Retrospectiva OEsquema 2012: O fim da era Estadão (2007-2012)
Entrei no Estadão no mesmo ano em que saí da Trama. O Trama Universitário, projeto da gravadora em que eu trabalhava, encerrou suas atividades em fevereiro de 2007 e dois meses depois o Guilherme Werneck me chamava para ocupar sua vaga como editor-assistente do Link Estadão, o caderno de cultura digital criado três anos antes por Ricardo Anderaos, que substituiu o antigo caderno de Informática do jornal. Entrei no Link quando ele ainda era um caderno de avaliação de produtos, numa época em que o Orkut era soberano, quando a economia dos aplicativos ainda engatinhava, no mesmo ano em que Steve Jobs lançou o iPhone. Dois anos depois, eu me tornaria o editor do caderno, quando comecei a finalmente, botar as mangas de fora e mostrar como poderia ser um caderno de tecnologia e cultura digital na segunda década do século 21. Junto ao novo cargo veio a coluna Impressão Digital, que começou aos domingos no Caderno 2 e que continuou mesmo após a minha saída do Link, em outubro. Destes cinco anos no Limão, não custa lembrar a satisfação que foi trabalhar num dos principais veículos do jornalismo brasileiro (o mesmo que publicou Os Sertões, que brigou contra a censura na ditadura militar e que declara o voto no dia da eleição – e que também foi o mesmo lugar em que publiquei meu primeiro frila pago, quando Syd Barrett completou 50 anos, em 1996), cujo clima de tranquilidade e franqueza sempre dominou seus corredores (a não ser em períodos tensos específicos, como Copa do Mundo, eleições e passaralhos). Mas a principal recordação destes cinco anos trabalhando ao lado da Marginal Tietê é, sem dúvida, o monte de amigos que fiz naquela redação, seja entre meus amigos e colegas do Link (todos vocês, vocês sabem quem vocês são – não preciso citá-los mais uma vez), até a vizinhança com as turmas do Divirta-se, do Paladar, dos tradutores, da arte, do portal, do pessoal do dia e de todos que conheci nestes anos todos. Lembranças que também se perdem entre as múltiplas referências internas, como os almoços no Puras, as idas à rádio, as noites que terminavam com Seu Matos, os gritos de “Thunder!” do Santana (que confundia o meu HAL 9000 de descanso de tela com o olho de Thundera), as travessuras do Thiagueira, as idas ao Brooklyn ou ao Central Park para fumar um cigarro, as risadas com a Denise. 2012 viu o fim deste ciclo, que foi bem importante para o jornalismo de tecnologia no Brasil (veja o que aconteceu com a Info Exame e o Folha Informática depois de 2009) e para mim, que consegui atingir um novo parâmetro em minha carreira profissional – e juntar tantos amigos nesta jornada. Foi incrível, valeu!
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