Andy Rourke (1964-2023)

O ex-baixista dos Smiths faleceu nessa sexta-feira…

O ex-baixista dos Smiths faleceu nessa sexta-feira…

Morreu um dos pioneiros do rap nacional, Washington Roberto Santana, do Facção Central.

E vocês viram que o velório de Rita Lee será no planetário do Parque do Ibirapuera? A despedida acontece na manhã desta quarta, a partir das 10h.

Meça suas palavras. Não perdemos Rita Lee. Nunca perderemos Rita Lee. Ganhamos Rita Lee, isso sim. Ela é uma personagem ímpar em nossa história, não apenas em nossa cultura, não apenas em nossa música, em nosso rock. Mas Rita é muito maior que tudo isso. É um acidente feliz que mudou completamente nossas vidas, contemporâneos dela ou (agora) não. Não é exagero dizer que essa paulistana mudou a história do Brasil.
Lógico que existiria rock brasileiro sem Rita Lee. Certamente muito mais sem graça, menos provocador, menos sexy, menos mulher. Não existe um ícone roqueiro tão preciso no Brasil, não tem Roberto Carlos nem Cazuza, nem Baby Consuelo nem Ney Matogrosso, nem Celly Campelo nem Renato Russo. Não à toa Rita não era comparada a nenhum de seus conterrâneos, as referências eram sempre internacionais. No dia de sua passagem não faltam comparações que a colocam ao lado de outros ídolos do rock, todos homens: “nosso Mick Jagger”, “nosso David Bowie”, “nosso Paul McCartney”… São comparações bem vindas, mas que morrem na praia, porque nossa Rita Lee era maior do que qualquer um desses, porque ela conseguiu ser tudo isso sendo mulher num país atrasado da América Latina e cantando em português. Nenhuma mulher do rock internacional tem a força e o espírito de Rita, nem Grace Slick, nem Patti Smith, nem PJ Harvey. Porque mesmo tendo saído de uma das bandas de rock mais importantes de todos os tempos (e pouco reconhecida internacionalmente como tal), ela superou a importância do grupo – e tornou-se uma estrela central em seu próprio sistema solar, mais do que um planeta girando em torno de um sol nostálgico.
Mesmo porque Rita Lee é muito mais do que rock. Só o início de sua carreira solo (minha fase favorita) pode ser rotulada estritamente como rock, discos gravados com os Mutantes embora lançados com seu nome ou lançados ao lado do Tutti-Frutti deveriam estar em quaisquer discografias básicas do gênero e a dobradinha Fruto Proibido e Entradas e Bandeiras é a porta de entrada pra quem quiser entender o que é o rock feito no Brasil. Mas depois disso, ela flertou com a disco music, preparou o terreno para a chegada do pop dos anos 80, gravou canções com sabor latino, crônicas pop, paródias de outros gêneros musicais, além das eternas declarações de amor aos Beatles.
Sua atuação ia para além da música, comemorando o feminismo, o hedonismo, a sexualidade, o uso de drogas recreativas e batendo de frente de qualquer tipo de autoritarismo que visse em sua frente. Era a primeira a se ridicularizar e fazer pouco de sua importância, mas sabia o quanto havia deixado ouvintes felizes, tornado outros tantos fãs e inspirados mais outros – e, principalmente, outras – a seguir a carreira artística. Não era uma mulher à frente do seu tempo – era o próprio tempo nos lembrando que era uma mulher. Uma mulher brasileira, desbocada e de saco cheio de tudo, mas também mãe e esposa amorosa e uma personalidade pública que nunca se esquivou de dar sua opinião em assuntos espinhosos – por mais que odiasse dar entrevistas. Seu papel como motor das transformações comportamentais que aconteceram no Brasil nas últimas décadas a coloca acima de nomes consagrados do pop brasileiro não apenas pelo fato de ser mulher (a imensa maioria dessa lista é composta por homens), mas pelo fato de ter seguido influente para várias outras gerações.
Também é uma personagem fundamental para a habilitação de São Paulo como polo cultural brasileiro, a mais querida torcedora do Corinthians, uma atriz nata, a popstar quem melhor explicou a androginia (e, infelizmente, a misoginia) por aqui, a primeira ativista pelos direitos dos animais que você conheceu, escritora de livros infantis e, claro, uma de nossas maiores compositoras. Seu domínio da canção brasileira aproximou nosso léxico musical à cultura pop do planeta e nos deu um repertório de hits que todos nós sabemos de cor.
Uma mulher imensa, uma estrela que não se apaga, a alma da rebeldia contemporânea do Brasil, devemos tanto a essa mulher que o mínimo que devemos fazer e mantê-la viva. Afinal de contas, ela é nossa.

Não tô conseguindo processar essa perda, putaqueopariu.

O maestro Manoel Francisco de Moraes Mello já vinha passando por um tratamento pesado por conta de um câncer, mas sua morte aconteceu neste domingo, mais uma vítima do Covid-19. Moraes começou tocando piano nas primeiras gravações de Celly Campello, trabalhou no programa O Fino da Bossa ao lado de Elis Regina e Jair Rodrigues nos anos 60 e na década seguinte tornou-se parceiro de Roberto Carlos. Também trabalhou na TV Globo fazendo abertura de programas e trilhas sonoras de novelas, além de ter atuado ao lado de praticamente todos os grandes nomes da nossa música naquele período, de Chico Buarque a Simone, passando Erasmo Carlos, Ivan Lins, Moraes Moreira, Nana Caymmi, Edu Lobo, Ronnie Von, Caetano Veloso, Zizi Possi e Emílio Santiago, entre muitos outros.

Mais do que um dos primeiros nomes a popularizar a música latina – mais especificamente caribenha – no mercado norte-americano e depois no mundial, o cantor, ator e ativista Harry Belafonte, que nos deixou nesta terça-feira, foi um dos principais nomes a reunir política, cultura e artes nos Estados Unidos. Além de ter sido o primeiro cantor negro a ganhar um Tony e um Emmy, ele também tornou-se parceiro de Martin Luther King na luta pelos direitos civis nos EUA e foi um dos primeiros artistas afrodescendentes a apoiar causas no continente africano (morou anos no Quênia e foi um dos principais ativistas contra o apartheid na África do Sul, além de ter sido um dos principais articuladores do movimento USA for Africa, que reuniu dezenas de artistas nos anos 80 para gravar o disco “We Are the World”).

Morreu neste sábado um dos grandes heróis da resistência underground de São Paulo, antes de abraçar a música eletrônica e a bandeira LBTQIA+ como capitão de um dos principais pontos dessa cena, a clássica balada A Lôca, André “Pomba” Cagni já tinha feito carreira no rock pesado, seja tocando em bandas ou como um dos principais entusiastas da imprensa do gênero, seja como colaborador da Rock Brigade ou fundador da Dynamite. Também teve atuação na gestão pública, como coordenador na secretaria de cultura de São Paulo, onde sua influência fez que ambas cenas ganhassem voz nas políticas culturais da cidade. Uma perda considerável.

Morreu um dos maiores historiadores do Brasil – senão o maior.