“Uma das melhores homenagens que tive na minha vida”, confessou emocionado Paulinho da Viola ao receber, no Recife, a presença do boneco carnavalesco gigante de Olinda feito em sua homenagem. O “Paulozão da Viola” foi feito por Guilherme Paz, escultor da Embaixada dos Bonecos Gigantes de Recife e foi uma surpresa para o cantor carioca que o escultor combinou com a esposa do homenageado, Lila Rabello. Paulinho chorou ao ver a célebre homenagem, que aconteceu quando sua turnê Quando o Samba Chama passou pelo teatro Classic Hall, na sexta passada.
(Foto: Ariel Martini)
O tradicional festival pernambucano Rec Beat volta ao carnaval recifense depois de anos longe de seu ninho, no Cais da Alfândega. É a vigésima sétima edição do festival, que acontece gratuitamente durante o Carnaval, e é a primeira realizada após a pandemia. O festival pernambucano, como todos os outros, se virou de outras formas neste período, fazendo versões online e expandindo a marca por outras fronteiras e o Rec Beat começou o ano acontecendo em Salvador, onde realizou sua primeira volta aos eventos presenciais em janeiro deste ano, e agora no carnaval de 2023, volta ao seu berço num evento que acontece entre os dias 18 e 21 de fevereiro, com mais de vinte atrações nacionais e internacionais. E antes de anunciar todas as atrações brasileiras, o festival mostra quem são os gringos que trará para o Recife, divulgandos em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.
A quarta edição do festival pernambucano Guaiamum Treloso Rural, que acontece no dia 9 de fevereiro do ano que vem, em Camaragibe (na região metropolitana do Recife) fechou sua escalação ao anunciar as presenças do rapper carioca BK (foto), da psicodelia capixaba do My Magical Glowing Lens, da novidade potiguar Luisa e Os Alquimistas e o músico pernambucano Escurinho, que se juntam aos artistas Cordel do Fogo Encantado, Jaloo, Carne Doce, MC Carol, Ana Frango Elétrico e Marrakesh – um bom apanhado na cena de midstream brasileira, já começando o ano temperando bem para todos os lados. O festival acontece na Fazenda Bem-Te-Vi e os ingressos já estão à venda (mais informações no site do festival).
Criado no início do século, o Porto Musical, no Recife, antecipou uma série de tendências e questionamentos sobre o mundo da música quando o país ainda engatinhava nestes temas e entrou para o mapa nacional como uma das principais referências sobre estas discussões. Depois de um tempo parado, o evento volta a acontecer neste início de fevereiro e mais uma vez participo desta conversa, pela quarta vez, desta vez representando o Centro Cultural São Paulo em uma série de encontros com artistas e produtores que acontece nesta sexta-feira. Mais detalhes sobre a programação aqui.
Ana Garcia manda notícias do Recife e começa a planejar o 2017 do festival Coquetel Molotov. Antes de botar às mãos na massa, um balanço para tentar ver o tamanho do desafio, já que a edição do ano passado – que reuniu Céu, BaianaSystem, Karol Conká, Boogarins, Jaloo, Rakta, Ventre, entre outros – foi tranquilamente o melhor festival de 2016. Pra esse ano ela repete a meta do ano passado – além de um grande evento central no Recife, o festival também se espalha por Belo Jardim (no interior do Pernambuco), Belo Horizonte e Salvador, além de tentar dar a cara tanto no Rio quanto em São Paulo. A edição do festival deve acontecer novamente em outubro e a Ana passou em primeira mão para o Trabalho Sujo um vídeo dando uma geral na edição do ano passado.
BaianaSystem fez um dos melhores shows que vi este ano no festival Coquetel Molotov no Recife: Russo endiabrado, grave batendo pesado, participação da Larissa Luz e a plateia completamente entregue à banda. Filmei quase tudo, aumenta o som:
Em sua décima terceira edição, o pernambucano Coquetel Molotov se consolida como um dos melhores do país – escrevi sobre o festival no meu blog do UOL.
Conheço Recife desde os tempos em que o mangue beat ainda era uma novidade recebida com estranhamento pelos próprios pernambucanos, que demoraram para reconhecer que aquela mistura de tradição e modernidade encabeçada por Chico Science aos poucos colocaria a cidade não apenas no mapa musical do Brasil como no atlas da cultura mundial. A natureza tradicionalmente cosmopolita da cidade – resquício da colonização holandesa liderada por Maurício de Nassau no século 17 – havia entrado em estado de hibernação durante os anos 80 e a turma dos caranguejos com cérebro sonhava em voltar a respirar uma cidade que fosse reconhecida por sua rica cultura e mentalidade aberta, não pelos índices de violência e de pobreza.
Um quarto de século depois dos primeiros rascunhos do mangue beat, a décima terceira edição do festival pernambucano Coquetel Molotov foi a materialização daquela utopia imaginada no início dos anos 90, quando os primeiros agitadores culturais que criaram aquele movimento hoje histórico começaram a se conhecer. Eles imaginavam uma Recife conectada ao resto do estado, do país e do mundo sem fazer escalas pela ponte Rio-São Paulo, refletindo a atmosfera naturalmente moderna da capital pernambucana em uma conversa internacional e moderna, colocando artistas e público numa sintonia alheia às demandas ou exigências do mercado.
E foi isso que aconteceu na ampla fazenda colonial Coudelaria Souza Leão, neste sábado, dia 22, que recebeu a melhor safra do pop brasileiro deste ano, desfilando entre os dois principais palcos do dia final do evento, que desta vez teve etapas realizadas nas cidades de Belo Jardim (no interior do Pernambuco) e Belo Horizonte nas semanas anteriores. Quase dez mil pessoas assistiram a shows de artistas de diferentes estados brasileiros e de outros países, mas mais do que as atrações musicais o que realmente determinava a atmosfera do festival era o público.
Um púbico completamente misturado – de diferentes etnias, classe sociais, faixas etárias e gêneros -, respeitoso e exigente, entregues à música fosse ela a hipnose psicodélica dos goianos dos Boogarins, o groove sintético da paulistana Céu, o ativismo dance da curitibana Karol Conká ou a pista pesada dos soteropolitanos do BaianaSystem. Em cada um dos shows o público reagia de forma diferente, mas sempre entrando em sintonia completa com a realidade musical proposta por cada atração. Era uma pequena multidão que ia do transe reverente ao baile apaixonado, da surpresa empolgada ao êxtase corporal, deixando os artistas à vontade para fazer o que melhor sabiam.
Isso potencializou shows naturalmente fortes, como o de Céu e do BaianaSystem, donos de dois dos melhores discos e shows deste ano. Frente ao público do palco principal do festival (dentro de um enorme casarão colonial), os dois suaram sorrindo para fazer apresentações irrepreensíveis, conduzindo a platéia na mão ao mesmo tempo em que se entregavam a ela. Já artistas como o paranese Jaloo, a banda carioca Ventre e os norte-americanos do Deerhoof souberam aproveitar as dimensões menores do palco aberto e fizeram shows de pura adrenalina: Jaloo entregue aos braços da audiência, a baterista Larissa Conforto da Ventre mais uma vez roubou a cena com uma intensa intervenção política e os norte-americanos descarregando eletricidade e ritmo. Shows intensos em que parte dessa energia vinha da cumplicidade quase instantânea entre bandas e público.
Entre os dois palcos, este público também circulava entre um mercado de compras, o terceiro palco do festival (a Rural do Rogê, uma velha caminhonete que abriga shows itinerantes pelo Recife, capitaneada pelo Rogê da antiga Soparia, eternizado na música “Macô” da Nação Zumbi) e um quarto palco, bem menor e sem iluminação, quase uma ocupação, que foi colocado entre os dois palcos principais para receber bandas instrumentais. Música para todo o lugar que você ouvisse, cercando um público que começou a frequentar shows exatamente quando o mangue beat começou a ser incorporado ao mainstream da cidade e o Coquetel Molotov começava a dar seus primeiros passos, ainda sob o epiteto de “o festival indie do Recife”.
Treze anos depois o festival cresceu e seu público também, bem como suas ambições culturais e estéticas. E o que viu-se neste sábado no Recife foi justamente a maturidade completa de uma cena local, aberta para o novo e disposta a se reinventar constantemente, uma vez que a cena já entendeu esta realidade. Para o ano que vem eles tentam um desafio ainda maior: trazer o festival para São Paulo. Não apenas alugar uma casa noturna e desfilar algumas atrações que também levarão para o Recife, mas reproduzir em São Paulo a atmosfera deste que é o festival mais alto astral do Brasil. Um desafio e tanto.
Embarco para o Recife daqui a pouco para a primeira edição da festa Noites Trabalho Sujo na capital pernambucana. A festa acontece nessa sexta no Barchef, de graça a partir das 23h (mais informações aqui) e divido o som com o GGabriel. Vai ser a última prévia do festival Coquetel Molotov, que reúne, no sábado, nomes como Céu, Boogarins, BaianaSystem, Deerhoof, Karol Conká, Jaloo, Ventre, Tagore, Rakta, Moodoid, Los Nastys e Baleia, entre outros. Vai ser demais!
Participei do conselho da edição de 2015 do Porto Musical, em Recife, que aconteceu em fevereiro e falei sobre a importância do evento – misto de conferência e festival – para a cena local, para o showbusiness nacional e para o contexto global.
Nem lembro se publiquei aqui os shows que assisti quando estive por lá, apresentações memoráveis do DJ Dolores, Marcelo Jeneci, O Terno, The Baggios, Cumbia All Stars e Anelis Assumpção. Filmei algumas músicas, saca só:
E quem imaginaria que o nome de Siba – nascido Sérgio Veloso – vem de “sibito baleado”, porque ele era muito magro?
“Siba veio de “sibito baleado” (magro em excesso), um apelido que ganhei na adolescência. Tinha quase uns 18 anos. Na escola, era pejorativo, tiração de onda porque eu era bem magrinho. Nessa época, não gostava. A gente, quando é novo, é meio besta. Mas já era natural, deixou de ser uma coisa ruim e se tornou meu nome mesmo. Acabou servindo”.
As histórias dos apelidos de vários nomes da cena pernambucana foram contadas nessa divertida matéria do Diário de Pernambuco, que ainda traz Canibal,, dos Devotos do Ódio comemorando ser “único canibal herbívoro”. Leia toda a matéria aqui.