
Vocês viram esse absurdo? Quarenta anos depois de chocar as viúvas da ditadura com a infame e jocosa canção punk natalina “Papai Noel Velho Batuta”, o seminal grupo Garotos Podres foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por “ofensa religiosa” (como se Papai Noel estivesse na Bíblia!), como eles mesmos divulgaram, de forma indignada, em sua conta no Instagram. Eles aproveitaram para mostrar um clipe novo que fizeram desta que já é, faz tempo, um hino do punk brasileiro, atualizando a música com elementos do século 21 – do presidente dos EUA a um zumbi que insiste em não querer morrer. Tomara que essa história não prossiga, todo o apoio aos Garotos Podres!
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Eis o trailer de Breakdown 1975, documentário de Morgan Neville que mostra como o meio da década de setenta foi um ano crucial para o cinema produzido nos EUA, quando os estúdios cederam à nova geração de cineastas – todos influenciados pelo cinema europeu e asiático da década anterior – e deixaram eles fazerem os filmes que queriam. Assim, 1975 assistiu ao lançamento de obras-primas que eram socos no estômago, além de abandonar regras tidas como pétreas da indústria do cinema daquele país. E assim surgiram Tubarão, Rede de Intrigas, Todos os Homens do Presidente, Nashville, Taxi Driver e Um Estranho no Ninho, entre outros, todos desafiando convenções e desenhando um novo estilo de se fazer cinema, ao mesmo tempo em que diagnosticavam a paranoia psicótica que havia se tornado o dia-a-dia daquela década, quando o sonho americano revelou-se um pesadelo e o cinismo ultrapassou o otimismo dos anos 60 como principal tônica do período. Mais do que um documentário em si, o filme é um ensaio sobre a mudança de narrativa desta mídia cuja indústria quase falira anos antes para ser reinventada com sarcasmo, ironia, mau humor e sem medo de encarar o abismo que os EUA começaram a se revelar. Neville é conhecido por ótimos documentários sobre música (em especial 20 Feet from Stardom sobre vocalistas de apoio de artistas clássicos e o belo Keith Richards: Under the Influence sobre o guitarrista dos Rolling Stones) e o Breakdown 1975 vai ser lançado pela Netflix agora mesmo, no próximo dia 19.
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A primeira exibição do documentário de mentira The Moment, que Charli XCX fez sobre seu momento Brat no ano passado, acontecerá no início do ano que vem, quando o filme dirigido por Aidan Zamiri estreia no festival de cinema de Sundance, nas cidades de Park City e Salt Lake City, nos Estados Unidos, que acontece a partir do dia 22 de janeiro de 2026. O filme, criado a partir da pressão para fazer um filme sobre a turnê, explora o lado irônico e cínico de se fazer tanto sucesso e o trailer final do documentário falso foi lançado aproveitando esse anúncio. O filme, que ainda conta com Kylie Jenner, Alexander Skarsgard, Rachel Sennott, Rosanna Arquette, Shygirl e A.G. Cook, entre outros, no elenco, chega aos cinemas dos EUA no dia 30 daquele mesmo mês e não tem previsão de lançamento no Brasil. The Moment é um dos três filmes com Charli no elenco (além dos outros quatro que ela está envolvida) que estreará no festival, cuja próxima edição é a primeira depois da morte de seu fundador, Robert Redford: The Gallerist, filme sobre o mercado de arte com Natalie Portman e Jenna Ortega, e I Want Your Sex, de Gregg Araki.
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A noite de hoje é menos sobre nostalgia e mais uma reafirmação da importância da resistência, do protesto e da recusa de ser silenciado”, disse Bobby Gillespie no início do show que seu Primal Scream fez nesta segunda-feira, na Roundhouse londrina. Depois de uma avassaladora passagem pelo Brasil, o grupo encerrou sua temporada de shows de 2025 na Inglaterra, celebrando o quarto de século de seu disco mais político, XTRMNTR. Lançado no ano 2000, o disco só foi tocado na íntegra no ano de seu lançamento, em apresentações no Reino Unido, e 25 anos depois voltou a ser celebrado fazendo o grupo recuperar músicas que não tocava ao vivo desde aquela época (caso de “Keep Your Dreams,” “Insect Royalty” e “MBV Arkestra (If They Move, Kill ‘Em)”). Além destas, o grupo ainda visitou “Blood Money” (que não tocava desde 2001), “Shoot Speed/Kill Light” (pela primeira vez desde 2018), “Accelerator” (fora dos shows desde 2019) e “Kill All Hippies” (que tocou pela última vez em 2021), além de ter tocado uma versão para “Swastika Eyes” que causou confusão na Inglaterra ao exibir imagens de diferentes políticos estrangeiros que, ao se posicionar a favor de Israel no conflito da região da Palestina, apareceram com suásticas dentro de estrelas de Davi nos olhos. O aniversário do disco coincide com dois momentos distintos de dois personagens centrais em sua história, pois o lendário baixista inglês Gary “Mani” Mounfield acaba de partir para o outro plano, enquanto o guitarrista Kevin Shields vê seu My Bloody Valentine ser redescoberto em grande estilo com shows ensurdecedores. Depois de tocar o disco na íntegra, o grupo escocês voltou para um bis que incluía “apenas” “Jailbird”, “Loaded”, “Movin’ On Up”, “Country Girl” e “Rocks”. Resta saber se vão seguir comemorando o disco em 2026 em turnê mundial, o que faria muito sentido, dado o tenso momento político que o planeta atravessa.
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Sem dar notícias desde que transformou seu Selected Ambient Works Volume II de 1994 em uma caixa para comemorar o aniversário de 30 anos do disco, Aphex Twin soltou duas versões de uma mesma música nova em sua conta no Soundcloud sem dar muitos detalhes, como de praxe. Anunciando apenas que estava na Itália com seu amor da Sicília (que seus fãs descobriram ser a diretora italiana Cordelia Angel Clarke) e usando uma foto dos dois na praia para mostrar a vibe de “Zahl am1”, lançada com uma versão tradicional e um mix ambient. A faixa tem esse nome pois foi criada na mesa de som Zähl, que ele também usou para mixá-la. “Precisava de sol, está chovendo demais no Reino Unido”, escreveu na descrição das músicas, “mixei no Zähl, mas acho que tem mixagens melhores, vou subi-las se as encontrar.” Então segura!
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Depois de 16 anos sem lançar disco novo, o Cure finalmente atendeu à espera dos fãs no ano passado, quando lançou o soberbo Songs of a Lost World no início de novembro do ano passado. No mesmo dia do lançamento, fez um show para três mil pessoas na casa de shows londrina Troxy e lançou o vídeo no YouTube para os fãs de todo o planeta na mesma semana, na única apresentação em que tocaram o longo disco do ano passado na íntegra. E agora eles aumentam ainda mais a escala desse show ao transformá-lo em um documentário que estará nos cinemas do planeta a partir do dia 11 de dezembro. The Show of a Lost World já está com ingressos à venda e vai passar em várias cidades do mundo – inclusive em várias no Brasil. Confira aqui e assista ao trailer abaixo: Continue

Recém-acolhido por Kleber Mendonça Filho, que o colocou para atuar em filmes como Bacurau e o novíssimo O Agente Secreto, o alemão Udo Kier, que morreu neste domingo, tem uma longa ficha corrida na história do cinema tendo atuado em mais de 200 filmes e trabalhou com nomes tão diferentes quanto Dario Argento (no clássico Suspiria), Andy Warhol e Paul Morrissey (nos filmes Carne para Frankenstein e Sangue para Drácula), Gus Van Sant (Garotos de Programa). Fassbinder, Herzog, Von Trier e até no filme de Madonna, Sex.

Muito bom reencontrar os irmãos Cavalera canalizando a energia que, triinta anos atrás, mudou a história da música pesada antes do show do Massive Attack na quinta passada. Muitos questionaram o fato do próprio grupo inglês ter escolhido Max e Iggor Cavalera para abrir sua única apresentação em São Paulo, mas como viu-se no show do Massive Attack logo em seguida, o impacto do volume alto – cossanguíneo do metal dos irmãos mineiros – foi uma das tônicas da noite. Acompanhados de Igor Amadeus (o filho de Max cujo batimento cardíaco ainda no útero abre o disco homenageado no show, o fundamental Chaos A.D., de 1993) no baixo e Travis Stone na guitarra solo, os Cavalera mostraram porque são uma instituição do metal mundial – e, como disse ao início, é bom revê-los juntos fazendo o que sabem melhor: Iggor descendo o braço metronomicamente como um dos maiores bateristas do gênero e Max transbordando carisma gritado, incendiando o público com um vocal absurdamente intacto, em seus clássicos “Refuse/Resist”, “Slave New World”, “Biotech is Godzilla”, “Propaganda”, “Territory” e “Manifest”. Infelizmente o show foi encurtado devido a um atraso da produção, o que nos privou de ouvir a versão do grupo pra “Sympton of the Universe” do Black Sabbath, que eles vêm tocando nesse show, mas ao menos pudemos ouvir “Roots Bloody Roots”, do disco seguinte do grupo, de 1996, pra fechar o repertório no talo.
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“Elegante e brutal”: a descrição que John Cale fez no pacto com Lou Reed para criar o Velvet Underground, descrita no documentário com o nome da banda dirigido por Todd Haynes em 2021, mexeu com Charli XCX a ponto de, quando foi convidada para compor uma das músicas da trilha sonora da nova versão para o cinema de O Morro dos Ventos Uivantes (dirigida por Emerald Fennell, o mesmo de Saltburn), ela chamar ninguém menos que o próprio Cale para trabalhar junto. A descrição também serve para “House”, música que marca sua nova fase cinematográfica (ela está envolvida em oito – ! – longa metragens, além de ter hypado sua conta no Letterboxd) e que ela revelou essa semana e que consagra sua parceria com o mestre do Velvet Underground e que é o avesso de sua fase dance, eternizada com o Brat que marcou o ano passado. Fino demais.
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O superlativo Chaos A.D., clássico do heavy metal mundial feito pela banda brasileira Sepultura, ganha duas novas leituras ao ser revisitado pelos irmãos Cavalera na abertura do show que o Massive Attack faz no Brasil e pelo compadre Vina Castro, que assina o novo volume da coleção Livro do Disco da editora Cobogó sobre essa joia de 1993 do som pesado. Conversei com Vina e com Max Cavalera sobre a importância do álbum em mais uma colaboração que faço para o jornal Valor Econômico. Continue