sinônimo de quantidade, citando o “que na poesia José Paulo Paes chamou de ‘menorme'”. Os ingressos já estão à venda no site da Casa.
Boa notícia pra quem sente saudade (mais do espaço mais do que da empresa) da mega Livraria Cultura que funcionava no Conjunto Nacional, em São Paulo, e pra quem prefere fazer suas compras pessoalmente do que na internet. A Magazine Luíza pegou o espaço para transformar em sua nova loja conceito, a Galeria Magalu, em que vai ter lojas de suas diferentes marcas (como Netshoes, Kabum!, Época Cosméticos e Estante Virtual) além de um recém-anunciado teatro, patrocinado pelo YouTube.
A sala mantém o nome que tinha nos tempos da Livraria Cultura, Eva Herz, em homenagem à mãe do fundador da loja, Pedro Herz, mas leva a marca do site de vídeos do Google por pelo menos 18 meses. A gestão do teatro fica com o grupo Aventura Teatros, do empresário Luiz Calainho, e deve ter shows, peças de teatro, musicais, eventos de games e de literatura durante todo o ano. Como escreveu Fred Trajano em sua conta no LinkedIn (de onde saíram essas imagens), CEO da empresa que reinaugurará a megaloja e filho da gestora Luíza que batizou a rede com seu nome e a transformou neste império brasileiro, “o físico e o digital não disputam espaço, eles se completam; cada um amplia a força, a presença e a potência do outro”.
Vamos torcer pra ter uma programação à altura do célebre espaço da cidade.
As duas atrações que estrearam no palco do Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira no Picles vêm de origens diferentes mas se encontraram na canção, esse porto seguro para musicar sentimentos e sensações. A noite começou com a iluminadora Olívia Munhoz mostrando sua faceta compositora – e cantora e guitarrista, com direito a ótimos solos – frente a uma banda de bambas: o baterista Pedro Gongon (no seu terceiro show no Picles em menos de 24 horas – pois ele tocou nos dois shows que aconteceram na casa na quinta-feira), a tecladista Paola Lappicy e o baixista Guilherme D’Almeida. Com um time desses – e num ambiente mais relaxado do que sua apresentação de estreia, que aconteceu no Centro da Terra -, Olívia estava bem mais à vontade para mostrar suas lindas músicas, apenas com sua banda básica – sem vocais e sopros convidados, como aconteceu na outra noite – e disposta inclusive a fazer piadas e se emocionar no palco. Quando o público pediu bis, ela voltou ao palco para tocar a única versão da noite, uma versão tranquilinha para “Antes Que Seja Tarde”, do Pato Fu. Foi bem bonito – e quem venham os próximos!
Depois da Olívia, foi a vez do trio Los Otros assumir o palco e fazer seu primeiro show (quase) inteiro com músicas próprias, meta que se propuseram no início do ano e que se materializou com o lançamento do primeiro single, “Rotina”. Além de começar o show com números mais tranquilos que o “rockzinho básico” como eles mesmos se definem, também tocaram algumas músicas novas pela primeira vez no palco e esticaram seu único single com direito a público cantando junto como último número da noite. Mas depois que a plateia pediu bis, eles preferiram voltar para as músicas alheias do que repetir uma música própria que já tivesse tocado e puxaram sua já conhecida versão para “Papai Me Empresta o Carro”. O trio engrena cada vez mais! E depois eu e a Marina, estreando nas pistas em São Paulo, levamos a pista do Picles para lugares tão diferentes quanto rap dos anos 90, indie dos anos 00, rock dos anos 80 e baladas dos anos 70. Deu certo!
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