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De volta ao Tusk

2025 tem sido um ano agitado para Stevie Nicks, que além de ressuscitar – pela primeira vez no formato digital (incluindo CD) – o disco que fez em parceria com seu ex-companheiro Lindsey Buckingham antes que os dois entrassem no Fleetwood Mac (o ótimo Buckingham Nicks de 1973, que já está nas plataformas de streaming), ela voltou a fazer shows solo com a expectativa que, em algum momento, ela volte a tocar com os ex-colegas de banda para voltar a clássicos do rock dos anos 70. Mas se o Fleetwood Mac não volta aos palcos, ela aos poucos está voltando com a banda para seu repertório e, no show de estreia de sua nova turnê, que começou na quarta passada em Portland, além de sucessos de sua antiga banda que não saem de seu repertório (como as imortais “Dreams”, “Gold Dust Woman”, “Rihannon” e “Landslide”), ela pinçou uma música que não tocava há 42 anos (!) quando visitou “Angel”, do subestimado – e incompreendido – Tusk, disco duplo que sua antiga banda gravou em 1979 como sucessor do incensado Rumours, que funcionou como trilha sonora para os dois divórcios que aconteceram na banda durante sua gravação (o de Stevie com Lindsey e o do baixista John McVie com a vocalista tecladista Christine McVie) e quase acabou com o grupo. Mas felizmente ela não esqueceu…

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Centro da Terra: Outubro de 2025

Outubro já começou e a programação de música do Centro da Terra neste mês vem pesada! Começamos com a celebração da maioridade de uma das mais ousadas produtoras musicais brasileiras em cena, a Desmonta, que comanda por mais um herói de Guarulhos, o sagaz Luciano Valério, lança discos e realiza shows de artistas brasileiros que desafiam as fronteiras do som, além de trazer grandes nomes da exploração sônica para o Brasil. Durante as segundas de outubro, assistiremos a quatro apresentações intensas pautadas pelo selo, que reforçam a característica coletiva e de resistência cultural que lhe é característica. A primeira segunda-feira (dia 6) reúne o multiinstrumentista Sarine (que toca bateria nos Deaf Kids) à iluminadora Giorgia Tollani para, na segunda seguinte (13) trazer Kiko Dinucci experimentando sozinho novas sonoridades. Na terceira segunda do mês (20), o próprio Valério traz seu projeto MNTH ao lado do vocalista e guitarrista dos Deaf Kids, Douglas Leal, que solo apresenta-se como Yantra, da magnífica Juçara Marçal e das luzes chapantes de Mau Schramm. A temporada Desmonta 18 encerra no dia 27 com uma apresentação pesada do Crizin da Z.O. Nas terças-feiras, as apresentações começam no dia 7, com o compositor e multiinstrumentista mineiro Clóvis Cosmo abrindo a cortina para seu universo fantástico que se localiza num triângulo mineiro devastado pelo agroapocalipse num espetáculo batizado de Do Prognejo ao Vastopasto. Na segunda terça do mês (dia 14) é a vez da banda Repentina, formada a partir do encontro de Rafael Castro com Juliana Calderón, quando os dois fundiram suas carreiras solo num novo trabalho, que volta agora depois de um longo hiato com formação que inclui Ga Setúbal e Gongom numa noite chamada de Música de Amor. Na terça seguinte (21) é a vez de Juçara Marçal e Thais Nicodemo mostrarem seu encontro desafiador – Juçara cantando e soltando efeitos e Thais em seu piano preparado – no espetáculo A Gente Se F* Bem Pra Caramba. A última terça do mês (28) recebe o Duo Zimbado – formado pela vocalista e vibrafonista Marina Kono e pela pianista Amanda Camargo – que traz um repertório autoral entre o jazz brasileiro, a MPB e o samba-canção no espetáculo Zimbadoguê. As apresentações começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

Tiny Desk Brasil anuncia sua estreia

Virou outubro e o Tiny Desk acaba de anunciar que a estreia de sua versão brasileira acontece na primeira segunda do mês, dia 7, às 11h da manhã. Só achei palha eles terem escolhido como trilha sonora do trailer de anúncio uma música dos hypados Ca7riel & Paco Amoroso em vez de um artista brasileiro… Tudo bem que eles não queiram dar spoiler, mas dá pra defender nossa soberania artística sem apelar pra hype gringo.

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Um documentário sobre nosso maior herói do humor

O Brasil é um país tão peculiar que alguns de seus grandes heróis são humoristas – e o patriarca desse clã é o imortal Apparício Torelly, mais conhecido por seu pseudônimo Barão de Itararé, que, nos tempos de Getúlio Vargas, era um dos grandes desafiadores do sistema ao ironizar a forma como a política sempre foi feita por aqui – mesmo que voltasse a reação às suas piadas pudessem ser prisão e tortura estatais. Sua importância vem resgatada no documentário O Brasil Que Não Houve – As Aventuras do Barão de Itararé no Reino de Getúlio Vargas, uma parceria de dois grandes nomes retratistas de nossa cultura neste século, o jornalista Renato Terra e o cartunista Arnaldo Branco. Com vasta experiência em audiovisual, os dois se reuniram para roteirizar e dirigir a quatro mãos o documentário, narrado por Gregorio Duvivier, que terá exibições na mostra Première Brasil do Festival do Rio a partir do dia 5 de outubro e acaba de ter seu trailer divulgado. Um filme que vem em boa hora.

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Kiko Dinucci na Argentina

Neste fim de semana Kiko Dinucci desce pela primeira vez para a Argentina onde realiza duas apresentações de seu Rastilho em duas fases da sétima edição do Festival Dimensiones: na sexta-feira ele toca no fábrica de cultura En Eso Estamos, na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, quando divide a noite com Franco Licantropo e a banda Pasodesombra. No dia seguinte, Kiko repete a dose desta vez na capital do país, quando toca no centro cultural Roseti, dividindo a noite com Julia Arbós e de novo com os Pasodesombra. Essa conexão Brasil/Argentina demora tanto pra acontecer…

Entre o noise e a música brasileira

Muito bom ver o Tutu Naná ampliando suas fronteiras musicais para além de gêneros – mas fisicamente, quando apresentaram-se no palco do Centro da Terra, distante da aglomeração próxima de pessoas de pé característica dos shows da banda. Tocando para um público sentado e podendo expandir o volume de seu som para além da interação com a audiência, o quarteto catarinense transitou entre o sussurro e a rugido sonoros ao intercalar doces melodias cantadas por todos seus integrantes ao volume crescente de ruído elétrico, criando mantras gigantescos que inspiram rodopios enquanto alternam a dinâmica do próprio som. Apesar de imersos num pós-punk bem amplo, bebem bastante da música brasileira e do rock clássico, temperando tudo com o humor infame característico da banda – tanto nos intervalos entre as músicas, nas letras e nas citações, como quando emendaram “Samurai” do Djavan e “Isto Aqui, O Que É?” de Ary Barroso em cima de um transe com várias camadas de microfonias que, de repente, pode soar como um samba. Só isso já seria o suficiente para garantir uma ótima noite (e abrir uma possibilidade novíssima para o quarteto, shows em teatros), mas eles ainda recriaram seu quarto disco, Masculine Assemblage, composto a partir de colagens de sessões de improviso que fizeram na casa que moram juntos, apenas para esta apresentação. Foi foda.

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Tutu Naná: Masculine Assemblage

Encerramos a programação de música de setembro no Centro da Terra com a estreia do grupo catarinense Tutu Naná em nosso palco, quando apresentam pela primeira vez o disco que batiza seu espetáculo, Masculine Assemblage, que será lançado ainda essa semana e não deverá ser mostrado neste formato tão cedo, quando o grupo formado por Akira Fukai (guitarra e vocal), Carolina Acaiah (flauta transversal e vocal), Jivago Del Claro (baixo, guitarra e vocal) e Fernando Paludo (bateria e efeitos) mostra o seu quarto álbum ainda inédito na íntegra, entre a intensidade elétrica e a delicadeza da música brasileira, em paisagens sonoras densas e contrastantes. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Que tal uma música nova do T. Rex?

Se estivesse vivo, Marc Bolan completaria 78 anos nesta terça-feira e para celebrar o aniversário, sua antiga casa em Londres ganhou a clássica placa azul que a prefeitura local coloca em locais de relevância histórica. Presentes na cerimônia que aconteceu nesta segunda-feira estavam nomes históricos do rock inglês, como o tecladista Rick Wakeman (que tocou com Bolan em discos do T.Rex), Captain Sensible e Rat Scabies do Damned e Bobby Gillespie do Primal Scream, entre outros. O acontecimento foi escolhido também para marcar o lançamento de uma faixa inédita de seu grupo, “I’m Dazed”, gravada no Musicland Studios em Munique, na Alemanha, em março de 1975. Confira fotos do evento e a faixa inédita abaixo: