Noites Trabalho Sujo | 13.08.2016

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O frio que paira sobre o mês de agosto acabou funcionando como uma materialização do marasmo e da rotina pessimista que tem dominado este 2016, o que urge a necessidade de mais um ritual psíquico-científico para promover o descarrego de almas e a desintoxicação dos corações. Em nosso encontro mensal tecnopagão no centro de uma das maiores megalópoles do hemisfério, reunimos um time de estudiosos da harmonia e acadêmicos do ritmo para elevar espíritos e conectar neurônios apenas com o poder de frequências sonoras. O laboratório que batiza o evento, chefiado pelo cientista-orgânico Alexandre Matias, tem uma baixa na formação devido à perigosa incursão que o metaexplorador e galã Danilo Cabral tem feito no mundo da bruxaria pré-adolescente, fazendo que o cônsul do naturismo hormônico, o ministro Luiz Pattoli, acumule a função de copiloto e navegador durante a expedição para o interior da mente. O sarau idílico no auditório azul néon ainda conta com as presenças ilustres do casal formado pela historiadora em tempo real Liv Brandão e antropólogo comportamental Arnaldo Branco, ambos em visita fulminante fugindo do balneário carioca que sedia os Jogos Olímpicos. A dupla de pesquisadores Missin Link, formado pelos analistas de frequencias Daniel Prazeres e Vanessa Gusmão, também dominam o público pagante com seu transe emocional. Do outro lado daquele andar, um verdadeiro time de sociólogos, analistas de sistemas, bon vivants, exploradores e notívagos reunidos no instituto de filosofia Scream & Yell, liderado pelo anfitrião Marcelo Costa, que recebe as duplas Bruno Dias & Tiago Agostini e Nat Julio & Renato Moikano, além de Bruno Capelas e Tiago Trigo no auditório preto, dispostos a derreter corações e quadris com uma sequência emblemática de registros sonoros de afeição emocional. À entrada, outra dupla, esta formada pelo escultor de luz Fabs Grassi e pela viajante temporal Priscila de Castro Faria, recebem os que chegam num transe sensual para aquecer glândulas pineais. A presença neste encontro precisa ser confirmada através do endereço eletrônico noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h do dia da realização do evento, quando as confirmações começam a chegar de volta. Ouça seu coração e se aqueça neste inverno, começando por essa amostra que disponibilizamos na rede:

Noites Trabalho Sujo @ Trackers
Sábado, 13 de agosto de 2016
A partir das 23h45
No som: Alexandre Matias e Luiz Pattoli (Noites Trabalho Sujo), Liv Brandão e Arnaldo Branco, Daniel Prazeres e Vanessa Gusmão (Missin Link), Fabs Grassi e Priscilla de Castro Faria (no lounge), Marcelo Costa, Bruno Capelas, Bruno Dias, Tiago Agostini, Nat Julio, Renato Moikano e Tiago Trigo(Scream & Yell)
Trackertower: R. Dom José de Barros, 337, Centro, São Paulo
Entrada: R$ 30 só com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com. O preço da entrada deve ser pago em dinheiro, toda a consumação na casa é feita com cartões. E chegue cedo – os 100 que chegarem primeiro na Trackers pagam R$ 20 pra entrar.

A segunda parte do tributo indie a Milton Nascimento

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E tá aí a segunda banda do tributo que o Marcelo Costa organizou à eminência barroca Milton Nascimento, que depois de reunir Tono, Letuce, Bruno Souto, Rashid, Karol Conká com Bo$$ in Drama, Aláfia, Bárbara Eugênia e Pélico e mais uma galera no primeiro volume agora junta Blubell, Felipe Cordeiro, Tibério Azul, Los Porongas e outros tantos num disco que pode ser baixado gratuitamente no Scream & Yell. Separei aqui a reverente versão que os Selvagens à Procura de Lei fizeram pra uma das minhas músicas favoritas do compositor, a mágica “Nuvem Cigana”.

Scream & Yell celebra Milton Nascimento

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O site do jornalista Marcelo Costa Scream & Yell lança mais um disco-tributo em homenagem a um de seus ídolos, o cantor e compositor Milton Nascimento. A coletânea Mil Tom sai em dois volumes e o primeiro deles reúne nomes como Vanguart, Tono, Letuce, Aláfia, Bruno Souto, Karol Conká e Rashid resgatando pérolas do cancioneiro de Minas Gerais compostas por esse carioca de nascimento. Separei aqui a bucólica versão que a Bárbara Eugênia e o Pélico fizeram pra “Paula e Bebeto”, mas dá pra ouvir e baixar o disco inteiro lá no Scream & Yell.

Os melhores de 2014 de acordo com o júri do Scream & Yell – e a minha votação

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A já clássica votação de melhores do ano do site do Marcelo Costa já está no ar – e a minha votação específica vem a seguir. Neste link dá pra ver as votações de cada um dos jurados (além do que eles votaram nos últimos anos).

MELHOR DISCO NACIONAL
01. Ruído/mm – Rasura
02. Juçara Marçal – Encarnado
03. Criolo – Convoque Seu Buda
04. Alice Caymmi – Rainha dos Raios
05. Thiago França – Malagueta, Perus e Bacanaço

MELHOR DISCO INTERNACIONAL
01. Spoon – They Want My Soul
02. Warpaint
03. Lana Del Rey – Ultraviolence
04. Todd Terje – It’s Album Time
05. Aphex Twin – Syro

MELHOR SHOW NACIONAL
01. João Donato – Quem é Quem
02. Emicida canta Cartola
03. O Terno canta Lóki?
04. Criolo
05. Goma Laca

MELHOR SHOW INTERNACIONAL
01. Arctic Monkeys, Santiago
02. Arcade Fire, Lollapalooza
03. Paul McCartney, Parque Antártida
04. Tame Impala, Audio Club
05. Thurston Moore, Cine Joia

MELHOR FILME
01. Boyhood
02. Jodorowsky’s Dune
03. Guardiões das Galáxias
04. Garota Exemplar
05. Under the Skin

MELHOR LIVRO
01. This Changes Everything, Naomi Klein
02. O Capitalismo no Século XXI, Thomas Piketty
03. O Círculo, Dave Eggers
04. Revista Xula
05. Cozinhar, Michael Pollan

O MELHOR DA TV
01. True Detective
02. The Knick
03. Fargo
04. Black Mirror: White Christmas
05. Utopia

Os dias estão corridos (tem o curso e o final de uma extensa matéria que estou terminando), mal estou conseguindo gravar o Vida Fodona, mas as minhas listas de melhores de 2014 para além da música sairão nos próximos dias (se possível, com curtos comentários).

Seis vezes Trabalho Sujo!

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Já estou ficando mal acostumado – todo ano começa com a votação de melhores do ano anterior feita pelo Scream & Yell. A de 2012 acabou de sair e entre os vários primeiros lugares apresentados lá estã o meu Trabalho Sujo mais uma vez entre os melhores blogs do ano – e pela sexta vez em seis anos consecutivos! Desta vez ficou engraçado, porque, ao juntar blogs e sites na mesma categoria, o Sujo ficou na frente do Twitter, do Facebook e do Buzzfeed. Me resta agradecer a confiança de quem me colocou neste posto e manter mais uma vez o compromisso de fazer o melhor blog do Brasil. A íntegra da votação (bem como os votos de cada um dos 119 votantes) pode ser conferida lá no S&Y.

Pentacampeão: Trabalho Sujo é eleito o melhor blog do Brasil pela quinta vez consecutiva

É uma felicidade ser penta no mesmo ano que o meu time também foi… O Trabalho Sujo ganha, pela quinta vez consecutiva, o troféu de melhor blog do Brasil segundo o júri do site do Marcelo Costa, o Scream & Yell. E com quase o dobro dos votos do segundo colocado, o chapa Lucio Ribeiro.

Além disso, mesmo tendo transformado minha conta de Twitter em mero RSS do site (ou talvez justamente por isso), fiquei em quarto lugar empatado com o compadre Arnaldo, ele sim um guerrilheiro e ativista d(e si próprio através d)a rede social do passarinho azul, na categoria Melhor Twitter de 2011.

E pra arrematar, OEsquema, depois de anos entre os primeiros, finalmente faz sua estréia no holofote central da categoria melhor site, desbancando gigantes como Twitter e Facebook (“KKKKKKKKKKKKK” <- isto é uma piada).

Também votei no júri e lá também fiz minha escolha dos melhores shows de 2011, que ainda não publiquei aqui. Agradeço a quem votou, mas, principalmente, agradeço a quem lê, diariamente, o meu boteco, a minha pelada, o meu hobby favorito, que é fazer esse site o tempo todo. Vocês são demais.

Nada como acordar melhor do ano

De novo, este saite ganhou o prêmio tapinha-nas-costas de “melhor blog do ano” – pela quarta vez consecutiva – no prêmio que o Marcelo agita lá em seu Scream & Yell. Tou lá, alguns degraus acima de gente que é leitura recorrente: o Lúcio, o Terron, o André, o Alex e o Lívio, textos que funcionam como o melhor termômetro sobre o que acontece de legal no mundo hoje, pela janela do Brasil. Sinto-me em casa. O único que não acompanho é o Rock’n’Beats, mas que ganha ao menos um leitor hoje pela simples inclusão nessa lista. Ainda sobrou prOEsquema, que ficou em sexto na categoria melhor site do ano (atrás do Facebook, do Twitter, do Pitchfork, do Omelete, do Urbanaque e de um site de downloads de discos) e pro meu Twitter, que pegou também sexto lugar nessa categoria (atrás do Twitter do Cleber Machado, do Arnaldo – aê, OESquema! – do Sergio Martins, do próprio Marcelo Costa e do Chico Barney). Meus votos, a quem interessar possa, estão nesse link. E o Marcelo falou preu ser hors-concours na próxima – acho vacilo, deixa eu aposentar, aí tu me tira da disputa, hahaahahah.

Entrevista com Steve Albini

E por falar em rock alternativo americano, vale ler a entrevista que o Elson fez com o Steve Albini pro Scream & Yell. Separo um trecho:

O que você acha de jornalismo musical? Eu estava lendo o fórum do Electrical Audio e vi um post seu com opiniões bem fortes sobre o tema.
Bem, o problema com jornalismo musical é que ele é publicado em um jornal como se fosse jornalismo de verdade, mas no qual os padrões profissionais do jornalismo não se aplicam. Em um artigo normal, se um repórter publica algo fundamentalmente incorreto, como o nome do prefeito ou de um esportista famoso, ele é demitido. Não é aceitável no jornalismo convencional encontrar fatos simples apresentados de maneira errada. No jornalismo musical, ninguém se importa. Você pode publicar um monte de coisas erradas e só rola um: “ok, não tem problema, não importa”. Não é levado a sério. Jornalismo musical não é levado a sério como jornalismo nem pelas pessoas que o praticam, nem pelas publicações que o usam. Então, um monte de informação errada é publicada e acaba virando registro histórico. Se alguém escreve algo incorreto em um jornal ou em um website e depois dez outros jornais ou websites fazem referência a essa informação errada, isso se transforma em algo inconcreto, e dali para frente vira história. E eu acho isso terrível, porque existe jornalismo de verdade que poderia ser feito. Tem um monte de assuntos que tem a ver com música. Por exemplo, o que você descreveu, de bandas pagarem para tocar em festivais, ou festivais aceitando dinheiro do governo e sendo tão ineficientes que não podem pagar as bandas, isso são pautas para jornalismo de verdade. Alguém deveria escrever sobre isso. O público de música se interessaria por isso. Poderia ser jornalismo de verdade. Mas ninguém está escrevendo esses artigos. Ao invés disso eles estão escrevendo coisas como o que essa pessoa está vestindo, ou que tipo de maquiagem esse outro está usando, quem está namorando com quem ou quem usa drogas, essas coisas. Isso é merda, pura merda. E mesmo nessa área limitada de merda, jornalistas musicais podem publicar erros fundamentais que ninguém se importa.

Eu tenho amigos jornalistas e o que eles dizem de publicar artigos estúpidos, como o que as pessoas vestem, acabam tendo mais leitura. Eles acompanham os links nos sites e portais e esses artigos são sempre os mais lidos. As pessoas realmente querem saber o que os outros estão vestindo.
Não existe nenhuma lei que diz que jornalismo deve ser feito para as pessoas mais estúpidas do mundo. Se o seu jornalismo é feito para atrair o máximo de pessoas de algum tipo para lerem o que você escreve, então não há razão para fazer algo específico em música. Porque se você escrever sobre outra coisa, então mais pessoas vão ler. Se você escrever sobre a Copa do Mundo, mais pessoas vão ler do que sobre música, então por que você está escrevendo sobre música? Se você decidiu que quer escrever sobre música, essa é uma decisão sua não baseada no que é mais popular. Então você tem uma obrigação de levar isso a sério, porque você escolheu escrever sobre música. O argumento de que isso é mais popular, “é isso que as pessoas gostam”, não significa nada para mim. Porque o que é popular, o que as pessoas gostam, é de McDonald’s, Coca-Cola. Isso é popular. Mas não é necessariamente a melhor coisa para comer ou beber. E se você escrever sobre comida, talvez você deva escrever sobre as melhores comidas que as pessoas podem comer ou beber, ou dizer que tipo de problema elas teriam se elas só comessem McDonald’s e tomassem Coca-Cola.

Vale a leitura.

João Parahyba manda a real

O velho Comanche solta o verbo no Scream & Yell.

Estamos acabando com a iniciativa privada desde país, e ficando escravos dos editais. O funil das gravadoras e empresários artísticos do passado está hoje na máquina pública. Assim nunca construiremos um mercado cultural sustentável e verdadeiro.

E honestamente, depois de 40 anos de carreira e de ter tocado no mundo todo, não venham me dizer que festival e mostra de música é única e exclusivamente uma vitrine para quem está começando ou para quem está um pouco sumido da mídia, ou ainda, uma forma de formar público novo. Pois isso é o óbvio. Mas isso também hoje é uma vitrine para o nome do festival, para os produtores e entidades organizadores, para o marketing das grandes empresas e principalmente para o governo. E esses proponentes muitas vezes obtêm fonte de renda que mantêm toda a estrutura de suas empresas através desses editais públicos, estaduais, municipais e federais. Principalmente com dinheiro público e quase 100% sem investimento privado, digo dos pequenos empresários, os proponentes, não das grandes empresas que utilizam esses editais e leis para fazer somente marketing, e não cultura.

Vejam: quase todos os festivais e shows já têm apoio do seu município, do seu estado, (conquista deles é verdade) e muitos da grande iniciativa privada, e quase todos, com a desculpa da promoção e da formação de público não pagam cachê aos artistas e músicos convidados “é divulgação Etc. e tal”, mas não justifica, pois ganha pão, é ganha pão. “Não peçam para eu dar de graça a única coisa que tenho para vender, minha música, minha arte”. (Cacilda Becker)

Isso é jabá institucionalizado, igual às rádios que tanto reclamamos há décadas. Quer tocar aqui é assim, você paga para estar aqui. Absurdooo! E se reclamar não entra mais na rádio, TV e/ou no circuito dos festivais, como temos exemplos de vários amigos artistas que foram excluídos das rádios e dos festivais por se manifestarem contra o jabá e/ou não pagamento de cachês nos festivais pelo Brasil afora. Isso hoje, como há 30 anos vem acontecendo.

Estamos criando outro monstro!?

Leia a íntegra lá.

Cérebro novo

Tiago lembra que o Cérebro Eletrônico já está na produção de seu próximo disco – devidamente registrada num diário online – cujas novas faixas (como “Cama” no vídeo acima) devem aparecer no show que a banda faz na festa do Scream & Yell, tocada pelo próprio Tiago ao lado do Mac, o dono do site, que agora rola na Dissenso, a casa que o Elson abriu em Pinheiros.