A clássica banda new wave volta para uma celebração neste sábado e domingo da obra de seu fundador, Julio Barroso. Conversei com a Taciana Barros, que hoje leva o estandarte da banda, sobre esta apresentação que contará com mais de dez pessoas no palco na minha coluna Tudo Tanto desta semana – leia lá.
É oficial: a lenda pós-punk volta mais uma vez aos palcos brasileiros em novembro, desta vez passando por dois Sescs! Dia 24 no Sesc Ribeirão Preto e dias 22 e 23 no Sesc Pompéia! Imagina isso!
Depois de um dos discos de estreias mais festejados desta década, a cantora e compositora carioca Mahmundi conseguiu dar uma continuidade à altura de seu primeiro disco ao lançar o ótimo Para Dias Ruins no inicio do semestre. Mantendo o clima pra cima do primeiro disco, ela conseguiu melhorar ainda mais o astral e deixar o sol entrar neste turbulento 2018 com um disco delicado e dançante, sensível e pop, suave e com uma ótima vibe. É um processo natural do trabalho dela, que começou fora dos palcos, trabalhando como técnica no Circo Voador, e aos poucos foi mostrando seu pop eletrônico quase timidamente no Soundcloud há seis anos, quando a chamei para participar do elenco de 2012 do saudoso Prata da Casa do Sesc Pompeia, quando fui curador daquela programação. É neste mesmo palco que ela se apresenta nesta sexta-feira, mostrando o novo disco pela primeira vez ao vivo, e aproveitei para trocar uma ideia com ela sobre os processos que a trouxeram até aqui.
Como foi o processo de composição e gravação deste disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-como-foi-o-processo-de-composicao-e-gravacao-deste-disco
O que veio primeiro: a vibe das canções ou o título do disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-o-que-veio-primeiro-a-vibe-das-cancoes-ou-o-titulo-do-disco
Faz sentido se pensar em álbum ainda em 2018?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-faz-sentido-se-pensar-em-album-ainda-em-2018
Como mudou sua carreira do disco anterior até este?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-como-mudou-sua-carreira-do-disco-anterior-ate-este
Como é este disco ao vivo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-como-e-este-disco-ao-vivo
Este ano perdemos o Miranda. Queria que você falasse da influência dele no seu trabalho.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-queria-que-voce-falasse-da-influencia-do-miranda-no-seu-trabalho
Você acompanhou a evolução da cena independente brasileira bem de perto. O que melhorou bastante e o que ainda pode melhorar?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-como-voce-ve-a-evolucao-da-cena-independente-brasileira
Quais são seus próximos passos, uma vez que este disco foi lançado?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/mahmundi-2018-quais-sao-seus-proximos-passos-uma-vez-que-este-disco-foi-lancado
O paulistano Manu Maltez lança neste domingo, às 18h, no Sesc Pompéia seu novo disco-livro-filme, O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza (mais informações aqui) e ele conta a história por trás desta lenda urbana em um making of lançado em primeira mão no Trabalho Sujo.
“Esse curta metragem é o terceiro filme que uso animação, o segundo que só tem animação. O primeiro misturava com cinema. Esse filme tem praticamente a mesma historia contada no livro-vinil, mas com um tom um pouco mais de fábula. Como é um curta tem menos texto, muito mais com a forca das imagens. Ele tem em média quase cinco mil desenhos, num processo que durou quase dois anos de trabalho.
Pra mim a animação tem esse desafio que é um pouco o oposto do desenho, quando você faz o desenho só – às vezes você consegue dar o movimento com um desenho parado e criar uma tensão, uma história, e a gente percebe um movimento, mas naquela coisa do parado. E na animação é um pouco o oposto. Eu procuro perceber o desenho, cada desenho parado dentro de um desenho em movimento. A gente consegue sentir a eternidade ali, o estático de um desenho só. Porque também é um processo de frame a frame. Cada frame é desenhado mesmo à mão. É curioso pra mim trabalhar com o desenho e com a animação dessa forma.
E é um trabalho que se soma a outros, em que junto às linguagens que tenho trabalhado nos últimos quinze anos, que é a música, imagem e texto também. Vou orquestrando esses valores, linguagens que cada um tem com sua força. É uma proposta de ir juntando todas essas linguagens. Uma espécie de fábula perturbada.
Além do Rabequeiro, O Diabo era Mais Embaixo, outro trabalho que se comunica com esse, e Cambaco juntos têm esse tom de fábula, lendas cotidianas, fábulas perturbadas. Eu penso às vezes nessas definições. De ver algumas correspondências entre a música que faço e os desenhos, com uma certa sujeira, da espontaneidade do momento e que eu acredito muito nisso, que é distante da eugenia, podemos dizer assim.
É um filme sobre membros fantasmas e seus encaixes e desencaixes e muito sobre esse despedaçamento meu enquanto homem e enquanto artista também. Talvez o amor seja um membro fantasma. O amor como um membro fantasma. Acho que essa é a proposta.”
Recém-saído de sua temporada no Centro da Terra – Mercúrio, quando começou a transitar entre nomes da música experimental brasileira, Vítor Araújo leva seu disco Levaguiã para o palco do Sesc Pompéia nesta sexta-feira (mais informações aqui), traçando paralelos entre o álbum e o processo que atravessou durante a temporada. Pedi para ele explicar as transformações que vem passando e como elas se refletem no show desta noite:
“Já estou a 2 anos na campanha do Levaguiã, e é o primeiro trabalho onde me apresento com banda. Primeiro houve o trabalho de adaptar e recriar os arranjos que originalmente foram escritor pra orquestra de formação sinfônica, que foi árduo porém interessante. E justamente por eu vir na música erudita mas dialogar – principalmente nesse show – com o meio mais pop-alternativo, acabou que o show circulou por vários tipos de espaço diferentes. Desde festival – como o Rec-Beat e o Coma -, até teatros como o Santa Isabel, e salas de concerto como o Ibirapuera. E agora, passados esses dois anos e rodado por esses diferentes lugares onde o show acaba se comportando de maneiras muito diferentes, decidi trazer pro show alguns elementos novos.”
“Aqui, torna-se muito importante a experiência de residência artística que foi construída no Mercúrio, onde pude fazer, ao vivo, experimentos de formação instrumental, de relação entre eletrônico e orgânico e, principalmente, de redundância sonora – tendo redundância aqui uma boa conotação. Trouxe de lá a vontade de ampliar a banda gerando um jogo de redundâncias instrumentais. Por isso: duas baterias, duas guitarras, dois percussionistas. “
“E, além disso, vamos poder retomar uma coisa que foi feita no início do lançamento do Levaguiã: em vez de uma audição do disco, como geralmente é feito pelos artistas em vias de lançar um novo trabalho, eu, Raul e Bruno Giorgi fizemos uma performance numa galeria de arte aqui de São Paulo onde Bruno remixava ao vivo o disco, que estava tendo a primeira audição pelos convidados. E ele mixava quadrifônicamente, em vez do padrão estéreo de L/R. Enquanto isso, Raul também remixava num projetor as peças gráficas que ele fez pro disco, construindo uma narrativa de animação ali na hora. No show do Pompéia vamos retomar essa idéia da quadrifonia, o show vai ser mixado na hora por Bruno em 4.1, dando uma ‘visão’ mais 360graus do show.”
“Isso tudo parece entrar num contexto pessoal meu onde sinto que me aproximo cada vez mais da música experimental e do ambiente de hibridismo entre o acústico e o eletrônico. Não sei ainda onde isso vai dar, mas acho que o Mercúrio e as alterações que ele gerou agora no show do Levaguiã apontam pra isso…”
O site bootlegger Olvécio Estava Lá registrou em áudio a apresentação em homenagem ao maestro da invenção que fizemos na semana passada no Sesc Pompéia.
“Futurível”
“Lindonéia”
“índia”
“Não Identificado”
“Deus Vos Salve Essa Casa Santa”
“6 Pequenas Peças Para Violoncelo”
“Coração Materno”
“Tuareg”
“Ave Lúcifer”
“Domingo No Parque”
“Fuga N° 2”
“Enquanto Seu Lobo Não Vem”
“Baby”
“2001”
“Irene”
“Cabeça”
“Construção”
Mais um dia de Professor Duprat no Sesc Pompéia – depois de uma estreia empolgante, vamos ao segundo dia. E, abaixo, a matéria que o programa Metrópolis, da TV Cultura, fez em um dos ensaios do espetáculo.
Maior satisfação anunciar meu primeiro projeto como diretor artístico, que concebi ao lado dos novos compadres Arthur Decloedt, Charles Tixier e João Bagdadi. O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção, que acontece nos dias 6 e 7 de setembro, no teatro do Sesc Pompeia, começou como a ideia de uma celebração dos 50 anos da Tropicália que fugisse do trivial. Chamei João, do selo RISCO, para me ajudar a estruturar a produção, que por sua vez chamou Arthur (do Música de Selvagem) e Charles (do Charlie e os Marretas) para fazer a direção artística. Originalmente havia pensado na recriação do disco que o maestro Rogério Duprat havia lançado naquele 1968 – A Banda Tropicalista do Duprat -, mas logo ampliamos a homenagem para além da efeméride, contemplando todo o alcance de uma obra ainda desconhecida pela maioria do público, diferente de grande parte das músicas que arranjou.
Duprat, que entrevistei para a falecida revista Bizz no segundo semestre do ano 2000 ao lado do Fernando Rosa, mexeu nas bases de canções que hoje fazem parte do imaginário brasileiro: além das tropicalistas “Domingo no Parque” e “Baby”, grande parte das músicas d’Os Mutantes e de Gilberto Gil no início de suas carreira, “Construção” de @Chico Buarque, todo Ou Não de Walter Franco, “Maria Joana” de Erasmo Carlos, todo o Tropicália ou Panis et Circencis e outras tantas. Também foi pioneiro na música eletrônica no Brasil (estudou com Karlheinz Stockhausen e John Cage e foi colega de classe de Frank Zappa), célebre na música erudita contemporânea brasileira e trabalhou com trilha sonora para o cinema, publicidade e até tradução de livros.
A banda montada para apresentação inclui, além dos diretores musicais no baixo e bateria, André Vac (do Grand Bazaar), Mariá Portugal, Rafael “Chicão” Montorfano e Maria Beraldo (do Quartabê), Filipe Nader (também do Música de Selvagem e Trupe Chá de Boldo) e o mestre Thiago França, e o espetáculo ainda conta com Curumin, Tiê, Luiza Lian, Tim Bernardes, Jonas Sá e Jaloo como intérpretes das músicas imortalizadas com arranjos do maestro, morto em 2006. Mas como um espetáculo não é só música, convidamos Gui Jesus Toledo para fazer o som, Caio Alarcon para operar o monitor, Olivia Munhoz para cuidar da direção cênica e iluminação, Gabriela Cherubini e Flávia Lobo de Felício para ficar com o figurino e Maria Cau Levy para criar a identidade visual e a Francine Ramos para a assessoria de imprensa. Abaixo, o texto que escrevemos para apresentar o espetáculo, orgulhosos que estamos da homenagem que estamos fazendo para este farol de nossa música, que muitos ainda não conhecem (mais informações aqui).
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Há meio século o Brasil conheceu o trabalho de um compositor erudito e professor acadêmico que revolucionou a música brasileira. O maestro Rogério Duprat é mais conhecido por sua imagem iconoclasta na capa do disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis, onde, entre os jovens multicoloridos Gil, Caetano, Mutantes, Tom Zé e Gal Costa, aparecia adulto e monocromático segurando um penico como se fosse uma xícara de chá. A representação – referindo-se ao mictório de Duchamp – talvez seja a melhor tradução para a colossal contribuição deste músico não apenas ao movimento tropicalista quanto à música brasileira desde sua aparição.
O espetáculo Professor Duprat – Maestro da Invenção parte desta efeméride para jogar luz na biografia musical do maestro paulista. Influente não apenas no movimento que ajudou a conceituar (a Tropicália), como na história da música brasileira, Duprat é um dos principais compositores eruditos contemporâneos brasileiros, um dos grandes nomes na música para a publicidade do país, compositor de trilhas sonora para filmes como O Anjo da Noite e Marvada Carne, pioneiro na utilização de computadores na música (há mais de 50 anos), tradutor do único livro de John Cage publicado no Brasil, aluno e colega de nomes como Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez, Gilberto Mendes e Frank Zappa. E, claro, arranjador e maestro de obras de diferentes artistas como Mutantes, Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, O Terço, Nara Leão, Walter Franco, Sá, Rodrix e Guarabyra, Frenéticas, Erasmo Carlos, entre muitos outros.
A proposta da apresentação é trazer parte do repertório produzido por Duprat interpretado por artistas atuais que foram diretamente influenciados por seus feitos criativos. Concebido pelo jornalista, curador e crítico musical Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo, com direção musical dos produtores Arthur Decloedt e Charles Tixier e produção executiva de João Bagdadi do Selo RISCO, para o palco do Teatro do Sesc Pompeia. O espetáculo costura músicas conhecidas do grande público (como”Domingo no Parque”, “Cabeça”, “Ave Lúcife”, “Construção”, Tuareg”, “2001”, “Irene”, “Não identificado”, “Índia”, “Futurível” e “Baby” entre outras) com arranjos ousados e a influência comercial e erudita de Duprat.
As canções serão apresentadas de forma não-linear e não-cronológica, ecoando diferentes épocas da biografia do maestro através de artistas como Curumin, Tiê, Jaloo, Tim Bernardes, Jonas Sá e Luiza Lian acompanhados por uma banda formada por Charles Tixier (Charlie e os Marretas), Arthur Decloedt (Música de Selvagem), Filipe Nader (Trupe Chá de Boldo), Thiago França (Metá Metá), Maria Beraldo Bastos, Mariá Portugal e Rafael “Chicão” Montorfano (Quartabê) e André Vac (Grand Bazaar).
Ficha técnica
André Vac: guitarra, violão e violino.
Arthur Decloedt: contrabaixo e MPC.
Charles Tixier: bateria, synths e MPC.
Curumin: vocal e bateria
Filipe Nader: sax alto e barítono, clarinete alto e souzafone.
Jaloo: vocal
Jonas Sá: vocal
Luiza Lian: vocal
Maria Beraldo: vocal, clarinete e clarone
Mariá Portugal: vocal, bateria e MPC
Rafael “Chicão” Montorfano: piano, synths e teclados.
Thiago França: sax tenor e flauta.
Tim Bernardes: vocal e guitarra
Tiê: vocal
Equipe:
Direção artística: Alexandre Matias, Arthur Decloedt e Charles Tixier.
Concepção e curadoria: Alexandre Matias
Direção musical: Charles Tixier e Arthur Decloedt.
Produção executiva: João Bagdadi.
Som: Gui Jesus Toledo.
Monitor: Caio Alarcon
Luz: Olivia Munhoz
Figurino: Gabriela Cherubini e Flavia Lobo de Felicio
Identidade visual: Maria Cau Levy
Assessoria de Imprensa: Francine Ramos.
SERVIÇO:
Professor Duprat – Maestro da Invenção
Dias 6 e 7 de setembro. Quinta, às 21h, e sexta, às 18h
Teatro
Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).
Venda online a partir de 28 de agosto, terça-feira, às 12h.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 29 de agosto, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
O já tradicional festival de jazz que o curador Ilhan Ersahin, dono da casa noturna nova-iorquina Nublu, realiza sempre no início do ano no Sesc Pompeia e no Sesc de São José dos Campos anunciou suas atrações deste estranho 2018: o quarteto britânico Sons of Kemet, o nigeriano Seun Kuti acompanhado de um das clássicas bandas de seu pai Fela (a Egypt 80), os brasileiros G T’Aime e Bebel Gilberto, o grupo inglês Morcheeba e a musa sueca Neneh Cherry. O festival acontece entre os dias 15 e 17 deste mês e os ingressos já estão à venda (mais informações aqui)
O sagaz Olvécio Estava Lá disponibiliza mais um de seus bootlegs, desta vez capturando a reunião de 2011 entre dois ícones da canção cearense.