Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Um mundo sem David Bowie

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Escrevi lá no meu blog no UOL como, após a morte de Bowie, passamos a viver em um mundo mais careta, menos cool, menos sexy, mais chato

“I’m feeling very still”

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Bowie via Peanuts, via This Isn’t Happiness.

David Bowie (1947-2016)

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David Bowie morreu pacificamente hoje cercado por sua família após uma batalha corajosa de 18 meses contra o câncer. Enquanto muitos de vocês compartilharão sua perda, pedimos que respeitem a privacidade da família nesta hora de luto“.

Puta merda : (

Simpsons 2016 como se fosse 1986

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Os Simpsons começaram 2016 fazendo um tributo de altíssimo calibre à estética vintage 80s, misturando Miami Vice, Super Máquina, filmes que passavam no Super Cine e até Tron numa daquelas cenas de abertura com o sofá de entrar para a história.

E tem quem insista que os Simpsons já tiveram dias melhores…

A primeira festa da Easytiiger em São Paulo

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Em uma das Noites Trabalho Sujo do ano passado, um trio apavorou a pista preta ao misturar dance music e indie rock na mesma pegada – a dupla Sam y Mayo e o produtor Carlos Costa debulharam metade da Trackers dando um aperitivo de um novo selo paulistano, o Easytiiger Records. Fundado pela dupla Sam y Mayo – Guto Nunes e André Palugan, que também são dois terços da festa em vinil Puro Sulco -, o selo também conta com o produtor curitibano André Sakr (ex-E.S.S.) no comando e começam os trabalhos em 2016 fazendo sua primeira festa em São Paulo, a Fábrica, que acontece neste sábado, nos Jardins, em São Paulo (mais informações na página do evento no Facebook).

“Essa é a primeira festa do selo, mas não somente com a galera do selo”, me explica o intagueável André Palugan, dessas raras pessoas que não têm conta no Facebook. “A ideia era realmente armar uma festa legal, que representasse o som e a vibe que a gente gosta, e que por enquanto não tem periodicidade nem local definidos – o que eu posso dizer é que a gente tá armando muitas coisas legais com uma série de convidados que a gente admira muito, seja bandas ou DJs”, seguindo a vibe do selo. Abaixo, o resto do meu papo com o Palugan, que fala do recente passado e das novidades para esse ano.

Paluga tenta descrever essa vibe: “Uma mistura entre groove torto do Can, pós-punk no naipe do Durutti Column e algumas das mutações da música eletrônica. Às vezes mais disco, às vezes mais kraut, às vezes mais house, às vezes tudo isso. Dar formato e vida às esquisitices também tá no alvo”, explica. Para a primeira festa, eles reuniram o mesmo trio que tocou na Trackers – a dupla Sam y Mayo e o produtor Carlos Costa -, o próprio Sakr, que baixa de Floripa, onde está morando, direto para São Paulo e o convidado gringo San Proper: “Um holandês muito louco e gente fina. A gente escolheu o San pq ele é bem nossa vibe – nem house nem disco nem rock. É uma feliz imprevisão. Os sets dele são nada menos que incríveis, vide o do Dekmantel em 2014”

Conta a história do Easytiiger.
Resumidamente, em 2012 eu abri um tumblr que tinha esse nome – Easytiiger – e comecei a testar minha vontade em escrever sobre coisas legais – mais sobre música -, mas mais por prática da escrita do que por outra coisa. Corta pra 2013, eu e Guto começamos a conversar sobre uma vontade que eu tinha sobre ter um nano selo de música que não fosse só rock ou só eletrônico, e dali demos o start numa pequena ideia: o que viesse a fazer parte, a gente queria lançar fisicamente, mesmo sabendo da dificuldade. A gente veio de uma época que música = vinil e nada mais natural botar no físico as coisas que a gente resolvesse lançar – fazer é um outro problema, mas a vontade é essa. A gente queria entregar, além do som, a experiência que é ter um disco em mãos. Nesse meio tempo surgiu o André, querendo reativar um projeto de longo tempo dele, a Our Gang. Qdo a gente ouviu o single de “People Get Together”, deu um estalo: ‘É isso’. Nesse tempo, o Sakr foi incorporado ao selo e os três respondem pela Easytiiger. Ele tem muita experiência com produção e tá na mesma sintonia fina que a gente.

A criação do selo tem inspiração na atual cena dance paulistana?
Sim e não. Quando a ideia de selo se estabeleceu no tipo de som que a gente queria botar na praça, me veio a cabeça o Sambaloco, que aparentemente tá voltando. Eles eram muito fodas porque botavam coisas legais no radar da época – e essas paradas entravam em circulação e saíam daquele estado pra um bem mais visível. O que a gente quis foi trafegar num espaço que não era nem rock, nem eletrônico absoluto. A facilidade de ter banda e DJs dá essa liberdade, e a gente vai pelo mood mesmo. São Paulo tem selos incriveis, como a Balaclava e os muitos de música eletrônica, mas eles ou se concentram mais em bandas de rock ou em produtores de música eletrônica. A gente queria a mistura das duas coisas, casando com o som que a gente vestiu, digamos assim.

Quais lançamentos que vocês já fizeram até hoje e quais os planos pra 2016?
O que lançamos foi o EP da Our Gang, com dois sons inéditos – “People Get Together” e “Love Song” – e mais dois remixes, uma pra cada. O de “People Get Together” foi feito pela Selvagem e o de “Love Song” pelo Fabo, um DJ foda da cena curitibana que a gente ama. Um segundo remix de “People Get Together” vai ser lançado quando finalmente o vinil der as caras, e vai ser como o bônus online pra quem comprar. Esse remix é assinado pelo Caio Zinni.
No gatilho, de banda temos o Mootron, de Curitiba, e Sue, de São Paulo. Mootron provavelmente single em 7″, com a original e remix. Sue ainda em hold, mas provavelmente um EP. Mootron é mais “eletrônico orgânico”, e o headman é o Lu Frank, de Curitiba. Sue navega entre Portishead e Chromatics, e trás a Suellen no vocal e eu, Guto e Sakr em todo o resto, mas mais como sombra apoiadora. A mina é foda.
Como DJs, tem o Fumio, de Londres, e os trabalhos-solo do Carlos Costa e San Y Mayo, em formato single provavelmente digital apenas, pela facilidade.

Missão sagrada

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A Marvel começa 2016 mostrando o primeiro teaser da segunda temporada do Demolidor, com ênfase religiosa – veja lá no meu blog no UOL.

Como David Bowie escolheu envelhecer

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Mais uma vez, com o novo disco ★, David Bowie reinventa a própria carreira – escrevi sobre isso no meu blog no UOL.

Kendrick Lamar 2016: “You ain’t gotta tell me that I’m the one”

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O rapper Kendrick Lamar entra em 2016 rasgando com a inédita “Untitled 2”, um épico de excesso jazz funk e soul que mostra que seu To Pimp a Butterfly é só o começo de uma longa conversa.

Impressionante. Lembra dele apresentando o medley do disco do ano passado no programa do Colbert?

Vai longe.

Feliz aniversário David Bowie

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Hoje é o aniversário de David Bowie e além do lançamento de seu novo disco, também será celebrado o Baile do Bowie, organizado pela Flavia Durante, que acontece no Cine Joia. O nome deixa claras as intenções da festa – é um baile de carnaval pautado pelos personagens e canções do velho inglês. E além das músicas do deus do rock, a festa também vai tocar músicas relacionadas às diferentes fases de sua carreira. A Flavia descolou dois pares de ingressos para quem quiser ir ao Baile – basta responder aí nos comentários qual é a sua música favorita do David Bowie e por que ela tem que ser tocada na festa de hoje, não esqueça de deixar o email para que eu entre em contato. Conversei com ela sobre a ideia da festa e porque ela acontece no começo de 2016… Mais informações na página do evento no Facebook.

Conta a história do Baile de Bowie? Começou por causa do trocadilho, confessa.
Simmm, hahaha! Na verdade foi porque queria fazer uma festa que reunisse rock, maquiagem e fantasia. Como o universo rock anda muito conservador ultimamente, quis trazer a diversidade de volta unindo a montação das festas drag, a maquiagem e o rock. Os fãs e artistas de rock no Brasil encaretaram muito e esqueceram que a maioria de nossos ídolos na música é gay, lésbica ou bi. A ideia foi lembrar isso e também atrair o público LGBTQ que não quer dançar só pop e música eletrônica na noite. Muitos gostam de rock mas não se sentem confortáveis em ambientes onde possam ser encarados ou ofendidos pelos clientes ou pelos donos das casas noturnas. Fiz uma pequena edição ano passado no Alberta #3 mas dessa vez consegui essa data no Cine Joia bem no dia do aniversário do Bowie, o que vai deixar tudo mais legal ainda!

Como vai funcionar? Só David Bowie? Tem hora da música lenta? Vai ter banda? É por fases? Quem discoteca?
Vamos ter DJs fazendo especiais de Bowie e tocando suas influências, artistas influenciados por ele e artistas contemporâneos. Com a imensidão da obra do Bowie seria bem possível tocar só músicas dele a noite inteira mas vamos variar os sets, até pra quem ainda é iniciante no universo bowieano poder curtir bastante também. Vou abrir e encerrar a pista. Quem também vai discotecar tocar vai ser o Daniel MS, que é um super DJ e muito fã de Bowie, e o pessoal do Bloco Tô de Bowie, uma turma de amigos fanáticos por Bowie que estreiam neste Carnaval em São Paulo. Eles vão fazer um DJ set recheado de Bowie, claro, mas prometem surpresas! Vai rolar também uma performance do Ikaro Kadoshi, que é uma das melhores drags do Brasil. Ele faz um estilo andrógino, tudo a ver com o Bowie.

Pode/deve ir fantasiado? Melhor fantasia ganha premio?
A montação é muito bem vinda mas não é obrigatório! Mas pra incentivar, vamos sortear um par de ingressos pra qualquer show no Cine Joia em 2016, além de alguns exemplares do CD de Blackstar, lançado pela Sony.

Como você tem visto a transformação da noite de São Paulo nos últimos dez anos? Estamos em uma nova fase de ouro da música?
Sou uma eterna otimista, mesmo com quase 40 anos continuo me divertindo muito na noite de São Paulo. Gosto de transitar por diferentes estilos musicais tanto como público quanto como DJ e acho que há lugar para todos. Só não gosto quando surgem várias festas com os mesmos temas, acho que há muita música bacana pra gente se prender só em um só universo. Ou olhar só pros EUA e Reino Unido quando aqui ao lado, na América Latina, existem artistas maravilhosos. Não existe fase de música ruim, é questão de saber procurar direito as fontes.

E SP como um todo, como anda? Acha que a cidade melhorou?
Moro em SP há quase 20 anos e como sou de Santos, sentia muita falta de lugares abertos pra passear ao ar livre. Me sentia muito indo de uma caixa pra outra, da casa, pro trabalho e pra boate. Hoje em dia é difícil ficar em algum lugar fechado no final de semana com tantas opções de festas nas ruas, em terraços, feirinhas, parques e avenidas abertas, então melhorou muito nessa questão de sentir a cidade. Reparem que as pessoas que mais amam suas cidades, como Santos e Rio de Janeiro, são as que costumam explorá-la mais a céu aberto. Talvez o efeito disso só seja sentido daqui a alguns anos mas acho que vai ajudar a fazer com que sintam São Paulo como suas terras tambem, não só lugar de trabalhar, ganhar dinheiro ou de simples passagem.

Walverdes de verão

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“É um disco pesado, Walverdes”, Mini já desconversa de cara. “Mas é verão, achamos que seria bom começar com o dub.” E assim o trio gaúcho azeita as engrenagens para o lançamento de mais um disco, puxado pelo dub “Desconstrução”, lançado em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.

Liderado pelo compadre Gustavo “Mini” Bittencourt, que até o começo do ano passado tocava o falecidOEsquema comigo, o Bruno e o Arnaldo, os Walverdes são uma das principais bandas de rock do Brasil, atravessando décadas carregando a bandeira da formação baixo, guitarra e bateria aliadas às crônicas brasileiras compostas por Mini. Mas o novo disco, que ainda não tem nome mas deve ser lançado ainda no verão, reflete uma nova fase da banda: “Nos últimos anos a gente deu uma desacelerada. Já fizemos bastante coisa, discos, tours, temos família, filhos e trabalho, então agora entramos numa fase de fazer as coisas num tempo e de um jeito próprio. Ainda mais próprio.”

Ele detalha ainda mais o novo disco: “O disco está pronto. São apenas cinco músicas que gravamos de forma espaçada nos últimos três anos. Gravamos as bases ao vivo e depois fomos ajeitando guitarras e vozes. Foi tudo gravado pelo Júlio Porto, que entrou na banda depois de produzir o Breakdance. Ele chamou o Beto Machado pra mixar de novo. Estamos nos últimos acertos pra ver como lançar. Até março lançamos.”

Aproveito para perguntar o que ele tem achado do atual cenário musical brasileiro: “Sem dúvida mais livre e diverso, o que não significa que todo mundo está aproveitando a liberdade e diversidade, né. Às vezes acho que está todo mundo um pouco saturado pelos excessos. Tu mesmo falou num outro papo que tivemos sobre o tédio do excesso. De nossa parte, o que mudou mesmo radicalmente foi o lugar do rock na cultura. Fazemos um tipo de música que tinha um impacto dez anos atrás que não tem mais hoje. Não quer dizer que não tenha público e relevância, mas não é mais a mesma coisa. Isso não muda muita coisa no nosso fazer, muda na circulação, distribuição. Em termos de música, fazemos mais ou menos a mesma coisa das demos dos anos 90 com as naturais evoluções pessoais e musicais.”

Pergunto sobre a necessidade de atingir um público maior e Mini diz que “isso definitivamente não é mais uma questão pra nós”. “Nos organizamos pra disponibilizar a música, pra jogar ela no mundo da melhor forma possível nos parâmetros atuais”, continua. “Mas caçar público não é mais uma questão. Nunca foi muito. Caçar clique e view a qualquer custo essa altura do campeonato seria deprimente. A energia que a gente tem pra isso a gente coloca na música. “