Spencer Davis (1939-2020)

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Morreu nesta terça-feira, vítima de pneumonia., Spencer Davis (à esquerda na foto acima), o líder do Spencer Davis Group, um dos protagonistas da cena inglesa dos anos 60. Ele fundou o grupo em 1963, ao lado dos irmãos Muff e Steve Winwood e do baterista Peter York e emplacou vários hits na época, como “Keep On Running”, “Somebody Help Me” e “I’m A Man”, mas sempre será lembrado pelo hit “Gimme Some Lovin‘”.

Johnny Nash (1940-2020)

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Johnny Nash, que morreu nesta terça-feira, viu o reggae nascer quando se mudou dos Estados Unidos para a Jamaica em 1965 e descobriu uma banda local promissora chamada The Wailers liderada por um cantor e compositor carismático chamado Bob Marley. Tentou fazer sucesso como um intérprete de rocksteady local, mas logo estava incorporando a nova sonoridade que surgia na ilha caribenha à medida que Marley misturava o mento e o ska locais com a soul music que chegava pelas ondas do rádio dos Estados Unidos. Nash logo começou a compor suas canções, tornou-se o primeiro não-jamaicano a gravar reggae em Kingston e, após uns pequenos hits na Inglaterra, ganhou o planeta com o hit avassalador “I Can See Clearly Now”, um dos grandes hinos fundadores do gênero e o primeiro single de reggae a vender mais de um milhão de discos, lançado no mesmo 1972 que Bob Marley derrubava tudo com seu álbum Catch a Fire.

https://youtu.be/NkwJ-g0iJ6w

De timbre doce e sinuoso, ele foi um nobre coadjuvante no início da história do gênero e um dos responsáveis por tornar Bob Marley mais conhecido – e a ter seu primeiro contato assinado com uma gravadora. Nash chegou a emplacar mais hits através dos anos 70, entre eles versões reggae para canções de Sam Cooke. Mas desde os anos 80 não conseguiu levar sua carreira adiante, embora seu papel histórico seja claro como a forma que ele conseguia ver em seu grande hit.

Eddie Van Halen (1955-2020)

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Mais uma perda triste deste ano funesto: agora foi a vez do guitarrista Eddie Van Halen, que vinha lutando contra um câncer na garganta há pelo menos cinco anos. O virtuose holandês, que fundou o principal grupo de hard rock dos anos 80 ao lado do seu irmão, o baterista Alex, também reinventou o conceito de guitar hero transformando a técnica em uma espécie de superpoder, desprendendo a guitarra do blues e jogando para um território sônico completamente novo, hiperbólico e lúdico ao mesmo tempo em que preciso e detalhista, influenciando praticamente todos os guitarristas de hard rock e heavy metal que começaram depois dele. Um gênio do pop, também sabia equilibrar a seriedade de sua técnica com o escracho de sua presença de palco, transformando-se numa figura onipresente na década em que dominaram o planeta, nos anos 80, e mudando os rumos do showbusiness. Não é pouca coisa…

Miriam Martinez (1955-2020)

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Lembro a primeira vez que entrevistei um artista através de assessoria de imprensa quando Arnaldo Antunes iria lançar seu segundo disco solo, Ninguém. Havia acabado de começar a carreira entrevistando artistas depois de shows, lidando com produtores e empresários sem saber qual era a diferença entre estes diferentes cargos. Quem me explicou que eu poderia não apenas ouvir um disco antes de ele ser lançado como entrevistar o artista antes desse disco sair foi Mirian Martinez, que nos deixou nesta segunda. Ela viu meu nome assinando matérias sobre música num jornal no interior de São Paulo e resolveu entrar em contato para saber se eu não queria entrevistar o ex-titã. Quando ela entendeu que eu não conhecia nada deste circuito, me explicou como funcionava e pediu para que eu me apresentasse pra ela ao final da entrevista, que aconteceu ao vivo, no prédio da antiga gravadora BMG. Ao final da coletiva, apresentei-me e ela me explicou pacientemente como era o processo de agendar entrevistas, para que servia o assessor de imprensa, o produtor e o empresário do artista. Uma pequena aula, de graça. No final ainda puxou uma sacola cheia de CDs: “Não esquece que toda semana a gente te manda o suplemento!”

Se fosse só por esse primeiro contato, Miriam já teria minha gratidão eterna por ter explicado algo que a maioria dos profissionais aprende na marra. Mas sempre que a via era uma festa, com seu jeito expansivo e sua longa gargalhada, dominava qualquer ambiente e contagiava a todos com seu astral. Muita gente a conheceu ali na entrada lateral da Via Funchal, certamente as últimas vezes que a vi, recebendo imprensa e convidados daquela que era a melhor casa de shows que São Paulo já viu. Perdi o contato mas sabia que ela ainda estava por aí, ajudando a espalhar a boa música e contagiando novos e velhos amigos com sua simpatia imensa. Saudades, Miriam, fica bem.

Zuza Homem de Mello (1933-2020)

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Toda hipérbole relacionada à importância de Zuza Homem de Mello, que morreu neste domingo, de ataque cardíaco, em relação à música popular brasileira é pequena. Não consigo nem parar para dimensionar direito o impacto que teve nos últimos 50 anos na vida de quase todos os que trabalham com música, nem o tamanho que sua lacuna deixa. Pude conversar com ele em algumas oportunidades, papos descompromissados que transformavam-se em pequenas aulas, sobre a cultura brasileira, sobre nossa música, sobre como viver. Vai em paz, mestre!

Quino (1932-2020)

O traço precioso e o senso crítico aguçado do maior quadrinhista argentino resumem-se em sua maior criação: Mafalda. Quino, nascido Joaquín Salvador Lavado Tejón, morreu nesta quarta-feira, aos 88 anos, de causas naturais, e sempre será lembrado por sua principal protagonista, a curiosa e desafiadora Mafalda, que resumia suas preocupações políticas e humanas durante os nove anos em que foi publicada em tiras diárias, entre 1962 e 1973. Mas seu humor, sua visão crítica e seu traço precioso expandem-se para além de sua turma clássica de personagens e podem ser encontrados em cartuns épicos e delicados, em que vasculha os horizontes questionados por sua principal criação. A notícia de sua morte é um bom motivo para descobrir seu trabalho para além da querida fã de Beatles.

Gerson King Combo (1943-2020)

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Morreu nesta quarta-feira um dos responsáveis por trazer o funk norte-americano para a música brasileira. Mais conhecido por ser irmão de Getúlio Côrtes, compositor da Jovem Guarda e que transitava pelas rádios e gravadoras da época, Gerson King Combo começou a carreira como coreógrafo da própria Jovem Guarda, por influência do irmão, mas logo iria para a música, liderar um dos principais grupos de baile do Rio de Janeiro nos anos 60, a banda Fórmula 7, que contava com cobras como o guitarrista Hélio Delmiro, o baixista Luizão Maia e o trompetista Márcio Montarroyos. Nesta época conheceu Wilson SImonal e passou a fazer parte da sua turma, acompanhando-o inclusive em turnê pelos EUA ao lado do grupo Som Três, onde adotou o pseudônimo que o tornaria mais conhecido em poucos anos. E à medida em que os anos 70 foram passando, Gerson se estabeleceu no núcleo dos bailes de periferia do Rio de Janeiro, que começavam a tocar música negra norte-americana cada vez mais pesada. Esteve na primeira formação da Banda Black Rio, mas despontou para o sucesso ao gravar o primeiro disco, batizado com o próprio nome, em 1977, acompanhado pela banda União Black. No ano seguinte, repetiu o sucesso com o disco Volume II, tornando-se conhecido como uma versão brasileira do James Brown, pelos gritos, rebolados e danças que fazia no palco. Mas caiu no esquecimento nos anos 80, até que foi redescoberto no fim do século passado e aos poucos fez as pazes com a música. Morreu vítima de diabetes.

Toots Hibbert (1942-2020)

Mais uma vítima do coronavírus, o mestre jamaicano Toots Hibbert, líder do trio vocal Toots & the Maytals, foi um dos pilares da música de seu país, uma vez que trouxe o gospel e a soul music, que acompanhou sua infância devido à influência religiosa dos pais, adventistas do sétimo dia, para a música da Jamaica. Essa aproximação deu melodia e sinuosidade ao gênero vigente, o rocksteady, fazendo com que ele se transformasse em um outro estilo musical, que o próprio Toots batizaria de reggae, ao lançar “Do The Reggay”, em 1968.

Vai em paz.

Simeon Coxe (1938-2020)

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Morre um dos alicerces da música eletrônica, o norte-americano Simeon Coxe, fundador do grupo Silver Apples. Foi um dos primeiros nomes a fazer música usando apenas sintetizadores, ao criar um instrumento que empilhava nove osciladores de áudio com noventa e seis botões para regular o som, que era tocado ao vivo, sem nada pré-gravado. O grupo, formado por Simeon e pelo baterista Danny Taylor, foi uma sensação rápida no final dos anos 60, embora tenha vendido poucos discos e tenha sido forçado a se aposentar mais cedo após ter sido processado por uma companhia aérea, ao copiar seu logo na capa de seu segundo disco. A dupla foi redescoberta nos anos 90 e, mesmo após Simeon sofrer um acidente que quase o tornou inválido, conseguiu retomar as atividades e gravar mais discos. Ele morreu em casa, vítima de uma condição pulmonar que já o acompanhava há tempos.

Chadwick Boseman (1977-2020)

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Que notícia triste a morte do jovem Chadwick Boseman. Mais conhecido por viver o icônico protagonista do filme Pantera Negra, da Marvel, ele exaltou sua negritude ao encarnar personagens emblemáticos do século passado no cinema, como James Brown, o juiz Thurgood Marshall (o primeiro juiz negro a chegar à suprema corte dos EUA) e o jogador de beisebol Jackie Robinson (o primeiro negro a jogar na primeira divisão do esporte), além de ter participado do filme mais recente de Spike Lee, Destacamento Blood. Ele deixou pronto o filme Ma Rainey’s Black Bottom, baseado numa peça de August Wilson, com produção de Denzel Washington e Viola Davis no elenco. Morreu vítima de um câncer que lhe perseguia há quatro anos e deixa um curto legado de exaltação à cultura negra com filmes já clássicos.