O mesmo Kogonada que superpôs pontos de fuga na obra do Kubrick e em Breaking Bad agora visita Quentin Tarantino em seus takes de baixo para cima:
E que tal essas cenas tiradas dos bastidores do primeiro Kill Bill, que a Miramax liberou em seu site há pouco? Veja abaixo:
A Eliz mandou o vídeo sobre uma exposição que rolou em Nova York (falei dela aqui no ano passado) em homenagem a dois dos maiores diretores vivos, olha só:
Depois de alguma especulação, eis a primeira amostra do filme que veremos até o fim do ano:
Parece promissor. Agora, resta saber como Django se encaixa no quebra-cabeças de filmes do universo Tarantino.
A teoria já foi discutida por Selton Mello e Seu Jorge no curta Tarantino’s Mind, da 300 ml. Vale o replay:
Resumindo: todo o universo dos filmes de Quentin Tarantino – à exceção de Jackie Brown, cuja história é de Elmore Leonard – está interligado entre si, seja por marcas, como os cigarros Red Apple (o Slusho de Tarantino) ou o Big Kahuna Burger (que, citado em Pulp Fiction, também reaparece em Reservoir Dogs e no trecho que Tarantino dirige no filme Grande Hotel)…
…Mas principalmente pelos personagens. Como explicou o Selton no vídeo acima, Vincent Vega (o Travolta em Pulp Fiction) e Vic Vega (Michael Madsen em Cães de Aluguel) são irmãos, o policial Scagnetti que só é citado em Cães de Aluguel é o mesmo que aparece em Assassinos por Natureza (cujo roteiro é de Tarantino). A maleta de Pulp Fiction é a que tem os diamantes do final de Cães de Aluguel e, diferente do que foi citado no vídeo acima, há uma teoria que diz que os filmes Um Drink no Inferno e os dois Kill Bill não pertencem diretamente a este universo, mas são filmes que são assistidos pelos personagens. Filmes violentos, cheios de referências à cultura pop – e o Sonny Chiba no início de True Romance (outro roteiro de Tarantino) é o mesmo que faz Hatori Hanzo em Kill Bill, que tem uma história parecida com a série de TV que Mia Wallace iria interpretar em Pulp Fiction, o Fox Force Five, onde era uma especialista em facas, como a Noiva de Kill Bill. A lista vai adiante sempre com elementos pequenos, vagos, em que a lição de Hitchcock (ele mesmo um easter egg humano em todos seus filmes clássicos) mistura-se com a sincronicidade de C.G. Jung. Não chega a ser um grande filme dividido em capítulos como sugere o papo de Selton e Jorge, mas um jogo de linguagens e de camadas de leituras que o Rob Ager tão bem definiu a explicar o 2001 de Kubrick. O próprio Tarantino já admitiu isso.
(Vale até abrir um parêntese pro Hitchcock:
Que figura!)
A novidade é que esta semana apareceu uma releitura deste universo que pode explicar a origem de toda verborragia pop e ultraviolência que unem a filmografia de Tarantino quase como uma tônica de narrativa, mais do que uma história em si. Traduzo abaixo o post que pintou no Reddit na terça passada, assinado por FrancisDollarHyde (spoilers se você não viu o filme mais recente de Mr. Q, Bastardos Inglórios – mas, porra, você ainda não viu esse filme? Vacilo). Veja abaixo:
E já que o assunto é Quentin Tarantino, você sabe de onde é que saiu esse clássico trecho fictício da Bíblia?
De um filme com Sonny Chiba:
Mas você sabe que tudo no Tarantino é sampleado, né?
E por falar em Tarantino e Pulp Fiction, que tal esse infográfico feito pelo designer Noah Daniel Smith, colocando o clássico dos anos 90 em ordem?
No site dele dá pra ver em alta resolução.
Esse Midnight Marauder recria pôsteres de filmes como se eles fossem relançamentos da Criterion. Tem muito mais remixes de cartazes aí embaixo e outros tantos lá no site original.