Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Eis “End of Summer”, primeira faixa do que pode ser o próximo disco do Tame Impala, sete minutos do que Kevin Parker descreve como “uma espécie de rave futurística e primitiva” e que, como sempre ao anúncio de cada novo álbum, abre novas possibilidades musicais para seu grupo, ampliando ainda mais a vibe dance para além dos experimentos da década passada. Desta vez parece que o foco do novo trabalho – que nem foi confirmado de fato e segue sem título, capa ou data de lançamento – paira sobre a virada dos anos 80 para os 90, naquele período difuso em que o indie dance, a acid house e a cultura rave criavam o chamado novo verão do amor, em que o ecstasy assumiu o lugar do LSD numa nova psicodelia que era tão lisérgica quanto dançante e sem rosto. É o fim do verão, mas como ele mesmo anuncia no post do Intagram “uma nova era começa…” Chega mais, Kevinho.
Brinquei outro dia sobre a vibe do show da Schlop dizendo que a banda ligava o modo “lo-fi foda-se”, mas a verdade é que de um ano pra cá, Isabella Pontes tem deixado esse espírito em segundo plano para soar menos foda-se, embora mantenha seu pézinho no lo-fi. Isso tem a ver com o fato de ela ter tirado sua banda do quarto, onde gravou seus dois discos, e ter assumido a formação que montou para levar aquelas músicas para o palco. Acompanhei de perto essa mutação, que culminou no elenco atual que forma o grupo, com Lúcia Esteves na outra guitarra, Alexandre Lopes no baixo e Antonio Valoto na bateria. Para celebrar essa nova fase, ela decidiu regravar boa parte das músicas dos dois discos com essa nova formação em um novo álbum ainda sem nome que lança este semestre. E começa a mostrar essa nova leva de gravações ao apresentar sua já clássica versão para a “New York I Love You But You’re Bringing Me Down” do LCD Soundsystem que se transformou na paulistana. “São Paulo Te Amo Mas Tá Foda Demais”, que ela antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo, bem como seu clipe, que traz o mesmo Caco dos Muppets que fez sua versão há mais de uma década na internet, só que agora ambientado em São Paulo. A música foi composta depois que Bella voltou a morar em São Paulo, voltando de temporadas que passou em cidades diferentes como Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, Piracicaba e Campinas, no interior de São Paulo. E além das músicas já conhecidas, o disco, ainda sem título nem data de lançamento, trará os primeiros registros oficiais para pérolas como “Marquinho Van Halen” e “Rima Triste”.
O Led Zeppelin comemora o cinquentenário de seu maior álbum transformando Physical Graffiti em um disco triplo! Mas a reedição, feita pela gravadora Rhino (e já em pré-venda), programada para o dia 12 de setembro, ficou aquém do que se esperaria de uma obra tão mastodôntica, trazendo apenas quatro versões ao vivo no terceiro disco que incluíram no primeiro disco duplo da clássica banda setentista, sendo que duas delas nem são do período do disco. Live EP, que acompanha o novo Physical Graffiti, traz versões ao vivo para músicas do disco gravadas primeiro em Earl’s Court, no ano de lançamento do disco (“In My Time of Dying” e uma versão acelerada de “Trampled Under Foot”, cujo clipe foi antecipado essa semana) e depois em Knebworth, em 1979 (“Sick Again” e “Kashmir”). Além do disco ao vivo, a reedição ainda traz um pôster acompanhando o álbum triplo. Mas que fazem falta sobras de estúdios, mais versões ao vivo, fotos das gravações e um livro contando a história do disco (como a maioria das reedições costumam fazer), ah fazem…
Os Racionais MCs foram pra Nova York essa semana, onde fizeram duas apresentações – primeiro tocando em Elizabeth, em Nova Jérsei, no sábado, e depois em Worcester, perto de Boston, no domingo. Mas nesta quinta-feira, eles publicaram em seu Instagram uma foto que mostra que o grupo não foi para os EUA apenas fazer shows, ao posar ao lado de Busta Rhymes num estúdio, escrevendo na legenda que “tinha umas ideia de que o homem gravava nesse estúdio por aqui… e talvez apareceria essa semana. Mas como nada é por acaso, um pouco depois das 9pm — o cara chegou. Mó sangue bom. Gente da gente. Parecia papo de 30 anos de amizade”. Será que o sucessor de Cores e Valores (que foi lançado há mais de dez anos) está vindo aí…?
Brincando com um passado que não existiu, o Karnak de André Abujamra volta a mostrar coisas novas – e antigas – a partir do lançamento de Karnak Mesozóiko, disco que a hidra de dez cabeças liderada por Abu prepara-se para lançar a partir de um certa demo do grupo descoberta nos escombros de uma casa onde André teria morado em Stüttgard, na Alemanha, nos anos 80. Programado para ser lançado dia 3 de setembro, o novo disco começa a ser mostrado nessa sexta, quando eles lançam o single e o clipe de “Eu Só Nasci”, que antecipam em primeira mão para o Trabalho Sujo, que foi inspirado no genocidio em Gaza. “Sempre que acontece alguma tragédia a minha forma de oração é fazer uma música”, explica André.
O desenho animado South Park não mediu esforços para destruir Trump no episódio que foi ao ar nessa quinta-feira nos Estados Unidos. O seriado acaba de renovar seu contrato com a Paramount garantindo exclusividade do desenho nos canais do estúdio por um bilhão e meio de dólares, na mesma semana em que a CBS – emissora que pertence à Paramount – anunciou que irá aposentar o programa Late Night, que o humorista Stephen Colbert herdou do criador David Letterman, em 2026, quando termina o contrato do apresentador. O irônico é que a conversa de bastidor nos EUA diz que o fim do programa tem mais a ver com a forma pesada que Colbert vem lidando com o governo Trump, de quem a Paramount quer proximidade. Por isso a bordoada do episódio de South Park vem pesada: além de expor de forma ainda mais caricata a estupidez (e o micropênis) de Trump – que, no desenho, manda bombardear o Canadá e confunde o Irã com o Iraque -, ainda colocou o presidente laranja, que fala com a mesma voz do insuportável Cartman, literalmente na cama com o satã e o senhor das trevas fica enfurecido por ouvir falar que o nome do presidente dos Estados Unidos apareceu na lista de Jeffrey Epstein NO MESMO DIA em que é revelado que o Departamento de Justiça dos EUA avisou a Trump que seu nome estava mencionado várias vezes na lista do traficante sexual. E a notícia é que o episódio bateu pesado no ego de Trump, deixando o clima na Casa Branca ainda mais pesado. Pega fogo, cabaré!
Quem também está vindo são os Pelados… Primeiro, eles arquivaram todos os posts de sua conta no Instagram e agora soltam um curta em que atuam com um grupo mascarado que invade um lugar pra pegar uma certa pasta azul. E tiram essa pasta de um escritório em que dois funcionários dão dicas sobre o futuro da banda, quando um deles é vivido pelo produtor Gui Jesus Toledo (sócio do selo Risco, que também compartilhou o post) e outro pelo vocalista da banda baiana Tangolo Mangos Felipe Vaqueiro. Hmmm…
“Estou chegando”, disse Kevin Parker em um dos vídeos que soltou essa semana para anunciar o que parece ser o primeiro single do quinto disco de sua banda, Tame Impala, batizado de “End of Summer”. “Separe sete minutos da sua agenda”, avisou em outro, ambos vídeos cifrados e sem foco, mas que mostram trechos de uma música de aura eletrônica e até dance, que deve dar a tônica do novo lançamento. Vamos ver o que ele está aprontando…
Imagine você ter um show programado para fazer em Birmingham, cidade-natal de Ozzy Osbourne, no dia em que o inglês morreu. Foi o que aconteceu com Geordie Greep, que não pestanejou e fez sua banda tocar uma sequência de músicas do Black Sabbath e do próprio Ozzy logo no início de sua apresentação na casa noturna XOYO, na terça passada. O ex-Black Midi emendou um medley instrumental com “Symptom Of The Universe”, “War Pigs”, “N.I.B.”, “Paranoid”, “Sweet Leaf” e “Crazy Train”, cujos vocais ficaram por conta do próprio público. “É meio cafona falar esse tipo de coisa, mas é muito doido pensar que esses quatro caras fizeram essa música que mudou tudo vieram dessa cidade”, comentou logo depois da homenagem, dedicada a Ozzy. “Pensa nisso, você compra uma guitarra e vai ensaiar com a sua banda com doze anos de idade, toca essas músicas e parece que você tem superpoderes, é como se fosse mágica. E esses caras vieram dessa cidade, que não é exatamente Beverly Hills”. Não custa lembrar que Greep fez um dos grandes discos do ano passado (o ótimo The New Sound) e é uma das atrações que a Balaclava está trazendo para seu festival em novembro, quando toca antes de Yo La Tengo e do Stereolab.
Eis a lista com os 50 melhores discos do primeiro semestre de 2025 segundo o júri de música popular da Associação Paulista de Críticos de Arte, do qual faço parte. Num ano com muitos lançamentos, escolhemos 50 álbuns representativos da produção dos seis primeiros meses deste ano, número que reflete a quantidade absurda de bons discos lançados neste período.