O Dangerous Minds postou uma série de vídeos de clássicos da música contemporânea em que o canal do baixo elétrico é isolado, mostrando a força do instrumento na formação básica do rock. Fui além da lista original do site (que inclui Hendrix, Police, Stones, Rick James, Big Country) e incluí outros vídeos que encontrei por aí (de nomes como Who, Beatles, Queen, Yes, Rush, Queens of the Stone Age, Rage Against the Machine, entre outros). Segura a baixêra aí embaixo:
Sim, são os Foo Fighters celebrando a chegada do Rush ao Rock’n’Roll Hall of Fame na quinta-feira passada, fazendo cosplay do trio canadense e tocando nada menos que “Overture”, do icônico 2112:
A homenagem não ficou só em música. Dave Grohl empolgou-se e preparou um discurso daqueles para celebrar a importância da banda, explicando que a banda preferiu seguir fiel aos seus princípios mesmo que eles parecessem cafonas e datados. Ao destacar as qualidades nerds e cheias de autoimportância de cada um dos três músicos que são a única formação clássica do grupo (caso raríssimo na história do rock), Grohl também reforça a devoção dos fãs da banda, algo que, compara, só chega aos pés do Grateful Dead, chegando ao centro de sua argumentação disposto a listar, um a um, todos os títulos de discos da banda como clássicos imbatíveis que só os fãs de Rush sabem reconhecer.
Logo em seguida foi a vez do próprio trio foi agradecer a reverência, para, depois das falas de Geddy Lee e Neil Peart (que, além de reconhecer a honraria, saudaram o humor e a paciência dos companheiros de banda), terminar com um discurso peculiar do guitarrista Alex Lifeson, que caracteriza o quanto o Rush está fora dos padrões da história do rock. Talvez tenha a ver com o fato de eles serem canadenses…
E, pouco depois, fazer o que sabem fazer melhor:
Não dá para desmerecê-los. Por mais que o trio pareça caricato e brega para quem o vê de fora, é inevitável reconhecer o Rush como uma das forças mais emblemáticas da história da música pop. Dave Grohl comparou a seriedade da devoção de sua horda de fãs com as dos deadheads, o culto itinerante que persegue o Grateful Dead para onde ele for, mas que esse fanatismo tem parentesco com outro tipo de religião cultural, igualmente caricata e brega: o nerd clássico. Não esse nerd cool e digital de hoje em dia, que curte música eletrônica, se veste com roupas de grife e circula por agências de publicidade e casas noturnas. Mas aquele nerd anos 70, mais feio e desajustado que um personagem do Crumb e completamente obcecado com algum assunto invariavelmente chato e meticuloso: montar computadores, plastimodelismo, radioamadorismo, RPG, histórias em quadrinhos, ficção científica ou cards de beisebol. E Rush. Enquanto Led Zeppelin e Pink Floyd faziam o som que a geração pós-hippie descobria seu próprio hedonismo, o Rush convidava fãs a um universo particular, alheio ao resto do mundo, cerebral, em que ficção científica, música erudita, filosofia e sagas épicas serviam como fio condutor para riffs inesquecíveis, refrões memoráveis, solos arrebatadores (inclusive de bateria, claro).
Tive minha fase Rush na adolescência e ouvi até furar discos como Moving Pictures, Fly by Night, Exit… Stage Left, Hemispheres, Permanent Waves e 2112. Sei cantarolar riffs, solos e letras inteiras graças a horas ouvindo os três canadenses tocarem muito alto na sala de estar da casa dos meus pais ou nas caixas de som de um carro de algum amigo, seja parado em alguma paisagem pastoril brasiliense ou à toda sem rumo pelas avenidas intermináveis da minha cidade. Mas nunca havia os visto ao vivo. Afinal, houve um tempo em que “o show do Rush no Brasil” era o equivalente a “o show do Radiohead no Brasil”, uma utopia inalcançável, um grande amanhã.
Calhou dos três anunciarem finalmente sua vinda na época em que eu vivia minha fase frila, três anos sem patrão que me fizeram entender a amplitude do conceito de jornalismo e sua natureza artística (mas isso é outra conversa). Ao saber da confirmação da vinda do Rush ao Brasil, acionei o compadre catarinense Emerson “Tomate” Gasperin, que ainda morava em São Paulo, para celebrar nossa devoção adolescente do passado em forma de ganha-pão e vendemos para uma pequena editora que nem me lembro o nome (só do logotipo, uma silhueta de um caubói – !?!?!) um especial sobre a banda. Chamei outro chapa que também era afeito ao trio – o alagoano Fernando Coelho, ele sim fã de carteirinha -, e juntos escrevemos uma revista inteira dedicada ao Rush, suas diferentes fases, discografia comentada, dados sobre os instrumentos usados e até uma história em quadrinhos dedicada aos fãs do grupo (escrita e desenhada por outro broder, Zé Dassilva). A revista nos valeu a grana do frila e ingressos para o show – uma forma que nós encontramos para cumprimentar uma seriedade adolescente que encontrou no culto ao grupo uma forma de ser exercida. O único resquício digital dessa revista que encontrei foi esta imagem abaixo, no cache do Google de uma página do Mercado Livre que já não existe… Com certeza a tenho em algum lugar aqui em casa, quando encontrar conto a história completa.
Mas ela é só um exemplo do tipo de determinação que é compatível àquela motivada pelas canções do grupo. Como escreve Neil Peart num dos clássicos do grupo, para a voz esganiçada de Geddy Lee cantar:
“You can choose a ready guide in some celestial voice.
If you choose not to decide, you still have made a choice.
You can choose from phantom fears and kindness that can kill;
I will choose a path that’s clear-
I will choose Free Will”
Nerdismo pesado.
Isso é velho, mas é bom demais.
O melhor é o Cartman cantando o solo de teclado.
Bicho, que nerdice.
Acima ela toca “Carry On Wayward Son” do Kansas. Já tinha linkado ela tocando “YYZ” do Rush mas não custa republicar…
O bom e velho Danilo agora tem link – e na estréia de seu blog Coletas (dedicado, justamente, a coletâneas que ele mesmo faz), ele mandou essa seqüência de músicas com nomes de personagens de Lost. Tá certo que rolou uma forçada com o casal coreano, mas foda-se, não deixou de ser sensacional por isso.
Aretha Franklin – “The House That Jack Built”
Michael Jackson – “Ben”
Ben Folds Five – “Kate”
Rush – “Tom Sawyer”
Smashing Pumpkins – “Cupid De Locke”
Man/Man – “Hurley Burley”
Beatles – “Here Comes The Sun”
Snoop Dogg – “Gin And Juice”
Franz Ferdinand – “Michael”
Smudge – “Desmond”
Elton John – “Daniel”
Aerosmith – “Downtown Charlie”
Bruce Springsteen – “Jacob’s Ladder”
Billy Bragg – “Richard”
Bee Gees – “Juliet”
Bonus Track
16 – Vincent – Don Mclean
Lembrando do nosso querido e bissemanal VF:
– Vida Fodona 12: Air, T-Rex, Vince Guaraldi Trio, Pulp, Sergio Ricardo, Byrds, DJ Assault, Florence Miller, Mulatu Astatke, Lulina, Guab versus Fugazi, Del Rey, Goblin, Snoop Doggy Dogg com Justin Timberlake, Superguidis e Ike & Tina Turner tocando Led.
“Bob Lind” – Pulp
“People in the City” – Air
“Goodies” – Ciara e M.I.A. (Richard X Mix)
“Signs” – Snoop Doggy Dogg, Pharrel e Justin Timberlake
“Todo Mundo Tem Algo a Esconder Exceto Eu e o Meu Macaco” – Superguidis
“As Curvas da Estrada de Santos” – Del Rey
“Snip Snap” – Goblin
“Peanuts Theme Song” – Vince Guaraldi Trio
“Waiting Room (Dub Guab Mix)” – Guab vs. Fugazi
“Everybody’s Been Burned” – Byrds
“Whole Lotta Love” – Ike & Tina Turner
“The Groove I’m In” – Florence Miller
“Yegelle Tezeta”- Mulatu Astatke
“Ghetto Shit” – DJ Assault
“Meu Príncipe” – Lulina
“Emília” – Sérgio Ricardo
“Planet Queen” – T-Rex
– Vida Fodona 13: DJ Q-bert, A Tribe Called Quest, Engenheiros do Hawaii, Jess Saes, Lalo Schiffrin, Marianne Faithfull e Sly + Robbie, Cabaret, Sabotage, Eugenius, Jarvis Cocker e Kid Loco, Bugo, Britta Phillips e Dean Wareham, Graforréia Xilarmônica e Franz Ferdinand e Jane Birkin.
“Easter Bunny” – Eugenius
“Preskool Breakmix – Track 01? – DJ Qbert
“Jazz” – A Tribe Called Quest
“Rap é Compromisso” – Sabotage
“Sopa de Letrinhas” – Engenheiros do Hawaii
“Con Il Cuore Nel Culo” – Bugo
“Eu Gostaria de Matar os Dois” – Graforréia Xilarmônica
“Kelly´s Heroes” – Lalo Schiffrin
“Messias Pessoal” – Cabaret
“Miles and Miles Away” – Jess Saes
“I Just Came to Tell you That I’m Going (Je Suis Venu Te Dire Que Je M’en Vais)” – Jarvis Cocker & Kid Loco
“Lola R. For Ever (Lola Rastaquouère)” – Marianne Faithfull & Sly and Robbie
“A Song For Sorry Angel (Sorry Angel)” – Franz Ferdinand & Jane Birkin
“Ginger Snaps” – Britta Phillips & Dean Wareham
– Vida Fodona 14: Basement Tapes, Céu cantando Bob Marley, Beatniks, Bonnie “Prince” Billy e Tortoise tocando Milton Nascimento, entrevista com Guilherme Werneck, The Galaxies, Fred Wesley, Easy Dub All-Stars, Jamie Lidell, Narinha, nova do Massive Attack, “No, No, No”, Esquadrão Atari, Os Baobás e Flying Burrito Brothers.
“Yazzo Street Scandal” – Bob Dylan & the Band
“Multiply” – Jamie Lidell
“Blow Your Head” – Fred Wesley
“Corrida de Jangada” – Nara Leão
“Jumbo Elektro” – Esquadrão Atari
“Live with Me” – Massive Attack
“The Great Gig in the Sky” – Easy Star All-Stars
“No, No, No” – Dawn Penn
“Concrete Jungle” – Céu
“Do Right Woman” – Flying Burrito Brothers
“I Love You” – Os Baobás
“Fire” – The Beatniks
“Orange Skies” – The Galaxies
“Cravo & Canela” – Bonnie “Prince” Billy & Tortoise
Um dia vira hábito.