Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
E esse remix maravilhoso que o Ganjaman fez para “Me Deixa” do João Donato na voz de Nana Caymmi que ele postou há pouco em suas redes sociais? Fino…
Não sonhe: seja! A revista Variety acaba de confirmar que, depois de um processo de restauração que durou 10 meses (e feito pelo Walt Disney Studios Restoration), o clássico The Rocky Horror Picture Show, dirigido por Jim Sharman com roteiro e canções de seu autor, Richard O’Brien, será lançado em Blu-ray e também nos cinemas ainda esse ano, para completar seu cinquentenário em tempo. Misturando glam rock, heavy metal, musicais da Broadway e da RKO, androginia, estética queer, filme de terror barato e o exagero típico dos anos 70, o filme é um capítulo específico e à parte da história do rock do período, que calhou de não ser lançado como um disco e sim primeiro como uma peça e depois como um filme, ambos protagonizados por Tim Curry em seu melhor papel. Resta a torcida para que, como outros clássicos da sétima arte recentemente relançados na telona, este também chegue às salas de cinema no Brasil. Assista a um trecho abaixo:
Depois de quase um ano internada num hospital no Rio de Janeiro, a cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira.
“A cor do álbum é clara”, explicou Lorde ao anunciar a capa e o nome de seu quarto disco, batizado de Virgin. “Feito água do banho, janelas, gelo, cuspe. Transparência total. A linguagem é simples e sem sentimentalismo. Os sons são os mesmos sempre que possível. Estava tentando me ver, por inteiro. Tentei documentar algo que refletisse minha feminilidade: crua, primitiva, inocente, elegante, sincera, espiritual, masculina.” Trazendo em sua capa azulada um raio X de um quadril em que pode se ver a fivela de um cinto, o zíper e os botões de uma calça e um DIU, Virgin (que já está em pré-venda) será lançado no dia 27 de junho, terá 11 faixas e é produzido por Lorde e Jim-E-Stack, além de ter participações de Fabiana Palladino, Andrew Aged, Buddy Ross, Dan Nigro e Devonté “Blood Orange” Hynes. Mas não há notícia sobre novos singles – além, claro, do recém-lançado “What Was That” – até lá.
Pode até ser um certo exagero dizer que sem Luiz Antonio Mello, que morreu nesta quarta-feira, o rock brasileiro dos anos 80 talvez não pudesse ter a dimensão que teve. Mas o exagero tem motivo, afinal foi a visão do jornalista e radialista para atualizar a programação de uma rádio parada no tempo que permitiu que uma geração novíssima de artistas e bandas de rock do Rio de Janeiro pudesse ser ouvida primeiro para além da zona sul carioca (reduto da maioria daqueles artistas) e depois para o resto do Brasil. LAM foi visionário ao entender não apenas que o formato rádio poderia chegar mais perto do final do século 20 e com isso trazer um novo público para a mídia, ao incorporar não apenas os novos sons que a juventude daquele período queria ouvir como a trazer a informalidade das conversas, as gírias e o tom de cumplicidade com o ouvinte ao transformar a programação da perdida Fluminense FM em um sucesso de audiência ao transformá-la na Maldita, nome do projeto que bolou para mudar a cara da emissora. A transformação foi radical: a rádio passava a ficar no ar 24 horas por dia (e tocando rock!), quase sempre ao vivo, e sua locução era feita apenas por mulheres – tudo isso era impensável numa época em que o rádio parecia ainda ser produzido nos anos 50, com formalidade e sisudez que não condiziam com a nova década. Entre 1981 e 1985 sintonizou o público do Rio numa safra de nomes que haviam acabado de sair da adolescência (como João Penca & Os Miquinhos Amestrados, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens e Biquini Cavadão) e outros que já haviam lançado suas carreiras no final dos anos 70 (como Lulu Santos, Marina Lima, Lobão, Ritchie e o grupo que fundou a Blitz) que mudavam a paisagem cultural carioca junto com a fundação do Circo Voador e os filmes Menino do Rio e Garota Dourada. A Fluminense deu a essa cena um caráter dinâmico e diário, que obrigou a imprensa local a cobri-la primeiro nas mídias impressas e depois na televisão, aí já com alcance nacional. A renovação que propôs de formato à rádio também abriu a porta para que novos artistas pudessem mostrar seus trabalhos ainda na fase da fita demo, sem mesmo ter lançado discos, algo impensável na época e dava voz a um novo público jovem, que muitas vezes ligava para a rádio para comentar sua programação – este formato logo foi copiado por emissoras de todo o país e é vigente na maioria das rádios brasileiras até hoje. Depois de mudar a história da cultura do Rio à frente da Fluminense, Mello passou por outras rádios e veículos de imprensa (criou o programa Shock da falecida TV Manchete), trabalhou em gravadoras, produziu discos e esteve envolvido na vinda de artistas estrangeiros como Supertramp, Tears for Fears e Eric Clapton, entre outros, para o Brasil, além de cuidar do legado de seu histórico na rádio, que culminou com o divertido filme Aumenta Que é Rock’n’Roll, de Thomas Portella, lançado no ano passado em que foi vivido pelo ator Johnny Massaro. Mello morreu após uma parada cardíaca sofrida quando ia fazer uma ressonância magnética e será enterrado em Niterói, cidade que sediava sua amada rádio.
“IF YOU’RE A FASCIST, GET A TESLA, IT’S ELECTRIC, IT DOESN’T MATTER”, bradou Neil Young na primeira música de sua apresentação no Light Up the Blues Concert, que aconteceu no sábado passado, no Greek Theater, em Los Angeles, nos EUA. Foi a estreia de “Let’s Roll Again”, uma faixa em que o velho canadense zoa a política externa de seu país vizinho, falando sobre a produção de carros limpos feitos na China e citando as tradicionais fábricas de carros dos EUA como uma forma de mostrar o quanto a lógica capitalista daquele país afundou ainda mais. A apresentação de Young aconteceu num festival que arrecadava fundos para crianças autistas dos EUA e ainda contou com shows de Billy Idol, Cat Power, Rufus Wainwright, entre outros. Young ainda aproveitou para tocar uma música que não tocava ao vivo desde 1989, a gigantesca “Ordinary People”, com quase dezoito minutos, e na última música, “Rockin’ in the Free World”, ainda pode contar com o compadre Stephen Stills, integrante, como Young, do clássico quarteto Crosby Stills Nash & Young, na guitarra.
Lello Bezerra fez bonito na primeira apresentação pública de seu segundo disco solo, que ainda vai ser lançado ainda neste semestre, ao tocá-lo pela primeira vez ao vivo, nesta terça-feira. O novo trabalho – chamado Matéria e Memória, como antecipou em primeira mão – é a primeira incursão do guitarrista pernambucano ao caminho da canção e das letras, ao contar com a inspiração e a parceria de sua companheira Juuar, e foi gravado sozinho e de maneira digital, por isso o desafio era trazer a sonoridade do futuro disco para o palco. Para isso, contou com o auxílio luxuoso de Marcelo Cabral, Julia Toledo e Alana Ananias, que o ajudaram a erguer parte das canções do disco de forma orgânica e fluida, Cabral dividindo-se entre o baixo elétrico e o synthbass, Juliana entre o sintetizador e o piano (e, em uma música, a guitarra) e Alana segurando o ritmo tanto na bateria tradicional quanto nos beats e efeitos eletrônicos. Sobre essa base entrosadíssima entravam a guitarra cheia de efeitos de Lello e sua voz, macia e tranquila, cantando canções nada óbvias que ecoam tanto a psicodelia pernambucana quanto o cancioneiro cearense e misturam essas lembranças estilísticas com um Nordeste pessoal, nada praiano, sertanejo e urbano – “das feiras, da arte figurativa e da escultura”, como frisou entre duas músicas. Noite linda.
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Encerramos a programação de música de abril no Centro da Terra nesta terça-feira com a presença do guitarrista pernambucano Lello Bezerra, que, na noite batizada de Figurafundo, começa a trazer para o palco seu segundo disco solo, previsto para ser lançado no segundo semestre. Ele vem cercado dos bambas Julia Toledo (piano e sintetizador), Marcelo Cabral (contrabaixo e OP-1) e Allana Ananias (bateria e SPDS), que o auxiliam nessa transposição inédita. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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O Stereolab não está pra brincadeira e soltou mais uma de seu próximo disco, Instant Holograms on Metal Film, o primeiro disco de inéditas em 15 anos, que será lançado no próximo dia 23. E depois da ótima “Aerial Troubles”, que fugia de qualquer expectativa em relação aos próximos passos, eles soltam agora a magnífica “Melodie is a Wound”, que com seus quase oito minutos de groove repetitivo já pode ser considerada um novo clássico da banda anglofrancesa que já tem data marcada para vir ao Brasil.
Paulo Beto encerrou sua temporada no Centro da Terra nesta segunda-feira em grande estilo, depois de reunir a atual formação de seu Anvil FX para três incursões distintas: o próprio show do Anvil, o projeto paralelo Pink Opake e a participação de Fausto Fawcett, ídolo de PB com quem ele tem trabalhado diretamente nos últimos anos. A apresentação começou com o líder da noite convidando Sílvia Tape, Tatiana Meyer, Apolônia Alexandrina, Mari Crestani e Biba Graeff (esta última voltando aos palcos) para assumirem suas posições, revezando-se entre synths, guitarras e baixos para uma catarse que inicialmente pendia mais para o industrial pós-punk, depois caminhou para o synthpop e culminou com a fusão dessa sonoridade eletrônico sobre o suíngue oitentista dos raps de Fausto, que fez a banda entrar em erupção no último ato: “Tu já te eclesiastes?”, encerrou o bardo.
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