Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Conversei sobre o livro que escrevi sobre o PC Siqueira no Metrópolis que foi ao ar neste domingo (no vídeo abaixo, a partir do minuto 14)…
…e também participei do podcast Papo Torto, que ele mantém no Estadão (dá pra baixar o MP3 do programa no site).
E já já o livro vai ser lançado e devo começar uma turnê com ele por algumas cidades d o Brasil pra divulgar esse PC Siqueira Está Morto.
A dupla paulistana FingerFingerrr está prestes a deixar o status de promessa com seu primeiro álbum, Mar, que será lançado no mês que vem. Produzido pelo Fernando Sanches do Estúdio El Rocha, o disco foi gravado em fita para que o barulho maximalista de Flavio Juliano (que se reveza entre o baixo e a guitarra) e Ricardo Cifas (tecladista e baterista) pudesse preencher todo o espectro sonoro: “O que queríamos desde o começo era gravar o álbum em rolo, que tem uma característica específica de som: é mais quente e tem uma captação de harmônico maior do que gravar de forma digital. Sendo um duo, a gente quer preencher o máximo de espaço auditivo possível”, me explica Flavio. “E também sabíamos que teríamos que gravar tudo ao vivo porque esta fita te dá apenas 30 minutos – exatamente nossa intenção de capturar o momento, o famoso ‘primeiro take’, o que e revela no estúdio um pouco da energia do nosso show. Então reservamos uma semana de estúdio em setembro de 2015 e gravamos. Foi um processo incrível trabalhar lá, nos isolar do mundo pra deixar a criatividade e técnica fluir e focar somente na gravação.”
O resultado é um disco bilíngue pesado e pulsante (com alguns momentos de leveza) e um ar quase alienígena, principalmente por conta dos timbres e da dinâmica entre os riffs e o ritmo. “Mar tem desde músicas que tocamos há algum tempo, como ‘Quem te Convidou?’ até ‘Embora Agora’ que compusemos no estúdio durante a gravação”, explica Cifas. “Trabalhamos muito na pré-produção e mexemos em todo o nosso material. Todos os ensaios e jams que tínhamos registrado foram ouvidos para fechar as músicas e os arranjos. Mas também queríamos uma música do disco totalmente espontânea e feita na hora.” A música “X”, que a dupla antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo (bem como a capa acima, de Daniela Ometto, que também fez a foto da dupla), é uma boa amostra do que esperar do disco. Ela conta com a participação da cantora Luiza Lian.
O disco foi mixado por Mario Caldato (“quando recebemos a resposta no e-mail elogiando o som e perguntando ‘qual seu orçamento e prazo?’, a gente sabia que a porta tinha sido aberta para trabalhar com um ídolo”, lembra Flavio, sobre o contato com o produtor brasileiro dos Beastie Boys) e sai tanto em CD quanto em todas as plataformas digitais no mês que vem. “Em algum momento sai a fita K7 em edição especial, com tiragem limitada e temos planos de lançar também em vinil”, conta Flavio. “Estamos também fechando a ideia e local do show de lançamento – vai ser em um lugar inédito para esse tipo de coisa. Vai ser um show totalmente novo do que temos feito. Estamos repensando todos os detalhes.”
Voltando à ativa no blog do UOL com um mashup que mistura a novela das oito Rei do Gado com o hit da HBO Game of Thrones, saca lá.
Deixando a Casa Branca no final deste ano, o presidente norte-americano Barack Obama fez sua saída extraoficial do cargo na semana passada, ao resumir – em uma jam session de funk lento – os feitos de seus oito anos de mandato. Acompanhado do apresentador Jimmy Fallon e dos Roots, Obama oficializa seu mandato também como o de um presidente preocupado com sua imagem a ponto de descer dos degraus da pompa decadente da política tradicional para tratar o cargo com uma métrica mais atual. Afinal, não é exagero dizer que, seja ocupado por quem for, a cadeira de presidente dos Estados Unidos transforma qualquer um em um dos maiores popstars do mundo – e Obama aproveita a oportunidade com maestria. O que nos leva àquele velho adágio do saudoso Zappa, que a política é o entretenimento do complexo industrial-militar ou dos inúmeros avisos de Aldous Huxley, George Orwell e Alan Moore sobre como o entretenimento é só uma face da política (papos de ópio do povo, pão e circo, você sabe). Essa apresentação de Obama é o futuro da política hoje:
E para a atração musical do mesmo programa não ser completamente ofuscada por Obama, Jimmy Fallon ainda conseguiu Madonna como convidada, voltando a nada menos que “Borderline”, seu primeiro hit, também acompanhada pelos Roots.
O canal de YouTube Escola do Pop encontrou um jeito simples de discutir Foucault: através das Spice Girls!
A edição catalã do festival Primavera foi a primeira parada internacional do grupo pós-rock potiguar Mahmed, que aproveitou a ida ao Velho Continente para fazer mais shows pela Espanha. Além das duas apresentações em Barcelona, o grupo ainda tocou duas vezes em Madri e volta para o Brasil para um lançamento duplo nesta quinta-feira no Sesc Pompeia (mais informações aqui), quando apresentam tanto o EP Ciao, Inércia, gravado na turnê de lançamento de seu primeiro disco, quanto a versão física em CD para seu álbum de estreia, o ótimo Sobre a Vida em Comunidade, do ano passado. A gravadora do grupo me ofereceu um par de ingressos para sortear aqui no Trabalho Sujo. Para concorrer é só dizer aí nos comentários com qual banda o grupo do Rio Grande do Norte deveria fazer uma turnê pelo Brasil e explicar o porque da escolha. Aviso o resultado até a quarta de noite. Abaixo vem uma conversa que tive por email com Walter Nazário e Dimetrius Ferreira, guitarristas da banda, completa com a presença do baixista Leandro Menezes e do baterista Ian Medeiros.
É a primeira excursão de vocês para o exterior. Como tem sido a recepção até agora?
Walter: Tem sido ótima. Em todas as apresentações, tivemos um bom público e a recepção vem sendo muito positiva, é importante para nós levarmos o som a outros públicos e novos lugares. A Espanha é encantadora.
O que acharam do Primavera, como artistas e como fãs de música? Foi a primeira vez que vocês foram ao evento?
Walter: Um evento com uma superestrutura e um line-up absurdo, com certeza esse festival ficará marcado na nossa história como banda. Foram experiências incríveis nos dois palcos que tocamos no Primavera Sound, com boa receptividade e curiosidade do público. Detalhes como receber elogios de alguém que viu o show na fila do banheiro vão marcar essa viagem. Melhor ainda saber que tinha gente de vários países na plateia. Como fãs de músicas, ter a oportunidade de ver uma sequencia de shows como Ty Segall, Andy Shauf, Air, Radiohead, Tame Impala, Alex G, PJ Harvey com os amigos é pura diversão. Foi nossa primeira vez no festival.
Falem sobre esse novo EP, o quanto ele é fruto dessa nova fase?
Dimetrius: Gravamos esses três sons pensando no formato do 7” que vamos distribuir com os colaboradores da campanha que fizemos no Catarse. São pequenos temas seguindo um caminho mais slow da banda, com propostas de afinações diferentes e outras formas de captação. Foi composto entre turnês inéditas que fizemos pelo sul, sudeste e festivais e transmite essa sensação de levitação e movimento constante que marcou os últimos 12 meses da banda.
E como foram os shows fora do festival? Já foram todos?
Dimetrius: Além dos dois shows no festival, já tínhamos nos apresentado na loja de discos Cuervo em Madrid, com todo mundo sentado no chão, numa sala bem intimista, que criou uma atmosfera ótima para o show. Voltamos para Madrid com os parceiros de selo Quarto Negro e Nuven para o último show juntos, na casa Fun House. Foi um prazer tocar com essas pessoas. O Mahmed segue para Girona dia 11, antes de voltar ao Brasil. Estamos ansiosos pra esse ultimo show. Parece um lugar muito bonito e o evento é uma parceria da Balaclava Records, a Idea Géstion Cultural e o Consulado do Brasil em Barcelona.
Alguma novidade para o show desta quinta?
Dimetrius: Teremos a honra de receber no palco o artista paulista Flávio Grão para pintar uma tela junto a banda no palco da Comedoria. Ele fez as capas de todos os nossos trabalhos e de várias bandas do underground brasileiro. Teremos as participações especiais de dois grandes amigos, um dos nossos heróis na guitarra, Fernando Cappi (Chankas, Hurtmold) e de Thiago Klein do Quarto Negro.
Uma trilha para esquentar o cérebro.
Raul Seixas – “Novo Aeon”
O Terno – “Medo do Medo”
Talking Heads – “New Feeling”
The Fall – “Cruiser’s Creek”
B-52’s – “Party Out of Bounds”
Wire – “Start to Move”
Pere Ubu – “Heart of Darkness”
Metá Metá – “Obá Kossô”
Sonic Youth – “Skip-Tracer”
Tiny Fingers – “The Fall”
Young Marble Giants – “Include Me Out”
Fellini – “Massacres da Coletivização”
Doors – “Strange Days”
Stranglers – “Walk On By”
XTC – “Making Plans for Nigel”
Legião Urbana – “A Dança”
Public Image Ltd. – “Swan Lake”
Cure – “One Hundred Years”
Jards Macalé – “Let’s Play That”
Tom Zé – “Mã”
Gilberto Gil + Jorge Ben – “Filhos de Ghandi”
Elis Regina – “Cobra Criada”
Mariana Aydar – “Mamãe Papai”
Nosso encontro mensal de fricção audiófila tem um duplo desafio nesta edição junina, que acontece mais uma vez na torre de captação de boas vibrações localizado no centro do centro de São Paulo. A primeira missão é a convicção plena de que é possível elevar o astral psíquico através da conjunção de fatores que incluem frequências sonoras, movimento corporal, pálpebras semicerradas e espírito regozijado, sempre sob as condições ideias de temperatura e pressão, atingidas sempre consensualmente. Mas este mês especificamente temos um desafio metereológico e precisamos acelerar partículas psíquicas para provar que as baixas temperaturas que invadiram o mês, talvez reflexo da conjuntura baixo astral que paira sobre o país, estão associadas à desesperança que aos poucos se espalha por corações e mentes neste 2016. Por isso a solução encontrada – e o segundo desafio deste sábado – foi aquecer corpos e cérebros com registros sonoros que ativem áreas mentais apagadas pelos acontecimentos dos últimos meses. A programação do seminário mensal desta virada do sábado para o domingo conta, portanto, com a volta do doutor Luiz Pattoli, recém chegado de mais uma experiência paterna, que volta ao auditório azul com suas festejadas hipóteses sobre a vida nudista, completando o simpósio Noites Trabalho Sujo, que durará por toda a madrugada e ainda conta com a presença do ativista de moléculas do prazer Danilo Cabral e o cientista-sênior Alexandre Matias, idealizador do encontro periódico, que traz novas teorias discutidas em seminários recentes que esteve presente nos Países Baixos e na Catalunha. O auditório preto recebe a presença eminente de duas sumidades estudiosas da vida noturna e do impacto sônico no comportamento humano: o papa da eletrônica Camilo Rocha e a antropóloga orgânica Claudia Assef, que apresentam seu consagrado estudo Discology para os sócios de nosso experimento psíquico, uma aquisição que há muito sonhávamos em nossa programação e que calhou de surgir na melhor hora. E fechando o elenco desta noite, temos a volta do professor Wilson Farina, do instituito Heatwave de correção de convicções, que aproveita a data comercial que inicia-se na madrugada do domingo, para apresentar sua seleção de registros sobre o mais intenso dos sentimentos, a paixão, uma das energias básicas de nossos encontros. Contamos com a presença de todos que enviarem os nomes para o correio eletrônico noitestrabalhosujo@gmail.com até às 18h do dia do evento, pois esta é a única forma de garantir sua presença neste ritual de caráter estritamente científico. Uma amostra do que vos espera:
Noites Trabalho Sujo @ Trackers
Sábado, 11 de junho de 2016
A partir das 23h45
No som: Alexandre Matias, Luiz Pattoli, Danilo Cabral (Noites Trabalho Sujo), Wilson Farina (Heatwave), Camilo Rocha e Claudia Assef (Discology)
Trackertower: R. Dom José de Barros, 337, Centro, São Paulo
Entrada: R$ 30 só com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com. O preço da entrada deve ser pago em dinheiro, toda a consumação na casa é feita com cartões. E chegue cedo – os 100 que chegarem primeiro na Trackers pagam R$ 20 pra entrar.
Férias tiradas, cabeça zerada, um monte de vídeos do Primavera pra subir (alguns deles já estão no ar) e muita novidade à vista. Religo o Trabalho Sujo aos poucos a partir de hoje – e neste sábado já tem Noites Trabalho Sujo!