Darondo (1947-2013)

Darondo

William Daron Pulliam não fez muito sucesso no auge de sua carreira, nos anos 70, mas teve sua reputação estabelecida nos últimos dez anos, quando foi resgatado pelo radialista inglês Gilles Peterson e pela gravadora de São Francisco Ubiquity, que anunciou sua morte hoje. Abaixo, seu hit irresistível “Didn’t I”.

Richie Havens (1941-2013)

richie-havens-woodstock

Um mito do soul acústico, um titã da música de raiz norte-americana, Havens teve seu grande momento como bardo soul em pleno Woodstock.

Um grande momento da história do rock, relembrado no ano passado por Quentin Tarantino.

Morreu de enfarto na manhã desta segunda, aos 72 anos.

Margaret Thatcher (1925-2013)

margaret-thatcher-crass

Há quem lamente a morte dessa mulher. Prefiro lembrar os protestos que fizeram contra ela – e ainda acho que foi pouco. Primeiro os Specials constatando o que aconteceu com Londres sob sua sombra, na clássica “Ghost Town”:

Depois vêm o Beat pedindo pra ela renunciar:

O Crass a homenageou após as centenas de mortes inglesas na Guerra das Malvinas em “How Does It Feel to Be The Mother Of A Thousand Dead”:

Roger Waters previu seu fim num asilo de tiranos (com Reagan, Brejnev, “o fantasma de McCarthy e as lembranças de Nixon”) em “The Fletcher Memorial Home”, do Final Cut:

Elvis Costello também pediu sua renúncia:

E Morrissey (e “the kind people”) sonhou com a ministra na guilhotina:

E o Hefner também cantou sobre sua morte – mais especificamente sobre o dia de hoje:

E não é porque ela morreu que virou boazinha. O diretor Ken Loach se pronunciou sobre a morte da “dama de ferro” inglesa:

Margaret Thatcher was the most divisive and destructive Prime Minister of modern times.

Mass Unemployment, factory closures, communities destroyed – this is her legacy. She was a fighter and her enemy was the British working class. Her victories were aided by the politically corrupt leaders of the Labour Party and of many Trades Unions. It is because of policies begun by her that we are in this mess today.

Other prime ministers have followed her path, notably Tony Blair. She was the organ grinder, he was the monkey.

Remember she called Mandela a terrorist and took tea with the torturer and murderer Pinochet.

How should we honour her? Let’s privatise her funeral. Put it out to competitive tender and accept the cheapest bid. It’s what she would have wanted.

Morrissey também:

Thatcher é lembrada como A Dama de Ferro somente porque possuía traços negativos como uma teimosia persistente e recusa determinada a escutar os outros.

Cada gesto seu era carregado de negatividade; ela destruiu a indústria britânica, ele odiava os mineiros, as artes, os Irish Freedom Fighters a ponto de permitir que eles morressem, ela odiava os pobres ingleses e nada fez para ajudá-los, ela odiava o Greenpeace e os ativistas ambientais, ela foi a única líder política europeia que se opôs a proibir o comércio de marfim, ela não tinha sagacidade nem cordialidade e seu próprio gabinete a expulsou. Ela deu a ordem para explodir o (navio) Belgrano ainda que estivesse fora da zona de exclusão das ilhas Malvinas = e estavam navegando para LONGE das ilhas! Quando os jovens garotos argentinos a bordo do Belgrano sofreram a mais estarrecedora e injusta morte, Thatcher acenou com um joia para a imprensa britânica.

Ferro? Não. Barbárie? Sim. Ela odiava as feministas apesar de ter sido graças à progressão do movimento feminista que o povo britânico se permitiu aceitar que uma premier. Mas, graças a Thatcher, não haverá jamais outra mulher com tanto poder na política britânica, e em vez de abrir a porta para outras mulheres, ela a fechou.

Thatcher será lembrada afetuosamente apenas por sentimentalistas que não sofreram sob sua liderança, mas a maioria do povo trabalhador britânico já a esqueceu, e o povo da Argentina estará celebrando sua morte. Só para registrar: Thatcher era terror sem um átomo de humanidade.

Se alguém traduzir, publico aqui. Valeu pela tradução, Droit!

Marku Ribas (1947-2013)

marku

Saindo do show do Cure, soube da morte de Marku, que cedeu ao câncer no sábado passado. Velho conhecido dos apreciadores do groove brasileiro dos anos 70, esse percussionista mineiro tem pelo menos um discaço em seu currículo, batizado apenas de Marku, gravado em 1973, com arranjos do mestre Erlon Chaves. Destaco abaixo algumas faixas do disco desse cara, que gravou com meio mundo, dos Rolling Stones (sério, no Dirty Work) ao Virna Lisi, passando por Tim Maia, Chico Buarque, João Donato, Max de Castro, Arnaldo Antunes, Nara Leão, Djavan, Emílio Santiago e Marcelo D2.

 

Roger Ebert (1942-2013)

Roger-Ebert

Mais um que perde a luta para o câncer. Roger Ebert não era apenas o crítico de cinema mais popular da história da sétima arte, mas também um dos grandes nomes a saber se equilibrar entre a arte e o entretenimento sem puxar mais a sardinha para um dos lados. Seu aval era uma chancela imprescindível para qualquer filme que se dispusesse a ser grande.

Chorão (1970-2013)

chorao

O Chávez geral esperava, mas o Chorão… Que merda. Mesmo que sua banda fosse um lixo, o “Magnata” deixou ao menos um hit:

Será que vão perguntar pro Camelo o que ele acha de tudo isso (aposto que sim)? Será que o Camelo vai fazer uma música pro Chorão (tomara que não)? E, abaixo, Chorão com 16 anos:

Hugo Chavez (1954-2013)

chavez

Agora foi mesmo.

Kevin Ayers (1944-2013)

kevin-ayers

Fundador do Soft Machine, Kevin Ayers era um dos grandes talentos da psicodelia britânica, ficando atrás apenas dos autores desta cena, Syd Barrett e os Beatles. Parte central da chamada cena de Canterbury, ele ganhou notoriedade depois que seu grupo Wilde Flowers se metamorfoseou no mítico Soft Machine (com Robert Wyatt na bateria e vocais, Mike Ratledge nos teclados, Daevid Allen na guitarra e Ayers no baixo), que teve seu primeiro disco produzido pelo mesmo Tony Wilson que produziu os melhores discos de Dylan e os dois primeiros do Velvet Underground. A banda ganhou certa popularidade em 1968, ao ser escolhida como o grupo de abertura da turnê de Jimi Hendrix pelos EUA naquele ano, mas sempre teve uma sonoridade bem pouco afeita ao pop. Psicodelia com “pê” maiúsculo, aquela que aos poucos se transformou no rock progressivo. Abaixo, a íntegra de um show dos caras, na época.

Ayers saiu da banda nos anos 70 e começou uma carreira solo ainda mais difícil para quem está acostumado à música pop, se distanciando cada vez mais do rock. O documentário abaixo, filmado em Paris em 1970 e exibido na TV, mostra o início de sua carreira solo e sua afeição com a França, país para onde se mudou nos anos 90, vivendo como recluso. Seu último disco foi lançado em 2007 e mostra o tamanho de sua influência a partir das participações especiais (com a presença de integrantes do Teenage Fanclub, Roxy Music, Gorky’s Zygotic Mynci, Ladybug Transistor e Neutral Milk Hotel). Morreu dormindo, na casa francesa em que morava há tempos e que tinha como seu lugar no mundo. Ave Ayers!

 

Tony Sheridan (1940-2013)

Tony Sheridan

Se você não conhece a obra musical ou mesmo nunca tinha ouvido falar no nome de Tony Sheridan, que morreu neste sábado, na Alemanha, aos 72 anos, não se culpe. Ele é um dos inúmeros personagens das milhares notas de rodapé na carreira dos Beatles. Roqueiro inglês no final dos anos 50 – quando isso era um espécime raro, ainda mais na Inglaterra -, Tony foi conseguir consolidar uma carreira quando mudou-se para a Alemanha, tocando rock nos puteiros de Hamburgo com a banda que conseguia reunir. Conhecido pela falta de profissionalismo (chegava tarde, bêbado, sem a guitarra, faltava…), no entanto, ele conseguiu uma certa fama naquela vida noturna a ponto de uma gravadora investir em sua carreira num disco. E quando precisou de músicos para tocar como sua banda, chamou a banda de uns certos adolescentes de Liverpool que estavam também fazendo sucesso naquela zona alemã. Mas como o nome dos Beatles lembrava a palavra “pidels” (o plural para “pau”, em alemão), Sheridan os apresentou como Beat Brothers. Juntos, gravaram quatro músicas: “My Bonnie”, “The Saints”, “Ain’t She Sweet” (com vocal do John Lennon) e “Cry for a Shadow” (esta última instrumental e de autoria dos Beatles). Só as duas primeiras foram lançadas em um compacto que é o primeiro registro gravado da história dos Beatles. Eis o grande trunfo histórico do homem que morreu neste sábado: ele estava na primeira sessão dos Beatles em estúdio que foi lançada comercialmente. Não é o caso de sair acendendo vela, vestindo luto nem baixando torrent com discografia. Ouça as músicas abaixo:

 

Donald Byrd (1932-2013)

byrd

Outro titã do jazz que se vai.

O trompetista, que começou no Art Blakey’s Jazz Messengers nos anos 50 e tocou com gigantes como John Coltrane, Sonny Rollins, Thelonious Monk Herbie Hancock e Eric Dolphy, entre outros, foi para além do jazz quando criou seu grupo Blackbyrds, que fez a ponte do gênero com o funk e a black music do começo dos anos 70.

Décadas depois, foi descoberto anos mais tarde por diferentes gerações do hip hop, que o acolheu em samples, a princípio pela geração do jazz rap (Us3 e o Jazzmatazz) e depois por outros notáveis contemporâneos como Pharcyde, Nas, Organized Konfusion, Madlib e J Dilla, este último, talvez o produtor do gênero que mais tenha sido influenciado por Byrd.

A notícia de sua passagem já circulava desde o início da semana e foi confirmada nesta quinta-feira por seu sobrinho Alex Bugnon, via Facebook, que admitiu que o tio, de 80 anos, havia morrido nesta segunda-feira, 4, em Delaware, onde vivia.