Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

“Instant Karma” – John Lennon

[A]Instant Karma’s gonna get [F#m]you, [A]gonna knock you right on the [F#m]head
[A]You better get yourself to[F#m]gether, [F]pretty soon you’re [G]gonna be [A]dead
[D]What in the world you thinking [Bm]of, [D]laughing in the face of [Bm]love
[C]What on earth you tryin’ to [Am7]do, it’s [D]up to you, yeah [E9]you

[A]Instant Karma’s gonna get [F#m]you, [A]gonna look you right in the [F#m]face
[A]You better get yourself to[F#m]gether darling, [F]join the [G]human [A]race
[D]How in the world you gonna [Bm]see, [D]laughing at fools like [Bm]me
[C]Who on earth d’you think you [Am7]are? A [D]superstar? Well al[E7]right you are

Refrão
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on like the [G]moon and the [Bm]stars and the [Em]sun
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on [D]every one, [E9]come on

[A]Instant Karma’s gonna get [F#m]you, [A]gonna knock you of your [F#m]feet
[A]Better recognize your [F#m]brothers, [F]every [G]one you [A]meet
[D]Why in the world are we [Bm]here? [D]Surely not to live in pain and [Bm]fear[Bm7]
[C]Why on earth are you [Am]there? When you’re [D]everywhere, come and [Em7]get your share

Refrão
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on like the [G]moon and the [Bm]stars and the [Em]sun
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on [D]every one, [E9]come on

[A]Yeah yeah[F#m] al[A]righ[F#m]t [A]Ah [F#m]haa [C]Aaa[G]ah[A]h

Refrão
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on like the [G]moon and the [Bm]stars and the [Em]sun
Well we [G]all [Bm]shine [Em]on [D]every one, [E9]come on

“I remember when I lost my mind…”

Loucura dominical

E, todo domingo, uma faixa dominical para domenicar melhor seu ar domênico. Pra começar, ainda na loucura da conexão Raconteurs/Gnarls Barkley, segue aí a versão da banda nova de Jack White para o hit de 2006, ao vivo no Lollapalooza desse ano.

“Crazy” – The Raconteurs (Live Lollapalooza 2006)

(Nesse blog, tem o show inteiro dos caras, se interessar…)

E é claro que a versão foi parar no YouTube. Aqui. Aqui. Aqui. E aqui também.

Aumentussom djidjêi!

10 do Dago

Sabadão é dia de setlist alheio e eu tou começando este com o Top 10 atual do Dago Donato, que além de editor da Trama Virtual, também é um dos integrantes do Centro Cultural Batidão (ele é o da direita, na foto aí), que toca nas festas da Peligro na quinta-feira, no Milo Garage.

“Do The Whirlwind (Hot Chip Remix)” – Architecture in Helsinki
“Let There Be Light” – Justice
“Konk Party” – Konk
“Friday Night” – Lily Allen
“Hoodie (Basement Jaxx Remix)” – Lady Sovereign
“Gettin’ Some” – Shawnna
“Beat Dis” – Bomb the Bass
“Caminhão de Gás” – Bonde do Rolê
“Cut Your Hair” – Cassettes Won’t Listen
“Mundo Deserto” – Erasmo Carlos

Bailes na cidade

delreystudiosp.jpg

Studio SP
Rua Inácio Pereira da Rocha, 170 – Vila Madalena
Tel: (11) 38175425
Capacidade da Casa: 320 pessoas

e

ORQUESTRA IMPERIAL
A Orquestra Imperial se notabilizou como uma das maiores sensações da cena cultural carioca recente, atraindo grande público durante seus concorridos bailes-show, desde os primeiros bailes em 2002 . Choperia. Proibida entrada de menores de 18 anos. R$ 25,00; R$ 19,00 (usuário matriculado). R$ 10,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). R$ 12,50 (acima de 60 anos e estudante com carteirinha).
Dia(s) 11/08, 12/08 Sexta e sábado, às 21h.
SESC Pompéia

Cinco Perguntas Simples: Hermano Vianna

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Acabou sim – e nao há volta.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Qual conta? A das gravadoras? A do leite das crianças dos artistas? Há muitas experiências em andamento, dos pagamentos voluntários do Jamendo as parcerias com os camelôs do tecnobrega. Até agora a saída mais fácil tem sido os shows ao vivo – aí você me pergunta: e os compositores que não tocam ao vivo? Acho que vão ter que combinar com as bandas que tocam suas músicas outras maneiras de ganhar dinheiro. Mas acho que estamos caminhando para um estado no qual o “musicar” e mais importante que o produto final “música”. Tiro essa ideia do Gilbert Rouget, um antropólogo que estuda a música dos pigmeus há muito tempo: “O que o grupo tem obviamente em vista é o prazer de produzir a música coletivamente, muito mais que o produto em si mesmo. Em resumo, por mais inseparaveis que sejam, é o musicar que lhes importa, a música como resultado só aparece depois disso”. Por isso gosto do remix, mas por outros motivos. O importante não é o remix em si, mas a atividade de remixar – quanto mais gente remixando ao mesmo tempo mais a brincadeira fica melhor.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Variedade – todo mundo pode “musicar”.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Muitos – só por causa do Overmundo, que existe há pouquíssimo tempo, já conheci o Umagoma, os Indios Eletronicos, o Stereovitrola, o Retrigger, o coletivo P.U.T.A., o Fungos Funk, o Pandora no Hako, e tanta gente bacana mais que seria difícil chegar na minha mão por outro caminho…

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?

Quando eu li sobre house pela primeira vez em 1987 demorei varios meses para conseguir escutar o que era – ontem li pela primeira vez sobre a nova evolucao do juke, nova dance music de Chicago – já escutei tudo via internet – é uma maravilha, acho que quem nunca viveu sem internet nunca poderá dar o valor devido à nova situacao – para mim ainda parece um sonho.

* Hermano Vianna, antropólogo, é curador do Tim Festival, consultor da Rede Globo e mentor do Overmundo, além de autor de livros básicos como O Mundo Funk Carioca e O Mistério do Samba.

DoSol a pino

Um bom termômetro

Sexta é dia de falar sobre a “cena” (você sabe do que eu tou falando), então vambora…

***

Acabei de voltar de Natal, para onde fui após convidado pelo Anderson Foca, um dos agitadores da cena local, para assistir ao Festival DoSol, em sua terceira edição. E, para uma cena independente sem muita representatividade no cenário nacional, a cidade surpreende. Não apenas pelo verde do mar ou pelo preço do camarão (sete reais o quilo!), mas pelo tamanho interesse da própria cena em, mais do que “acontecer”, se firmar.

Botando na ponta do lápis, tirando São Paulo, que não tem um festival independente de peso e continuidade no cenário nacional (muito devido a um circuito de shows mais constante e ao excesso de grandes eventos patrocinados por grandes marcas – que quase sempre priorizam gringos), quase todas as principais cidades do Brasil têm seu próprio festival, que, quase sempre, funciona como um termômetro para a cena local. Algumas cidades têm até dois, como Recife (dois – Rec Beat e Abril Pro Rock – com mais de dez anos e um terceiro, contando o Coquetel Molotov, que acontece mês que vem), Goiânia (embora o Noise e o Bananada sejam produzidos pelo mesmo núcleo) e Natal. Juntos o Mada e DoSol já são referência no mapa independente brasileiro, garantindo ao estado uma circulação de bandas que, de outra forma, dificilmente viriam ao estado com tanta freqüência.

Mas Natal é mais que dois festivais. Existem selos (o próprio DoSol, o Mudernage, Solaris, Xubba), fanzines de papel (sério! E muitos!) e online, programas de rádio e TV e uma casa noturna que carrega a noite independente da cidade – também do núcleo DoSol. E mais do que isso: há uma cena.

Não são apenas shows freqüentados por pessoas de outras bandas, há um público que, aos poucos, está aprendendo a gostar das bandas locais. Estas, ainda muito incipientes em termos de som, por outro lado, estão aprendendo a ter um público local sem acreditar no sonho de “ser descoberto” ou “acontecer” no Rio ou em São Paulo. O sonho, claro, existe, mas dentro de uma realidade em que a cena é tão discutida quanto vivida (e foi isso que eu percebi durantes os três dias na cidade), ele não distorce o trabalho diário que, inevitavelmente, fará as bandas melhorarem e, mais importante, ganharem identidade própria. Da safra exibida no festival, só a Dusouto, dos locais, está mais próxima disto. É uma banda monotemática (assunto único: maconha), mas que combina bem rock (dois de seus integrantes são veteranos da banda mais célebre de Natal nos anos 90, o General Junkie) com dub, ragga, beats eletrônicos e interferências regionais, com DJ e programador no palco. As outras ainda estão amadurecendo, mas estão no rumo certo e boa parte delas têm público local. Ótimo sinal.

De resto, o DoSol é um dos inúmeros retratos do atual pop independente nacional como seus outros pares de outros estados. Bandas como Mundo Livre S/A (que tocou “Maroca”, difícil em shows), Forgotten Boys, Astronautas, Devotos, Walverdes, Ludov (eu não gosto, mas eles seguram a onda – e o público cantava junto tudo!), MQN, Dead Nomads, Los Canos, Bonsucesso Samba Clube, Bois de Gerião, Autoramas e Dead Fish (outra que eu não curto, mas que faz um bom show) provam que há uma cena forte, interessante e sólida que pouco a pouco deixa o amadorismo num passado recente. O funcionamento do festival em si é outra prova: tudo redondo, sem brigas, sem incidentes maiores, no horário, boa estrutura.

É só seguir neste ritmo. E o mais legal: não é exclusividade de Natal. Isso vem acontecendo em um monte de cidades.

Offline

Problemas no Gardenal deixaram meu publicador desatualizado ontem (ao menos o Sujo não saiu do ar…), mas eis-me aqui de nuevo. Dessa vez, linkando pra meu blog dentro da Bizz, que vai ser republicado aqui, sempre. Ou seja, lá a versão light. Aqui, com aquela gordura que faz a picanha ficar melhor… O nome dele é “Barra Limpa” (em homenagem à canção homônima de Oscar Brown Jr. e Luiz Henrique), tratem dele bem, como vocês fazem comigo.

My Name Is

Eu nasci em Brasília, 1975, descobri o rock dos anos 60 junto com o punk ao mesmo tempo em que o rock brasileiro dos anos 80 acontecia. Meus pais – cearenses – me deram MPB na mamadeira, mas o primeiro disco que eu tive foi o Thriller do Michael Jackson e o primeiro que eu comprei foi a coletânea New Wave Mamão com Açúcar, da Som Livre. Acompanhei o nascimento da terceira geração do rock de Brasília (Raimundos, Little Quail, Oz, Low Dream) na mesma época em que fui fazer Sociais na Unicamp, quando assisti aos dois Juntatribos e comecei a trabalhar em jornal. Hoje tenho um site (que era uma coluna) que me acompanha há uns dez anos (o Trabalho Sujo), um podcast com cara de rádio (o Vida Fodona), trabalho no projeto college da Trama (o Trama Universitário) e colaboro em outros veículos. Enfim, tudo que você vai ler daqui pra frente é um conseqüência deste filtro que sou eu: dos tópicos escolhidos à trilha sonora, do sentimentalismo barato ao palavrório desembestado, do cabecismo desnecessário aos erros de português. A idéia é pelo menos um post por dia e quero ver se consigo manter uma espécie de “agenda” pra eles – cada dia da semana serve pra alguma coisa, afinal de contas.

E quinta é dia de mashup – então segura essa pérola do Legion of Doom, que colide as duas músicas mais legais deste ano (tudo bem, “Smiley Faces” é ainda melhor, mas “Crazy” é emblemática): “Crazy as She Goes”.

The Legion of Doom é uma dupla de produtores ingleses (Trever Keith e Chad Blinmann) que tá no ramo há mais de uma década mas que começou a trabalhar sob este nome, em homenagem ao famoso clã hacker dos anos 80, e, além de mashups, também fazem músicas próprias (como nas trilhas de seqüências das grifes neogóticas Undeworld e Jogos Mortais). Mas essa fusão proposta entre Gnarls Barkley e Raconteurs talvez seja o melhor retrato do excelente pop que vem sendo produzido atualmente: de um lado um DJ (ex-Grey Album) e um MC (ex-Goodie Mob) recriando o século 20 em sinfonias perfeitas de groove e soul conciso, do outro um sobrevivente da avalanche de bandas novorroque aperfeiçoando a tal songcraftmanship com glamour igualmente setentista e oitentista e no meio, dois nerds de computador colidindo duas canções opostas numa obra instantânea e genial, pra pista de dança, pro rádio do carro ou pro fone de ouvido, seja no iPod ou no WinAmp subversivo no trabalho. E melhor, de graça. Online. Na hora. Num clique. Aqui.

Juro que das próximas vezes tento falar menos. Mas não acredite nas minhas juras…

Vida Fodona #045: Ritmo caseiro

Outra jóia, sem modéstia, porque isso é qualidade de quem não tem outra. Um monte de versões, Jack White na lôkura, Prince xtnded, Pulp no piano de cauda, tapa na pantera no tambôzão, pop brazuca, três creize, bits do melhor disco do Pavement, a maior anã no jogo, funk carioca, remix pra bossa nova de gringo, latinidade cearense, Guns pós-rock e Supertramp na mistura.

– “Airbag” – Easy Star All-Star com Horace Andy
– “Disco 2000″ – Nick Cave
– “Don’t Cry” – Mogwai
– “Thirteen” – Wilco
– “Tá na Boa” – Frank Jorge
– “O Pobre dos Dentes de Ouro” – Cidadão Instigado
– “Saborosa” – Mombojó
– “Crazy Duda” – Diplo
– “Crazy Logic” – Arty Fufkin
– “Crazy” – Raconteurs
– “Western Homes” – Pavement
– “Grave Architechture” – Pavement
– “Black Out” – Pavement
– “I Don’t Know What I Can Save You From (Röyksopp Remix)” – Kings of Convenience
– “Alphabet Street (Ben Liebrand Remix)” – Prince
– “Love Me Or Hate Me” – Lady Sovereign
– “Tapa na Pantera” – MPC

Ó só.

Cinco Perguntas Simples: De Leve

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Nao, mas está quase acabando. Na verdade, acho que nunca vai acabar. Se o vinil não acabou imagine o CD.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Será – espero eu – uma mpusica mais livre em termos de criação e menos atrelada a interesses somente econômicos de vendas e etc. Se pensarmos bem, o artista premiado é sempre o que mais vende e não o mais interessante. O mais interessante geralmente não está nem com uma gravadora. Quem paga a conta? Não sei, mas alguém vai ter que pagar.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Que as pessoas podem mostrar sua música pra uma gama infinita de pessoas que ela não tem como controlar e saber e não teria como se não fosse assim.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Muitos. Hoje em dia então, na maioria das vezes eu só conheço algum artista porque algum amigo baixou e me mostrou. Alguns a gente também ouve na rádio quando tem paciência de escutar rádio, mas a maioria é na internet mesmo.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
A indústria meio que continua ainda na mesma, mas o avanço da internet e suas vantagens me fizeram o pouco que sou. Não sei se sem ela eu estaria hoje fazendo o que faço e tendo o reconhecimento que tenho, que apesar de achar que não é muito a gente nunca sabe certamente o quanto, porque é imensurável quando se coloca um disco na rede. É diferente da afirmação da indústria com seus discos de ouro e platina. Eu coloco, 400 baixam, destes 200 gravam Cds e dao de presente que repassam e o círculo continua. Quantos ouviram? Não sei. Muita gente.

De Leve é MC de Niterói e lançou seu Manifesto 171 1/2 este ano.

Pink Flag – Wire

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A química que existe entre Estados Unidos e Inglaterra é o eixo que mantém o rock em movimento. Foi por causa do blues, rhythm’n’blues e rock’n’roll americanos que uma geração de adolescentes ingleses devolveu aos ianques uma versão ainda mais direta da rebeldia original dos anos 50, garantindo a sobrevivência do mesmo como gênero. A partir desta troca inicial (a Invasão Inglesa e a Beatlemania como decorrência da explosão inicial do rock), várias outras aconteceram no decorrer das décadas que vieram depois.

Em pouco tempo, o estereótipo estava pronto: os ingleses são os modernos e os americanos são os trogloditas. Enquanto o glam rock deu à Inglaterra David Bowie e Marc Bolan, os Estados Unidos devolveram Alice Cooper e New York Dolls. A psicodelia inglesa tinha a aristocracia clássica do Pink Floyd, dos Beatles e dos Soft Machine, enquanto na América ela saía de jam sessions barulhentas em garagens ou casas abandonadas (gerando Grateful Dead, Doors, Love, MC5). A cultura de rua negra americana é barra pesada e luta contra a repressão (o hip hop), enquanto a inglesa passeia pelos corredores do jetset com credenciais de acesso a todas as áreas (o trip hop e o drum’n’bass). O techno de Detroit e Chicago é agressivo e marcial, enquanto a música de duplas como Orb, Orbital e Chemical Brothers ganham adjetivos lúdicos e fantasiosos. É muito fácil detectar esse estereótipo, basta confrontar personalidades distintas dos dois países. Responda rápido: quem é o mais cool e quem é o mais mané? Brian Wilson ou Scott Walker? Sonic Youth ou Smiths? Iron Maiden ou Metallica? Dr. Dre ou Tricky? Black Sabbath ou Kiss? Who ou Stooges? Inevitavelmente os americanos acabam tendo essa aura de ignorância tacanha que talvez seja inerente às suas personalidades.

Mas em um momento da história do rock – sempre tem a exceção – os papéis foram trocados. E justamente durante o movimento punk, esse cataclismo natural que dividiu o rock em mainstream e underground, que esta inversão aconteceu. Enquanto o rock vinha tornando-se cada vez mais comercial, uma geração inteira de nova-iorquinos fugia do óbvio criando sua própria cena local. À medida que o sistema corrompia e engravatava toda geração hippie, que acreditou estar no poder pelo simples fato de dominarem a moda, um pequeno pedaço de história vinha sendo escrito nas noites da cidade que nunca dorme.

A semente foi plantada na Factory, de Andy Warhol, que providenciou as primeiras platéias para as apresentações do Velvet Underground. O grupo, liderado por Lou Reed e John Cale, ia de encontro às regras vigentes do rock e inaugurava a música popular moderna ao usar o gênero como pura expressão artística – erguendo as sobrancelhas dos mais modernos ao juntar música atonal, rock primitivo, percussão de lata, viola e refrões grudentos falando sobre sexo vulgar, drogas pesadas e violência. Da Factory, aquele espírito se espalhou em outras casas noturnas, como o Max’s Kansas City, e em bandas como Modern Lovers, Stooges, New York Dolls. Desta geração da primeira metade dos anos 70, saiu a primeira geração punk americana, com base na lendária casa noturna CBGB’s, o pulgueiro que deixou bandas como Ramones, Patti Smith Group, Television, Blondie, Devo, Heartbreakers e Talking Heads terem suas primeiras vezes em um palco.

Todos tinham um caráter intelectual avançado. Os Talking Heads criticavam a sociedade fazendo funk de branco, o Television costurava esculturas no ar entrelaçando solos de guitarra com inigualável paixão, o Blondie parodiava o pop fazendo-o de forma irresistível, Patti Smith citava Rimbaud, Jim Morrison, Artaud e Jesus Cristo criando a mitologia para uma geração – até os Ramones, primitivos e diretos, expunham as políticas niilistas de se atravessar a adolescência com a força de um soco na cara. Freqüentando a mesma noite que essa geração de bandas, todo o high society marginal reverenciado pela crítica local: velhos beats, artistas modernos, travestis, traficantes, empresários, adolescentes suculentas, jornalistas, junkies, escritores e diretores de cinema.

Quando essa geração aportou na Inglaterra, todo aquele intelectualismo soou apenas como um chamado às armas. Era o que toda uma safra de jovens adultos desempregados e marginalizados precisavam para se vingar contra o sistema que havia posto-os neste beco sem saída. Pegar uma guitarra e cantar contra qualquer coisa tornou-se palavra de ordem na Inglaterra e logo as bandas pipocavam como fungo por toda ilha – era a primeira vez na história do país que a música tornava-se um barulho tão violento e, pior, com tantas bandas ao mesmo tempo.

Cada banda, uma história, uma luta. Clash, Sex Pistols, Buzzcocks, Jam, Damned, Sham 69, Stranglers, Undertones, Specials, Gang of Four, Madness, Joy Division, The Beat, Siouxsie & the Banshees, Cure… Todas essas bandas surgiram na primeira grande onda do punk inglês (entre 1976 e 1979) e todas elas lutavam contra algum tipo de repressão, seja em nível pessoal, político, moral ou ideológico. Mas não tinham o glamour que a Inglaterra havia dado a seus filhos mais velhos, o aspecto nobre e diferenciado de ser inglês. Talvez apenas com a exceção ao Joy Division (cuja curta e turbulenta carreira galvanizou uma aura perfeita sobre o grupo), todos os outros conjuntos em seus primeiros anos de vida faziam questão de ostentar a rudeza de sua abordagem em relação tanto ao som quanto às letras. Depois, quase todos eles fizeram jus ao clichê da ascendência inglesa e criaram seus próprios parâmetros de britanicidade, abandonando a aspereza dos primeiros discos.

Apenas um grupo soube utilizar a rispidez do primeiro punk inglês em prol de sua própria erudição. Estudantes de arte do mesmo colégio ao sul de Londres, Colin Newman (guitarra e vocais), Bruce Gilbert (guitarra), Graham Lewis (baixo e vocais), and Robert Gotobed (bateria) eram um grupo ao mesmo tempo tosco e primitivo, como anarquistas conceituais. O Wire era aquilo que Karl Marx chamava de intelectual orgânico: o sujeito que pensa e age ao mesmo tempo, sem escolher uma das funções. Levando o conceito punk a todos os aspectos da canção, o Wire não esperava muito tempo em uma música, cortando suas asas assim que ela ameaçava o improviso. Podando ritmo, melodia e estrutura, o grupo dava uma urgência minimal às suas composições, repletas de referências ácidas ao estilo de vida capitalista.

Em seu primeiro disco, Pink Flag, lançado em dezembro de 1977, o Wire condensava todo seu ímpeto artístico em canções com pouco mais de um minuto, em 21 canções (22, com o acréscimo de “Options R”, que não constava na versão em vinil) que sequer totalizam 40 minutos de duração. “Prestem atenção, nós somos o Wire” – sua saudação nos primeiros shows não era um aviso ou um golpe de marketing: cada palavra irrompida por Colin ou Graham no meio de suas canções era responsável pelo todo. Pareciam compor todo tipo de gênero e submeter suas músicas a uma censura de excesso tachada pelo punk. “Punk foi uma forma de confirmarmos o que queríamos fazer: música de uma forma muito simplificada”.

Depois de uma participação na coletânea pau-de-sebo Live At The Roxy, a gravadora EMI os contratou no selo Harvest e deu-lhes carta branca para fazer o que quisessem. O produtor Mike Thorne, em seu primeiro trabalho de produção, encarnou com exatidão o espírito “menos é mais” que o grupo queria passar em seu primeiro disco. E creditando-se apenas como Colin (“cabelo escuro”), Robert Gotobed (6’3″), B. C. Gilbert (“olhos azuis”) e Lewis (“9 st. 6 lbs.”), o grupo dava início ao mais espetacular disco de estréia da história do punk rock.

Pink Flag abre com “Reuters”, batizada após a mais tradicional agência de notícias alemã. A introdução consiste do baixo e da guitarra repetindo notas que ecoam no horizonte, como ondas de rádio. À entrada da bateria, toda banda responde ao mesmo acorde, contando quatro compassos para Colin Newman entrar berrando, ainda que cético. “Nosso correspondente lamenta informar/ Um tempo difícil, em que tudo vai mal/ Movimentos nas fronteiras/ Problemas nas colinas/ Pouca comida, crime em dobro/ Preços subiram desde que o governo caiu/ Acidentes aumentam enquanto o inimigo bombardeia/ O clima é nocivo, moscas e ratos florescem/ Mais cedo ou mais tarde o fim vai chegar”. O punk é visto como uma guerra onde todos correm para não ser atingidos e lá está o Wire, observando tudo de fora. Até o final da canção: “Este é seu correspondente, a fita está acabando/ Aumentam os tiroteios”, e toda banda ajuda com os gritos finais, “saques, incêndios, estupro”. A música termina aos poucos, à medida que os gritos vão desaparecendo no horizonte. Um acorde final espera o relógio completar os dois minutos que compõem a música e a guerra se vai. Ou não?

“Eu quero ser”, ruge Colin logo após o silêncio dominar, chamando toda a banda de volta, “um campo de treinamento para os domingos, assim eles podem foder com a minha vida/ Aborrecer minha esposa e deixar um gosto ruim/ Que a pasta de dentes listradas não pode tirar na manhã de segunda”. A urgência do Wire pode ser sentida em todas suas microcanções, mas é “Field Day for the Sundays” quem inaugura a série. “Quero ser alvo para os diários/ Assim eles podem tirar fotos minhas com uma pessoa nua na página 3/ Tão vulgar/ Tocando à cintura/ Parecendo hesitante com são as manhãs de segunda”. Não completamos os 28 segundos da canção e o grupo volta para um segundo final, repetindo apenas o último verso.

Entram os dois acordes que o Elastica usou para compor “Connection”. É “Three Girl Rhumba”, seguida da bateria mecânica e de um baixo escorregadio e quadrado. Ela inicia os jogos de palavras nas músicas de Pink Flag, misturando mágica de botequim com metafísica: “Pense num número/ Divida-o por dois/ Algo é nada/ Nada é nada/ Abra a caixa/ Rasgue a tampa/ Então pense num número/ Não pense numa resposta/ Abra os olhos/ Pense num número/ Não deixe passar/ Um número é um número”. A faixa quebra a linearidade numa espécie de refrão: “Uma chance de encontro que você quer evitar/ Inevitável/ Então você faz/ Sim, faz/ O impossível”. Voltando ao tema original, “você não tem um número/ Só quer dançar rumba/ E não há jeito de ficar por baixo”. Sim, uma canção de amor. Sim, um minuto e quinze segundos.

Estão disposto então os três conceitos centrais da desconstrução artística proposta pelo Wire. Nas três canções, o grupo cria imagens em cada verso, mas não obriga-se a construir uma paisagem com estas (o que ocorre apenas – e durante todo o disco – em “Reuters”). As palavras são simples, as situações cotidianas, mas eles não estão atrás de respostas fáceis. Questionando a própria sociedade capitalista com sua lógica fragmentada, Pink Flag busca um ângulo que possa enxergar todos os alvos ao mesmo tempo e eliminá-los com a quantidade mínima de munição. Se o punk é uma reação a uma ordem de prisão, o Wire espera sentado dentro de casa, com uma armadilha mortal esperando em cada porta.

A variação de acordes, por exemplo, é, ao mesmo tempo, plural e limitada. Eles usam diferentes combinações dos três acordes básicos do punk no começo de cada faixa, deixando estas se desenvolverem sobre um único acorde, geralmente esticados ao máximo. E por máximo, entenda no máximo dois minutos – a velocidade e a eficácia das canções estão intimamente ligadas. Experimentando no estúdio formas de se explorar as inúmeras variantes do rock básico, eles podavam todo refrão repetido, toda possível entrada de solo, toda estrofe que não tivesse o que dizer.

Suas letras também não estavam interessadas em desvendar nada para o ouvinte. Para o grupo, este tinha que ter o mesmo trabalho – e portanto ter a mesma recompensa – que os músicos tiveram para compor as canções. Não que Pink Flag seja um disco difícil (musicalmente, ele lembra um disco dos Ramones se o referencial destes fosse o Velvet Underground e não Chuck Berry), mas atravessar suas letras não é tarefa para qualquer um. “Three Girl Rhumba”, por exemplo, é uma canção que fala da dificuldade de tirar uma garota para dançar. Só que ela é transformada num truque de mágica que te induz ao erro ao propor um número no título da canção – e, olha só, é a terceira música do disco. Assim, o grupo compara a margem de erro que você tem em ambas situações, que é sua própria passividade. Se você não for, você perde, não sai do lugar. Se você for, já ganhou.

Uma seqüência de acordes interrompida pela bateria abre a faixa seguinte. “Ex-Lion Tamer” (“Ex-Domador de Leões”) ironiza daqueles que sempre seguiram as regras do sistema, olhando com pesar as aposentadorias do Cavaleiro Solitário (o policial antigo, “o mais solitários de todos/ Sem balas de prata/ Tonto saiu de cena) e do Batman (o policial moderno, “sem o disfarce da justiça/ Robin deixou o ninho”). Ao refrão (“garrafas de leite vão ficando vazias/ Continue grudado em seu televisor”) volta duas vezes, na segunda repetindo a última frase várias vezes, enquanto as guitarras vão construindo panéis de ruído por trás de tudo, até que Colin termina tudo com um grito.

Dois acordes bêbados caminham vagarosamente em “Lowdown”. “O tempo é curto/ Mas nunca o suficiente pra chegar à frente/ Projetar a imagem/ Que, se em tempo, tornaria-se um sonho concreto”, o vocalista canta com igual despojo, “Outro cigarro, outro dia/ De A a B/ Novamente evitando C, D e E/ Porque com E é onde toca-se o blues”. A brincadeira com as letras vem do fato da seqüência de acordes E, A e B (mi, lá e si) ser uma das básicas do blues. “Evitar a morte é ganhar o jogo/ Evitar renegação, o grande E”. A banda sai dos dois acordes e cai no grande E (mi maior) e o vocalista canta o blues: “Afogando-se na grande piscina/ Surgindo à superfície/ O cheiro teu/ É um lowdown”. “Lowdown” é uma expressão que pode tanto dizer “provas concretas”, “informações confidenciais” e “repugnante”, se usado como adjetivo. O grupo usa o significado ambíguo da palavra para deixar em aberto o que sente em relação ao cheiro da pessoa a quem se refere. Novamente, uma canção de amor: a monotonia dos primeiros acordes e versos refletem apenas a rotina insuportável de quem acabou de levar um fora. O refrão faz referência à depressão, comparando afogar-se com o blues. Nos dois últimos versos, o protagonista culpa sua ex-amada pelos maus bocados que vem passando. Antes do fim da música, Newman ajuda Gilbert nos golpes em sua guitarra, aumentando a violência lenta da canção, mais uma vez encerrada com uma frase gritada.

“Start to Move” injeta energia e velocidade com a entrada da bateria de Gotobed. Três acordes na introdução e durante o mesmo acorde repetitivo que preenche o volume para que a letra fale da futilidade do dia-a-dia: “Foi bom, mas carne apodrece logo/ Emoções: todos temos esportes”. “Brazil” segue o ritmo com uma letra sobre a ignorância das massas frente a verdade dos fatos: “É verdade querida, te levarei pra casa/ Serei seu namorado para sempre/ Eu te amo, sempre amarei/ Até dividirem o átomo”. Nosso país sempre foi visto pelos estrangeiros como uma utopia cega, em que todos se divertem sem a mínima noção da realidade. A faixa termina com uma indecisão ideológica repetida várias vezes para ganhar em ritmo, ao alternar as palavras “esquerda” e “direita”, antes de terminar a faixa com um “salute!”.

“It’s So Obvious” canta a revolução nas ruas, só não ver quem não quer: “É tão óbvio, está aqui e está lá”. Colin canta sobre os tempos que vive, espantado com o fato não estar claro para todos: “Estamos em 77, próximos do céu/ É preto e branco e rosa, pense”. Quando ele fala da cor rosa, o título do disco se justifica. Se o punk gritava através de fanzines xerocados a revolução em preto e branco, o Wire explica sua existência. O rosa contrasta-se com as duas cores básicas – é o elemento artístico da revolução. Ao erguer a bandeira rosa na capa do disco, o Wire explica-se a que veio: eles são a arte no punk. “Há mais para vir”, anunciam no meio da canção.

“Surgeon’s Girl” novamente coloca o flerte (numa sala de espera de médico) como eixo central da trama, fazendo o protagonista pensar num caso de amor com uma pessoa que mal conhece: “Eu te vi numa revista grã-fina”, repete o refrão, sobre o mesmo e insistente acorde. A faixa-título encerra o lado A do disco com uma visão aterradora de um campo de concentração atemporal. A letra faz referência ao aprisionamento indígena, à guerra fria e ao filme Fahrenheit 451, de François Truffaut, e termina aumentando o volume e a velocidade à medida que o vocal pergunta: “Quantos vivos ou mortos?” até atingir o máximo de ruído que quatro caras numa banda de rock podem fazer com apenas distorção de guitarras. O final – gritos abafados após rufares de tambor – é quase épico.

“The Commercial” reinicia o disco como a única instrumental de toda coleção (por isso mesmo, “a comercial”). Aqui, o grupo exercita seu entrosamento, deixando tanto baixo quanto bateria definirem momentos específicos da faixa. “Straight Line” critica a falta de maturidade masculina em relações amorosas: “Minha mente está a contragosto e sua carne é tão fraca/ Meus movimentos traem os segredos que penso?/ (…) Estou movendo numa linha reta?”, pergunta em menos de um minuto de um riff de guitarra que aos poucos se transforma na própria seqüência de acordes. “106 Beats That” (cuja seqüência de acordes foi ditada pelas letras de uma estação de trem por onde Graham Lewis passeava um dia) continua o questionamento sobre a sexualidade: “Com aplauso ele ascende/ Com mudança ele cresce/ Acha isso tão importante/ Odeia esperar/ Não estimula/ Gosta de celebração/ Não entende porque é tão engraçado/ O sexo”. “Mr. Suit” encerra a seqüência de faixas velozes com o típico brado antissistema do punk – “Cansei de me dizerem o que pensar/ Cansei de me dizerem o que fazer/ Cansei de farsas/ Isso, cansei de você” -, grita, com o dedo em riste, na cara do Sr. Terno-e-Gravata do título.

Entra a mais bela seqüência do disco. Começando com “Strange” (regravada pelo R.E.M. no disco Documento no. 5), ela arrasta duas duplas de acordes como se exercitasse os instrumentos numa maratona. O vocal antevê algo acontecendo, uma surpresa iminente: “Há algo estranho acontecendo hoje à noite/ Algo que não está certo/ Joey está nervoso e as luzes são claras/ Algo está acontecendo e não está certo”, o vocal de Colin soa ansioso e certo do que está falando, “Há algo que não havia antes/ Mantenha os olhos grudados no chão/ Ninguém irá salvar sua vida/ Há algo estranho acontecendo hoje à noite”. A banda é cativada pela atmosfera de paranóia e apreensão que domina a letra da canção, ecoando gritos que aos poucos “desligam” a banda, na pequena jam session em seu último minuto.

“Fragile” é o mais belo momento do disco. Com menos de um minuto e meio e quatro acordes, o Wire canta sua mais perfeita balada. Canta seu próprio amor “fugaz, que queima quando chega/ Frágil/ Precisando de mãos preciosas/ Frágil” e sua sensibilidade à flor da pele, estampada no tecido da canção. “Mannequin” transfere estes valores para o pop com duas seqüências de três acordes perfeitas, backing vocals apaixonados e sua letra do contra, atirando desta vez contra a beleza fútil das modelos: “Você é um desperdício de espaço/ Sem graça natural/ Tão magra/ Que mal começa”.

“Different to Me” começa a última parte do disco com o nervosismo que a questão central da letra passa: “Queria saber o que está acontecendo?”. Champs usa da ironia para acertar o ponto fraco do esporte: o vazio da agressividade, o berço da violência: “Outro morto, não chore/ Você tem velocidade/ E pode sangrar/ Mas isso é na próxima vez”. A balada punk “Feeling Called Love” questiona o amor e, na dúvida, pede para ser amado. “12XU” (o X funcionando como autocensura proposital, entrando no lugar de um certeiro “fuck”) cospe em direção a uma ex, vista “em uma revista/ beijando um cara”. “One, two/ Ex You!” grita o grupo contra quem possa se achar ofendido. É o fim do disco (não antes sem entrar o baixo melódico e um mesmo acorde de guitarra que conduzem “Options R”, a única inédita do CD).

Em pouco mais de meia hora, o Wire convence seus ouvintes que é possível ser agressivo e inteligente ao mesmo tempo, sem perda de intensidade para nenhum dos lados. A equação desenhada pelo grupo – muito o que dizer no menor tempo possível – renderia ainda dois bons discos, Chairs Missing e 154, mas sem o brilho genial de Pink Flag, talvez o disco que melhor resume o punk rock. E tudo que viria depois dele.