Invasão carioca no Inferninho

Sexta-feira duas atrações cariocas baixaram na edição desta semana do Inferninho Trabalho Sujo, que aconteceu no Picles. A noite começou com o show da Janine, que lançou o ótimo EP Muda no primeiro semestre, e mostrou músicas deste disco e outras que estão por vir, num show curto mas direto, que fez acompanhada da baixista Anna Clara e do baterista Arthur Xavier.

Depois foi a vez da banda Ente, liderada por Arthur Bittencourt na voz e violão, que ainda trouxe Victor Complido na guitarra, Ana Sofia Gonzalez no baixo e a própria Janine nos vocais e Arthur Xavier na bateria, que também optaram por um show curto sem delongas, misturando diferentes gêneros, como hardcore, indie, MPB, folk e noise em músicas direto ao ponto. Depois deles foi a vez de eu e Pérola derretermos a pista do Picles indo do pop mais bate-estaca à música brasileira mais macia, com direito à íntegra de “Marquee Moon” e um final cheio de baladas radiofônicas. Quem foi sabe.

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Janine e Ente @ Picles (29.8)

Pra encerrar esse agosto intenso, no dia 29 de agosto teremos mais um Inferninho Trabalho Sujo no Picles, dessa vez trazendo dois artistas cariocas em ascensao. A banda Ente, que acabou de lançar o ótimo Voltarei A Ser Parte De Tudo, e a vocalista Janine, repetindo sua participação na festa, quando mostra músicas de seu excelente EP Muda, também lançado neste ano, e outras que farão parte de seu próximo registro. E quem discoteca comigo depois das apresentações das bandas é minha comadre Pérola Mathias, quando chamamos juntos na xinxa quem quiser se acabar de dançar na pista. Os ingressos já estão a venda nesse link.

Atropelo instrumental

Sexta-feira surreal com dois trios instrumentais da pesada no palco do Inferninho Trabalho Sujo, que desta vez aconteceu no Picles. A noite começou com o trio Jovita, em que o guitarrista João Faria cria texturas sonoras entre a surf music, a psicodelia clássica e o shoegaze, enquanto o baixista Nicolas “Bigode” Farias cavalga riffs que acompanham a bateria forte de Guilherme Ramalho, mostrando músicas ainda inéditas, citando um discurso do Pepe Mujica antes de uma delas e criando longas trips quase instrumentais (como boa parte do repertório da banda, que ocasionalmente ganha vocais cantarolados sem letra por João), uma delas começando com uma citação ao afrossamba “Iemanjá”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Pesado!

Depois do Jovita foi a vez do trio de Ponta Grossa Hoovaranas mostrar sua força, transformando o Picles em uma zona de saturação de eletricidade e ritmo, hipnotizando todos os presentes com sua sinergia assustadora. Sem usar a voz – a não ser para conversar com o público – o trio é um colosso instrumental em que a guitarra de Rehael Martins (que sola quase o tempo todo) é acompanhada do baixo absurdo de Jorge Bahls (jogando o tempo todo com a microfonia a seu favor, enquanto cria muralhas em forma de linhas de baixo) e da bateria estarrecedora de Eric Santana (quase sempre entre o groove circular do Sonic Youth e os tempos quebrados do free jazz), formando uma unidade sonora que seus integrantes sequer precisam trocar olhares para seguir em sincronia. Uma bordoada sonora que deixou todos os presentes de queixo caído. Depois eu e a Pérola soltamos aqueles hits que derretem a pista, só pra terminar a madrugada num inevitável São João. E o Inferninho desliga suas baterias este mês para voltar apenas em julho, quando comemoramos dois anos da festa numa festa foda que anuncio em breve.

#inferninhotrabalhosujo #hoovaranas #jovita #picles #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 120 e 121

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Hoovaranas e Jovita @ Picles (20.6)

Nessa sexta-feira temos mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Picles, quando reunimos duas bandas instrumentais psicodélicas que estão despontando na cena brasileira. Quem abre a noite é o trio da Zona Leste Jovina, que já tocou na festa mas estreia no palco do Picles, seguido pelos festejados Hoovaranas, que vêm de Ponta Grossa para tocar pela primeira vez na festa. Depois dos shows, que começam às 22h, quem segura a noite madrugada adentro sou eu e minha comadre Pérola Mathias, que está se segurando para não transformar a pista do Picles numa quadrilha de São João. E quem garantir o ingresso antecipado e chegar antes das 21h30 não paga pra entrar. Vamos?

Como foi a festa da entrega dos prêmios de 2024 do troféu da APCA

Na terça desta semana aconteceu a premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte no teatro Sérgio Cardoso, quando os agraciados de todas as categorias contempladas pela associação foram receber seus troféus em público. E durante a categoria música popular, da qual faço parte da comissão julgadora, tivemos a honra de reunir, num mesmo palco, Alaíde Costa (que recebeu o merecido primeiro aplauso de pé da noite), Amaro Freitas, os grupos Black Pantera e Boogarins, representantes dos Racionais MCs e de Hermeto Pascoal e os autores do disco Maria Esmeralda, que aproveitaram a oportunidade para apresentar uma das músicas do disco (a excelente “Todo o Tempo do Mundo”) ao vivo. Além de mim também participam da comissão de música popular Adriana de Barros (Mistura Cultural), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Times Brasil), Guilherme Werneck (Canal Meio), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto).

Assista abaixo:  

Os 20 discos mais importantes desde 2020

Meu camarada Carlos Albuquerque, o bom e velho Calbuque, está na equipe da recém-lançada edição brasileira da clássica revista norte-americana Esquire, que chega impressa ao Brasil em edições especiais. E no primeiro número, ele organizou uma enquete com um júri da pesada incluindo jornalistas, executivos da indústria e artistas (este que vos escreve incluso) para descobrir quais são os 20 discos mais importantes desde 2020 até hoje e o resultado (que pode ser visto abaixo) está nas bancas com um texto de apresentação do próprio Calbuque.

Veja abaixo:  

Debutantes no Picles

Mais um Inferninho Trabalho Sujo daqueles, este com a vantagem de trazer duas ótimas bandas em ascensão que nunca haviam pisado no palco do nosso querido Picles. A noite começou com a banda Morro Fuji, diretamente do ABC, mostrando que está em ponto de bala, com canções redondinhas, boa dinâmica entre seus integrantes e uma presença de palco magnética, mostrando-se como mais uma das novas bandas da cena pós-pandêmica que engrossa a sensação de nova geração que vem se firmando, cuja base rock confunde rock clássico com indie rock e o senso melódico conversa tanto com o pop brasileiro dos anos 80 e 90 e a MPB mais elétrica. E avisaram que tem disco programado pra esse ano, vou ficar de olho…

Depois do Morro Fuji foi a vez da ótima Miragem, que já havia tocado em outra edição do Inferninho Trabalho Sujo mas nunca tinha ido ao palco do Picles. E a banda sonhada pela guitar heroine Camilla Loureiro fica mais intensa a cada nova apresentação, desta vez transformando-se em um quinteto graças à efetivação da ex-diretora de clipes da banda Mariana Nogueira como tecladista da banda. Mas o foco e a força da banda expandem a partir de sua principal compositora e guitarrista, multiartista que faz os clipes de animação da banda e trajava uma camiseta com a capa do disco de estreia do grupo lançado no ano passado, Muitos Caminhos Prum Lindo Delírio. O álbum, esse estranho e atrativo alienígena que soa tanto faz o grupo soar como uma banda de rock brasileiro dos anos 80, uma banda prog cabeçuda, um grupo pós-punk e uma banda de rock psicodélico clássica ao mesmo tempo, às vezes na mesma música, torna-se ainda mais pesado e dinâmico ao vivo e os outros três integrantes – o guitarrista Gustavo Esparça, o baixista Rafael Biondo e o baterista de Lucas Soares – fazem o grupo soar à altura – e voar além – dos delírios de sua compositora, que sempre deixa todo mundo de queixo caído quando sola sua guitarra. Mais um showzaço do grupo, deixando tudo a postos pra que eu e Pérola viajássemos na discotecagem, metamorfoseando a pista do Picles em ambientes completamente distintos a cada parte da noite, misturando todo tipo de vibe (latina, dance, psicodélica, roqueira, R&B ou brasileira) no mesmo astral incansável! E semana que vem tem mais Inferninho!

#inferninhotrabalhosujo #miragem #morrofuji #picles #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 047 e 048

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Miragem e Morro Fuji (28.3)

A próxima edição do @inferninhotrabalhosujo acontece nessa sexta-feira, no lendário Picles, quando convido as bandas Miragem, esta tocando pela segunda vez na festa e comemora o lançamento do clipe “Eterna Distração”, e Morro Fuji, que faz sua estreia no Inferninho ao lançar o single “Cores e Luzes”, para dividir o palco antes de eu começar a discotecar madrugada adentro, desta vez com a comadre Pérola Mathias, que ajuda a esquentar a pista do caótico e amado sobrado no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros. Os ingressos antecipados podem ser comprados mais baratos aqui.

Mercado independente, internet, tecnologia digital e o impacto nos livros sobre música do século 21

E para encerrar o curso Bibliografia da Música Brasileira que estamos dando no Sesc Pinheiros nesta quarta-feira, eu e Pérola falamos de movimentações extramusicais que mexeram não apenas na produção musical brasileira da virada do século como impactaram nas publicações deste mesmo período. Voltamos para o início dos anos 80 para mostrar como São Paulo começou a protagonizar uma mudança na produção quando casas de shows como o Lira Paulistana e lojas de discos como a Baratos Afins começaram a lançar artistas rejeitados pelas gravadoras multinacionais – que trabalhavam cada vez mais em bloco, forçando sucessos comerciais na marra -, criando, sem perceber, o mercado independente. Este foi ágil em perceber o potencial da internet e abraçou a rede desde o primeiro momento, bem como as novas tecnologias digitais, que permitiam que mais artistas tivessem como gravar seus discos e distribuí-los. Essas transformações também mexeram no mercado editorial e sua abordagem em relação à música no período, com a consolidação de novas editoras independentes, o surgimento de autores que começaram a publicar textos e livros online e a facilitação do acesso aos livros seja em PDFs piratas ou em livros digitais gratuitos. É sempre bom ministrar esse curso, pois além de um mergulho na história da nossa música, também mostra como os livros que contam essa história apenas refletem as características – políticas, estéticas e estruturais – de diferentes períodos dessa trajetória. Já estamos com vontade de dar mais aulas! (📷: @sescpinheiros)

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E tudo se expande no final do século

Retomamos eu e Pérola nesta quarta-feira o curso Bibliografia da Música Brasileira que estamos ministrando no Sesc Pinheiros e depois de falar da genealogia da MPB, chegamos ao final do século 20, quando o rock brasileiro dos anos 80 inicia um processo de descentralização da música do país que ecoa em outras praças e outros gêneros musicais, como a axé music de Salvador, o sertanejo do interior do país, a lambada de Belém do Pará e a música eletrônica, o rap e o pagode paulistano, que aos poucos preparam o terreno para a expansão ainda maior, que acontece a partir da chegada da internet, assunto para a próxima aula, a última deste curso. (📷: @onlyfarelos)

#bibliografiadamusicabrasileira #sescpinheiros