Vida Fodona #625: Às vésperas de uma pandemia

vf625

Um sexto do ano que se foi.

Yo La Tengo – “Blue Line Swinger”
Bruno Bruni – “Space Time”
Alceu Valença – “Extra II (O Rock Do Segurança)”
Céu – “Baile da Ilusão”
Otto – “Soprei”
Destroyer – “Kaputt”
Led Zeppelin – “Ten Years Gone”
Angel Olsen – “New Love Cassette”
Lulina – “Banheiros Produtivos”
Radiohead – “Treefingers (Extended Version)”
Milton Nascimento – “Nuvem Cigana”
Pedro Pastoriz – “0800 Previsões”
Itamar Assumpção – “Prezadíssimos Ouvintes”
Sexy-Fi – “Plano”
Huey Lewis & the News – “Heart and Soul”

Novos itens na biblioteca pública do Radiohead

radiohead2020

Além da inevitável provocação à paranoia privatizante e antiintelectual que acompanha a escalada da extrema direita ao topo do poder no mundo, a biblioteca pública online que o Radiohead abriu no começo do ano também é uma ótima oportunidade autobiográfica para o grupo, que pode usá-la como uma forma de tornar todo seu acervo disponível gratuitamente para todos na internet. Nesta sexta-feira, o grupo incluiu pra três itens em sua coleção, versões de músicas já conhecidas lançadas em épocas diferentes e que ainda não estavam em suas plataformas de streaming. O primeiro deles, uma versão estendida para a glacial “Treefingers”, peça central do inóspito Kid A, o disco mais ousado do grupo, lançado no ano 2000:

Outra versão que apareceu nesta sexta foi porta de entrada para muitos que não conheciam o grupo ainda nos anos 90, quando o remix feito por Nellee Hooper para “Talk Show Host” apareceu na trilha sonora do clássico teen Romeu + Julieta, que lançou a carreira do cineasta australiano Baz Luhrmann em 1996:

Fechando a trinca de novas aquisições, vem o remix de “The Gloaming” feito pelo produtor da banda Nigel Godrich no ano de lançamento do disco Hail to the Thief, em 2003, e o batizou de (The 33.33333 Remix) devido à duração do remix:

Nada mal.

Mais um Radiohead solo

edobrien

Depois de apresentar dois singles no ano passado, o guitarrista do Radiohead Ed O’Brien finalmente oficializa seu disco solo ao lançar mais uma canção, “Shangri-la”:

O disco se chamará Earth e será lançado em abril (e já está em pré-venda). O guitarrista inglês, que inspirou-se no tempo que morou no Brasil para compor o álbum, preferiu anunciá-lo apresentando um novo nome, chamando-se apenas de EOB. Ele contou com alguns convidados ilustres para o disco, como o baixisata do Radiohead Colin Greenwood, Laura Marling, Adrian Utley do Portishead, Glenn Kotche do Wilco e David Okumu do grupo The Invisible. No vídeo abaixo, ele fala mais sobre o processo que inspirou o álbum.

Além de “Shangri-la”, a música “Brasil”, que apresentou no fim do ano passado – com seu clipe de ficção científica – também está no disco, cuja capa e ordem das músicas pode ser vista abaixo. Ele tirou a primeira música que mostrou em público, a ambient “Santa Teresa”, da seleção final das músicas.

Tudo muito bonito, mas tudo meio sem gosto, sem alma, não acharam?

eob-earth

“Shangri-La”
“Brasil”
“Deep Days”
“Long Time Coming”
“Mass”
“Banksters”
“Sail On”
“Olympik”
“Cloak of the Night”

Vida Fodona #618: Preferiu pular o carnaval

vf618

2020 de fato.

Kiko Dinucci – “Rastilho”
Rihanna – “Consideration”
Bruno Schiavo – “Califórnia”
Luedji Luna – “Extra”
Spoon – “Pink Up”
Radiohead – “Present Tense”
Led Zeppelin – “Ten Years Gone”
Raul Seixas – “Paranóia”
Mundo Livre S/A – “Batedores (Resistindo ao Arrastão Global)”
Queen – “Killer Queen”
Paul McCartney – “Every Night”
Kassin + 2 – “Esquecido”
Meters – “Chicken Strut”
Stereolab – “Spark Plug”
Duran Duran – “Save a Prayer”

A biblioteca pública do Radiohead

radiohead-public-library

Ninguém esperava por essa: o Radiohead acaba de lançar sua própria biblioteca pública, mastigando todo seu conteúdo online de bandeja para os fãs. E não estou falando só de discos e clipes – o grupo reuniu num mesmo acervo online inúmeros shows, produtos de marketing e camisetas de diferentes fases (que começarão a ser vendidas online no dia 4 de fevereiro), gravações raras, entrevistas e conteúdo digital que criaram nestas décadas de atividade, como os curtas da série The Most Gigantic Lying Mouth of All Time, o disco de remixes e o aplicativo que fizeram para o disco The King of Limbs, transmissões feitas pela internet e um acervo digital para seus próprios sites, labirintos online que faziam os fãs se perder semanas online antes do lançamento de novos discos.

“O Radiohead.com sempre foi irritantemente desinformativo e imprevisível”, disseram em suas redes sociais ao anunciar a biblioteca, “agora nós, de forma previsível, o tornamos incrivelmente informativo”. O Radiohead foi a banda que melhor soube utilizar a internet para divulgar seu trabalho, avançando diferentes fases de sua carreira pelas fronteiras digitais conhecidas, moldando-se às mudanças que aconteciam na internet. Desde os boatos que Kid A teria sido vazado na internet três meses antes de seu lançamento pela própria banda até o lançamento repentino de In Rainbows, que permitia que o público baixasse o disco pagando o preço que quisesse (inclusive nada), passando por apagões em mídias sociais e um disco distribuído via torrent. A biblioteca vem consolidar esta vanguarda do grupo, organizando sua história de forma didática e cutucando essa época bizarra que vivemos ao levantar as bandeiras da biblioteca – numa época em que o estudo e o intelectualismo parece que são falhas de caráter -, da gratuidade – você tem todo o conteúdo livre para desfrutar, sem pagar nada – e do serviço público. O site ainda permite que se crie uma carteira intransferível de sócio da biblioteca – muito foda. Já fez a sua? Faça aqui.

Os 100 melhores discos dos anos 10

top-100-decada-screamyell

Estive entre a centena de votantes que Marcelo Costa convidou para resumir a década passada em disco em seu Scream & Yellaqui você confere os 50 discos nacionais mais votados e aqui os 100 internacionais. Meus votos seguem abaixo (a lista com todos os votantes e seus votos está neste link), mas em breve publico minha própria lista aqui no Trabalho Sujo (onde você sabe que eu não faço essa separação entre brasileiros e estrangeiros).

Melhores discos nacionais – 2010 a 2019
1) Elza Soares – A Mulher do Fim do Mundo
2) Juçara Marçal – Encarnado
3) Criolo – Nó na Orelha
4) Serena Assumpção – Ascensão
5) Metá Metá – MM3
6) Ava Rocha – Ava Patrya Yndia Yracema
7) Céu – Tropix
8) Siba – De Baile Solto
9) BaianaSystem – Duas Cidades
10) Cidadão Instigado – Fortaleza

Melhores discos internacionais – 2010 a 2019
1) Beyoncé – Lemonade
2) Chromatics – Kill For Love
3) Frank Ocean – Channel Orange
4) Radiohead – A Moon Shaped Pool
5) The Internet – Hive Mind
6) Daft Punk – Random Access Memories
7) Rihanna – Anti
8) Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly
9) Arctic Monkeys – AM
10) Warpaint – Heads Up

Todo o show: Radiohead em São Paulo, abril de 2018

soundhearts-radiohead

O projeto Soundhearts juntou vídeos feitos por fãs que estiveram no dia 22 de abril do ano passado no estádio do Palmeiras para registrar o segundo show que o Radiohead fez em São Paulo, quase dez anos depois do primeiro, em 2009. O resultado é um mergulho multicâmera naquele que foi sem dúvida um dos melhores shows da década na cidade.

Coisa fina. Olha o setlist:

“Daydreaming”
“Ful Stop”
“15 Step”
“Myxomatosis”
“You And Whose Army?”
“All I Need”
“Pyramid Song”
“Everything in Its Right Place’
“Let Down’
“Bloom”
“The Numbers’
“My Iron Lung”
“The Gloaming”
“No Surprises”
“Weird Fishes/Arpeggi”
“2 + 2 = 5”
“Idioteque”

Primeiro bis

“Exit Music (For A Film)”
“Nude”
“Identikit”
“There There”
“Lotus Flower”
“Bodysnatchers”

Segundo bis

“Present Tense”
“Paranoid Android”
“Fake Plastic Trees”

Vida Fodona #608: Bem nostálgico

vf608

É só o fim da década.

Sexy-Fi – “Looking Asa Sul, Feeling Asa Norte”
Work Drugs – “Rolling in the Deep”
Maroon 5 + Christina Aguillera – “Moves Like Jagger”
Spoon – “Written in Reverse”
Chet Faker – “No Diggity”
Goldroom + Chela – “Fifteen”
Vetiver – “Can’t You Tell”
Twin Sister – “Bad Street”
VHS or Beta – “I Found A Reason”
Holy Ghost! – “Do it Again”
Mayer Hawthorne – “A Long Time”
Pickwick – “Blackout”
Girls – “Vomit”
Radiohead – “Separator”
Metá Metá – “Oyá”
Hot Chip – “Flutes”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”
Toro y Moi – “I Can Get Love”
Washed Out – “Amor Fati”
Onuinu – “Happy Home”
Teen Daze – “Brooklyn Sunburn”
Neon Indian – “Polish Girl”
Memory Tapes – “Wait in the Dark”
M83 – “Midnight City”

18 de 2018: Radiohead

radiohead-2018

Num ano em que assisti a quase 300 shows (284, para ser mais exato), nenhum teve o impacto maior do que o Radiohead no estádio do Palmeiras. Não é apenas uma questão de gosto pessoal, do fato de estar entre amigos ou das décadas de experiência que o grupo inglês carrega. O Radiohead é um formato avesso ao show em estádio, embora tenha sido realizado em um e terminado com um dos hits mais próximos do formato rock de arena da carreira da banda (“Fake Plastic Trees”, embora utilizada com um efeito anticlimático). É o tratamento camerístico de a banda de rock, a substituição do conservatório do rock progressivo pelo laboratório de música eletrônica que envolve e impressiona, tanto pela complexidade quanto pelo lirismo. Diferente do show catártico que o Brasil assistiu há quase dez anos, quando o grupo passeava pelo mundo mostrando seu melhor disco, In Rainbows, este de 2018 apertou em outros pontos emotivos, principalmente à luz fria de seu disco mais recente, A Moon Shaped Pool. O entrosamento da banda torna mesmo momentos mais cerebrais como “Everything in Its Right Place”, “Pyramid Song”, “2 + 2 = 5” e “The Numbers” entregas intensas, fazendo números ainda mais emocionais (como “Daydreaming”, “All I Need”, “No Surprises”, “Nude”, “Bodysnatchers”, “There There” e, claro, “Paranoid Android”) transcenderem. Seguem sendo a melhor banda de rock do mundo e um dos espetáculos ao vivo mais fortes deste século, indo além do que se espera deste formato já ultrapassado. Infelizmente a acústica exata para o show só funcionou para quem esteve na infame área vip do evento, tornando um sofrimento assistir ao show da pista comum (ou na “classe econômica”, como disse o Lúcio). Precisamos superar este complexo, inclusive.

Os melhores shows internacionais de 2018

guia-folha-shows-2018

O Guia da Folha me convidou para votar nos três melhores shows internacionais que fui este ano em São Paulo – votei no Radiohead, Nick Cave & The Bad Seeds e Roger Waters, nesta ordem -, mas no cômputo geral do júri escolhido (que ainda contava com a Fabiana Batistela, o Thiago Ney, o Rafael Gregório e o Thales de Menezes) deu Nick Cave.