Paranoia

Retomamos nossa sessão de jornalismo-fumaça na bifurcação entre Barbie e Oppenheimer e, depois de descobrir que nenhum de nós três havíamos visto nenhum dos dois filmes, descemos o desfiladeiro do The Doors guiado por Oliver Stone para chegar no vale do Conan que faz Tomate lembrar que voltou à academia, Vlad traçar um paralelo com o maconheirismo e eu misturar isso tudo com kardecismo e surrealismo. Daí partimos para o fim da contracultura, o antônimo de FOMO, as mudanças no Twitter, uma dieta de filmes de super-herói, o Hot Wheels do Lars Von Trier, cinetistas monstruosos, novos causos roleiros, o dia do Batman, bombas em bancas de jornal, os contemporâneos do Mussolini, Bloody Hell in America, a ansiedade provocada pelas redes sociais, grandes polêmicas que não duram 24 horas e como as grandes fortunas brasileiras começaram na escravidão ou na ditadura militar dos anos 60.

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Para encerrar as comemorações do seu primeiro aniversário, o Cineclube Cortina exibiu o Bacurau de Kleber Mendonça Filho sob o efeito de um poderoso psicodélico: um show dos Boogarins, que toparam o desafio de fazer a trilha sonora ao vivo para o filme de 2019. E qual foi a minha surpresa quando em vez de simplesmente criar uma trilha nova ou de improvisar em cima das cenas, o grupo goiano preferiu costurar suas próprias canções com momentos de viagens instrumentais, realçando algumas falas do filme enquanto elas aconteciam (função que ficou a cargo do guitarrista Benke Ferraz, que aumentava o volume dos diálogos em alguns momentos-chave da apresentação). Não sei se vão repetir esse evento, mas deveriam, pois o grupo conseguiu misturar seus próprios temas com os do filme de maneira muito sagaz – o filme foi pontuado pelas variações de “Lá Vem a Morte”, o herói Lunga é apresentado ao som de “João 3 Filhos” e o “Bichos da Noite”, de Sérgio Ricardo, foi revisitada em outras passagens, com mais de duas horas de transe goiano no pleno sertão verde nordestino. Uma noite histórica, que ainda viu o público do Cortina sentar-se no chão voluntariamente para que todos assistissem bem o filme.

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O quanto a ascensão da extrema-direita neste início de século 21 está ligada à popularização das redes sociais? Na nova edição de nosso programa sobre política internacional, eu e Tomaz Paoliello conversamos sobre como esta não é uma novidade recente e falamos sobre como novas tecnologias, em diferentes momentos da história do século passado, ajudaram a reforçar noções radicais de conservadorismo político que acabaram gerando diferentes formas de fascismo em vários países do mundo e como isso também está ligado ao crescimento de religiões xiitas que rezam na mesma cartilha desta corrente política troglodita.

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Mais uma temporada de Black Mirror e…? Cadê a crítica à tecnologia digital? Episódios que se passam no passado? Como assim Red Mirror? A aclamada série de Charlie Brooker é uma das principais obras deste século e seu impacto em nosso dia-a-dia pode ser medido a cada nova temporada. Mas os cinco episódios lançados em 2023 abrem possibilidades que expandem ainda mais a capacidade de nos surpreender e chocar, características da série. Aproveitando este novo lançamento, eu e o André Graciotti abrimos mais uma sessão do Cine Ensaio para saber se Black Mirror ainda é muito Black Mirror…

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Mais um DM gravado sem pauta pré-definida, fazendo com que eu e Dodô Azevedo saiamos do frio deste inverno que sempre gostamos de falar mal para a morte de Zé Celso Martinez Corrêa e sua relação com São Paulo, daí para a greve dos roteiristas e atores nos Estados Unidos, o filme novo de Kleber Mendonça Filho, a série do The Weekend, a importância do erro e da imperfeição, como os serviços de streaming e os aplicativos de entrega e transporte fazem a mesma coisa com as pessoas, citando 2001, John Carpenter, o novo Indiana Jones, a força do teatro e a outra série do Donald Glover.

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Retratos Fantasmas, o quarto longa metragem do pernambucano Kleber Mendonça Filho, é uma ode ao cinema, ao cinema de rua e mais especificamente ao cinema de rua do Recife. O filme estreia no próximo dia 24 de agosto e confronta a triste situação das salas de cinema que viraram estacionamento ou igrejas neopentecostais, com a relação comunitária entre os frequentadores deste templo e o papel civilizatório destes estabelecimentos que parecem estar com os dias contados. O próprio diretor coloca-se em cena, deixando o filme naquele limite tênue entre ficção e documentário, que conversa com outro ótimo filme deste século, o Breve em Nenhum Cinema, que Kiko Dinucci lançou em 2015.

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Panteras, formigas, zebras, aranhas, crocodilos, abelhas, hienas, leões.. Letrux abriu a jaula das faixas de seu terceiro disco, que lança nessa sexta-feira, entregando o mundo animal que pauta Letrux Como Mulher Girafa, entregando inclusive a participação especial do álbum, Lulu Santos. E entre as canções inteiras, pequenos intervalos que funcionam como ensaios meio making-of de momentos mais intimistas entre os integrantes da banda, num disco que brinca de parecer frágil para não entregar toda sua força de cara (minha favorita é “Louva Deusa”, com as gaivotas que antecedem um verso que vai fazer todo mundo se identificar). Aproveito a deixa para ressuscitar uma matéria que fiz pro site da UBC quando ela estava lançando o ótimo Aos Prantos, lançado no fatídico 13 de março de 2020 que nos arremessou num dos abismos (o pandêmico) que caímos nos últimos anos. A pauta abordava a forma como a cantora e compositora carioca lidava com as redes sociais, ao mesmo tempo em que o então novo disco tocava em feridas que se tornariam ainda mais densas à luz daquela nova realidade que nem sabíamos que enfrentaríamos (a entrevista foi feita antes do lançamento do disco). Daí o assunto da conversa com Letícia ter sido estranhamente premonitório, pois conversamos sobre saúde mental e o uso das redes sociais.

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Um novo Futurama

Não sei o que é mais impressionante: o fato de ninguém ter notado o quanto Futurama fez falta nos últimos dez anos ou que o segundo desenho animado mais conhecido de Matt Groening estar voltando ao ar como se nada tivesse acontecido. O serviço de streaming Hulu encomendou 20 novos episódios da série estrelada por Fry, Bender e Leela no início do ano e acabou de liberar o trailer da nova – a décima primeira – temporada do desenho, que estreia no próximo dia 24 e terá dez episódios, o que nos faz supor que a décima segunda temporada já está sendo produzida. O desenho estreou em 1999 e é uma extensa e hilária crítica à ideia de que o futuro é brilhante e que a tecnologia é nossa redentora. Pelo trailer, o desenho parece querer tirar o atraso dos anos sem o seriado com piadas sobre temas já manjados como criptomoedas e testes de covid, mas só o fato de termos seus episódios de volta nos faz dar um desconto para que seu universo em suspensão possa voltar a se realinhar com o nosso. Mesmo sem a popularidade dos Simpsons, a obra mais conhecida de seu criador, Futurama é mais complexo e certeiro que o seriado da família amarela (“não é ficção”, brincam seus autores desde o primeiro episódio, quando levam um jovem do final do século 20 para o ano 3000) e sua volta deve ser celebrada, abrindo uma nesga de esperança que o mundo possa voltar aos trilhos que parecem ter evaporado a partir de 2013.

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Retomamos nosso DM depois de algum tempo distantes – e você sabe que isso é só combustível pra mim e pro Dodô falarmos sem parar. Os assuntos vão desde o frio que paira sobre Rio e São Paulo à turnê de reencontro dos Titãs, passando por documentários que assistimos no In Edit e a nova temporada de Black Mirror, sem esquecer de comentar que ainda estamos numa pandemia e que é preciso se vacinar.

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Demorou mas cá estamos de volta e entre elocubrações sobre música instrumental, a cena do Lauren Canyon, sommerliers de conflitos, o manual do espião analógico, a identidade real de Shakespeare, a volta da baixa fidelidade, a contracultura dos anos 60, Capital Inicial tocando Hojerizah, discotecas para exibir para os outros, Miles Davis e dub, a volta dos Titãs, a criação da personalidade pública pop, o fim da reclusão, nouvelle vague, filmes de arte(s marciais) e a inclusão da não-montagem de presépio no LinkedIn, eu, Tomate e Vlad – os últimos usuários do Zoom – deixamos o verbo correr cada um de sua cidade para questionar as relações trabalhistas entre o Homem-Morcego e seu mordomo.

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