Quando a Taylor Swift veio para o Brasil

, por Alexandre Matias

Fiz um balanço, a pedido do site da CNN Brasil, sobre a passagem da Taylor Swift por nosso país nos últimos dias de novembro, recapitulando tanto a tragédia da morte de uma fã em pleno show quanto a desorganização da produção, que não soube lidar com o calor extremo no Rio de Janeiro e nem chuvas e frio em São Paulo, filas, músicas inéditas no palco e a movimentação financeira que a tornam a maior popstar do mundo em 2023.

Leia abaixo:

Após turbulenta passagem pelo Brasil, Taylor Swift segue gigante no pop
Cantora fez seis shows épicos no país, passeando por diferentes fases de sua carreira

Ao fim de sua passagem pelo Brasil, a popstar norte-americana Taylor Swift também encerra a etapa 2023 de sua máquina de shows gigantescos que tornou-se sua atual turnê, “The Eras Tour”. Mas o que seria apenas o encerramento da primeira fase internacional de sua saga ao vivo, que recapitula as diferentes fases de sua carreira (daí as “eras” do título da turnê), tornou-se um capítulo à parte, especialmente por conta das péssimas condições dos primeiros shows de Swift no Rio de Janeiro, que culminou logo de saída com a tragédia da morte da fã Ana Clara Benevides na primeira apresentação da turnê no Brasil.

Longe de ser pouco, a morte de uma fã durante um show foi só o ápice dos problemas que a turnê teve no Brasil, especialmente nos primeiros shows do Rio de Janeiro, quando centenas de fãs passaram mal por conta do calor, carros da equipe da cantora foram apreendidos por circular com as placas cobertas e uma das apresentações teve de ser adiada por conta do calor extremo (cuja sensação térmica batia nos 60° C).

Tanto Taylor Swift quanto a empresa que a trouxe para o Brasil, a produtora T4F, optaram pelo silêncio especificamente em relação à morte da fã: a empresa só pronunciou-se quase uma semana após a tragédia e a artista recebeu a família da fã no último show de São Paulo, na noite do domingo (26), mas não fez uma única menção ao acontecimento no palco – inclusive pronunciou-se online sobre esta decisão, dizendo que estava “sobrecarregada de luto”, seja lá o que isso queira dizer. Ela inclusive encurtou uma música em que os fãs planejavam fazer uma homenagem à Ana Clara num trecho instrumental da canção, que simplesmente não foi tocado, causando uma péssima impressão.

Mas não foi o suficiente para cancelá-la. Em São Paulo, onde fez outras três apresentações, a mudança de clima fez os fãs enfrentarem frio e chuva, além de filas literalmente quilométricas que fizeram bater o topo da capacidade do estádio Allianz Parque. Segundo a T4F, o estádio recebeu mais de 50 mil pessoas por dia.

Mas nem tudo são só perrengues. A vinda da estrela para o país movimentou a economia das duas cidades de forma crucial – o Rio de Janeiro contou com mais de 97% da ocupação dos hotéis da cidade, segundo a Associação de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a São Paulo Turismo (SPTuris), a empresa oficial de turismo e eventos da cidade, estima que a atração movimentou cerca de R$ 240 milhões na economia local, trazendo mais de 50 mil turistas, que fizeram pelo menos metade deste valor circular pela cidade.

Com mais de 40 músicas por show (algumas delas em versões mais curtas), as apresentações da turnê passam por dez fases diferentes da cantora, que inclui mudança de cenários, figurino e instrumentos – ela por vezes toca guitarra, noutras piano ou simplesmente não toca nada.

Como nos outros shows anteriores, ela aproveitou para apresentar versões inéditas para músicas que nunca foram para o palco. No Rio tocou “Stay Beautiful” (música que não toca ao vivo há quinze anos), “So It Goes” e “Dancing with Our Hands Tied” (que não tocava desde 2018), “Innocent” (pela primeira vez ao vivo desde 2010), “Safe & Sound” (pela primeira vez em dez anos) e a versão para “Untouchable” de Luna Halo, além de músicas que tocou pela primeira vez ao vivo, como “Suburban Legends”, “Bigger than the Whole Sky”, “Me!” (pela primeira vez nesta turnê), “Say Don’t Go” e “It´s Time to Go”.

The Eras Tour começou em março deste ano, atravessou o país-natal de sua estrela até o início de agosto e passou a desbravar o estrangeiro começando pelo México e vindo para a América do Sul, passando primeiro pela Argentina e depois pelo Brasil, onde realizou seis apresentações. Muito se especulava sobre a cantora nunca mais querer voltar para o Brasil depois do que aconteceu no Brasil, mas em seu show neste domingo, em São Paulo, reforçou que tem planos para voltar ao país.

Após os shows no Brasil, Swift suspende as apresentações ao vivo por este ano para retomá-las só em fevereiro do ano que vem, quando começa a segunda fase internacional da turnê, com três datas no Japão, três na Austrália e quatro em Singapura. Nesta época, por projeções, ela deve tornar-se a primeira artista a atingir a casa do bilhão de dólares em uma turnê (título que ainda é de Elton John, cuja turnê de despedida levou cinco anos para acontecer, entre 2018 e 2023). Em maio ela começa a versão europeia da tour, que volta para os EUA e Canadá no final do ano que vem, sem que necessariamente encerre as séries de shows.

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