E o primeiro Inferninho Trabalho Sujo de 2025 acontece num lugar em que nunca discotequei antes: no Porão da Casa de Francisca! E com duas atrações novíssimas, uma delas apresentando-se pela primeira vez. A noite começa com a dupla inédita Sophia Chablau e Olívia Munhoz que reúnem-se no palco pela primeira vez com o nome de Lembrancinha, misturando canções com improvisos noise numa mistura que só elas (e talvez nem elas) saibam o que pode acontecer. O segundo show é do Ottopapi, um dos capos da gravadora indie Selóki Records que está prestes a fazer sua estreia em disco. Ele vem acompanhado de uma banda formada por Thales Castanheira e Vitor Wutzki (guitarras), Bianca Godói (baixo), Gael Sonkin (bateria) e Danileira (Sintetizador) e mostra músicas que estão aos poucos entrando no subconsciente da noite indie paulistana, entre elas o hit “Bala de Banana”. E como vou aproveitar para comemorar meu aniversário no evento, convidei outras duas capri – as queridas Pérola Mathias e Bamboloki – para celebrar a noite discotecando comigo. A Casa de Francisca fica na Rua Quintino Bocaiúva, 22, do lado da Sé, a festa começa a partir das 20h e os ingressos já estão à venda neste link, vamos?
Minha conterrânea de cerrado e quase-parente Pérola Mathias foi uma das que esbaldou-se na festa em que comeemorei os 29 anos do Trabalho Sujo na Casinha e ela aproveitou a deixa para me entrevistar sobre as quase três décadas desta minha obra contínua. E foi assim que ela me apresentou na introdução do papo:
No último sábado, o jornalista Alexandre Matias comemorou os 29 anos do Trabalho Sujo — “jornalismo arte desde 1995”. O site e o trabalho do Matias na cobertura musical, curadoria, discotecagem e produção é referência para todo mundo que gosta de música, de música brasileira, de música brasileira independente. O Matias é muito mais do que o cara que você vê nos shows (para quem está em São Paulo) filmando o palco e que te apresenta bandas novas. Ele é pioneiro num modelo de fazer jornalismo cultural. Não é que ele estava aqui quando a internet ainda era mato, o Trabalho Sujo já existia antes mesmo dela adentrar nas casas brasileiras.
Por ocasião do aniversário do projeto e da grande comemoração que aconteceu no último Sábado (01) com uma festa que reuniu vários DJs amigos, aproveitei para entrevistar o jornalista no estilo: tudo que você sempre quis saber sobre o Trabalho Sujo e nunca teve coragem de perguntar. Já ouvi muitas pessoas perguntarem “como você dá conta de fazer tudo?”, “por que você foi escolher escrever logo sobre música?”, “vai ter um festival pra comemorar os 30 anos?”, “de onde você tirou esse nome?”.
Agradeço imensamente a deferência, os adjetivos e, mais do que tudo, a companhia nesses anos todos – e em breve eu e ela lançamos mais uma. Leia a íntegra da entrevista lá no site dela, o Poro Aberto.
Bem boa a primeira edição do Inferninho Trabalho Sujo na Porta, que aconteceu neste sábado com discotecagem minha, da Pérola, da Fran e da Lina e, claro, com o show da banda Celacanto, que está cada vez mais afiada. Com um pé no indie rock e outro no rock progressivo, a banda desbrava um território musical complexo e difícil, trabalhando com o entrelaçamento de texturas, andamentos e timbres ao mesmo tempo em que cantam sobre questões existenciais e sentimentais de nossas vidas. O vocalista Miguel Leite puxa o grupo com sua voz e guitarra, acompanhado de perto sempre do segundo guitarrista Eduardo Barquinho, do baixista Matheus Arruda e o baterista Giovanni Lenti, que singram por melodias tortuosas e arranjos intricados enquanto tem a atenção completa do público que compareceu à Porta. Foi demais!
A primeira atração do Inferninho Trabalho Sujo em seu segundo ano é o grupo de indie-prog Celacanto, que apresenta-se neste sábado, 17, na festa que agora também acontece na na Porta (Rua Fidalga, 648. Vila Madalena). A casa abre às 18h e fica aberta até a meia-noite e antes e depois do show discoteco com as lindas Pérola Mathias, Francesca Ribeiro e Linda Andreosi. Os ingressos para entrar custam R$ 25. Vamos?
Terça passada aconteceu mais uma premiação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (desta vez transmitida online, dá pra conferir aqui) e esta semana a comissão de música popular da APCA, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (TV Cultura), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Istoé), Guilherme Werneck (Meio e Ladrilho Hidráulico), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Estadão e Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto), escolheu os 25 melhores discos do primeiro semestre deste ano. Uma boa e ampla seleção que não contou com alguns dos meus discos favoritos do ano (afinal, é uma democracia, todos têm voto), mas acaba sendo uma boa amostra do que foi lançado neste início de 2024. E pra você, qual ficou faltando?
Tô falando disso há um tempo: há uma nova geração de músicos e bandas vindo aí que está vindo com mais força e criatividade do que podemos esperar. E nesta sexta-feira, reuni dois exemplares desta nova safra, quando o palco do Inferninho Trabalho Sujo recebeu as bandas Skipp is Dead e Tangolo Mangos. Liderado e concebido pelo amapaense Alejandro de Los Muertos – o próprio Skipp, que também faz os flyers do Picles, entre outras mil atividades -, o Skip is Dead mistura indie rock do início deste século com trilha sonora de videogame e guitarradas do norte do país e rotulando-se como space pirate synth rock e ainda conta com o baterista Marco Trintinalha, o guitarrista Colinz, o tecladista Leon Sanchez (sintetizadores) e o baixista Vinicius Scarpa. Mas o show foi além dos músicos no palco e com uma direção de arte afiadíssima, ainda mais para os padrões do Picles, elevou a apresentação para o nível de espetáculo, com uma instalação que incluía dois telões, figurino e maquiagem num show multimídia que ainda contou com a participação da Yma em uma das canções.
Depois deles foi a vez do grupo baiano Tangolo Mangos mostrar seu disco de estreia Garatujas pela primeira vez em São Paulo e o público era formado por um verdadeiro quem é quem de nomes dessa mesma novíssima geração, entre cantoras, instrumentistas e agentes culturais que estão se conhecendo e reconhecendo como uma mesma turma à medida em que fazem seus trabalhos. Liderados pelo carismático guitarrista Felipe Vaqueiro, o Tangolo era nitidamente uma inspiração para essa parte do público que também é artista e idolatrado pelo pequeno mas firme fã-clube que ergueram em São Paulo, que não só sabia as letras do grupo de cor como estavam prontos para sair quebrando tudo ao menor sinal da banda. Esta, além de Vaqueiro, ainda conta com o baterista João Antônio Dourado, o baixista João Denovaro e o percussionista Bruno “Neca” Fechine, exímios músicos versados tanto em rock clássico, MPB, indie rock e música baiana e a fusão destes gêneros musicais aparentemente contraditórios encaixava-se como um quebra-cabeças a cada nova canção que o grupo mostrava. Com o paulista Caio Colasante fazendo a segunda guitarra como convidado, a banda ainda contou com participações especiais durante a noite, como o pernambucano Vinícius Marçal (da banda Hóspedes da Rua Rosa), o conterrâneo Matheus Gremory (mais connhecido como Devil Gremory, cujo trabalho musical mistura trap e heavy metal) e a mineira Júlia Guedes, neta de Beto Guedes, que também está preparando seu primeiro trabalho solo e tocou teclado com o grupo reverenciando sua linhagem, quando a Tangolo passeou por dois clássicos compostos quando o grande Lô Borges ainda era da sua faixa etária: “Trem de Doido”, do clássico disco Clube da Esquina, e “Você Fica Melhor Assim”, de seu mitológico disco de estreia. Uma noite marcante que ainda contou com duas estreias: a da jornalista Lina Andreosi como DJ, que tocou antes das duas bandas, e a da quase-parente Pérola Mathias dividindo a discotecagem comigo na pista do Picles – quando seguimos o fervo misturando Stevie Wonder com Slits, Beyoncé com Jamiroquai, Gloria Groove com Can, Rita Lee com (claro que não podia faltar) Mariah Carey. Quem foi sabe: a nova geração está chegando!
Mais uma sexta-feira daquelas no Picles, quando não apenas duas bandas tocam pela primeira vez na Inferninho Trabalho Sujo, como também duas novíssimas DJs pela primeira vez na casa. Quem abre a noite é outra prata da casa, Skipp, o autor dos maravilhosos flyers do Picles, que lança o novo clipe de “Infected Skies“, de sua banda Skipp is Dead, cuja maquiagem foi feita por nossa agente do caos Bamboloki sob seu codinome profissional de make, Buzz Darko. Depois é a vez da banda baiana Tangolo Mangos incendiar a noite como uma das principais novas atrações de Salvador nestes anos 20. Antes das duas bandas, quem começa a noite é a querida Lina Andreosi, que faz sua primeira aparição oficial como discotecária e, depois das bandas, quem divide o som da noite comigo pela primeira vez no Picles é a minha prima de outra família, Pérola Mathias, e já combinamos que não vamos deixar ninguém parado! O Picles fica no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde e a noite começa às 20h para terminar sabe lá a que horas da madrugada… Vem!
Encerramos o curso Bibliografia da Música Brasileira nessa quinta-feira, quando repassamos os principais temas abordados nas sete aulas anteriores e apontando quais são os 30 livros mais importantes para entender o estado da música brasileira no século 21 a partir da evolução de publicações dedicadas ao tema. Ficamos tão satisfeitos com o resultado e a participação da turma que eu e Pérola pedimos pra tirar uma fotos com todos, que nos acompanharam nestes dois meses. Obrigado a todos!
#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista
Na penúltima aula do curso Bibliografia da Música Brasileira que eu e Pérola estamos ministrando no Sesc Avenida Paulista, resolvemos falar sobre o porquê da imensa maioria de livros sobre o tema terem sido publicado nos últimos 25 anos e achamos inevitável falar sobre a história do livro e do mercado editorial no Brasil como um todo antes de falarmos sobre a produção sobre música brasileira do século 21. Voltamos aos tempos da chegada da coroa portuguesa ao Brasil, no início do século 19, como marco inicial deste mercado no país, algo que aconteceu muito depois do início de outros mercados latino-americanos (como o mexicano e o argentino) que datam do início da colonização da América, no século 16. Falamos sobre a criação das políticas públicas em relação ao livro desde o início do século 20 até o governo Fernando Henrique Cardoso, passando pela criação do Ministério da Cultura e pela expansão do mercado editorial e das grandes cadeias de livros na virada do século até chegar ao momento atual, em que tanto a introdução da internet e das tecnologias digitais neste mercado quanto a explosão da produção acadêmica nos primeiros governos Lula ajudaram a impulsionar o universo em que habitamos hoje, com editoras de nicho explorando temas como artistas e movimentos musicais que nunca foram esmiuçados no século 20, editoras de médio porte lançando coleções dedicadas à música e grandes editoras embarcando em projetos biográficos estimulados pelos próprios artistas. Na próxima aula encerramos o curso destacando as obras que consideramos primordiais para entender a música no Brasil.
#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista
Na sexta aula do curso Bibliografia da Música Brasileira, que eu e Pérola estamos dando no Sesc Avenida Paulista, finalmente entramos no século 21 mostrando como a internet ampliou o número de focos e pólos de nossa música ao mesmo tempo em que novas cenas surgiam a partir das novas tecnologias digitais que entravam nas rotinas tanto dos artistas quanto do público. Voltamos um pouco no tempo para falar sobre mangue beat e música brega (citando autores como José Teles, Lorena Calábria, Paulo César de Araújo e Ronaldo Lemos) e como estas duas cenas estavam apontando para as transformações que viriam após a chegada da internet. Com o novo século, puxamos uma tese do livro O Som e o Sentido de José Miguel Wisnik e encaixamos com a do livro Música de Montagem de Sérgio Molina para falar sobre a mudança do formato canção e como a nova cena musical brasileira vem sendo retratada em livros cada vez mais raros.
#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista