Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Maior prazer em realizar a reunião do grupo carioca Do Amor nesta terça-feira, no Centro da Terra. Sem se encontrar pessoalmente desde antes da pandemia, o clássico grupo independente formado por Gabriel “Bubu” Mayall (guitarra e voz), Gustavo Benjão (guitarra e voz), Ricardo Dias Gomes (baixo e voz) e Marcelo Callado (bateria e voz) sobem juntos no palco pela primeira vez desde 2019, quando mostram tanto músicas de seu recém-lançado disco quanto canções de seus mais de 15 anos de carreira. O espetáculo Problemão Do Amor começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link
Lenda-viva do underground carioca, Tantão já teria seu lugar na história da música brasileira ao fazer parte do clássico Black Future, com quem compôs a obra-prima Eu Sou o Rio. Autor inquieto, sempre esteve à frente de várias iniciativas dentro do campo da arte e atualmente toca sua carreira musical ao lado da dupla Os Fitas, composta por Abel Pinto Duarte e Cainã Bomílcar (a Mari, do selo QTV, explica melhor a importância do cara neste fio no Twitter). Este herói sofreu um AVC no meio do semestre passado e está precisando de ajuda, por isso a Jô criou uma vaquinha online para arrecadar fundos para o Tantão. Ela explica no site em que está organizando a arrecadação: “Tantão teve um AVC em maio, que só foi diagnosticado em junho, e ainda assim este diagnóstico não está totalmente fechado. Pra isso, precisamos de consultas, exames e o que vier pela frente: fisioterapia, fono e remédios. Começamos a fazer um orçamento desse B.O.zão, mas como realmente não temos esse número fechado, colocamos um valor considerável e vamos atualizando os gastos por aqui.” Quem puder ajudar, siga o link e mande suas boas energias para o mestre.
Mais uma noite no Centro da Terra dentro da temperada Linha do Tempo Contínuo que Sandra Coutinho está conduzindo às segundas de agosto lá no teatro – e desta vez ela puxou dois extremos de sua carreira. Na primeira parte, juntou-se a Paula Rebellato (teclados, efeitos e voz) e Mari Crestani (guitarra e sax) para meia hora de improviso livre, uma de suas viagens atuais. Depois foi a vez de recriar o manifesto pós-punk new wave new age AKT, supergrupo liderado por Sandra no início dos anos 90, cujo repertório foi recriado por Bibiana Graeff (teclados, acordeão e vocais), Silvia Tape (guitarra e vocais) e Rodrigo Saldanha (bateria), num exercício pouco nostálgico cuja química da nova formação pede por novas composições. E na segunda que vem Sandra encerra a temporada puxando o lado B das Mercenárias! Imperdível!
Mestre do cinema de horror e ficção científica do final do século passado, John Carpenter também é um dos pioneiros no uso dos sintetizadores na música pop, usando o instrumento como o principal fio condutor musical das trilhas sonoras de seus filmes, que ele mesmo compõe. E desde a década passada o cineasta vem abrindo seus próprios arquivos musicais para lembrar de temas que ficaram de fora de suas trilhas, recriar outros temas clássicos e obscuros de seus filmes, voltando, inclusive, a fazer shows ao vivo com estas composições. Acompanhado sempre do filho Cody Carpenter e do afilhado Daniel Davies (que, por essas coincidências da vida, é filho do guitarrista do Kinks, Dave Davies), ele lançou a série de discos Lost Themes, compôs algumas trilhas sonoras novas (para os remakes que o estúdio Blumhouse fez para Halloween, Halloween Kills e Firestarter) e a coletânea Anthology: Movie Themes 1974–1998, lançada em 2017. Agora o diretor anuncia o segundo volume desta compilação e Anthology II: Movie Themes 1976-1988, que será lançada no início de outubro (já em pré-venda) e reúne temas de filmes como seus três Halloween, Fuga de Nova York, Aventureiros do Bairro Proibido, Príncipe das Sombras, A Bruma Assassina e Assalto à 13ª DP, além de três temas que seriam usados na trilha do clássico O Enigma de Outro Mundo, antes que o italiano Ennio Morricone assume as composições.
Abaixo você ouve a nova versão para “Chariots of Pumpkins”, do terceiro Halloween, de 1982, vê a capa do novo disco e a ordem das músicas regravadas:
Desbravo a seara dos cursos no MAM de São Paulo ao conduzir a série de quatro aulas Música Brasileira no Século XXI, que acontece entre os dias 11 e 20 de setembro, desta vez em versão online. Durante o curso, falo sobre o conceito de música independente e como esse começou a ser ressignificado uma vez que a internet surgiu como um contraponto ao formato vigente no século passado, que trabalhava com parâmetros como rádio e discos, conceitos que, apesar de ainda aí, perderam a importância que tinham. Com a chegada da era digital, novos agentes entraram neste mercado e que também viu a ascensão do funk e do hip hop, a descentralização geográfica cultural do país e, consequentemente, novos assuntos e preocupações vieram à tona. Também falo sobre o impacto da pandemia e da ausência de políticas públicas para este mercado e como sua reconstrução vem sendo feita. Mais informações sobre o curso e o link para realizar as inscrições estão no site do MAM.
Repetindo a deliciosa dobradinha que fizeram em 2015 (na faixa “Wide Open”), dois titãs dos anos 90 voltam a se reencontrar em um single lançado nesta segunda-feira. “Skipping Like A Stone” é mais uma faixa do próximo disco dos Chemical Brothers, For That Beautiful Feeling, que será lançado no mês que vem, e traz mais uma vez Beck nos vocais de uma música da dupla de dance music. O nerd norte-americano solta todo seu lado de crooner e leva o transe eletrônico de Tom Rowlands e Ed Simons para a seara da soul music e o resultado é deliciosamente irresistível.
E já que vínhamos falando dos Talking Heads, viram o trailer novo que a A24 preparou para o relançamento de Stop Making Sense, o filme que Jonathan Demme fez sobre a banda de Nova York ao vivo? Ainda não tem notícias sobre a vinda do filme para o Brasil, mas ia ser tão bom se pudéssemos ver por aqui…
O grupo King Crimson acaba de anunciar uma edição de aniversário para um de seus maiores clássicos, Larks Tongues In Aspic, lançado no início de 1973, que virá a público no próximo dia 13 de outubro. O álbum marcou mais uma mutação na banda dirigida pelo guitarrista Robert Fripp, a terceira, quando recriou o grupo de dispensar Mel Collins, Boz Burrell e Ian Wallace (coautores do soberbo Islands) e convocar o baterista do Yes Bill Bruford, o ex-baixista da Family John Wetton, o violinista e tecladista David Cross e o percussionista Jamie Muir. Na nova formação, o grupo (louvado hoje por Fripp como “a versão mais King Crimson do King Crimson, uma banda mágica!”) começou a explorar novos limites de sua musicalidade, entre as fronteiras do jazz rock, música erudita do leste europeu e improviso livre (chegando a um horizonte de ruído que o metal só atingiria na década seguinte), consolidando-se como a banda mais ímpar do rock progressivo.
A nova edição do disco, já em pré-venda no site da banda, reúne em dois CDs e dois Blurays tudo que já foi reunido nas outras edições de aniversário do disco, além de novas mixes feitos neste ano em Dolby Atmos, DTS-HD MA 5.1 Surround Sound e Estéreo em Alta Resolução, todos feitos por Steven Wilson e outros feitos por David Singleton, que mixou todas as sessões de gravação do disco, além do áudio-documentário Keep That One, Nick, feito para a edição de 30 anos do disco. A nova edição também vem em vinil duplo, ambas versões em capa dupla, com encarte escrito pelo biógrafo da banda, Sid Smith. Coisa fina.
Os fãs dos Mutantes já devem conhecer a participação do grupo paulistano no programa português Discorama, que dedicou meia hora de sua edição ao grupo de Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sergio Dias e Dinho Leme em 1969. O programa já circulava online há tempos, mas com a marcação de tempo estampada sobre o vídeo como uma marca d’água. Mas a emissora RTP acaba de disponibilizar a versão do programa na íntegra em seu site oficial (assista aqui).
Morreu o baterista original do Pavement, Gary Young, veterano da cena punk de Stockton, na Califórnia, quando a então dupla formada por Stephen Malkmus e Scott “Spiral Stairs” Kanneberg resolveram gravar a banda que tinham começado depois de tocar versões de Can e Fall. Caíram no estúdio de Young, onde gravaram seus primeiros discos, trazendo o baterista para a formação original do grupo, que depois contou com Bob Nastanovich e Mark Ibold. O estilo de tocar bateria de Young tornava o Pavement uma banda única na costa oeste norte-americana, além do baterista ser afeito a plantar bananeira no meio dos shows da banda, às vezes por minutos sem parar.