Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Nana Caymmi ♥ João Donato

E esse remix maravilhoso que o Ganjaman fez para “Me Deixa” do João Donato na voz de Nana Caymmi que ele postou há pouco em suas redes sociais? Fino…

Ouça abaixo:  

Frank-N-Furter vem aí!

Não sonhe: seja! A revista Variety acaba de confirmar que, depois de um processo de restauração que durou 10 meses (e feito pelo Walt Disney Studios Restoration), o clássico The Rocky Horror Picture Show, dirigido por Jim Sharman com roteiro e canções de seu autor, Richard O’Brien, será lançado em Blu-ray e também nos cinemas ainda esse ano, para completar seu cinquentenário em tempo. Misturando glam rock, heavy metal, musicais da Broadway e da RKO, androginia, estética queer, filme de terror barato e o exagero típico dos anos 70, o filme é um capítulo específico e à parte da história do rock do período, que calhou de não ser lançado como um disco e sim primeiro como uma peça e depois como um filme, ambos protagonizados por Tim Curry em seu melhor papel. Resta a torcida para que, como outros clássicos da sétima arte recentemente relançados na telona, este também chegue às salas de cinema no Brasil. Assista a um trecho abaixo:  

Nana Caymmi (1941-2025)

Depois de quase um ano internada num hospital no Rio de Janeiro, a cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira.

Like a Virgin

“A cor do álbum é clara”, explicou Lorde ao anunciar a capa e o nome de seu quarto disco, batizado de Virgin. “Feito água do banho, janelas, gelo, cuspe. Transparência total. A linguagem é simples e sem sentimentalismo. Os sons são os mesmos sempre que possível. Estava tentando me ver, por inteiro. Tentei documentar algo que refletisse minha feminilidade: crua, primitiva, inocente, elegante, sincera, espiritual, masculina.” Trazendo em sua capa azulada um raio X de um quadril em que pode se ver a fivela de um cinto, o zíper e os botões de uma calça e um DIU, Virgin (que já está em pré-venda) será lançado no dia 27 de junho, terá 11 faixas e é produzido por Lorde e Jim-E-Stack, além de ter participações de Fabiana Palladino, Andrew Aged, Buddy Ross, Dan Nigro e Devonté “Blood Orange” Hynes. Mas não há notícia sobre novos singles – além, claro, do recém-lançado “What Was That” – até lá.

Luiz Antonio Mello (1955-2025)

Pode até ser um certo exagero dizer que sem Luiz Antonio Mello, que morreu nesta quarta-feira, o rock brasileiro dos anos 80 talvez não pudesse ter a dimensão que teve. Mas o exagero tem motivo, afinal foi a visão do jornalista e radialista para atualizar a programação de uma rádio parada no tempo que permitiu que uma geração novíssima de artistas e bandas de rock do Rio de Janeiro pudesse ser ouvida primeiro para além da zona sul carioca (reduto da maioria daqueles artistas) e depois para o resto do Brasil. LAM foi visionário ao entender não apenas que o formato rádio poderia chegar mais perto do final do século 20 e com isso trazer um novo público para a mídia, ao incorporar não apenas os novos sons que a juventude daquele período queria ouvir como a trazer a informalidade das conversas, as gírias e o tom de cumplicidade com o ouvinte ao transformar a programação da perdida Fluminense FM em um sucesso de audiência ao transformá-la na Maldita, nome do projeto que bolou para mudar a cara da emissora. A transformação foi radical: a rádio passava a ficar no ar 24 horas por dia (e tocando rock!), quase sempre ao vivo, e sua locução era feita apenas por mulheres – tudo isso era impensável numa época em que o rádio parecia ainda ser produzido nos anos 50, com formalidade e sisudez que não condiziam com a nova década. Entre 1981 e 1985 sintonizou o público do Rio numa safra de nomes que haviam acabado de sair da adolescência (como João Penca & Os Miquinhos Amestrados, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens e Biquini Cavadão) e outros que já haviam lançado suas carreiras no final dos anos 70 (como Lulu Santos, Marina Lima, Lobão, Ritchie e o grupo que fundou a Blitz) que mudavam a paisagem cultural carioca junto com a fundação do Circo Voador e os filmes Menino do Rio e Garota Dourada. A Fluminense deu a essa cena um caráter dinâmico e diário, que obrigou a imprensa local a cobri-la primeiro nas mídias impressas e depois na televisão, aí já com alcance nacional. A renovação que propôs de formato à rádio também abriu a porta para que novos artistas pudessem mostrar seus trabalhos ainda na fase da fita demo, sem mesmo ter lançado discos, algo impensável na época e dava voz a um novo público jovem, que muitas vezes ligava para a rádio para comentar sua programação – este formato logo foi copiado por emissoras de todo o país e é vigente na maioria das rádios brasileiras até hoje. Depois de mudar a história da cultura do Rio à frente da Fluminense, Mello passou por outras rádios e veículos de imprensa (criou o programa Shock da falecida TV Manchete), trabalhou em gravadoras, produziu discos e esteve envolvido na vinda de artistas estrangeiros como Supertramp, Tears for Fears e Eric Clapton, entre outros, para o Brasil, além de cuidar do legado de seu histórico na rádio, que culminou com o divertido filme Aumenta Que é Rock’n’Roll, de Thomas Portella, lançado no ano passado em que foi vivido pelo ator Johnny Massaro. Mello morreu após uma parada cardíaca sofrida quando ia fazer uma ressonância magnética e será enterrado em Niterói, cidade que sediava sua amada rádio.

Neil Young manda um recado pro Elon Musk

“IF YOU’RE A FASCIST, GET A TESLA, IT’S ELECTRIC, IT DOESN’T MATTER”, bradou Neil Young na primeira música de sua apresentação no Light Up the Blues Concert, que aconteceu no sábado passado, no Greek Theater, em Los Angeles, nos EUA. Foi a estreia de “Let’s Roll Again”, uma faixa em que o velho canadense zoa a política externa de seu país vizinho, falando sobre a produção de carros limpos feitos na China e citando as tradicionais fábricas de carros dos EUA como uma forma de mostrar o quanto a lógica capitalista daquele país afundou ainda mais. A apresentação de Young aconteceu num festival que arrecadava fundos para crianças autistas dos EUA e ainda contou com shows de Billy Idol, Cat Power, Rufus Wainwright, entre outros. Young ainda aproveitou para tocar uma música que não tocava ao vivo desde 1989, a gigantesca “Ordinary People”, com quase dezoito minutos, e na última música, “Rockin’ in the Free World”, ainda pode contar com o compadre Stephen Stills, integrante, como Young, do clássico quarteto Crosby Stills Nash & Young, na guitarra.

Assista abaixo:  

Um Nordeste pessoal

Lello Bezerra fez bonito na primeira apresentação pública de seu segundo disco solo, que ainda vai ser lançado ainda neste semestre, ao tocá-lo pela primeira vez ao vivo, nesta terça-feira. O novo trabalho – chamado Matéria e Memória, como antecipou em primeira mão – é a primeira incursão do guitarrista pernambucano ao caminho da canção e das letras, ao contar com a inspiração e a parceria de sua companheira Juuar, e foi gravado sozinho e de maneira digital, por isso o desafio era trazer a sonoridade do futuro disco para o palco. Para isso, contou com o auxílio luxuoso de Marcelo Cabral, Julia Toledo e Alana Ananias, que o ajudaram a erguer parte das canções do disco de forma orgânica e fluida, Cabral dividindo-se entre o baixo elétrico e o synthbass, Juliana entre o sintetizador e o piano (e, em uma música, a guitarra) e Alana segurando o ritmo tanto na bateria tradicional quanto nos beats e efeitos eletrônicos. Sobre essa base entrosadíssima entravam a guitarra cheia de efeitos de Lello e sua voz, macia e tranquila, cantando canções nada óbvias que ecoam tanto a psicodelia pernambucana quanto o cancioneiro cearense e misturam essas lembranças estilísticas com um Nordeste pessoal, nada praiano, sertanejo e urbano – “das feiras, da arte figurativa e da escultura”, como frisou entre duas músicas. Noite linda.

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Lello Bezerra: Figurafundo

Encerramos a programação de música de abril no Centro da Terra nesta terça-feira com a presença do guitarrista pernambucano Lello Bezerra, que, na noite batizada de Figurafundo, começa a trazer para o palco seu segundo disco solo, previsto para ser lançado no segundo semestre. Ele vem cercado dos bambas Julia Toledo (piano e sintetizador), Marcelo Cabral (contrabaixo e OP-1) e Allana Ananias (bateria e SPDS), que o auxiliam nessa transposição inédita. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Mais uma do Stereolab

O Stereolab não está pra brincadeira e soltou mais uma de seu próximo disco, Instant Holograms on Metal Film, o primeiro disco de inéditas em 15 anos, que será lançado no próximo dia 23. E depois da ótima “Aerial Troubles”, que fugia de qualquer expectativa em relação aos próximos passos, eles soltam agora a magnífica “Melodie is a Wound”, que com seus quase oito minutos de groove repetitivo já pode ser considerada um novo clássico da banda anglofrancesa que já tem data marcada para vir ao Brasil.

Ouça abaixo:  

Em erupção

Paulo Beto encerrou sua temporada no Centro da Terra nesta segunda-feira em grande estilo, depois de reunir a atual formação de seu Anvil FX para três incursões distintas: o próprio show do Anvil, o projeto paralelo Pink Opake e a participação de Fausto Fawcett, ídolo de PB com quem ele tem trabalhado diretamente nos últimos anos. A apresentação começou com o líder da noite convidando Sílvia Tape, Tatiana Meyer, Apolônia Alexandrina, Mari Crestani e Biba Graeff (esta última voltando aos palcos) para assumirem suas posições, revezando-se entre synths, guitarras e baixos para uma catarse que inicialmente pendia mais para o industrial pós-punk, depois caminhou para o synthpop e culminou com a fusão dessa sonoridade eletrônico sobre o suíngue oitentista dos raps de Fausto, que fez a banda entrar em erupção no último ato: “Tu já te eclesiastes?”, encerrou o bardo.

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