Retomando o rock progressivo do sertão

, por Alexandre Matias

Fui nessa quinta ver o Papangu no Bar Alto, iniciando o que eles brincaram ser a “turnê de vingança” por ser a primeira vez que o grupo paraibano viaja depois que teve seus instrumentos e equipamentos roubados no final da viagem que fizeram pelo sul do país, e por quase duas horas o grupo mostrou que, apesar das referências inerentes de heavy metal em sua musicalidade (especificamente o vocal gutural de Rai Accioly, que não está na turnê mas participou deste show), eles pertencem a uma linhagem de música do nordeste do Brasil que foge dos temas tropicais e praianos para dedicar-se à raiz sertaneja da região conectando-se a uma genealogia que conversa mais com o rock psicodélico e progressivo do que sejam propriamente uma banda de metal. Tocaram seu ótimo Lampião Rei na íntegra e ainda sobrou tempo para passear por músicas de outros discos e deixar os solos comerem solto (todos os músicos arrebentam, mas o tecladista Rodolfo Salgueiro – que até citou Marina Lina em uma das músicas – é a arma secreta da banda), colocando todo mundo para sintonizar-se em sua frequência hipnótica, virtuose e épica. Showzaço – e se ligue que eles só começaram a turnê (e tocam pelo menos duas vezes em São Paulo, nas próximas semanas).

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