Mais Novos Baianos em vinil

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Depois dos clássicos Acabou Chorare e É Ferro na Boneca, é a vez de Novos Baianos F.C. e o último disco da banda com Moraes Moreira – batizado apenas com seu nome – voltarem ao formato LP – e assim a Warner e a Polysom disponibilizam toda a discografia clássica do grupo no fomato clássico, embora ainda fiquem devendo edições dos discos posteriores da banda – Vamos pro Mundo (1974), Caia na Estrada e Perigas Ver (1976), Praga de Baiano (1977), Farol da Barra (1978) e o disco que reuniu o grupo de volta em 1997, Infinito Circular.

A clássica fase progressiva dos Mutantes de volta ao vinil

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Depois de lançar a caixa contendo todos os discos com a formação original dos Mutantes e da primeira versão em vinil para o clássico perdido O A e o Z, a Polysom fecha a discografia da primeira encarnação da clássica banda brasileira ao relançar os dois discos que a banda lançou depois da saída de Arnaldo Baptista, quando seu irmão Sergio Dias assumiu a liderança do grupo, tornando-o inevitavelmente progressivo, mas com fortes camadas de psicodelia. Tudo Foi Feito pelo Sol, lançado em 1974, tinha uma formação que, além de Sergio nas guitarras, violão, cítara e voz, ainda tinha Túlio Mourão (que vinha da banda Veludo Elétrico, nos teclados e vocais), Antonio Pedro de Medeiro (baixo e vocais) e Rui Mota (bateria, percussão e vocais) na formação. Foi o disco mais vendido da história da banda, chegando a 30 mil discos vendidos na época.

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Já o posterior Ao Vivo registra um show que o grupo fez no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com produção de Pena Schmidt. A formação da banda à época contava com Sergio e Túlio do disco anterior, além de Luciano Alves, nos teclados e vocais, e Paulo de Castro:, no baixo, violino e vocais. Os dois discos nunca haviam sido relançados em vinil desde os anos 70 e, assim, toda discografia da primeira versão do grupo está de volta às lojas como foram lançados originalmente.

Os três primeiros discos do Ira! em vinil

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Os três primeiros discos do Ira! – Mudança de Comportamento, Vivendo e Não Aprendendo e Psicoacústica – formam a trilogia de discos que justifica a existência da banda, que como ninguém melhor soube retratar os dilemas e dramas do pobre paulista da virada dos anos 70 para os anos 80. Narradores da própria história, o grupo passa evolui seu mod à paulistana de canções simples e diretas a experimentos pop ousados como o conceito do terceiro disco, com sua capa 3D e citações do Bandido da Luz Vermelha e flertes com o rap e com o repente. Os discos chegam às lojas ainda este mês.

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João Donato e Pato Fu em vinil

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E a onda do vinil segue de vento em popa e desta vez a Polysom resolveu relançar dois clássicos para duas gerações distintas. O disco de 1975 de João Donato, Lugar Comum, e a estreia do Pato Fu, Rotomusic de Liquidificapum, lançado em 1993. Os dois vinis devem sair ainda este mês.

Planet Hemp em vinil

E aproveitando a volta do Planet Hemp (não tá acompanhando?), a Polysom irá reeditar os dois primeiros discos da banda carioca em vinil 180 gramas (tenho a edição que foi lançada na época do Cães, vinil branco!) – agora em outubro. Resta torcer também para lançarem o terceiro e melhor disco do Planet, A Invasão do Sagaz Homem Fumaça.

A Tábua de Esmeraldas e África Brasil em vinil

A Polysom volta para o passado da música brasileira cravando os dois melhores Jorge Bens. Visitei a única fábrica de vinil da América Latina no início do ano, em uma materinha pro Caderno 2.

De volta ao vinil

Materinha que fiz pro C2 Música, a edição semanal do Caderno 2 do Estadão dedicada ao tema, sobre a visita que fiz há menos de um mês à Polysom, a tão falada única fábrica de vinis da América Latina, que finalmente lançou seus primeiros discos. Ela conversa com o Personal Nerd que fiz pro Link há duas semanas.


Sulcos do acetato, primeira etapa na fabricação do vinil, vistos no microscópio da sala de corte

Fotos: Tasso Marcelo/AE

Fazendo disco: o pó de PVC é posto na extrusora…


…que depois sai pelo cilindro à direita, como uma massa mole…


…as matrizes do disco são postas na prensa, que é calibrada a cada prensagem…


…a massa de vinil é posta entre os dois rótulos do futuro LP e depois posta na prensa…


…que, uma vez fechada, é aberta para revelar o disco idêntico ao que você vai pegar na loja, ainda quente…


…Tcharã!

O que ele está fazendo aí?
Passar um dia na Polysom, única indústria de vinil da América Latina, é como viver nos tempos em que CDs e música digital não eram mais do que ficção

Uma massa mole e preta sai quente de uma máquina chamada extrusora. Moldada numa pequena bola que cabe na palma da mão, ela é disposta sobre um dos rótulos de papel do futuro disco ? o outro é aplicado por cima, formando uma espécie de sanduíche de massa de pó de PVC e papel, que é colocado em uma enorme prensa hidráulica. A máquina faz seu trabalho em poucos segundos: espreme o bolinho engraçado entre duas chapas horizontais que, ao se afastarem uma da outra, revelam um disco de vinil recém-prensado.

Esta operação simples e quase artesanal é a etapa final de um processo que chega ao fim após quase um ano. “A gente achava que em um mês dava para colocar isso para funcionar e já estamos há oito meses, sempre fazendo testes para ficar direito”, explica João Augusto, dono da gravadora Deckdisc e agora proprietário da Polysom, a única fábrica de discos de vinil da América Latina.

A fábrica fica em Belford Roxo, região metropolitana do Rio, e a ida do Aeroporto Santos Dumont ao portão da Polysom dura quase o mesmo tempo que o do voo Rio-São Paulo. Ao volante, Rafael Ramos, filho de João Augusto e diretor artístico da gravadora ? um dos principais entusiastas da reativação da Polysom -, recorda o feito, com o sorriso largo. “Nem parece que até outro dia isso era só uma provocação que eu fazia com o meu pai”, revela enquanto atravessamos a Linha Vermelha saindo do Rio.

É importante entender o papel de Rafael nesse processo, uma vez que ele faz parte de uma geração que viu os vinis nas coleções dos pais, assistiu à ascensão e posterior queda do CD, viveu os primeiros dias da música digital, sem suporte e sem disco, e redescobriu o velho disco preto quase no fim da primeira década do século.


“As pessoas compram pelo fetiche”, diz João Augusto, um dos donos da Polysom

E Rafael está longe de ser o único. Só nos EUA, no ano passado, foram vendidos 2 milhões e meio de vinis, um número a que João Augusto acrescenta um dado interessante: “47% desses compradores sequer tem toca-discos”, enfatiza citando uma pesquisa feita pelo instituto Nielsen Soundscan. “As pessoas compram pelo fetiche.”

As megastores brasileiras não demoraram a perceber isso, tanto que algumas já exibem prateleiras com vinis recém-fabricados – todos importados. “Mas a maioria das lojas não tem nem espaço para receber os discos”, conta João. E ele traduz esse novo interesse pelo vinil ao contar como foi que a cantora Pitty reagiu ao ver seu disco na versão vinil: “Agora, sim, somos uma banda de rock.”

Pitty faz parte da primeira safra de discos saída da gravadora, todos da Deckdisc. Além do relançamento de Chiaroscuro, a primeira leva ainda inclui outros discos da gravadora carioca: o solo da vocalista do Pato Fu Fernanda Takai e os discos mais recentes dos grupos Cachorro Grande e Nação Zumbi. Mas João é enfático ao dizer que a Polysom não é a fábrica da Deckdisc. “É dos sócios da Deckdisc, cobramos da Deck o mesmo que cobramos de qualquer um.”

Ele acredita que a primeira etapa do processo está terminando agora, com a fabricação dos primeiros discos. “Só agora é que as pessoas vão ver que é verdade”, festeja. E não está falando apenas dos consumidores, mas também das gravadoras e dos artistas. “Acredito que os artistas vão motivar muito este movimento”, diz João, contando que alguns deles – Jorge Ben Jor e Lenine – já abraçaram a ideia.

Resta saber como o mercado brasileiro reagirá aos lançamentos. A gravadora EMI é uma das que estão em conversações com a Polysom para o relançamento da discografia do grupo Legião Urbana. Se ainda é cedo para saber se o velho LP volta para valer às lojas, ao menos podemos comemorar que a única fábrica de vinil da América Latina fica no Brasil ? e já está funcionando.

Na linha de produção


Pré-análise do áudio. O operador mede a qualidade do som usando instrumentos específicos e sua experiência técnica, antes do áudio começar a se transformar num vinil.


Cabeça de corte. Esta máquina funciona como um toca-discos. A diferença é que, em vez de reproduzir o som, ela grava os sulcos no acetato.



Galvanoplastia. É a fase química do processo, em que o acetato original é colocado em tanques com nitrato de níquel. As partículas de níquel “grudam” no acetato, formando uma “capa”, que é retirada e funciona como um vinil em negativo.

Prensagem. A capa de níquel é colocada nas prensas, que depois recebem uma massa mole feita a partir de pó de PVC que, prensada, vira um disco.

Falando nos anos 90

Cês viram que o Da Lama ao Caos, o primeiro disco do Chico Science & Nação Zumbi, vai ganhar edição em vinil (e que a Deck reativou a Polysom – também conhecida como única fábrica de vinil do Brasil?)?