R.E.M. (1980-2011)
A banda anunciou o fim de sua carreira nesta quarta e, falando sério, já tinha passado do tempo.
Os últimos discos do grupo são apenas ecos do que a banda foi um dia e vê-los sendo recebidos com elogios e palmas dava uma sensação de preguiça misturada com complacência ao mesmo tempo em que novas gerações eram apresentadas a uma versão aguada do que era o R.E.M. e se encantando com tão pouco – um fenômeno parecido com o que ocorreu com David Bowie a partir dos anos 80, em que cada novo e vazio disco era recebido com faixas em que se lia “O camaleão do rock voltou à boa forma”, puro otimismo condescendente. Para sua sorte, a banda ao vivo ainda soltava suas faíscas o que, felizmente, manteve sua reputação inabalada:
R.E.M. – “Electrolite”, São Paulo, 10 de novembro de 2008
R.E.M. – “Orange Crush” + “It’s the End of the World…”, São Paulo, 10 de novembro de 2008
Resta saber o que acontecerá com seus criadores de agora em diante. Se Michael Stipe vai cair no indie-jet-set de vez e se tornar uma personalidade multimídia, como um David Byrne gay, ou se vai insistir em compor canções para discos solo que só satisfazem a fome dos fãs, como um Morrissey americano. Se Peter Buck vai se tornar convidado de luxo de bandas indie, curador de obras de crítica musical, autor de songbooks de um novo cancioneiro norte-americano ou entregar prêmios em cerimônias da indústria do disco. Se Mike Mills vai abrir um estúdio, uma fazenda ou virar jurado de programa de TV. E em quanto tempo assistiremos uma “grande volta” do R.E.M. aos palcos. Eu chuto 2016 – e acho que tou chutando longe.
Antes disso, claro, vem a coletânea que encerrará a história da banda.
Tags: r.e.m., tv trabalhosujo