Discutindo o Festival da Record de 1967

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Como parte do evento Invenção 67, Roberta Martinelli e Ricardo Alexandre discutem o mítico festival da Record em 1967 (aquele que revelou Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de consolidar as carreiras de Edu Lobo e Chico Buarque) este sábado, no CCSP. O debate acontece às 17h, logo após a exibição do filme Uma Noite em 67, de Ricardo Calil e Renato Terra (que foram convidados para participar do evento mas não tinham disponibilidade de agenda). Tanto a exibição do filme quanto o debate são gratuitos – e a lotação está sujeita à capacidade da Sala Paulo Emílio. Os ingressos estão disponíveis uma hora antes do evento – mais informações aqui.

Invenção 67 no CCSP

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A partir desta quarta até domingo, começamos mais uma atividade multicuratorial no Centro Cultural São Paulo – o evento Invenção 67 disseca o cinquentenário do mítico ano de 1967 medindo seu impacto na cultura em diferentes áreas. Há debates, show, filmes, exposição e encontros que prometem ser célebres, como o de Renato Borghi com Zé Celso Martinez Correa (um apresentou a peça O Rei da Vela para o outro, que a tornou célebre), Andrea del Fuego e Nelson de Oliveira falando sobre Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Márquez, Miriam Chnaidermann e André Sant’Anna falando sobre o Panamérica de José Agrippino de Paula e Ismail Xavier e Rubens Machado falando sobre Terra em Transe. Da parte que me toca (a curadoria de música), teremos na quinta o Vanguart tocando na íntegra o clássico Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles – que faz aniversário no mesmo dia -, uma conversa com Roberta Martinelli e Ricardo Alexandre sobre o festival da Record daquele ano, quando as sementes do tropicalismo e do que chamamos hoje de MPB foram lançadas e a série de audições comentadas Concertos de Discos, que joga luz em clássicos daquele mítico ano, esta com início na semana que vem (falo mais disso depois). Maiores informações sobre o evento aqui e, abaixo, a programação geral dos próximos dias. Tudo de graça! Vai ser demais!

Invenção 67 no CCSP

Que ano! Em 1967, os Beatles lançavam o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, marco da vanguarda pop. Ainda naquele chamado Verão do Amor, Jimi Hendrix lançou seu primeiro disco, bem como The Doors, Velvet Underground e Pink Floyd. Enquanto isso, no Brasil houve certa noite em 1967, transmitida pela TV, que revelou uma geração de garotos geniais: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo, Chico Buarque. Um pouco mais cedo neste ano incrível, Hélio Oiticica criava a obra Tropicália. No cinema, 67 foi o ano em que estrou Terra em Transe, de Glauber Rocha. E que estreou também a peça O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, levada ao palco de forma barulhenta por José Celso Martinez Correa. No teatro ainda nasceria Cordélia Brasil, de Antonio Bivar. Foi o ano de PanAmérica, o romance de pura invenção escrito por José Agrippino de Paula, do impactante Quarup de Antonio Callado e de Tutameia, último livro de Guimarães Rosa. A América Latina iniciava um boom literário com Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, e na Europa Milan Kundera lançava A Brincadeira.

Por tudo isso o Centro Cultural São Paulo resolveu homenagear esse ano extraordinário de invenção e imaginação com debates, filmes, música, teatro e cinema. Em 1967 a juventude ainda sonhava alto. E no CCSP este sonho revive. Todos os eventos são gratuitos.

PROGRAMAÇÃO

31/5 quarta

TEATRO
17h Encontro O Rei da Vela
Mediados pela crítica teatral Beth Néspoli, José Celso Martinez Correa e Renato Borghi falam de O Rei da Vela. Peça escrita por Oswald de Andrade, permaneceu inédita até ser montada por Zé Celso em 1967, tendo Borghi como protagonista. Um dos pilares do tropicalismo, a peça simboliza a contracultura dos anos 60 – hoje parte da cultura brasileira. Na Sala Paulo Emílio Salles Gomes.

1º/6 quinta

LITERATURA
19h30 Ponto de encontro: Invenção 67
Com peculiar verve e larga erudição, o crítico e ensaísta Manuel da Costa Pinto, autor de Literatura Brasileira Hoje, analisa os principais lançamentos literários do mundo naquele ano. No Espaço Mário Chamie (Praça das Bibliotecas)

MÚSICA
21h Liverpool em Cuiabá
Em apresentação inédita, a Vanguart, banda matogrossense famosa nacionalmente pelo folk rock energético e lírico, revisita o álbum Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Na Sala Adoniran Barbosa

2/6 sexta

LITERATURA
19h30 Cem anos de solidão, 50 anos depois
Destacados pela escrita que tangencia o fantástico, os autores Andrea del Fuego e Nelson de Oliveira, mediados pelo diretor do CCSP, Cadão Volpato, tratam da imortal obra de Gabriel García Márquez. No Espaço Mário Chamie (Praça das Bibliotecas)

3/6 sábado

TV/MÚSICA/CINEMA
15h Aquela noite em 67
Exibição do filme Uma Noite em 67, dirigido por Renato Guerra e Ricardo Calil, sobre o famoso festival de música da TV Record que catapultou uma talentosa geração da música brasileira, seguido de debate entre os jornalistas Ricardo Alexandre e Roberta Martinelli. Filme na Sala Paulo Emílio Salles Gomes, debate no Espaço Mário Chamie (Praça das Bibliotecas)

LITERATURA
19h30 PanAmérica vezes 50
A psicanalista e cineasta Miriam Chnaidermann e o escritor André Sant’Anna, especialistas na obra de José Agrippino de Paula, mediados por Ronaldo Bressane, abordam o cinquentenário de PanAmérica – romance central para a criação da Tropicália. No Espaço Mário Chamie (Praça das Bibliotecas)

TEATRO
20h30 Cordélia Brasil
Para sustentar seu marido Leônidas, Cordélia, além de trabalhar como auxiliar de escritório, passa a se prostituir. Ela traz para casa um jovem cliente de 16 anos, Rico, que acaba morando com o casal – o triângulo tem desfecho trágico. Direção: Francisco Medeiros. Elenco: Paula Cohen, Marat Descartes e Chico Carvalho. Sonoplastia: Aline Meyer. O autor Antonio Bivar comenta a peça após a apresentação. Na Sala Leon Hirzman

4/6 domingo

CINEMA
16h Terra em Transe, 50 anos depois
Exibição do clássico do cinema novo Terra em transe, de Glauber Rocha (em cópia nova), seguido de debate entre Ismail Xavier e Rubens Machado, os professores de cinema da ECA/USP que formam a linha de frente do ensaio cinematográfico brasileiro. Na sala Paulo Emílio Salles Gomes

De 26/5 a 5/6

Mostra Revista Comando
Exposição das obras em serigrafia realizadas na Folhetaria do CCSP, em ateliê público, pelos artistas Frederico Heer e Guilherme Boso (Revista Comando). Foyer

O Ecossistema da Música em 2017

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As transformações que estão acontecendo no mercado da música no início do século 21 são avassaladoras. Não só o Brasil chega a um nível de profissionalização na história de seu mercado como o panorama mundial da indústria fonográfica vem mudando radicalmente, além das mudanças nos hábitos de consumo de todos os ouvintes. Se antes a forma de chegar ao público pressupunha canções, lojas de discos, rádio e TV, hoje as inúmeras alternativas se desdobram exponencialmente entre aplicativos, streaming, webclipes, estratégias de lançamento, vídeos virais, gifs animados, álbuns em vinil, shows supresa, editais públicos, distribuição digital, gerenciamento de carreira, merchandising, sincronização, downloads, likes e views.

O ecossistema da música no século 21 está em plena transformação e é justamente este o foco do curso que proponho desde 2014 junto ao Espaço Cult, reunindo grandes nomes da cultura, do entretenimento e da mídia no Brasil para tentar definir horizontes de atuação para novos artistas, profissionais deste meio e ouvintes interessados nestas mudanças. Desta vez o curso acontece durante todas as terças-feiras dos meses de maio e junho deste ano, reunindo nomes como a cantora e compositora Tiê, o produtor Carlos Eduardo Miranda, o distribuidor Maurício Bussab, a assessora de imprensa Mariana “Piky” Candeias, a jornalista e apresentadora Roberta Martinelli, o empresário e artista Evandro Fióti e a empresária Heloisa Aidar. O curso começa dia 2 de maio, vai até o dia 27 de junho e as aulas podem ser adquiridas de forma avulsa (à exceção das aulas de abertura e de encerramento, que fazem parte apenas da versão completa do curso). As inscrições podem ser feitas no site do Espaço Cult.

Curumin, por Ava Rocha

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Roberta avisa que Ava Rocha é quem cuida do visual do novo disco do Curumin, que chama-se apenas Boca, e tem produção de Zé Nigro e Lucas Martins. O disco será lançado em maio.

Ecossistema da Música 2017: Roberta Martinelli

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Encerramos a versão 2017 do Ecossistema da Música no Século 21 é com a participação da jornalista e apresentadora Roberta Martinelli, que vem conversar sobre como a música chega ao público e papel da mídia nesta fase do processo. A aula começa acontece nesta sexta, a partir das 20h, no Espaço Cult e as inscrições podem ser feitas neste link.

O Ecossistema da Música em 2017

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Que tal começar 2017 alinhado com as principais novidades e as tendências do mercado da música? O que um artista iniciante precisa saber antes de arregaçar as mangas e começar sua jornada? O que um artista estabelecido precisa entender sobre o funcionamento do mercado pós-digital? Como trabalhar com artistas e apontar caminhos viáveis para sua sobrevivência neste mercado cada vez mais disputado? Como pensar em tudo isso e ainda ter tempo para criar, se inspirar e produzir?

Pensando nisso, propus, para o final de janeiro, uma semana de discussões para que artistas iniciantes possam discutir este cada vez mais complexo caminho das pedras. Para isso, chamei o produtor Carlos Eduardo Miranda, a jornalista Roberta Martinelli, a cantora e empresária Tiê e os irmãos artistas e produtores Rica Amabis (metade do Instituto) e Gui Amabis para traçar um panorama do que esperar do mercado da música em 2017.

O que priorizar: gravação ou apresentações ao vivo? Como conseguir fazer shows? Quando é necessário ter um empresário? Como atrair os primeiros fãs? Como gerir as redes sociais? Qual é a hora certa de gravar um disco? Qual o momento de prensar um CD? E o vinil? Como colocar sua música nos canais de streaming? Como fazer sua música tocar no rádio? E entrar em programas de TV, filmes e games? Como lidar com a imprensa e os formadores de opinião? Como fazer uma turnê pelo Brasil? Vale tentar a carreira no exterior?

As aulas acontecem dias 23, 24, 26 e 27 de janeiro, as inscrições já estão abertas e podem ser feitas neste link.

#AgoraÉQueSãoElas: Sou mulher, por Roberta Martinelli

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Pedi para a Roberta Martinelli escrever um texto sobre o #AgoraÉQueSãoElas aqui para o Trabalho Sujo e ela me veio com essa bela bofetada.

Sou mulher. Mas já fui menina e já fui muitas vezes menino e homem (sem nunca ter sido). Funciona assim: tenho dois irmãos, sou a mais velha e desde pequena não gosto de bonecas, mas sempre ganhei bonecas das tias, avó, família…eu não gostava mas tinha pena de falar para elas e oferecia para meus irmãos “eu deixo você quebrar ela se você me der um carrinho dos que ganhou” e assim cresci, ouvindo “ a Roberta é meio menino”.

Na adolescência lembro que fui viajar com umas amigas, algumas com namorados outras não (eu era do time das solteiras) e no meio da viagem fui apelidada de Betão pelos namorados, afinal a gente conversava bastante, eu não tinha, segundo eles, as “frescuras das garotas” e eu era tão amiga dos meninos que era um homem para eles.

Com 18 anos resolvi estudar teatro e nunca consegui fazer um papel feminino, me falavam que eu não entendia a delicadeza, a fragilidade, a sensualidade da mulher. Eu sofria, chorava, não entendia porque não podia “ser uma mulher” se eu era uma mulher. E fazia papéis masculinos, e com o tempo passei a adorar ser ator. Era tão ator que quando acabou a peça de final de curso a mãe da “minha namorada” na peça que tinha me achado um cara lindo ficou chocada de saber que eu era mulher.

Eu não usava vestidos, eu não usava saia, e achava que isso era ser forte. Eu tinha aprendido assim. Aprendi que não gostar de bonecas me tornava “meio menino”, conversar sem “frescuras” me tornava um amigão e que sem ser frágil, sensual eu seria um ator e não atriz. Quantas lições erradas para uma mulher em formação.

Depois do teatro comecei a trabalhar em rádio e depois ainda em TV (com o meu programa Cultura Livre na TV Cultura) e aí virei apresentadora, comecei a usar maquiagem, saia, vestido e entendi que eu podia ser vaidosa, me cuidar e que isso não ia diminuir o que eu era. Eu entendi, mas agora tenho que explicar.

Quando aderi a dita feminilidade, fui tratada como menor por chefes, diretores, em testes. Eu passei a ser tratada como “a apresentadora” – estereótipo da mulher bonita que não entende nada do assunto que fala. E sempre foi uma briga lutar pelo conteúdo, uma cara de surpresa quando percebiam que eu sabia mais que os homens em volta, uma cara irritante de surpresa (mas que ao mesmo tempo me fazia sair orgulhosa).

Quando ainda era atriz fui fazer um teste de publicidade e na hora que cheguei tinha um produtor que separava as meninas entre “a bonita” e “a outra”, quem ficava com a placa de “a outra” ficava triste (claro) mas ficar com “a bonita” era bem puxado também. Depois de horas de espera entrei com a minha placa, eu era “a bonita” e uma assistente de direção que coordenava o teste disse “Faz um sorriso, uma cara, enfim você estudou bastante para ser bonita”. Eu fiquei com tanto ódio e disse “para ser bonita eu não estudei nada, estudei para outras coisas que não vai dar para te mostrar neste teste ridículo que você estudou para fazer” óbvio que não peguei o comercial – não estudei o suficiente para engolir sapos.

Agora escrevendo, eu fico na dúvida se não estou fazendo drama. Será isso ainda reflexo de uma culpa de assumir as dificuldades de encarar uma posição de frente como mulher?

Falando em ser mulher, nas últimas semanas muitas mulheres resolveram escrever contando as barbaridades que sofreram. Li relatos impressionantes de assédio. Muito triste. Pensei nos meus e que louco perceber que como eu acreditei nesta baboseira que eu era homem, nunca encarei meus assédios como tal. Eu lembro quando eu era pequena, 6 anos e dois meninos me prenderam no banheiro na escola e a professora começou a bater palmas para irmos para a classe (era o sinal analógico ainda da minha escolinha) e o Beto disse “Você só sai se beijar o Thiago” e eu disse “Mas eu quero beijar você, não ele” E beijei. Porque quis e porque pude.

Brinquei muito com carrinhos, fui Betão, fui ator mas jamais prenderia alguém no banheiro para conseguir um beijo. E isso não é coisa de homem ou de mulher, é de ser humano.

E na foto que ilustra o post está a própria Roberta, caracterizada como Luis, na peça À Prova de Fogo, de Consuelo de Castro.

O Ecossistema da Música em 2015

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Essa é a última semana para as inscrições na terceira edição do curso que coordeno no Espaço Cult, aqui em São Paulo. E para me ajudar a falar dos problemas e soluções da profissionalização musical na edição deste semestre do Ecossistema da Música no Século 21 reuni nomes que já passaram por edições anteriores (Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Miranda, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Renata Simões, Mariana Piky, Mercedes Tristão e Tiê) a novos professores (Leonardo Lichote, Heloisa Aidar, Adriano Cintra, Fernando Dotta, Sarah Oliveira, Maurício Bussab, Tejo Damasceno e Rica Amabis) para contribuir ainda mais com o diagnóstico em aberto – e colaborativo – do que está acontecendo com a música desde a virada do século. As inscrições podem ser feitas até sexta-feira no site do Cult.

Começa hoje O Ecossistema da Música em 2015

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O curso O Ecossistema da Música em 2015, o segundo curso Trabalho Sujo no Espaço Cult, começa nesta segunda-feira e quem quiser participar ainda encontra vagas. No curso, reuni Miranda, Pitty, João Marcello Bôscoli, Mariana Piky Candeias, Marcos Boffa, Ronaldo Evangelista, Mathieu Le Roux, Tiê, Fabiana Batistela, Tiago Agostini, João Leiva, Maurício Tagliari, Mercedes Tristão e Edson Natale para conversar sobre as diferentes mudanças que estão acontecendo no mundo da música hoje. Serão dez encontros de duas horas por duas semanas, em que serão discutidas diferentes facetas do novo cenário, da criação artística à divulgação, passando pela produção de shows, editais públicos, streaming, produção, assessoria de imprensa e gravação de discos. O programa completo do curso está no site do Espaço Cult, que fica na Vila Madalena, em São Paulo. As inscrições podem ser feitas por aqui.

Batendo papo com a Roberta Martinelli

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O pessoal da TV Cultura colocou no ar a íntegra da boa tarde que passei com a Roberta Martinelli em seu Cultura Livre, quando eu falei das coisas de sempre – música brasileira, cultura independente, tecnologia e internet e jornalismo – veja só:

A foto saiu do Insta da Roberta.