Um papo com Ricardo Alexandre

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Aproveitei o lançamento do documentário sobre o Banguela para continuar a conversa com o diretor do filme, meu amigo Ricardo Alexandre, lá no meu blog do UOL.

O legado do Banguela

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Entrevistei o broder Ricardo Alexandre sobre seu documentário Sem Dentes, que trata da cena de rock independente brasileira do início dos anos 90 e o surgimento do selo Banguela Records, lá pro UOL. Confere lá.

A volta dos Cleggs e o great rock’n’roll swindle de Ricardo Alexandre

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Quando conheci o Ricardo Alexandre ele já tinha abandonado a música rumo ao jornalismo. Ambos cobríamos a cena independente do interior de São Paulo no início dos anos 90 por motivos diferentes: eu havia acabado de me mudar de Brasília para Campinas e vi uma cena tão interessante quanto a que eu acompanhava na minha cidade (que na época paria Little Quail, Raimundos, Oz, DFC e Maskavo Roots) e ele, fui saber depois, fez parte da incipiente cena de Jundiaí.

Quando cheguei a Campinas comecei a descobrir as cidades próximas a partir das cenas que surgiam nestas cidades e a de Jundiaí, cinquenta quilômetros entre Campinas e São Paulo, tinha um grupo de conhecidos que montavam bandas na raça e tratavam isso com uma autoironia característica daquela década – a ponto de lançar fitas demo através de um fictício selo chamado Visite Jundiaí – A Seattle Brasileira Records, que por pouco não chamou-se Visite Jundiaí – A Seattle do Morango Records ou outra cretinice do gênero. Nomes como Burt Reynolds, Death by Visitation of God, Charlie Road, Towards the Cathedral e Astrofuckelroy formavam aquela protocena que nunca chegou a acontecer de fato, tocando esporadicamente nas minúsculas casas noturnas de cidades do interior ou nas pouquíssimas casas de show de pequeno porte que existiam em São Paulo. Uma daquelas bandas, Os Cleggs, fui descobrir depois – havia sido fundada por Ricardo Alexandre dois anos antes de conhecê-los – tanto a banda quanto Ricardo.

Mas ao visitar suas origens noventistas em seu Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar – 50 Causos e Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), Ricardo viu-se confrontado com o passado. Em sua curta estada nos Cleggs nenhum registro havia sido feito. Nenhuma foto, nenhuma música, muito menos vídeos de shows (lembrem-se que estamos falando do início dos anos 90, quando a menor máquina para fazer vídeos era um trambolho um pouco menor que um videocassete). Após sua saída, a banda compôs novas músicas, a maioria em inglês, e seu curto momento rock parecia fadado ao esquecimento.

Até que ele tomou vergonha na cara, chamou os dois integrantes da formação original (o baixista TT e o baterista Michel Sinclair) e vai fechar essa etapa de sua carreira. Na sexta que vem, dia 22, o trio volta à ativa mais de 20 anos depois da saída de Ricardo em um show em Jundiaí (veja mais detalhes no flyer abaixo). Ricardo quer fazer alguns shows, gravar umas músicas e, quem sabe, lançar um disco para, finalmente, dar cabo dessa fase em sua vida.

Vamos acompanhar pra ver se essa armação dá certo…

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O Ecossistema da Música em 2014

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O primeiro curso Trabalho Sujo no Espaço Cult, na Vila Madalena, começa na próxima segunda e as inscrições podem ser feitas até o domingo. No curso, reuni velhos conhecidos e nomes de peso do cenário cultural brasileiro para conversar sobre as mudanças que estão acontecendo no mercado musical nos últimos anos. Em todas as aulas, mediarei um papo sobre diferentes facetas deste cenário, dissecando ao lado de nomes que lidam diretamente com áreas codependentes como as transformações da era digital estão mudando nossa relação com a música. Mais detalhes no site do Espaço Cult, que mudou de endereço e agora fica na Rua Aspicuelta, número 99. O time reunido é de primeira: João Marcello Bôscoli, Pablo Miyazawa, Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Airton Valadão Jr., Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Maurício Tagliari, Carlos Eduardo Miranda, Ronaldo Evangelista, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Patrícia Palumbo, Lucio Ribeiro, Ricardo Alexandre e André Forastieri.

O Ecossistema da Música em 2014

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Estão abertas as inscrições para o curso O Ecossistema da Música em 2014, que coordeno no final de agosto lá no Espaço Cult na Vila Madalena. Reuni uma turma boa pra participar de dez encontros em que discutirei como a música vem se transformando como negócio nos últimos anos e em que pé estamos no ano em que estamos. Abaixo segue a descrição do curso e quem quiser se inscrever pode acessar este link e seguir as coordenadas.

 

Eu, Ricardo Alexandre e Miranda conversando sobre os anos 90

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A foto ficou péssima, já tinha falado no Insta, mas é o único registro visual do papo que tive com o Miranda e com o Ricardo Alexandre sobre nosso período de formação – o meu e de Ricardo como jornalistas e o de Miranda, mais velho que nós dois, como produtor. Ricardo nos juntou ali no estúdio da YB na Vila Madalena pra falar sobre o período retratado em seu novo livro Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar – 50 Causos e Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), que será lançado em dois eventos nas próximas semanas. O que devia ser uma análise sobre como o mercado de discos desandou a partir do Plano Real para chegar à terra de ninguém que vivemos hoje virou uma bela conversa de boteco saudosista, com eu e Ricardo pilhando Miranda para contar suas histórias do início dos anos 90.

Cheguei Bem a Tempo… é o terceiro livro do Ricardo Alexandre e o título se refere não apenas à queda do palco no primeiro dia do segundo festival Juntatribo, em 1994, em Campinas, mas também à sua formação como jornalística no início da queda do sistema que havia se erguido décadas antes. Depois de usar o rock brasileiro dos anos 80 para falar da formação do mainstream pop no país em seu Dias de Luta e de contar a história de Wilson Simonal em Nem Vem que Não Tem, Ricardo abre mão de longas pesquisas e de temas delicados para lembrar de histórias de cabeça e escrever sem a pretensão de estar se referindo à história – embora esteja. Em tom de bate-papo, o livro foi publicado originalmente em posts em seu blog e exige uma leitura quase informal, de fácil grude, que o faz ser devorado rapidamente.

Estive ao lado de Ricardo em várias situações retratadas no livro – algumas nominalmente, quando o conheci na calçada do lado de fora do Hitchcock, em Santa Bárbara d’Oeste, quando saímos no meio de um show do Símbolo, quando o encontrava com o Emerson “Tomate” Gasperin na redação do Estadão, em que trabalharia dez anos depois, para irmos a shows ou coletivas de imprensa ou quando assistimos, às gargalhadas ao lado de Marcelo Ferla, ao Acústico MTV do Capital Inicial. Uma colaboração minha no Caderno Z que Ricardo havia criado no Estadão foi meu primeiro frila pago (uma matéria sobre o aniversário de Syd Barrett) e escrevi a primeira matéria de capa da volta da Bizz capitaneada por Ricardo, em 2005, sobre a volta dos Stones daquela época. Por isso passear pelas páginas do livro foi um reencontro com épocas da minha biografia que estavam encaixotados em prateleiras da memória. A melhor gargalhada do livro, a pergunta que outro bróder, Fabio Bianchini, faz ao baterista do Jota Quest, era dessas histórias que eu não me lembrava que lembrava.

Mas fora os bastidores da notícia, o livro fala da ascensão e queda de nomes que formaram o panorama pop brasileiro atual – dos Raimundos aos Los Hermanos, de Charlie Brown Jr. à Nação Zumbi, da Trama à Pitty, dos Racionais a Marcelo D2 -, explicando didaticamente como é que chegamos onde estamos. E, a meu ver, o principal trunfo do livro é contar essa história sem o pesar derrotista da maior parte dos contadores de história atuais. Seus ingredientes funcionariam como um prato cheio para quem quisesse detectar, nesses quinze anos retratados pelo livro (1993-2008), os motivos pelos quais o Brasil nunca vai dar certo. Mas a leitura de Ricardo redime o leitor e fechei o livro mais otimista do que quando o abri. Recomendo pacas.

Em São Paulo, o livro será lançado na Fnac de Pinheiros, dia 13, com show dos Charts. No Rio, o lançamento acontece na quinta seguinte, dia 20, na Livraria Cultura Cine Vitória, com show de Piu Piu e Sua Banda. Abaixo, uma hora e meia de papo furado entre eu, Ricardo e Miranda, que, diz, vai lançar seu próprio livro em breve. Aí eu quero ver!

O que muda no Prêmio Multishow 2012

Desde o início do ano, eu, o Bruno (meu compadre, sócio e pupilo, o responsável pela criação dOEsquema), o Pedro Garcia (que também é do Queremos) e o Dudu Fraga (da Talk Inc.) estamos em reunião com o Multishow pra tentar reinventar seu prêmio anual de música brasileira. Bruno foi chamado para dar pitacos sobre o que poderia mudar na atual edição do prêmio (a décima nona versão) e reuniu os quatro para assinar a consultoria criativa desta nova etapa do prêmio do canal.

Acreditamos que o desafio proposto foi acertado. Ampliamos o conceito de música abordado pelo prêmio – indo para além da MPB ou da música pop – ao criar o slogan “Música importa”, que trata do papel central que a música exerce nos dias de hoje (Bruno dirigiu uma série de vinhetas em que diferentes artistas falam deste assunto). Reformulamos também as categorias – artista revelação, melhor disco e melhor show são os principais prêmios do ano – e bolamos um formato em que o programa, portanto, os shows, fossem o principal tema da noite. As apresentações também reunirão diferentes espectros do que é a música brasileira hoje, em parcerias que reúnem nomes tão diferentes quanto Maria Gadú, Cícero, Michel Teló, O Terno, Thiaguinho, Gaby Amarantos, Ana Carolina, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes e Nando Reis, Agridoce, Paula Fernandes, Felipe Cordeiro e Ivete Sangalo (veja a lista completa dos shows aqui) – que também é uma das apresentadoras da noite, ao lado do Paulo Gustavo, que é apresentador do canal. A direção artística ficou por conta do Kassin.

A votação dos melhores do ano acontece em três etapa: há o voto do público, o voto do júri especializado e um outro que chamamos de Super Júri. Nesta tribuna, estarão reunidos, durante a premiação, um júri formado por André “Cardoso” Czarnobai, André Forastieri, André Midani, Katia Lessa, Marcelo Castello Branco, Miranda, Pablo Miyazawa, Pedro Seiller, Ricardo Alexandre, Roberta Martinelli e Sarah Oliveira. Eles decidirão os três principais prêmios durante a transmissão dos shows, em transmissão feita pela internet. Acreditamos que tão interessante quanto ver os artistas se apresentando é entender como funcionam os critérios que vão definir os principais artistas do ano. Uma pré-votação já foi feita e, entre os nomes que disputam as principais categorias, estão Cícero, Lucas Santtana, Gal Costa, Gang do Eletro, Marcelo Camelo, Tulipa Ruiz, Silva e Marisa Monte. O bate-boca vai ser bom!

O prêmio acontece amanhã a partir das 21h45 no Rio de Janeiro e será transmitido ao vivo pelo canal, consagrando a ótima fase da atual música brasileira.

“Este homem é um Simonal”

“Ser um Simonal”, naquele tempo, transmitia imediatamente ao leitor todos os atributos que o personagem da matéria alimentava havia quatro anos. O sucesso monumental, comparável apenas ao de Roberto Carlos; a capacidade aparentemente sem fim de gerar sucessos (“Sá Marina”, “Tributo a Martin Luther King”, “Nem vem que não tem” e, avassalador naquela época, “País tropical”); o famoso suingue, que colocava para dançar numa mesma pista a socialite e sua faxineira; o estilo pessoal, com roupas caras compradas na Dijon e do uísque Royal Salute sem gelo e sem água; a capacidade de comandar a plateia como se fosse seu próprio coral de apoio, tanto em uma boate da moda, em seu programa na TV Record, em teatros ou no Maracanãzinho; sua Mercedes do ano, conversível, vermelha e preta como o Flamengo; o menino pobre de Areia Branca que acabou duetando com Sarah Vaughan e arrancando elogios de Quincy Jones em Paris; o Simonal empresário, que montou seu próprio escritório para ter controle total sobre a sua carreira; a imagem poderosa, capaz de ajudar a vender lubrificantes e formicidas da Shell; o homem negro por quem suspiravam as loiras da alta sociedade. Ou, como resumiu o Jornal do Brasil numa série de seis reportagens biográficas: “Aquele cara que todo mundo queria ser”.

Ricardo Alexandre liberou pra Flávia a introdução de sua biografia sobre Wilson Simonal, Nem Vem que Não Tem, que está para sair. A íntegra tá no site dela.

Leitura Aleatória 234

Foto: Telescópio Hubble

1) Feliz natal, Vlad (como ser um artista plástico de sucesso)
2) Feliz natal, Liv (exposição de Rafael Silveira)
3) Feliz natal, Mateus e Ronny (pixação virando grafitti em Lisboa)
4) Feliz natal, Ricardo (perfil de Caco Barcellos)
5) Feliz natal, Ramiro (mixtape de volta ao mundo)
6) Feliz natal, Dago (o fim do Pitchfork?)
7) Feliz natal, Renata (sobre ser um hispter)
8) Feliz natal, Dafne e Tacioli (os melhores discos, DVDs e livros de 2008)
9) Feliz natal, Kátia (a escada do Joca Reiners Terron)
10) Feliz natal, Thais e Isa (feliz natal)