Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Cinco Perguntas Simples: Cassiano Fagundes

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Não, mas certamente a dependência que se tinha pelo disco na divulgação do artista é menor, e a Internet é a causa óbvia disso. Principalmente para o artista independente, o disco hoje acaba tendo um papel muito mais psicológico do que qualquer outra coisa, supre a necessidade de se ter algo palpável que traduza o esforço da produção musical. Alimenta o ego do artista. Certamente o disco não é dispensável, mas se tornou um dos elementos de um pacote que inclui página na Internet, shows, televisão e outros.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Os bardos celtas não deviam ficar ricos com suas apresentações itinerantes nas cortes da alta idade média, a música era vista como algo sagrado, não um produto (posso estar enganado, mas imagino que era isso mesmo, e se não fosse, devia ser). Acho que a percepção da música como algo sagrado deveria ser resgatada, é uma postura mais ecologicamente correta e positiva. Sou a favor do MP3 gratuito, de uma orgia musical sem precedentes – que aliás já está acontecendo: você já baixa praticamente tudo disponível no mercado fonográfico de graça, se souber procurar. Quem paga a conta? bem, acho que os músicos, sobretudo os independentes, ganham muito pouco com apresentações ao vivo. O ideal seria o artista e a estrutura em volta dele viverem de shows, aparições promocionais e coisas do tipo. Tem muita gente que já disponibiliza 50% de um disco gratuitamente, a outra metade você tem que comprar o CD para ter, ou acabará achando alguém na Internet que disponibilizou essa outra parte gratuitamente – e ilegalmente. Acho que não dá pra parar isso, não dá e não se deve parar isso. Será que o Led Zeppelin fez fortuna com venda de discos? acho que grande parte do dinheiro que arrecadavam vinha dos contratos milionários que Peter Grant, seu empresário, conseguia firmar com casas de shows e produtores nos Estados Unidos.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Qualquer um que tenha um computador e um bom software de gravação faz seu disco em casa. Isso é uma maravilha. Já gravei muita coisa em casa que ficou melhor do que o que gravei em estúdios profissionais. Essa é uma grande vantagem para o músico, com certeza, porque significa liberdade. E um artista sem liberdade de criação tende para a mediocridade.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
O MySpace é onde descubro as coisas mais legais que tenho escutado. Goldfish é um cantor/violonista punk folk escocês de primeira, gravou seu disco na sala de estar de sua casa, em Glasgow, está completamente fora do mercadão, mas eu o considero um dos compositores mais brilhantes dos últimos anos. Republic of Loose é uma banda irlandesa que deu uma roupagem interessante ao soul, muito legal – também os descobri no Myspace. Outros nomes que estão no Myspace: Daydreamers (França), The Pocket Raindrops (Suécia), Sebastião Estiva (Acre) e até bandas já com gravadoras e mais conhecidas, como Midlake (EUA). O legal do MySpace é que ele te dá a possibilidade de conhecer artistas do mundo todo, muitos com idéias similares às suas.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Meu, não. Sempre fui muito azarado com a indústria. Eu considero meu som super bom, muito melhor do que muita porcaria por aí, mas talvez por eu ser de Curitiba e cantar em Inglês nunca tenham me levado a sério, ao menos no Brasil. O legal da Internet é você não precisar mais depender de industria musical – especialmente a brasileira – para dar seus passos. Estou me armando sozinho, por enquanto. É um caminho difícil, mas dá para se virar. Marcar shows em qualquer lugar do mundo hoje é fácil para qualquer artista brasileiro que queira fazer isso. O problema é quem paga as passagens e todo o resto. Mas é viável. Minha banda, Bad Folks, tocou na Espanha em 2004 sem a ajuda de nenhuma gravadora, tudo com os contatos que fizemos pela Internet.

Cassiano Fagundes é guitarrista e vocalista do Bad Folks

Off-Timfa

Você também – como todos os outros presentes naquele Timfa do ano passado, também no Rio – achou o show do De La Soul curto? Ou você nem foi e ficou de bode de ter perdido – mesmo os menos de sessenta minutos que teus conhecidos viram? Ou você acha De La Soul uma banda de rap normal, nem boa, nem ruim? Então deixa eu te dar uma boa notícia: showzinho deles no Brasil agora no começo de dezembro. Furo do Radiola Urbana – e você achava que os shows do Jurassic 5 no ano passado tinham sido foda…

Vai um dossiênho, aê?

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E na Bizz nova, a matéria de capa é minha e do Mr. Ferla. Ch-ch-check it out.

Só se foi quando o dia clareou

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O povo da Bravo me pediu uma sub pra essa matéria de capa deles sobre samba, falando do que tem rolado na noite de São Paulo. Taí embaixo.

Renascença sambista

A vida noturna paulistana torna-se cada vez mais fiel à versão tradicional do ritmo pátrio brasileiro

“Na verdade, essa volta do samba ainda nem começou”, anima-se José Marilton da Cruz, o Chapinha, um dos fundadores do Samba da Vela. A noite, que acontece no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, não é apenas um dos mais tradicionais redutos do samba hoje, como foi um dos primeiros grandes focos para esta renascença sambista que invade a noite paulistana.

Ao redor da vela que mede a passagem de tempo da já tradicional roda de samba – ela acontece desde julho de 2004, sempre às segundas-feiras – reúne-se um público que é genericamente referido como “amantes do samba”. Esta denominação, porém, não se restringe mais a uma faixa etária, uma classe social ou um viés ideológico – todos se misturam no samba. “A faixa de renovação de público por noite é de trinta por cento”, comemora o sambista, “sempre tem gente que nunca veio pra cá, ainda somos uma novidade. Por isso que eu acho que a gente ainda está assistindo a um nascer de uma época de ouro do samba – e não é só em São Paulo ou no Rio de Janeiro e algumas cidades maiores. É no Brasil todo”.

A noite começou num local fundado por Chapinha, o Espaço Cultural Ziriguidum, mas logo deslocou-se para a Casa de Cultura Santo Amaro, devido à massiva presença de adeptos – que chega a quase trezentos toda segunda. “Quando eu, Magno (Sousá), Paqüera (José Alfredo Gonçalvez de Miranda) e Maurílio (de Oliveira Souza) começamos, nossa idéia era fazer uma roda de samba autêntica, mas que abrisse espaço para novos compositores”, segue o nativo cearense que já mora em São Paulo há mais de trinta anos, “e desde o primeiro dia percebemos que havia sido um sucesso. Tinha pouca gente, nem cinqüenta pessoas, mas todo mundo estava feliz, satisfeito com o que estava ouvindo”.

O sucesso atingiu uma escala maior graças à interferência da sambista Beth Carvalho, a quem Chapinha se refere como “grande madrinha e garimpeira do samba”. “Estávamos funcionando há pouco mais de três meses quando ela ouviu falar desta nova roda de samba em São Paulo e veio conferir de perto. Na primeira noite em que ela compareceu, vieram umas sessenta, setenta pessoas. O boca-a-boca foi tanto que, na outra segunda, tinham mais de quatrocentas pessoas que apareceram, achando que veriam a Beth Carvalho. Ela não veio, mas o samba estava lá, e as pessoas continuaram vindo”.

Igualmente modesto, o pequeno Tocador de Bolacha, na Vila Madalena, cedeu à presença da música ao vivo, outra característica fundamental deste ressurgimento do samba no começo do século vinte e um. “Começamos apenas tocando discos”, conta Stella Guerreiro, proprietária do estabelecimento ao lado do marido, o violonista Antônio Mineiro, “mas sempre aparecia alguém com um violão, e aos poucos fomos abrindo para música ao vivo. Mas microfonamos o mínimo possível, não queremos que o som saia alto e priorizamos música instrumental”.

A casa ainda flerta com o jazz e com o choro (outro gênero em franca nova fase, assunto para outra oportunidade), mas o forte são as noites de samba. “Apesar de focarmos num público mais adulto, a presença de jovens é muito forte. E também do lado dos músicos – cada vez há mais gente nova e boa tocando e compondo”. “Neste sentido, concordo que haja uma explosão”, conta Stella, que é cética sobre um renascer sambista na vida noturna de São Paulo. “Sempre houve samba, só tinha que procurar mais”, lembra, antes de concordar que o bairro da Vila Madalena – tradicional reduto boêmio e jovem da cidade – está lentamente se tornando um pólo de noite sambista. “Não é pagode, nem é moda”, ela sublinha, “é samba de raiz, é isto que as pessoas estão procurando”.

Outra casa tradicional do samba na Vila é o Ó do Borogodó, que também alterna suas noites de samba com rodas de choro. “O samba sempre esteve aí. Acontece que só agora ele tem chegado aos bares de uma classe média universitária que, além de freqüentá-los, começa a procurar lugares em que este samba se manifesta de forma mais autêntica”, explica Stefânia Gola, uma das proprietárias do lugar.

“Antes éramos só uma portinha, botávamos as mesas na calçada”, se orgulha, em frente à casa que cresce anualmente tanto como ponto de encontro universitário quanto como foco de resistência do samba tradicional. “Tudo cresceu bem devagar, fomos comprando as coisas aos poucos, à medida em que ficávamos mais conhecidos”, explica a dona, que explica o segredo do sucesso. “Não somos empresários da noite, não estamos atrás da nova onda, nem do que traz público. Somos do samba, acreditamos no samba e fazemos uma noite de samba. Se não der público, não vamos fechar. Mas sempre dá. Porque as pessoas gostam de samba. Gostam do que é bom”.

“A mídia é quem filtra tudo e só deixa passar o que é ruim”, completa Chapinha. “Porque a qualidade dos cantores, instrumentistas e compositores hoje é tão boa – ou, atrevo-me a dizer, melhor – do que as gerações anteriores. Porque são pessoas novas que já entendem muito o que é o samba. E ainda vão evoluir. E isso não é só em São Paulo, não, isso é no Brasil todo”.

Samba da Vela
Casa de Cultura Santo Amaro
Praça Francisco Lopes Ferreira, 434
Santo Amaro – São Paulo
Telefone: 5522-8897
Segunda a partir das 20 horas

Ó do Borogodó
Rua Horácio Lane, 21
Pinheiros – São Paulo
Telefone: 3814-4087
Todos os dias

Tocador de Bolacha
Rua Patizal, 72
Vila Madalena – São Paulo
Telefone: 3815-7639
De terça a domingo

Doutor, eu não me engano…

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Me chamaram de dotô (e justo a gevê) e quem sou eu pra desmentir…

09:20 – 10:30 CENÁRIOS DA MÚSICA NO BRASIL E NO MUNDO EM VISTA DAS NOVAS MÍDIAS

Uma análise da cadeia de produção musical e suas transformações decorrentes do surgimento e expansão de novas tecnologias

Participantes:
-Dr. Dirceu Santa Rosa (Advogado – Veirano Advogados)
-Dr. Joaquim Falcão (Diretor da Escola de Direito da FGV)
-Lucas Santtana (músico)
-Dr. Ronaldo Lemos (Centro de Tecnologia e Sociedade)
-Dr. Alexandre Matias (Gravadora Trama)

Cêis acham que é cedo? Isso porque tu não viu a hora que eu vou pegar o vôo pro Rii… Se, normalmente, a minha madrugada termina ao meio-dia, posso dizer que vou sair daqui na calada da noite – inda mais com o horário de verón.

Cola lá, se tiver na pilha. Se não, fica o reZistro… (E é bate-volta, cariocada, senão claro que eu marcava um som, uma cerva, uma balada, um sei-lá-mais-o-quê)

College Rock

Indeed. “Frank Jorge é um dos professores“. Forwardeado pelo Cardoso (que tá todo-todo com o site novo dele).

Segundona

Materinha de hoje na Folha…

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Histórias do outro mundo

Com várias formas de interação cultural, universo do game Second Life já conta com mais de 1 milhão de “habitantes”

Um videogame sem regras, em que o usuário pode fazer o que quiser -até mesmo nada. Ninguém perde, mas é possível ganhar de formas completamente diferentes da lógica tradicional dos games. “Vencer” pode ser tanto encontrar um desconhecido com a mesma afinidade que a sua, comprar MP3s ou assistir a um show virtual. E nunca, depois da “vitória”, o jogo termina.

Assim é o Second Life, um fenômeno comportamental que funciona como uma realidade digitalizada em três dimensões, quando o jogador assume um avatar -uma personalidade virtual- que tem completa liberdade para agir num mundo que já conta com 1 milhão de “habitantes”.

Mais do que realidade virtual, o Second Life é um novo ambiente para que artistas e o mercado de entretenimento possam dialogar com seus clientes e fãs. Isso tem mexido com a publicidade mundial de forma que, aos poucos, empresas têm comprado territórios on-line para oferecer aos seus possíveis consumidores, além de bandas (como Duran Duran e U2), autores (Howard Rheingold e Kurt Vonnegut) e executivos do cinema (Disney e Fox) usarem a plataforma como um novo meio para interagir com seu público.

Criado pela empresa Linden Labs em 2003, o Second Life tem potencial para ser maior do que o Orkut e o MySpace juntos -apesar de parecer apenas mais um game em três dimensões para vários jogadores (conhecidos pela sigla MMORPG – Massive Multiplayer On-line Role-Playing Game, Jogo de Interpretação On-line Massivo para Múltiplos Jogadores). A diferença entre o Second Life e qualquer outro jogo é simples: não há objetivos definidos e não há regras. Ou seja, não é um jogo.

Primeiro milhão
Mais do que isso: há possibilidades infinitas. É possível voar ou tomar forma de um animal, fazer sexo e mudar de aparência, teletransportar-se de um lugar para o outro e até comprar e vender coisas on-line, usando a moeda virtual do lugar -os linden dollars, cuja cotação flutua entre L$ 250 e L$ 300 para cada dólar americano do mundo real.

E, no mês passado, a população do Second Life chegou ao seu primeiro milhão de habitantes, em pouco mais de três anos de atividade. “Trinta mil diferentes computadores brasileiros diferentes se conectaram à rede SL nos últimos 60 dias”, diz o diretor de marketing da Kaizen Games, Jorge Filho, que representa alguns jogos da linha MMORPG no Brasil. “É a terceira geração da internet, em que você tem uma versão sua em três dimensões dentro da rede”, diz. Além de meramente explorar o mundo digital, ainda é possível criar seu próprio negócio e procurar pessoas com interesses parecidos para conversar e conhecer -dentro e fora da rede.

Próxima mídia
“A transmissão da experiência é algo novo e não é a “next big thing'”, escreve o fundador do Second Life, Bill Lichtenstein, em seu manifesto “The Transmission of Experience”. “É literalmente a próxima mídia na velha progressão das formas de comunicação, da fala para a palavra escrita, para os livros, para o rádio, para o cinema, para a TV. Isso mudará a forma como nós nos comunicamos e vivemos, que aprendemos e fazemos negócios, da mesma forma que qualquer outra mídia que surgiu antes. Simplesmente porque agora, pela primeira vez, conseguimos transmitir experiência.”

E é daí que vem o dinheiro que financia o software. Gratuito, entrar no Second Life só requer a instalação de um programa e sua atualização. Mas qualquer um pode comprar um terreno virtual pagando dinheiro de verdade, e com isso, receber uma cota mensal de linden dólares para gastar no ambiente -como bem entender.

Mas o Second Life não é apenas uma nova forma de fazer compras e consumir cultura. O Centro de Diplomacia Pública da University of Southern Califórnia criou uma ilha para estimular a discussão sobre o papel dos MMORPGs na diplomacia mundial, o New Media Consortium está construindo um campus universitário inteiro (com biblioteca, auditórios e um planetário), o Creative Commons está construindo seu instituto on-line e instituições médicas dão noções de primeiros socorros para pessoas reais por meio de avatares digitais.

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Isto é second life

O que é Second Life?
É um mundo virtual em três dimensões idealizado pela empresa norte-americana Linden Lab, em que é possível, além de reproduzir ações do dia-a-dia, realizar feitos fantásticos, como voar, mudar a própria aparência em segundos e teletransportar-se. Sua interface e funcionamento lembram o de um videogame de RPG, mas o fato de ele se basear em comunidades e nos gostos pessoais de seus participantes, torna-o semelhante a outras redes de relacionamento, como Orkut e MySpace

Como fazer parte?
O cadastro é gratuito e basta instalar um software que pode ser encontrado no site oficial do ambiente (www.secondlife.com). Nos EUA, há sistemas com assinaturas que dão direito a benefícios, mas é possível permanecer on-line sem fazer pagamentos; no máximo, atualizações do software

Quem sustenta o Second Life?
Ao imaginar um mundo visualmente reconhecível e navegável em 3D, o diretor de tecnologia da RealNetworks, Philip Rosendale (fundador da Linden Labs), pensou em um ambiente em que empresas e marcas pudessem se expor de forma diferenciada em relação à publicidade tradicional. Usuários pagam assinaturas para obter privilégios (como comprar territórios), mas não são a principal fonte de renda do mundo virtual

É um jogo? É um site?
Nem um nem outro. Second Life faz parte de um conceito que parece ser crucial no marketing de entretenimento para 2007 e além: a transmissão da experiência. Enquanto muitos apostam na experiência ao vivo como estratégia adequada para consagrar marcas (vide festivais e premiações), várias empresas preferem eventos que podem ser experimentados em rede, atingindo um público que antes pertencia à TV via satélite, sem a interatividade. Estamos, portanto, diante de uma nova plataforma e um velho conceito, o da realidade virtual

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SL se inspira no universo pop

Apesar de criado como uma plataforma de relacionamento on-line, algumas idéias do Second Life se inspiram na ficção pop. O próprio conceito de um ambiente em rede que deu origem ao software nasceu em obras básicas do cyberpunk, subgênero da ficção científica surgido nos anos 80 -o ciberespaço concebido por William Gibson em “Neuromancer” e o Metaverso imaginado por Neal Stephenson em “Snow Crash”.

O próprio U2, um dos primeiros conglomerados pop a perceber a importância do SL e a dar shows exclusivos para o ambiente (trechos podem ser vistos no YouTube ou no site da “turnê” – www.u2insl.com), também já havia flertado com essa possibilidade de existir virtualmente nas letras de discos como “Achtung Baby” e “Zooropa”, nos anos 90.

Já o ato de criar objetos do nada, uma ação chamada de “rez”, na linguagem do ambiente, vem do verbo “desrez”, neologismo inventado pelo filme “Tron” (1982), também sobre realidade virtual, para os avatares que “morrem” nesta interface virtual.

Lycra Limão

gambilucas.jpg

Sabadão do marasmo? Preferiu não pegar uma filinha em Cumbica ou em Congonhas? Então sai de casa: mais uma edição da festa Gambiarra acontece no Studio SP e eu assumo os CDJs um pouco antes e logo depois do grande show do Lucas Santtana (afrobeat + dub + mangue beat + samba, classe A, garanto). Pra se acabar com uma hora a menos na madruga – afinal, hoje começa o horário de verão.

Nominho na lista paga menos, manda um email pro studiosp@studiosp.com.br. Tcherto? Cola lá.

Tudo no ishquema

Considerações sobre a compra do YouTube pelo Google… Meio bilhão só pra direitos autorais, pra começar a conversa. Se alguém se dispor a traduzir, eu posto.

> I’m an experienced veteran in the digital media business and thought
> I’d share my version of events that happened at Youtube. Some of this
> is based on talks with people involved and some is speculation based
> on my experience working in the industry, negotiating settlements and
> battling in court.
>
> In the months preceding the sale of YouTube the complaints from
> copyright owners began to mount at a ferocious pace. Small content
> owners and big were lodging official takedown notices only to see
> their works almost immediately reappear. These issues had to be
> disclosed to the suitors who were sniffing around like Google but
> Yahoo was deep in the process as well. (News Corp inquired but since
> Myspace knew they were a big source of Youtube’s traffic they quickly
> choked on the 9 digit price tag.) While the search giants had serious
> interest, the suitors kept stumbling over the potential enormous
> copyright infringement claims that were mounting.
>
> Youtube knew they had an issue and had offered a straight revenue
> share deal if the complainants would call off the dogs and give them
> time. The media companies quickly rejected this path for two reasons.
> First off Youtube wasn’t making any money and was fuzzy about how they
> would generate revenue in the future. But more important the media
> companies view is that there was a mountain of past infringement that
> Youtube had engaged in and built their business on and they felt they
> deserved some of this accumulated value. And who could blame them. In
> spite of the media “user generated” puff pieces it was clear to all
> involved that they generated that content by hooking up their TV tuner
> cards to their PCs.
>
> It didn’t take a team of Harvard trained investment bankers to come up
> with the obvious solution and that is to set aside a portion of the
> buyout offer to deal with copyright issues. It’s not uncommon in
> transactions to have holdbacks to deal with liabilities and Youtube
> knew they had a big one. So the parties (including venture capital
> firm Sequoia Capital) agreed to earmark a portion of the purchase
> price to pay for settlements and/or hire attorneys to fight claims.
> Nearly 500 million of the 1.65 billion purchase price is not being
> disbursed to shareholders but instead held in escrow.
>
> While this seemed good on paper Google attorneys were still
> uncomfortable with the enormous possible legal claims and speculated
> that maybe even 500 million may not be enough – remember were talking
> about hundreds of thousands of possible copyright infringements.
> Youtube attorneys emphasized the DMCA safe harbor provisions and
> pointed to the 3 full timers dedicated to dealing with takedown
> notices, but couldn’t get G comfortable. Google wasn’t worried about
> the small guys, but the big guys were a significant impediment to a
> sale. They could swing settlement numbers widely in one direction or
> another. So the decision was made to negotiate settlements with some
> of the largest music and film companies. If they could get to a good
> place with these companies they could get confidence from attorneys
> and the ever important “fairness opinion” from the bankers involved
> that this was a sane purchase.
>
> Armed with this kitty of money Youtube approached the media companies
> with an open checkbook to buy peace. The media companies smelled a
> transaction when Youtube radically changed their initial ‘revenue
> sharing’ offer to one laden with cash. But even they didn’t predict
> Google would pay such an exorbitant amount for Youtube so when Youtube
> started talking in multiples of tens of millions of dollars the media
> companies believed this to be fair and would lock in a nice Q3/Q4.
> [Note to self: Buy calls on media companies just prior to Q3/Q4
> earnings calls.] The major labels got wind that their counterparts
> were in heated discussions so they used a now common trick a “most
> favored nation” clause to assure that if if a comparable company
> negotiated a better deal that they would also receive that benefit.
> It’s a clever ploy to avoid anti-trust issues and gives them the
> benefit of securing the best negotiating company. They negotiated
> about 50 million for each major media company to be paid from the
> Google buyout monies.
>
> The media companies had their typical challenges. Specifically, how to
> get money from Youtube without being required to give any to the
> talent (musicians and actors)? If monies were received as part of a
> license to Youtube then they would contractually obligated to share a
> substantial portion of the proceeds with others. For example most
> record label contracts call for artists to get 50% of all license
> deals. It was decided the media companies would receive an equity
> position as an investor in Youtube which Google would buy from them.
> This shelters all the up front monies from any royalty demands by
> allowing them to classify it as gains from an investment position. A
> few savvy agents might complain about receiving nothing and get a
> token amount, but most will be unaware of what transpired.
>
> Since everyone was reaching into Google’s wallet, the big G wants to
> make sure the Youtube purchase was a wise one. Youtube’s value is
> predicated on it’s traffic and market leadership which Google needs to
> keep. If they simply agreed to remove all unauthorized content and
> saddle the user experience with ads Youtube would quickly be a
> skeleton of its prior self. Users would quickly move to competing
> sites. The media companies had 50 million reasons to want to help.
> Google needed a two pronged strategy which you see unfolding now.
>
> The first request was a simple one and that was an agreement to look
> the other way for the next 6 months or so while copyright infringement
> continues to flourish. This standstill is cloaked in language about
> building tools to help manage the content and track royalties, some of
> which is true but also G knows that every day they can operate in the
> shadows of copyright law is another day that Youtube can grow. It
> should be noted that Google video is a capable Youtube competitor with
> the ONE big difference being a much more sincere effort to not post
> unauthorized works – and Google fully appreciates what a difference
> that makes. So you can continue to find movie clips, tv show segments
> and just about every music video on Youtube today.
>
> The second request was to pile some lawsuits on competitors to slow
> them down and lock in Youtube’s position. As Google looked at it they
> bought a 6 month exclusive on widespread video copyright infringement.
> Universal obliged and sued two capable Youtube clones Bolt and
> Grouper. This has several effects. First, it puts enormous pressure on
> all the other video sites to clamp down on the laissez-faire content
> posting that is prevalent. If Google is agreeing to remove
> unauthorized content they want the rest of the industry doing the same
> thing. Secondly it shuts off the flow of venture capital investments
> into video firms. Without capital these firms can’t build the data
> centers and pay for the bandwidth required for these upside down
> businesses.
>
> There are some interesting chapters yet to unfold. One is how much of
> this will become public. Google is required by the SEC to disclose
> material financial developments at their company. Working in Google’s
> advantage is their enormous market capitalization and revenues will
> give them considerable leeway to claim that a 50 million transaction
> is not significant to their business. If the other video sites have
> the wherewithal to put up a legal fight any decent attorney will
> demand access to Youtube acquisition documents. Expect a claim of
> collusion between Google and the media companies as a defense
> strategy.
>
> Infringement lawsuits will be served on Youtube and the new proud
> parent Google in the coming months. Google will respond with two
> paths: an expensive legal fight or a quick and easy settlement with
> most choosing the latter. Are there any larger copyright holders such
> as music publishers, movie studios, or unlicensed record label EMI
> that put up a fight rather than accepting the check? We’ll have to
> watch and find out.

Cinco Perguntas Simples: João Marcello Bôscoli

1) O disco (como suporte fisico) acabou?
Não, o disco como suporte físico não acabou. É usado para DVDs, games e – ainda – obras musicais , com os CDs. Ainda vai durar um bom tempo. Porém, isso não quer dizer que outros suportes e técnicas de compressão e encoding não estejam evoluindo dia-a-dia. O presente e o futuro são multiformatos. A revista Wired já fala isso há quase duas décadas.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Gosto de pensar em música como água, saindo por torneiras em todo planeta, com valor acessível, tipo contas de luz, gás e água, cobradas periodicamente ou por uso imediato. Vejo minha conta de celular com um item chamado música, de valor financeiro baixíssimo e valor emocional intangível. Vejo muitas dessas músicas tornando-se obras no mundo real sob múltiplas formas e não mais só sob o cansadíssimo e pouco funcional ‘jewell box’. Vejo bilhões de músicas existindo na web, disponíveis para o público, sem polícia e sem processos. Pense na indústria de perfumes, por exemplo. Eles vendem líquido perfumado e, às vezes, colorido. Creio que grande parte da magia e da aura desse negócio venha da imensa variedade de suas embalagens. Imagine essa cultura trazida para o mundo da música, no futuro. Penso em patrocinadores responsáveis socialmente e ecologicamente, pagando as contas de música das pessoas, como fazem há anos com as TVs abertas e a cabo. Há tantas possibilidades..

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Descentralização de poder. O que era previlégio de algumas corporações, hoje já é dividido por centenas de milhões de pessoas.Compor, produzir, distribuir, vender, apresentar… tudo isso hoje é quase tão acessível quanto um violão. E pode ser feito do seu quarto. É bom ver grandes corporações tendo que se dobrar ao indivíduo e perdendo poder. E ainda por cima fazendo campanhas milionárias para dizer que é contemporâneo e que está gostando desses novos tempos. Hilário.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Hoje em dia posso dizer que já perdi a conta.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Sim, vários. Por exemplo: um player pequeno, com som razoável eu conhecia desde os 8 anos de idade. Agora, um player onde caiba milhares de músicas ao mesmo tempo, tal qual um cassete interminável… ah! isso é demais. E lembrar de uma música, poder ouvir na hora na rede e ainda comprar e receber em casa a obra física ou simplesmente comprar só a faixa?

João Marcello Bôscoli é presidente da gravadora Trama.