Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

“Fale Mal de Mim” – Autoramas

Intro: E A F#m B

E F#m A
Você fica irritado comigo
B C#
Só porque voce me acha mais bonito
E F#m A C# B
que voce

E F#m A
Você já fica todo nervoso
B C# E F#m A C# B
Quando te dizem que eu sou mais talentoso que você

F#m
Sua vida anda mesmo sem graça,
A C#m
Pois a única saída que você acha é me difamar
F#m
Isso até que veio bem a calhar
A C#m D
Eu estava precisando de alguém para me divulgar

Refrão
E A
Fale mal de mim
E C#
Fale o que quiser de mim
A
Mas por favor, não deixe que em nenhum momento
F#m A
Eu deixe de estar no seu pensamento
E A
Fale mal de mim
E C#
Fale o que quiser de mim
A
Porque todo mundo que te conhece
F#m A E
Sabe que é isso o que você merece

Breque
Volta a intro

F#m
Minha reputação continua intacta
A C#
Apesar de todas estas historinhas que você inventou
F#m
E se a vida pra você é uma disputa
A C# D
Lembre-se que pra todo o jogo há um perdedor

Refrão e intro de novo

Você sabe que eu vencerei
Que eu triunfarei
Isso incomoda você
Isso irrita você
Sabe que eu vencerei
Que eu triunfarei
Isso incomoda você
Isso vai matar você

(dedilhando) E F#m A C# B E

Biscoito fino

Isso é que eu chamo de profissa: um user do blogger chamado fperacoli tá fazendo um senhor trabalho e reunindo parte da produção psicodélica brasileira num mesmo sítio, essa pérola chamada Brazilian Nuggets, com bios e arquvios zipados dos discos inteiros. Tem Manduka, Baobás, Geração Perdida, Brazões, a trilha do Deus e o Diabo na Terra do Sol, Daminhão Experiênça, Liverpool, Ronnie Von, Zé Ramalho… Coisa que nem o Gavin pode relançar em CD porque não tá em acervo de major nenhuma.

Repetindo o link, aqui: http://brnuggets.blogspot.com/

Deus lhe dê em dobro, alma caridosa.

PS – Tomate saiu do limbo da cantina escolar pra passar dois linques nesta mesma vaibe, se liguem no Vinil Velho e no Acesso Raro. Outros dois bons brasileiros, fazendo sua parte. Alguém sabe de mais algum?

Domingo-feira

Dia 23 de Abril – Domingo
Projeto 2em1 agora no
Coppola Music apresenta:
Móveis Coloniais de Acaju & Lado 2 Estéreo
Djs: Alexandre Matias e Luciano Kalatalo
Horário : 19h00
Preço:
Lista de desconto R$12,50
Inteira 25,00
Coppola Music
Rua Girassol, 323 – Vila Madalena
3034 – 5544

As megacorporações, as drogas, a internet e a mídia

McDonald’s e Maconha, Coca-Cola e cocaína.

Assim Sou Eu

200_odair.jpg

Bizz com os Paralamas na capa (Pedro Só matando a pau na matéria), número 200, entrevistão meu com o Odair José (tem até foto minha, meninas) que eu só posto, por enquanto, o mesmo tanto que a Bizz liberou. Quando a 201 hit the bancas, eu posto tudo. E falando nisso, o podcast da revista teve a minha participação nos vocais, falando justamente sobre o OJ brasileiro. Escuta aqui. Ah, a foto é do Coskoman, grande Eugênio.

Qual sua primeira memória musical?
Meu pai mexia com terra, na região de Morrinhos (interior de Goiás), perto de Caldas Novas. Chegava a época da colheita, ele fazia uma confraternização. Foi quando vi um trio com dois violeiros e um sanfoneiro. Achei legal e pedi um violão a minha mãe, de Natal. Mas meu pai me deu um cavaquinho, porque, pelo meu tamanho, era mais adequado (ri). Tinha um cidadão que tocava violão de sete cordas na banda da cidade e me ensinava todo dia um acorde. Naquela época, eu tocava boleros, modas de viola, música italiana, americana. Aos 12 anos, quando me mudei para a capital, Goiânia, apareceram os Beatles. Eu cantava todas as músicas dos Beatles, em serenatas, numa bandinha chamada Monft.

Como é que é?
Monft – eram as iniciais da gente: Marcelo, Odair, Nadir, Fayed e Tuca… Depois fui convidado para ser crooner de banda de baile, os Apaches, que era famosa em Goiânia. Cantava Beatles, Animals… Mandava qualquer inglês, mas cantava (ri). Daí, comecei a compor. Depois, fui tocar no conjunto do maestro Marquinhos, que era mais profissional. Ele tinha um programa na televisão e eu fazia a parte considerada “jovem”, que os cantores dele não gostavam. Então, conheci o Roberto Carlos. Nosso conjunto abriu o show dele em 1965, quando eu tinha 18 anos. Fui conversar com o Roberto, falei que tinha umas músicas e ele falou: “Vai pro Rio, aqui não tem condições…”. E nisso, eu fui mesmo. Saí fugido, na calada da noite, não falei pra ninguém. Fui na ilusão de encontrar o Roberto. Fiquei um ano sem dar notícias, você imagina a cabeça da minha mãe…

E a parte do deslumbre com sucesso, dinheiro, drogas, mulheres, como você lidou com isso?
Ganhei e gastei muito dinheiro à toa. Se eu tivesse guardado a metade, estaria quaquilionário. Mas não me arrependo. Às vezes faz falta, mas não virei músico pra ganhar dinheiro. Se eu tivesse trabalhado a vida inteira no barzinho da praça Mauá, seria feliz do mesmo jeito. Sobre mulheres, curti minhas namoradas, mas sempre fui homem de uma mulher só. Não sei viver sem mulher. Até me questiono: “Será que quando eu morrer vai ter mulher pra onde vou?” Porque se não tiver, vai ser uma merda. Tem umas partes da Bíblia que Jesus diz que lá em cima, ou lá embaixo, pra onde a gente vai, não tem disso. Então, tá mal. Drogas: experimentei maconha e cocaína, mas não faziam a minha cabeça. O baseado me deixava muito zen, até demais. Sou meio marcha lenta, e aquilo me deixava mais lento ainda. A cocaína me deixava três dias com o olho arregalado, também não funciona. A minha droga sempre foi a cachaça. Não a cachaça mesmo, mas um uísque, sempre gostei de uísque, e ultimamente tenho gostado de um bom vinho. E de vez em quando faz um calor danado e uma cervejinha cai bem.

Essa pecha de cafona não te incomodava?
Gosto é uma coisa de cada um. Nunca tive mágoa na minha vida. Sempre li os comentários ao meu trabalho e nunca me magoei. Agora mesmo, na Folha de S. Paulo, o Evangelista (Ronaldo Evangelista, também colaborador da BIZZ) comparou o tributo que fizeram pra mim (Vou Tirar Você desse Lugar) com o meu disco novo, dizendo que Só Pode Ser Amor não teria novidade, que é o que as pessoas esperam do Odair José. A gravadora não gostou. Mas o que ele falou é a pura verdade, o disco é o Odair José. E não era isso que eles queriam? Tenho uma música chamada “Cadê Você?”, que parece o “Parabéns a Você” de tão simples. Mas só ela, cantada por mim ou por outros artistas, já vendeu mais de 7 milhões de discos. Agora, vai fazer uma música dessas! Fazer música cheia de acordes, de coisinhas pra lá e pra cá, é mais fácil de fazer do que “Mamãe Eu Quero”. Outro dia eu estava assistindo a TV e passou uma entrevista com o Carlos Lyra e ele falou uma coisa tão fraca: “Você sabe que nós, o pessoal da bossa nova, éramos bem informados e fazíamos música pra gente mesmo. Não íamos tocar na Rádio Nacional, onde tinha o Francisco Alves, a Ângela Maria. O nosso negócio era mais intelectual, era pra Ipanema”. O cara é um babaca! Porque todos eles eram cópias do João Gilberto, que veio lá de Juazeiro da Bahia, nunca foi intelectual e não morava em Ipanema.

“Why Did You Do It”

baileruts04.jpg

E aí, sabadão, simbora? Nessa edição da feshteenha que eu faço com o Ramiro, várias novidades, como DJ convidado pela primeira vez (o pernambucano Bruno Pedrosa, do Transformer, que compilou remixes de músicas de artistas de seu estado) e banda surpresa na área. Sacolejo firme, coisa de louco, suingue maninho e Tony Manero. Vai pagar dez reau ou quer entrar na faixa? Se é o seu caso, manda o nome da sua tchurma pro meu email até o sábado mesmo, às 18 horas. Prometo que vai ser altos filé.

Mais uma sessão de sessões

Novos VF na área, já que tu não assina o RSS…

Vida Fodona 9: Supergrass na movimentação, demo do Flaming Lips, Céu, a namoradinha da crítica de MPB do Brasil, Walverdes brusco, Jesus & Mary Chain tocando Pink Floyd, Def Squad visitando Beastie Boys, Preza na íntegra, a banda de rock do Nego Moçambique, Mutantes clássico, música nova do TFC e set do Camilo Rocha com Jimi Hendrix e INXS.

– “Moving” – Supergrass
– “Body Movin’” – Def Squad vs. Beastie Boys
– “Capitão Presença” – Instituto
– “Jogo de Calçada” – Mutantes
– “It’s All in My Mind” – Teenage Fanclub
– “Assim Sou Eu” – Odair José
– “Seja Mais Certo” – Walverdes
– “Lenda” – Céu
– “Feeling Yourself Disintegrate (Eve Session)” – Flaming Lips
– “A Man is a Man” – Oz
– DJ Set do Camilo Rocha
– “Vegetable Man” – Jesus & Mary Chain

Vida Fodona 10:
Entrevista e dois sons do Bonde do Rolê, Jack Johnson, Digitaldubs inédito com o Mr. Catra, o fim do surfe dos Beach Boys, Bad Folks, Kanye West sampleando Curtis Mayfield, Stretch, Four Tet ao vivo, Asian Dub Foundation + Racionais MCs, demo do Exile on Main Street, Takara, Headhunters e a única música lançada (até agora) do projeto Maquinado, do Lucio Maia.

– “Máquina de Ricota” – Bonde do Rolê
– “Sutura” – Maquinado
– “Good People” – Jack Johnson
– “6? – M. Takara
– “Coyotte Girl Revisited” – Bad Folks
– “She Moves She” (ao vivo) – Four Tet
– “Ventilator Blues (demo)” – Rolling Stones
– “I Remember I Made You Cry” – Headhunters
– “Why Did You Do It” – Stretch
– “Touch the Sky” – Kanye West
– “Dança da Ventoinha” – Bonde do Rolê
– “19 Rebellions” – Asian Dub Foundation e Edy Rock
– “Se Liga Nelas” – Digitaldubs e Mr. Catra
– “Surf’s Up” – Beach Boys

Vida Fodona 11: Músicas novas do Edu K, Chico Correa, D2, Repolho e De Leve, sessão motorik com Can, Stereolab e Wilco, Flaming Lips tocando Radiohead, LCD Soundsystem e Pink Floyd no mesmo clima, Sérgio Mendes no hip hop, Satanique Samba Trio e Jorge Ben clássico.

– “Toda Colorida” – Jorge Ben
– “Never As Tired As When I’m Waking Up” – LCD Soundsystem
– “Burning Bridges” – Pink Floyd
– “Knives Out” – Flaming Lips
– “Mother Sky” – Can
– “Spiders (Kidsmoke)” – Wilco
– “Metronomic Underground” – Stereolab
– “Gueto” – Marcelo D2
– “Samba Da Bênção (Samba Of The Blessing)” – Sergio Mendes e Marcelo D2
– “México” – De Leve
– “Baile Muderno” – Chico Correa & the Electronic Band
– “Teletransputa” – Satanique Samba Trio
– “Gatas” – Edu K
– “Definhando Lentamente ou Emagrecimento Definitivo” – Repolho

Fear of Music – Talking Heads

Visto de fora, nossa normalidade é a coisa mais absurda possível. Matamos e fritamos bichos pra comer. Estudamos metade da vida para trabalharmos em coisas que não tiveram a ver com nada daquilo que aprendemos. Carros usados como armas, armas usadas como brinquedos, brinquedos usados como formas de provocar os outros. O comportamento humano talvez seja a verdadeira essência da humanidade. Não é a racionalidade ou a estrutura física ou a espiritualidade que nos torna quem somos: é a forma que agimos uns com os outros, como nos portamos diante das diversas situações da vida, rituais e manias que, tiradas de contexto, não fazem sentido algum. Você não vê nenhuma espécie no planeta terra – e talvez no universo – que seja, ao mesmo tempo, tão sábia e tão idiota. Isso é a base da obra davidbyrneana, a síntese do conceito das letras dos Talking Heads. Analisando a sociedade humana como se a antropologia (ou a zoologia) fosse a sociologia, David Byrne muda um pouco o foco da realidade e vê uma coisa completamente diferente. Assim, torna-se um cara à frente do nosso tempo, mesmo que por apenas uma hora. Percebendo algumas coisas antes de todo mundo, Byrne é metade do que faz o Talking Heads uma das melhores bandas detodos os tempos. A outra metade é a poderosa seção rítmica do grupo.

Fundado em pleno punk rock, os Talking Heads (como o B-52’s, o Devo, o Fall, o Gang of Four e tantos outros) transformaram a inaptidão técnica em ritmo, criando grooves – quadrados, em geral – que nos impunham ao ritmo robótico da canção. Mas aos poucos, a banda começou a criar uma forma prática de tocar que floresceu onde ninguém esperava – na cozinha. O casal Tina Weymouth e Chris Franz era mais inofensivo que qualquer outro tipo de dupla. Ela frágil e apática, ele gordo e sorridente, usando bonés daquele jeito que só os caipiras norte-americanos conseguem. Mas dali, provavelmente da química sexual dos dois, surgiu uma máquina de ritmo sinuosa e marcial. O baixo de Tina é macio e meloso, conduzindo a dança no sentido horizontal, enquanto o maridão trabalha no sentido vertical com pulso firme e preciso; um funk minimal que cresce e controla o ambiente. Acrescente aí a guitarra e os teclados de Jerry Harrison, o mesmo que, ao lado de Johnattan Richman e sob a supervisão do ex-Velvet John Cale, gravou as primeiras demos que mais tarde se tornariam o primeiro e clássico disco dos Modern Lovers. Jerry solava bem, mas reduziu sua guitarra ao suíngue apertado de Tina e Chris e passou a usar o teclado mais como uma máquina de ruídos, tocando-o como um piano quando necessário. À frente de tudo, a figura caricatural de David Byrne. Magrelo e constantemente de olhos arregalados, Byrne não tinha cabelos espetados ou jaqueta de couro. Pelo contrário, tocava usando roupas normais, calças de linho e camisas de gola, meias de algodão e tênis. Seu ar tímido contrastava com sua performance robótica que, acrescido de sua voz nem aguda nem grave e deliciosamente desafinada e da forma percussiva que tocava seu instrumento – às vezes uma guitarra, às vezes um imenso violão. Eram os Talking Heads. Sua crítica social irônica era – junto com o marxismo do Gang of Four e o pós-modernismo do Pere Ubu – o máximo que o rock poderia se aproximar do intelectualismo sem parecer pedante ou, pior, progressivo. No final dos anos 70 esta palavra era vista com os piores olhos possíveis, criando um preconceito que atravessa décadas (alguém já disse que é impossível ignorar um gênero inteiro e isso é verdade).

E os Heads eram intelectuais. E botavam o povo pra dançar. E aos poucos ganharam omundo. Mas estamos ainda em 1979, quando o grupo ainda vinha sendo assimilado. O primeiro disco, Talking Heads’77, contou com a sorte de um hit perfeito: Psycho Killer, um clássico. O segundo, More Songs About Food and Buildings, os associava pela primeira vez com Brian Eno, num casamento que se mostrava prático e promissor. Ainda não era o suficiente. Precisavam de uma prova definitiva, um disco que não deixasse dúvidas se o grupo era bom ou não. E assim nascia Fear of Music.

Centralizando sua tese sociológica no medo, David Byrne explicava com detalhes um mero capítulo de algo que as pessoas não tinham certeza que sequer existia. Era um disco conceitual sobre o medo sem sequer citar o medo. As canções encerram conceitos definitivos sobre assuntos diversos e todos eles são encarados com estranheza, com diferenciação. O medo é decorrente. Gravado no apartamento de Chris e Tina, em Long Island (Nova York), Fear of Music começa nos apresentando ao desconhecido.

I Zimbra é uma letra do poeta nonsense Hugo Ball e não quer dizer nada, pelo menos que saibamos: “Gadji Beri Bimba Clandridi/ Lauli Lonn Cadori Gadjam/ A Bim Beri Glassala Glandride/ E Glassala Tuffm I Zimbra”. O ritmo é tenso e repetitivo e o funk torna-se sombrio e mais negro que em qualquer outro disco do Talking Heads. Culpa do baixo de Tina Weymouth, que torna-se um elástico de groove da noite pro dia e da percussão afro-caribenha que aos poucos vai tomando conta do grupo. A letra é cantada em coro como um rito tribal por todos os Talking Heads e por Brian Eno, que “trata” o disco (a definição é dele mesmo – “treatments”, nos créditos) e acrescenta teclados esquizóides ao final da canção. Na base, quieto, quase escondido, Robert Fripp ajuda Jerry e David a compor o muro de som que cresce até explodir subitamente ao fim da música.

Em Mind, o baixo de Tina (o fio condutor de todo o disco) puxa as guitarras abafadas que parecem datilografar alguma palavra. Byrne, preocupado, procura algo para mudar a mente do ouvindo, já que nem as drogas, nem o tempo, nem a ciência, nem a religião, nem o dinheiro, nem ele mesmo parecem surtir efeito. “Tento falar consigo para esclarecer as coisas/ Mas você sequer me ouve”, canta desesperado, enquanto as guitarras cantam riffs preguiçosos que deslizam pelobaixo central.

Paper tenta incitar a paranóia: “Segure o papel contra a luz (alguns raios podem atravessá-lo)/ Exponha-se lá fora por um minuto (alguns raios podem atravessá-lo)”. O suíngue torna-se massivo e, paradoxalmente, minimal, e é enfeitado com guitarras que parecem extraídas de Revolver, dos Beatles.

Cities começa baixinho até explodir num groove robótico que seria explorado melhor no disco do ano seguinte, Remain in Light. Na letra, Byrne descreve cidades pelos defeitos, enquanto procura um lugar pra morar: “Pense em Londres, uma cidade pequena/ É escuro, escuro de dia/ As pessoas dormem de dia/ Se quiserem”, “Há muitos ricos em Birmingham/ Muitos fantasmas em muitas casas/ Olha lá: uma fábrica de gelo seco/ Um bom lugar pra arrumar idéias prontas”, “Esqueci de Memphis/ Casa de Elvis e dos gregos antigos/ Eu tô fedendo? Eu fedo a comida/ É só o rio, é só o rio”. Sem avisar ninguém, Byrne “rouba” uma estrofe inteira, imprimindo apenas sualetra no encarte.

Life During Wartime (que foi surrupiada por Marcelo Nova para compor Hoje, do Camisa de Vênus, e recentemente gravada pelos Paralamas do Sucesso) é o mais próximo do Talking Heads que estávamos acostumados. Como diz o título, a canção fala da vida durante a guerra, mas sem romantismo ou pavor. A faixa conta a história de um cara que, em meio a uma guerra, tenta viver uma vida normal, apesar de tudo. A letra compila alguns dos melhores momentos do letrista. “Ouvi falar numa van cheia de armas pronta pra sair. Ouvi falar de cemitérios clandestinos perto da estrada, num lugar que ninguém sabe onde é. Som de tiros à distância, estou me acostumando. Moro na periferia, moro no gueto, moro por toda cidade. Isso não é uma festa, não é uma discoteca. Não dá pra ficar de bobeira. Não dá pra dançar ou paquerar. Não tenho tempo pra isso. Transmita a mensagem ao receptor, espere respostas, algum dia. Tenho três passaportes, um par de visas, não sei nem meu nome de verdade. Perto da colina, estão abastecendo caminhões, tudo está pronto pra sair. Durmo de dia, trabalho à noite, nunca mais chego em casa. Isso não é uma festa, não é uma discoteca. Não dá pra ficar de bobeira. Não tenho tempo pro Mudd Club ou pro CBGB. Não tenho tempo pra isso. Ouviu falar de Houston? Ouviu falar de Detroit? Ouvi falar em Pittsburgh, PA? Melhor não ficar à janela, alguém pode vê-lo. Tenho umas frutas e manteiga de amendoim pra alguns dias. Não tenho caixas, não tenho fones, nem discos pra ouvir (…) Adoraria te beijar, adoraria te abraçar, não tenho tempo pra isso”.

Memories Can’t Wait fecha o lado A com a mais séria canção dos Heads. Pesada e deprê, Memories… fala em amnésia e coma, mas de forma pertubadora e sutil: “Você lembra de alguém aqui?/ Não, você não se lembra de ninguém/ Estou dormindo, deitado/ Nunca acordei, não me arrependo/ Há uma festa na minha mente/ Que nunca acaba/ Uma festa lá em cima o tempo todo/ Vão festejar até cair/ Outros podem ir pra casa/ Outros podem ir dormir/ Estou aqui o tempo todo/ Não posso ir embora”. Pela primeira vez as guitarras assumem o comando e o resultado é a música mais assustadora dodisco.

O lado B começa no extremo contrário. Air é doce e suave (com belos backing vocals) e dá ao baixo os controles do disco, mais uma vez. Agora o objeto de insegurança e aflição é o ar, que, segundo Byrne, “também pode te machucar”.

Heaven talvez seja um dos melhores momentos do disco. Rock lento e onírico, a faixa descreve o céu como um lugar que nada (ou “o nada”) acontece o tempo todo. “A banda no céu toca minha música favorita/ Toca mais uma vez, toca a noite inteira”, “Quando esse beijo acabar, recomeçará/ E não será diferente, será exatamente o mesmo”. O nada e a morte tornam-se objetos de uma apreciação lúdica e inédita na música pop. “É difícil acreditar que o nada absoluto possa ser ser tão excitante, tão divertido”.

Animals brutaliza a banda para falar da agressividade e do instinto animalesco do ser humano. “Descobri que os animais não ajudam/ Eles pensam, são bem espertos/ Cagam no chão, vêem no escuro/ Nunca estão lá quando precisamos deles/ Nunca estão lá quando os chamamos/ (…) Animais pensam, entendem/ Acreditar neles é um grande erro/ Animais querem mudar minha vida/ Eu sempre foi ignorar conselhos de animais”. Realçando o lado animal do ser humano, Byrne transforma os bichos em seres tão racionais como nós, apenas para ridicularizar nossas ansiedades e fobias.

A guitarra elétrica é posta em um tribunal em Electric Guitar. O som é um antiska que conta a história de um atropelamento (da própria guitarra), que chega a algumas conclusões: “Nunca ouça a guitarra elétrica” e “Alguém controla a guitarra elétrica”.

Drugs encerra o disco com uma atmosfera ao mesmo tempo tensa (culpa do baixo, dos teclados e da guitarra esparsa) e bucólica (culpa dos sons florestais sob o som da banda).

Fear of Music é mais uma versão contemplativa que o Talking Heads faz da raça humana, observando-a desta vez pelas coisas que lhe incomoda, que lhe assusta. E é o disco em que o funk do grupo está mais coeso e denso, antes de explodir no universo de ritmos caribenhos que seria o próximo disco do grupo, Remain in Light. Mas isso é outro papo…

Jack’s back

Eu tou selecionando umas coisas do YouTube pra linkar aqui, mas tinha que colocar isso antes

“Good People” – Jack Johnson

B E C#m F#
You win it’s your show now, So what’s it going to be?
B E C#m F#
cause people will tune in, How many train wrecks do we need to see?
B E C#m F#
Before we lose touch, And we thought this was low
B E C#m
Well it’s bad, getting worse….

F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m
I’ve been changing channels and I don’t see them on the tv shows
F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m F#
We’ve got heaps and heaps of what we sow

B E
They got this and that with a rattle a tat
C#m F#
Testing, one, two, man whatcha gonna do
B E
Bad news misused, got too much to lose
C#m F#
Give me some truth now, who’s side are we on
B E C#m F#
Whatever you say, Turn on the boob tube, I’m in the mood to obey
B E C#m
So lead me astray, And by the way now…

F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m
I’ve been changing channels and I don’t see them on the tv shows
F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m F#
We’ve got heaps and heaps of what we sow

Bridge chords
E B C C# F# F
e—0—-7—-2—-3—-4—-2—-1|
B—0—-9—-4—-5—-6—-2—-1|
G—2—-9—-4—-5—-6—-3—-2|
D—2-or-9—-4—-5—-6—-4—-3|
A—1—-7—-2—-3—-4—-4—-3|
E—0————————2—-1|

E B
Sitting around feeling far away,
C C# F# F
So far away but I can feel the debris, can you feel it?
E B
You interrupt me from a friendly conversation
C C# F#
To tell me how great it’s all going to be
F E B
You might no-tice some hesitation
C C# F#
It’s important to you, it’s not important to me
F E B
But way down by the edge of yo–ur reason
C C# E
It’s beginning to show, and all I really want to know is…

F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m
I’ve been changing channels and I don’t see them on the tv shows
F# B E C#m
Where’d all the good people go?
F# B E C#m F#
We’ve got heaps and heaps of what we sow (Where’d all the good people go?)

B E
They got this and that with a rattle a tat
C#m F#
Testing, one, two, man whatcha gonna do
B E
Bad news misused, give me some truth
C#m F#
You got too much to lose, Whose side are we on
Where’d all the good people go?
B E
today anyway, Okay whatever you say
C#m F#
Wrong and resolute but in the mood to obey
B E C#m F#
Station to station, desensitizing the nation
Where’d all the good people go?
B
Going, going, gone