Os brinquedos de Dalton fazem parte da exposição Quentin vs. Coen, que chama designers pra remixar o imaginário do trio de diretores que reinventou o conceito de white trash (e, consequentemente, os EUA) para o século 21, na galeria Bold Hype (olha o nome!), em Nova York.
Começo de carreira, muita gente topa qualquer coisa pra conseguir um lugar ao sol. Foi o caso de Quentin Tarantino, que passou por clone de Elvis Presley num episódio esquecido das Super Gatas. Vale assistir à ponta do sujeito, lá pelos cinco minutos do vídeo abaixo. Tarantino tá de blaser bege, mas esperem os Elvis dançar que fica fácil reconhecê-lo:
You once appeared as an Elvis impersonator on The Golden Girls. Do you consider that a high point or the nadir of your acting career?
Well, it was kind of a high point because it was one of the few times that I actually got hired for a job. I was one of 12 Elvis impersonators, really just a glorified extra. For some reason they had us sing Don Ho’s Hawaiian Love Chant. All the other Elvis impersonators wore Vegas-style jumpsuits. But I wore my own clothes, because I was, like, the Sun Records Elvis. I was the hillbilly cat Elvis. I was the real Elvis; everyone else was Elvis after he sold out.
Irmãos Coen ou Tarantino? Atualmente fico com os Coen, mas por milímetros de predileção – Quentin está seedado pra sempre no torrent do meu coração do mesmo jeito que o Bergman no de algumas múmias da cinefilia dantanho. Jovens mestres, os três – os quatro, se somarmos David Lynch – elevaram o cultura white trash à condição de Arte, como Normal Rockwells pós-Nixon. Eletrodomésticos, quadrinhos, discos, carros, armas, drogas, malas cheias de dinheiro, estradas no deserto – elementos de um cenário em que sexo, mentiras, vingança e culpa atormentam personagens, quase sempre solitários – mesmo que sociais – sem rumo. O brasileiro Leandro Braga mashupou os dois à la Eclectic Method.
Fodaço.
Isso me lembra inclusive uma outra coisa que vinha comentando outro dia: como há uma casta de diretores que nasceu no vácuo da geração Coppola/Spielberg que, ratos de cineclube e escolados na técnica, parecem dirigir um grande filme, cortado por diferentes nuances. Além dos Coen, Lynch e Tarantino, completam esse time Woody Allen, Almodóvar e Martin Scorsese (que funciona como um tio mais novo para os outros). Não sei se eles são amigos, se eles se dão bem, se se conhecem (provavelmente sim). Mas seus filmes no século 21 parecem pedaços de um mesmo universo, filmados por diferentes ângulos, com filtros que coagulam emoções distintas. Nesse sentido não deixa de ser irônico o fato do Scorsese ter se transformado num diretor de filmes de época.