Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Começou o verão 2007.
Vide o vídeo.
Já comprou seu ingresso pro Daft Punk? Já tá vendendo, se liga, não vai dar esse mole… Ou você é desses cancros humanos que ainda tão naquelas que “eletrônico não é música” ou que eles tocam “música de botão”? Pô, então deu mole, teu show do ano já rolou – que deve ter sido ou o modorrento Cardigans ou o tedioso Slayer (sonicamente opostos e desinteressantes e imperceptíveis na mesma linha).
Agora, se você acha que música é o que sai da caixa de som e não aquilo que o “instrumentista” toca, me siga neste link, pra flagrar a dupla francesa 10 anos atrás, sem máscara, quebrando tudo…
Clica aqui e chora. E lembra que o show deles no Rio vai ter cinco horas…
Nem precisa agradecer. 🙂 Agradeça ao Coube, que me deu a dica.
Então, amanhã, dia treze, no bar 13, na faixa, o marco zero do verão 2007. É só colar, vai ser incrível, hahahaha.
Não é só “Standing in the Way of Control” que aporrinha meus ouvidos por culpa minha – essa “I Don’t Feel Like Dancin'” dos Scissor Sisters é foda…
Wake up in the morning with a head like ‘what ya done?’
This used to be the life but I don’t need another one.
Good luck cuttin’ nothin’, carrying on, you wear them gowns.
So how come I feel so lonely when you’re up getting down?
So I play along when I hear that favourite song
I’m gonna be the one who gets it right.
You better know when you’re swingin’ round the room
Look’s like magic’s solely yours tonight
But I don’t feel like dancin’
When the old Joanna plays
My heart could take a chance
But my two feet can’t find a way
You think that I could muster up a little soft, shoop devil sway
But I don’t feel like dancin’
No sir, no dancin’ today.
Don’t feel like dancin’, dancin’
Even if i find nothin’ better to do
Don’t feel like dancin’, dancin’
Why’d you break down when I’m not in the mood?
Don’t feel like dancin’, dancin’
Rather be home with no one when I can’t get down with you
Cities come and cities go just like the old empires
When all you do is change your clothes and call that versatile.
You got so many colours make a blind man so confused.
Then why can’t I keep up when you’re the only thing I lose?
So I’ll just pretend that I know which way to bend
And I’m gonna tell the whole world that you’re mine.
Just please understand, when I see you clap your hands
If you stick around I’m sure that you’ll be fine.
But I don’t feel like dancin’
When the old Joanna plays
My heart could take a chance
But my two feet can’t find a way
You think that I could muster up a little soft, shoop devil sway
But I don’t feel like dancin’
No sir, no dancin’ today.
Don’t feel like dancin’, dancin’
Even if i find nothin’ better to do
Don’t feel like dancin’, dancin’
Why’d you break down when I’m not in the mood?
Don’t feel like dancin’, dancin’
Rather be home with no one when I can’t get down with you
You can’t make me dance around
But your two-step makes my chest pound.
Just lay me down as you blow it away into the shimmer light.
But I don’t feel like dancin’
When the old Joanna plays
My heart could take a chance
But my two feet can’t find a way
You think that I could muster up a little soft, shoop devil sway
But I don’t feel like dancin’
No sir, no dancin’ today.
Don’t feel like dancin’, dancin’
Even if i find nothin’ better to do
Don’t feel like dancin’, dancin’
Why’d you break down when I’m not in the mood?
Don’t feel like dancin’, dancin’
Rather be home with no one when I can’t get down with you
Praticamente um extra de DVD, se liga no outtake da capa da Bizz desta edição
As músicas mais politizadas de John Lennon.
“Come Together”
Um dos rocks mais emblemáticos dos Beatles, a faixa é também o resumo mais conciso da personalidade incendiária de John Lennon. Apesar de absurdista, a letra descreve a lenta transformação do beat dos anos 50 no hippie dos anos 60 e cria o vínculo entre as culturas através de uma canção, que, não por acaso, foi composta para a campanha eleitoral de Timothy Leary para governador do estado da Califórnia. O guru da LSD foi obrigado a deixar a campanha após ser preso ao portar um baseado de maconha, deixando a eleição livre para o ex-ator Ronald Reagan – aí a música foi tornada lenta pela linha de baixo inventada por Paul McCartney e foi abrir o último grande disco dos anos 60, Abbey Road. Não custa sublinhar o tom erótico da canção – já que o verbo “come” em inglês pode dizer tanto “vem” quanto “gozar” – e lembrar que Chuck Berry o processou por plágio, devido a referências à sua “You Can’t Catch Me”, processo que culminou no disco Rock’n’Roll, de 1975, em que Lennon regrava clássicos do rock dos anos 50, incluindo “You Can’t…”, e outras duas do representante legal de Chuck.
“Woman is the Nigger of the World”
Inspirada em uma frase dita por Yoko em uma entrevista, é uma balada pesadaça e ultrafeminista, com um título tão forte e marcante quanto a fraqueza dos versos seguintes (“Yes it is… Think about it…”). A faixa é um bom exemplo de como a fase mais militante de Lennon é responsável por sua produção artística mais fraca – especialmente o disco Some Time in New York City. Mesmo assim, a faixa é anos-luz à frente da média daquele disco, embora tenha tido problemas de execução nas rádio graças à palavra “Nigger”, (“preto”, dito em tom pejorativo, em inglês) no título.
“I Am the Walrus”
Influenciada por uma sirene de polícia e Lewis Carroll, a faixa é provavelmente a grande composição da história da psicodelia (ameaçada talvez por “A Day in the Life” ou “Strawberry Fields Forever”) e foi escrita com uma letra deliberadamente críptica, depois John que descobriu que os estudantes do colégio Quarry Bank, onde havia estudado, estavam interpretando letras dos Beatles. É a primeira vez em que Lennon usa uma canção como provocação, atingindo então sua maturidade como compositor – encerrando o ciclo iniciado em “Help!”.
“I Don’t Wanna Be a Soldier Mama, I Don’t Wanna Die”
Boogie lento, levada quase improvisada, camadas e camadas de teclados, percussão lenta e mais uma experiência com linguagem. A música é um mantra em inglês, cuja letra varia o “soldier” do título com outros personagens sociais: “Eu não quero ser um soldado, mãe, eu não quero morrer/ Eu não quero ser um advogado, mãe, eu não quero mentir/ Eu não quero ser um fracasso, mãe, eu não quero morrer”. A música reúne dois temas favoritos do ex-beatle: o exército como instituição assassina de jovens e o sentimento de perda em relação à mãe.
“Gimme Some Truth”
Crua, sem rodeios, é o melhor exemplo do ativismo político de John. Enquanto a banda no fundo conduz um lento e hipnótico andamento conhecido dos fãs dos Beatles em faixas como “I Want You (She’s So Heavy)” e “Dear Prudence”, ele atropela qualquer tentativa de introdução com um desabafo interminável: “Estou enojado e farto de ouvir coisas vindas de hipócritas travados, estreitos sem visão”, desabafa, “eu só quero a verdade/ Me dá alguma verdade”. A canção é uma homenagem a Richard Nixon (com uma estrofe inteira dedicada a ele) com quem Lennon começaria a ter problemas sérios a partir do ano seguinte ao lançamento da canção. O clima beatle póstumo atinge alta voltagem com o solo choroso e agressivo de George Harrison, que também atravessava uma fase igualmente amarga. “Cansei de assistir cenas de primadonas esquizofrênicas egocêntricas paranóicas”, verborrágico e chorão ao mesmo tempo, ácido e apaixonado, um populista inconformado – assim Lennon fazia política.
“Happy Xmas (War is Over)”
Apesar de hoje ser uma das músicas natalinas mais conhecidas e executadas no mundo, “Happy Xmas” foi um fracasso à época de seu lançamento, pois John Lennon quis lançá-la às pressas e não houve tempo para planejar a divulgação e a canção foi mal nas vendas (isso, para um beatle, pode ser traduzido como quarta posição na parada inglesa). Mas como Lennon morreu no início de um mês de dezembro, foi natural que as rádios escolhessem este single como sua música daquele Natal de 1980, ganhando força a cada ano (e não faça cara feia, Lennon não pode ser culpado por Simone). A conexão com a política é o subtítulo da música, cantado junto a um coral de crianças do Harlem. “A Guerra Acabou” era uma das partes do ativismo artístico de Lennon e Yoko em 1969, quando fizeram os famigerados bed-ins. A frase foi posta em outdoors em 11 cidades diferentes pelo mundo, e completava o título como um parêntese: (If You Want It, Se Você Quiser).
“The Word”
A base política dos Beatles era de que a melhor política era a do amor. Essa faixa do Rubber Soul é um dos primeiros exemplos do uso do tema, que acompanhou a banda até o epitáfio na própria lápide. Aqui, Lennon e McCartney brincam com os modismos da época em que viviam, os hypes da época, fantasiados no interesse causado pela nova “palavra”. “É tão bom/ É a luz do sol”, cantam em coro, perfeitos, acompanhado por uma guitarra martelada no contratempo, um piano de saloon e outra guitarra country. Depois Lennon canta sozinho, letras que são mais suas que de Paul: “No começo, eu entendi errado/ Mas agora já sei, a palavra é boa”, a voz quase sorridente que, mais tarde, panfleta: “Agora que eu já sei o que é bom/ Preciso mostrar a luz para todo mundo”.
“Imagine”
A música mais amada e popular de John Lennon também é considerada, pela exaustiva repetição e pelo excesso de candura, como a música mais insuportável de todos os tempos, dependendo de seu ponto de vista. “‘Imagine’ é uma canção antirreligiosa, antinacionalista, anticonvencional e anticapitalista”, disse Lennon ao biógrafo profissional Geoffrey Giuliano, “mas como ela tem uma camada de açúcar, ela é facilmente aceita”. Carro-chefe do disco de mesmo nome, que foi lançado no mesmo mês em que decidiu tentar a vida nos EUA, a faixa também já foi descrita por Lennon como sendo “virtualmente o Manifesto Comunista”.
“God”
Um dos pontos centrais do primeiro disco de Lennon após sua saída dos Beatles, “God” é mais uma das canções diretamente influenciadas pela terapia do grito primal, de Arthur Janov (“Mother” e a primeira faixa de seu Wedding Album, com Yoko, são outras). Mas em vez de deixar a voz em frangalhos, prefere fazer isso com a fé dos anos 60, descanscando cada um dos mitos da década que havia encerrado um por um (de Buda aos Beatles). “Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor”, começa cantando minutos antes de anunciar, em tom de pesar que o sonho acabou, “Eu só acredito em mim/ Em Yoko e em mim/ Essa é a realidade”.
“Bring on the Lucie (Freda People)”
Outro rock clássico, embora um hit menor na carreira de John, conta com uma levada mais tranqüila, determinada pela slide guitar quase sonolenta. “Não queremos saber que bandeira você levanta/ Nem queremos saber seu nome/ Não queremos saber de onde você e pra onde você tá indo”, canta doce e ácido ao mesmo tempo, “Você que toma todas as decisões/ Temos apenas um pedido”, canta antes de grunhir “Liberte as pessoas” e cair um improviso vocal que vai do falsete, à percussão feita com a voz e ao berro simples e direto. Irresistível.
“Instant Karma (We All Shine On)”
Gravada no mesmo dia em que foi composta e lançada 10 dias mais tarde, conta com um elenco que é parte da biografia de Lennon – Phil Spector (o produtor de “Be My Baby” e do disco Let It Be), o também ex-Beatle George Harrison em uma das guitarras, o tecladista Billy Preston (o único músico a ser creditada em uma gravação dos Beatles), o baterista Alan White (que tocava com Lennon desde 69), Yoko Ono nos vocais de apoio, o baixista Klaus Voorman (que conhecia John desde os tempos de Hamburgo, na Alemanha, e que também é o autor da capa do disco Revolver), Mal Evans (roadie dos Beatles) na percussão e o empresário Allen Klein nas palmas. O single volta à teoria básica de Lennon, que todos tem o poder de mudar: “Todos nós brilhamos”.
“All You Need Is Love”
Poucas canções tiveram a oportunidade de serem mostradas em público pela primeira vez via satélite – coube aos Beatles mais este número 1. Composta para a apresentação do programa Our World, um especial que unificava transmissões em via satélite de todo o mundo pela primeira vez na história, dandos ao grupo um público de 350 milhões de pessoas. Mais uma vez entra o Lennon político, pregando o amor como uma promessa de campanha. O marketing eleitoreiro vai além do tema e da simplicidade da mensagem (herdeira de “The Word” e precessora de “Give Peace a Chance”) e inclui a Marselhesa (o hino da França) logo na introdução, e referências a peças clássicas como “Greensleves”, uma tocata de Bach, “In the Mood” e mesmo “She Loves You” no final da canção. Além da presença de famosos na gravação, como Mick Jagger, Keith Richards, Eric Clapton, Keith Moon, Marianne Faithful e as namoradas de Paul e George na época, as atrizes Jane Asher e Pattie Boyd, respectivamente.
“Give Peace a Chance”
O primeiro single de um beatle solo, a faixa pacifista foi lançada no segundo semestre de 1969, enquanto a banda finalizava Abbey Road. A faixa foi gravada no dia 1º de junho de 1969, no quarto 1742 do Queen Elizabeth Hotel, em Montreal, no Canadá, durante o bed-in que John e Yoko fizeram na cidade, com a presença de famosos como o papa do LSD Timothy Leary e a cantora Petula Clark, entre outros. “Give Peace a Chance” colidia dois aspectos distintos da vida de Lennon, a verborragia de suas canções mais panfletária (nas estrofes) e a simplicidade direta de seu populismo pop (no refrão). Os dois hemisférios do cérebro de John também estavam representados na esquizofrenia entre ser um Beatle e não ser: a faixa foi a primeira a ser lançada sob o nome de Plastic Ono Band, embora sua autoria seja dividida com Paul McCartney – que não tem nada a ver com a canção e não seria creditado em aparições futuras da faixa em discos ao vivo e coletâneas.
“Revolution”
Toda sutileza que caracterizaria o grande momento rock de Lennon em “Come Together” é deixada de lado neste seu segundo grande momento rock em prol de uma interpretação em que John, literalmente, se joga: ele gravou o vocal da versão final deitado no chão, pois só assim achava que sua voz soava de acordo. Cantando a revolução, Lennon se posicionava exatamente em cima do muro ao apostar nas duas hipóteses na hora do pega pra capar: “Se você fala em destruição/ Você sabe que não pode contar comigo”, canta na versão clássica, o rock que saiu no lado B de “Hey Jude”, o primeiro compacto da Apple. Na versão unplugged, presente no Álbum Branco, ele repete a letra, só que se contradiz: “Você sabe que pode contar comigo”. O paradoxo é a saída pela esquerda – e pela direita, ao mesmo tempo – que os artistas sempre usam.
“Power to the People”
A idéia para a música surgiu durante a entrevista dada a Tariq Ali para o Red Mole e em poucos dias, Lennon ligaria de volta para Ali para mostrar um rascunho da canção ao telefone. É mais uma das músicas que John compôs para ser usada em passeatas, protestos e manifestações políticas, embora a tenha tachado como ingênua em suas últimas entrevistas. “Você diz que quer uma revolução”, dialoga com sua própria “Revolution, “Melhor correr logo”.
“Working Class Hero”
Claramente inspirada em Dylan, é quase uma toada folk européia que repete a fórmula-mágica: “É preciso ser um herói da classe operária”, afirma seco e arrogante, quase como se precisasse se convencer por si próprio desta nova missão. Talvez precisasse, afinal John era o menos proletário dos quatro beatles – e os outros três não gostaram nada de ouvir o antigo colega tirando onda de trabalhador, quando, na verdade, nasceu em uma casa que tinha até nome (Mendips, na Menlove Av., em Liverpool) e morava num bairro que tinha um campo de golfe. “Nós éramos da alta classe baixa”, lembra Paul em suas memórias, “John era da média classe média”.
“How?”
Uma de suas mais belas canções, “How?” é política e existencialista ao mesmo tempo. “Como posso seguir em frente se não sei para onde estou indo?”, pergunta-se, doce e em falsete, acompanhado por um bumbo cardíaco e seguido por um piano e cordas que se derretem sobre seu próprio vocal. Lennon reúne suas melhores qualidades como compositor numa canção perfeita. “A vida pode se esticar e você tem que ser forte”, canta, num desabafo, “e o mundo é tão duro/ Às vezes acho que já tive o suficiente”.
A hora e a vez do sujeito da motosserra assassina.
Nome:Rodrigo Guedes
Ocupação: Pai e namorado
Data de nascimento: 24/07/1972
Você lembra da primeira vez em que ouviu falar sobre música independente?
Provavelmente na época em que o Jesus and Mary Chain e o Hüsker Dü estavam lançando seus discos em 86 no Brasil. Foi nessa época que o sentido de música independente começou a surgir. Isso porque antes já ouvia punk rock nacional mas não se falava sobre mercado independente como uma nova forma de fazer e vender música.
Quando foi que você percebeu que tinha algo diferente que parecia promissor neste mercado?
Primeiro quando resolvi fazer música barulhenta, cantando em inglês e descobri por acaso que não estava sozinho. Em vários lugares diferentes pessoas estavam fazendo algo semelhante ao mesmo tempo. Foi incrível quando esse círculo de interesses começou a migrar para lugar comum.
Qual o melhor show de banda indie brasileira que você já assistiu?
Pin Ups na época do Scrabby no Retrô. Formação clássica com Luiz, Zé, Marquinhos e Alê. Eles quebrando tudo e as pesssoas com aquela sensação de que aquilo acontecia ao mesmo tempo no mundo todo. Não era um reflexo atrasado mas uma coisa atual, moderno e principalmente nosso.
Qual o melhor festival independente que você já foi?
Juntatribo. Não pela estrutura e organização, mas pelo momento, a novidade. Era incrível a sensação de pertencer a algo tão importante. A gente sabia que era um momento importante para fincar bandeiras e isso acabou se comprovando anos depois quando a gente escuta que o Juntatribo foi um marco para a construção da cena – hoje dá pra dizer cena – independente nacional. Na real, para as bandas, foram três dias de absurda loucura, psicodelia e rock sujo.
Qual o melhor disco/fita/CD independente brasileiro de todos os tempos?
Killing Chainsaw, o vinil pela Zoid. Fita: Qualquer coisa do Feedback Club. Eles eram incríveis.
O que você fez neste mercado que lhe deixou particularmente satisfeito e orgulhoso?
Continuar nele pra sempre. Acho que a idéia de pertencer, enfrentar as dificuldades e aceitar as limitações de ser um músico independente no Brasil, abre as portas para a verdade de que você pode fazer exatamente a música que sair da sua cabeça, sem nenhuma interferência. Isso não quer dizer que o independente não pensa em progredir, ganhar mais dinheiro e viver de música, mas com certeza ele vai ter muito mais espaço para criar sem se importar com todo apelo coorporativo e burocrático da grande indústria. Eu aprendi essa lição muito cedo e não tenho nenhum arrependimento de ter optado por esse caminho. É incrível a sensação de fazer parte de algo tão importante.
Conselho pra quem tá começando
Faça!
Site e como as pessoas podem te encontrar.
www.grenade.com.br grenade@grenade.com.br
When it comes to shove…
Não tou conseguindo atualizar essa bodega com a regularidade diária que eu queria, agora vou misturar tudo: resenha de discos, fichas do indie-brasil, música de graça, comentários sobre a “cena”, mashup da semana, links de vídeo, DJ set alheio – tudo ao mesmo tempo agora.
Agora.
Mais um réquiem por Syd, que saiu naquela Bizz com o Skank na capa.
Syd Barrett (1946-2006)
A vida íntima de Syd Barrett, que um dia sonhou com um grupo chamado Pink Floyd
Lá se vai Syd Barrett, mais uma vez. O anúncio de sua morte, cinco dias após acontecer no dia 7 de julho de 2006, abalou uma comunidade de fãs do primeiro Pink Floyd – um grupo bem diferente daquele que fez fama intercontinental, anos mais tarde – e da carreira solo de um autêntico mito da história do rock. Mais do que um gênio desvirtuado pelas drogas, Barrett foi a primeira vítima dos anos 60 – uma década que ainda teria outros mártires depois do fatídico 1968 em que o líder e fundador do grupo oficialmente não respondia mais pela banda, uma época cujas lembranças não pertencem a quem as viveu, como reza o ditado popular.
Barrett sempre permanecera lá, mesmo quando mais distante do olho público, como um misto de sobrevivente de seu próprio Vietnã mental e troféu da ordem estabelecida como prova de que substâncias alteradoras de consciência não combinam com o conceito de civilização. Escolha seu mito favorito: Syd era o próprio Narciso lisérgico se vendo refletido num oceano de LSD, o Ícaro rumo ao Sol da psicodelia, o Prometeu que roubara o ácido dos deuses. E daí que tudo tenha começado na Califórnia misturado com Ki-Suco? Syd Barrett e o Pink Floyd transformaram a psicodelia norte-americana em algo visível e palpável ao mesmo tempo em que agradável – o último suspiro de uma cultura secular, a fleuma bretã, cedendo ao avanço de sua própria cria, o pop americano. E, ao encarnar o herói mitológico, Barrett não aguentou a pressão.
E pirou. Com a guitarra pendurada ao pescoço, tornou-se quase um souvenir inglês de uma era que, apesar de ter acontecido no ano anterior, parecia pertencer a um passado distante. 1968 escureceu as cores technicolor de 1967 na marra – e Barrett sem funções no grupo que sonhou (“o nome veio num sonho”, mentia, para melhorar a história) era a melhor tradução para o sonho multicolor. Obrigou o Pink Floyd a se reinventar na frente de todo mundo ao mesmo tempo em que deu origem a uma série de lendas e rumores sobre o que teria acontecido com o mítico fundador da banda.
Não ficou feliz com a saída do grupo e encarava profundamente David Gilmour, seu amigo de adolescência e substituto na banda, quando o encontrava. Gilmour sentiu o peso e foi o principal incentivador da retomada da carreira musical de Barrett, que resume-se aos dois discos impressionistas lançados em 1970, The Madcap Laughs e Barrett. No mesmo ano, fez duas aparições: em fevereiro tocou cinco faixas no programa “Top Gear” da BBC (apresentado por John Peel) e em junho tocou quatro músicas no Music Fashion Festival, em Londres, ao lado de David no baixo e Jerry Shirley, do Humble Pie, na bateria. No ano seguinte, gravou três músicas para outro programa da BBC e em 1972 fez três apresentações ao lado de uma banda nova, chamada Stars (com Jack Monck no baixo e o baterista Twink, ex-Pink Fairies), de quem não existem registros gravados.
Em paralelo a isso, veio mudando de casa em casa, sempre morando com conhecidos que o tratavam como louco ou guru – às vezes, ao mesmo tempo. Há relatos de Barrett trancando namoradas no quarto por dias ou sendo isolado em bad trips intermináveis, mas os fatos se fundem às lendas e pouco se tem certeza sobre este período da vida de Syd. Além do excesso de drogas, que ele tomava sem discriminação, outros aspectos foram decisivos para a queda de Syd – como a morte do pai quando ainda era criança e casos de esquizofrenia na família. Mas a saída do Floyd (decidida dentro de uma van poucas horas antes de buscá-lo para um show em 1968, nenhum dos remanescentes lembra de quem foi a idéia de não buscá-lo) também pesou para seu estado.
Tanto que a sombra de Syd se arrastou por toda a carreira da banda, em discos como Dark Side of the Moon e Wish You Were Here – e durante as gravações deste disco, Syd visitou o grupo pela última vez, em 1975. Ficou no estúdio por um bom tempo sem ser reconhecido – e há uma imagem desta visita na autobiografia de Nick Mason, Inside Out, sobre a legenda “Syd Barrett: 5 de junho de 1975”. Rick Wright, num documentário para o canal VH1 lembra do antigo líder com tristeza: “Ele estava com a cabeça toda raspada, sobrancelhas inclusive, e ficava pulando, escovando os dentes, era terrível. Roger chorou, todos nós choramos”.
Depois desta última aparição, o pouco que se sabia sobre a vida íntima de Syd aos poucos começa a ganhar público. Ele mudou-se para Cambridge, onde passou a morar com a mãe e esforçar-se para esquecer do seu passado, que lhe trazia más lembranças. Sua irmã, Rosemary, tentou colocá-lo em diferentes tratamentos, mas só tinha sucesso quando ele se entregava a trabalhos manuais, como fabricação de cestos, jardinagem e pintura. Constantemente visitado por fãs curiosos, passou a se chamar de Roger, seu nome de batismo, para evitar confusões com sua antiga personalidade – mas é falsa a história de que ele não sabia quem tinha sido. A irmã chegou a contar que quando ele assistiu ao documentário que leva seu nome, produzido em 2002 pela BBC, no início deste ano, ele comentou que havia gostado, apesar do barulho.
Em casa, Syd passava a maior parte do tempo pintando e cuidando de tarefas domésticas – além de ajudar com a mãe antes que ela falecesse, em 1991. Desde então morava só, mas sempre era visitado pela irmã, que, após sua morte, confessou ao biógrafo de Barrett, Tim Willis, ter exagerado na proteção ao irmão, evitando até que antigos conhecidos se aproximassem. Pintava ouvindo música erudita e jazz em um velho aparelho de som sem rádio e a única música pop que ouvia era os primeiros discos dos Rolling Stones. Escreveu um livro sobre a história da pintura que a irmã não pretende lançar – ao menos por enquanto. Ou seja, Syd se foi – como sempre tinha ido. Mas ele sempre volta.
1) O disco (como suporte físico) acabou?
Se o vinil até hoje não só resiste como é objeto de culto é dificil dizer que o CD acabará. A questão é que existe o HD que de uma certa forma é uma superação do CD, ou dos CDs. Um iPod, ou similares, é um pequeno HD que transporta muitos CDs e com isso a cultura da faixa prevaleceu. Na verdade ela nunca foi superada pelo disco porque na rádio você escuta uma música de cada vez, na internet vc baixa uma de cada vez, isso sem falar que antigamente só existia o single. Acho que o prazer de ter em mãos e escutar um disco é como ler um livro, tem uma história ali sendo contada e uma vontade de vivenciar aquilo; isso sempre existirá concomitantemente com o recente prazer de descobrir uma faixa e poder baixa-lá de graça.
2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
De todas as formas como já é hoje. Alguns vão na rede atrás de comprar, outros vão na intenção de baixar gratuitamente. Nos shows as pessoas pagam para assitir. Vão haver rádios como canais de TV a cabo onde você vai pagar para ter direito a tantas músicas por mês e isso será repassado aos autores, como quando toca uma música na rádio ou TV e você recebe por isso, etc.. Difícil ser profeta com tantas mudanças em andamento. Quem souber avisa aí!
3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
A digitalização da cultura e a possibilidade de troca e manipulação desses arquivos com outras pessoas no mundo todo e em tempo real.
4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Porra! Tem espaço aí? Chicago Underground Trio, Cutty Ranks, Dengue Fever, Konono, Mikey Dread, Mogwai, Mugison, Rhythm & Sound, Shy FX & UK Apache, Sub Dub, só lembrando rapidamente…
5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Mais que sonhos, me possibilitou conquistas. Hoje tenho meu netlabel www.diginois.com.br, onde opero todo o conteúdo, onde posso disponibilizar minhas músicas para pessoas que moram no interior do mundo e não teriam acesso de outra maneira. Onde posso gerar hipertextos e a possibilidade de minhas músicas serem remixadas e não terem mais um fim no CD. Até coisas simples como dar essa entrevista por e-mail há pouco tempo atrás não era uma prática comum nas redações de uma revista. Redações?…
Lucas Santtana é músico e concentra suas atividades – e seu disco novo, 3 Sessions in a Greenhouse – no site Diginois.
Lennon instantâneo, Beach Boys com Led Zeppelin, Franz acústico no Chile, “me dá sua grana”, Tim necessário, SS remixado, Phil Collins meets Ringo Starr, garotas brasileiras, futuro negro, se sentindo um turista no Costão do Santinho, Beatles à jamaica, Clash clashed, o fim do rock e com inimigos assim…
– “I Don’t Feel Like Dancing (Linus Loves Vox)” – Scissor Sisters
– “Caroline No Quarter” – Bastard Pet Sounds
– “That’s All Yellow” – CCC
– “4 Hoarse Men” – 10000 Spoons
– “Enemies Like These” – Radio 4
– “Gimme Your Money” – Annie
– “Do You Want To (Rockandpop version)” – Franz Ferdinand
– “No Nights” – Black Future
– “At Home He’s a Tourist” – Gang of Four
– “Instant Karma” – John Lennon
– “O Rock Acabou” – Moptop
– “É Necessário” – Tim Maia
– “Jique” – Brazilian Girls
– “And I Love Her” – Wailers