Lembra que semana passada eu falei que o The Smile, projeto paralelo de Thom Yorke e Jonny Greenwood, ia promover sessões de cinema pelo mundo para divulgar seu próximo disco, Wall of Eyes, e que eles não haviam incluído o Brasil na lista? Pois esse problema foi resolvido pelo Cineclube Cortina, que conseguiu colocar São Paulo na lista de exibições do grupo, na mesma segunda-feira 22 de janeiro em que o filme passará em Paris e em Tóquio. A sessão inclui clipes do Smile e do Radiohead dirigidos por Paul Thomas Anderson, além da possibilidade de ouvir o disco, que sai só no dia 26, quatro dias antes do lançamento. Além do disco e da sessão audiovisual (que também inclui imagens do trio em estúdio, também filmadas pelo PTA), ainda haverá merchandising inédito do grupo à venda, desde camisetas, cassetes e até um fanzine. Ainda não há informações sobre venda de ingressos, mas a sessão já está no site oficial do Smile e deve ser por lá que o link pra comprar os ingressos antecipadamente deve surgir.
Acabou de sair, de surpresa: um teaser perfeito para segunda temporada de uma das melhores séries no ar atualmente que nem anuncia a tão esperada data de estreia, mas cutuca uma de suas questões centrais, que também funciona como uma boa provocação para começarmos o ano novo (e assistir à primeira temporada de Severance a tempo): você sabe o que faz?
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O Rodrigo Ortega me chamou e eu falei sobre o tempo que convivi com o PC Siqueira pro Estadão.
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Chocado com a noticia da morte do PC Siqueira. Convivi bastante com ele, escrevemos um livro juntos e há tempos não conversava com ele, que sempre se esquivava quando o chamava. Tanta coisa pra falar sobre ele agora, mas nem consigo pensar direito… Que merda…
Finalmente sai de cena um dos maiores criminosos de guerra do século passado. Já vai tarde.
Transcendental o Anganga que Cadu Tenório e Juçara Marçal fizeram nesta terça-feira no Centro da Terra. Trazendo cânticos de trabalhadores escravizados que foram recuperados no início do século passado, os dois atualizaram melodias e versos seculares para a cacofonia do século 21, com Cadu disparando bases industriais para Juçara soltar sua voz de forma lírica e abstrata, conversando com a luz detalhista, por vezes quase impressionista e outras quase na penumbra, desenhada por Cristina Souto. Fisgando o público na veia, era possível ouvir um silêncio quase milenar, que parecia pairar sobre aquele ritual.
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Enorme satisfação de receber pela primeira vez a dupla formada por Juçara Marçal e Cadu Tenório, que apresentam sua obra Anganga nesta terça-feira no Centro da Terra. O espetáculo foi inspirado nos vissungos (cantos de trabalho) resgatados pelo linguista Aires da Mata Machado Filho nos anos 1920 em São João da Chapada, município de Diamantina em Minas Gerais, em 65 partituras publicadas no livro O Negro e o Garimpo em Minas Gerais. Essas partituras transformaram-se num disco chamado O Canto dos Escravos, gravado em 1982 por Clementina de Jesus, Geraldo Filme e tia Doca da Portela. São esses cantos que Juçara e Cadu revisitam desconstruindo-os eletronicamente em uma versão ainda mais pesada do que suas versões originais. O espetáculo começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos disponíveis neste link.
E com enorme satisfação vamos repetir a versão que Paula Rebellato e seus compadres fizeram para o fabuloso Desertshore, da Nico, em mais uma edição do Trabalho Sujo Apresenta no Cine Belas Artes. A vocalista, musicista e compositora Paula Rebellato homenageia a musa do Velvet Underground, a cantora alemã Nico. Depois de uma bem sucedida temporada no Centro da Terra, a vocalista, musicista e compositora Paula Rebellato propôs uma versão na íntegra para o clássico gótico que a cantora alemã Nico lançou no início de sua carreira solo, em 1970. Desertshore foi produzido pelo ex-companheiro de banda John Cale e por Joe Boyd, produtor dos principais nomes do folk inglês daquele período, e juntos os dois abriram caminho para Nico desbravar suas canções que ao mesmo tempo são gélidas e calorosas. Paula, que fez parte do seminal grupo Rakta, toca no grupo de krautrock Madrugada e é uma das proprietárias do Porta, uma das principais novas casa de show de São Paulo, convidou três músicos a ajudarem num mergulho ainda mais hipnótico e eletrônico. João Lucas Ribeiro (do grupo Muddy Brothers, na guitarra), Mari Crestani (integrante do grupo Bloody Mary Une Queer Band e da banda Herzegovina, no sax, guitarra e baixo) e Paulo Beto (líder do grupo Anvil FX, sintetizadores e sequenciadores), levando as canções do clássico disco, como “Janitor of Lunacy”, “The Falconer” e “Mütterlein” para o território da música ambient e industrial, expandindo a experiência sonora do disco a partir de seus próprios moldes e características individuais. A apresentação acontece no dia 28 de novembro a partir das 21h e os ingressos podem ser comprados neste link.
Dois mestres da música contemporânea paulistana, Rômulo Froes e Rodrigo Campos são compadres e parceiros de outros carnavais, mas resolveram trabalhar juntos numa mesma obra e se reuniram para registrar composições conjuntas no disco em parceria Elefante, safra de sambas desesperançosos que cruza as respectivas escolas de cada um de seus autores, que conversam com a mesma fluência que seus timbres de voz. Além das vozes, Ròmulo toca violão enquanto Rodrigo divide-se entre o violão, o cavaquinho e diversos instrumentos de percussão, além de contar com as presenças pontuais de velhos camaradas, como o sax de Thiago França, o contrabaixo acústico de Marcelo Cabral e a voz de Anna Vis, que surgem em algumas faixas para equilibrar – ou desequilibrar, dependendo do momento – o peso dos dois. Elefante é um disco urbano que decanta a cidade em versos nada confortáveis: “O caminho do exílio é vazio de alucinação”, “cada corpo é chama e chaminé”, “a bandeira dessa morte eu não vou tremular”, “como se viesse do futuro pra avisar que tudo já morreu”, “quando canto eu não essa voz”, “muda a rua, muda o chão, Não muda a cidade”, “aqui do alto não se vê o rio e a marginal, mas há de ter um novo amor e banca de jornal”, “o verso perdido no tempo trazido no vento mil anos depois”, “já morri nos meus pais” e “a cidade sou eu, não sou eu”. Será lançado nessa sexta-feira, mas os dois o adiantam em primeira mão para o Trabalho Sujo.
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“Cá estou, mais perto da sarjeta do que nunca. A passarela da fama de Hollywood, o primeiro lugar que eu vim quando cheguei em Los Angeles, depois dirigir através do país com David Lockery. Eu saí do meu carro em 1970, na esquina das ruas Hollywood e Vine e saí atravessando a rua até ganhar uma multa por atravessar na rua fora da faixa de pedestres, minha primeira, e nunca mais olhei para trás”. comemorou John Waters nesta segunda-feira, quando foi entronizado à eternidade do cinema norte-americano ao ter sua estrela da famigerada calçada da fama de Hollywood.
Ele dedicou a condecoração aos seus falecidos pais: “Pat e John Waters, que, apesar de ficarem horrorizados com meus primeiros filmes, e alguns dos mais recentes também, me encorajaram a continuar porque acho que eles devem ter pensado o que mais que eu poderia fazer além de estar no showbusiness?”
E depois de agradecer nominalmente diversos amigos – não apenas do cinema -, ele concluiu celebrando a atração turística da qual faz parte. “Passarela da fama de Hollywood, você é demais e espero que os rejeitados do showbusiness mais desesperados passem por aqui por cima de mim e sintam alguma espécie de respeito e força. Os esgotos deste boulevard mágico nunca secarão a sarjeta da minha gratidão, os detritos da minha carreira ou o desperdício da apreciação de Waters. Obrigado Hollywood, desta vez eu finalmente fui para além do vale das bonecas”, citando o clássico trash de Russ Meyer, com roteiro do crítico Roger Ebert, um dos pilares de sua formação. E ainda deu a deixa que, de repente, ano que vem, teremos a estrela de Divine, musa e estrela de sua maior obra, o infame Pink Flamingos.
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