18 de 2018: Radiohead

, por Alexandre Matias

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Num ano em que assisti a quase 300 shows (284, para ser mais exato), nenhum teve o impacto maior do que o Radiohead no estádio do Palmeiras. Não é apenas uma questão de gosto pessoal, do fato de estar entre amigos ou das décadas de experiência que o grupo inglês carrega. O Radiohead é um formato avesso ao show em estádio, embora tenha sido realizado em um e terminado com um dos hits mais próximos do formato rock de arena da carreira da banda (“Fake Plastic Trees”, embora utilizada com um efeito anticlimático). É o tratamento camerístico de a banda de rock, a substituição do conservatório do rock progressivo pelo laboratório de música eletrônica que envolve e impressiona, tanto pela complexidade quanto pelo lirismo. Diferente do show catártico que o Brasil assistiu há quase dez anos, quando o grupo passeava pelo mundo mostrando seu melhor disco, In Rainbows, este de 2018 apertou em outros pontos emotivos, principalmente à luz fria de seu disco mais recente, A Moon Shaped Pool. O entrosamento da banda torna mesmo momentos mais cerebrais como “Everything in Its Right Place”, “Pyramid Song”, “2 + 2 = 5” e “The Numbers” entregas intensas, fazendo números ainda mais emocionais (como “Daydreaming”, “All I Need”, “No Surprises”, “Nude”, “Bodysnatchers”, “There There” e, claro, “Paranoid Android”) transcenderem. Seguem sendo a melhor banda de rock do mundo e um dos espetáculos ao vivo mais fortes deste século, indo além do que se espera deste formato já ultrapassado. Infelizmente a acústica exata para o show só funcionou para quem esteve na infame área vip do evento, tornando um sofrimento assistir ao show da pista comum (ou na “classe econômica”, como disse o Lúcio). Precisamos superar este complexo, inclusive.

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