Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Billie Eilish ♥ Radiohead

Essa bola já estava cantada desde que Billie Eilish falou, antes do lançamento de seu disco mais recente, Hit Me Hard and Soft, que Radiohead tinha sido uma de suas grandes influências durante a gravação do álbum. E agora ela solta essa versão maravilhosa para “Creep” no meio de sua apresentação, neste domingo, em Amsterdã, na Holanda. Inacreditável, diz aí.

Assista abaixo:  

Centro da Terra: Maio de 2025

Maio já começou e essa é a programação das segundas e terças com música lá no Centro da Terra. A temporada de segunda-feira fica nas mãos do maestro Barulhista, mestre produtor e músico mineiro que reúne camaradas para uma série de apresentações chamada de Com os Pés Um Tanto Fora do Chão, que ele sintetiza na frase “música para dançar sentado”. Ele faz a primeira noite, dia 5, sozinho, para começar a chamar seus convidados nas segundas seguintes: dia 12 recebe Pensanuvem e Daisy Serenna, no dia 19 une-se a Luciano Valério e Diogo Cardoso, para finalizar no dia 26 com Juliana Perdigão e Angélica Freitas. Na primeira terça do mês, dia 6, recebemos o grupo carioca Onda de Beleza Natural formado por Marcos Campello (guitarra), Alex Zhem (sax), João Lourenço (baixo) e Phill Fernandes (bateria), que antecipa seu disco de estreia no espetáculo Pré-Apocalypso, quando mostram sua mistura de guitarradas noise, improviso abstrato e atonal e afrobeat em delírios instrumentais. Na terça seguinte, dia 13, é a vez da belorizontina Josy.Anne, que mostra a segunda parte de sua trilogia Negra Ressonância Mineira chamada Bateia, com uma banda composta por Curumin, Maurício Badé e Podeserdesligado. Na terceira terça do mês, dia 20, Lívio Tragtenberg, Sérgio Villafrança e Henri Daio apresentarem o espetáculo Koisas, que faz uma leitura do clássico disco Coisas de Moacir Santos (1926-2006) à luz de Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005), compositor, flautista e educador alemão que revolucionou a música contemporânea no Brasil, com improvisos livres entre a música erudita, popular, experimental e jazz. O mês encerra com com a apresentação solo da compositora, arranjadora e produtora Desirée Marantes, que mostra seu primeiro disco solo, o ambient Reparo, em primeira mão ao vivo no palco do teatro no dia 27, como um espetáculo chamado de Nunca Desi…, em que conta com as participações de Alejandra Luciani (vocais, samplers, efeitos) e Fe Koppe (violoncelo). As apresentações acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

#centrodaterra2025

A vinda da Clara Bicho

Começa nessa segunda! A mineira Clara Bicho finalmente sai da fase dos compactos e lança seu primeiro EP no início desta semana, quando inaugura a sua discografia para além dos singles ao apresentar Cores da TV, batizado com o título da música de mesmo nome, gravada em parceria com Sophia Chablau, que ela lançou em março. Além desta, outras duas já são conhecidas: “Luzes da Cidade” e “Árvores do Fundo do Quintal”, esta em parceria com os catarinenses Exclusive os Cabides. E entre as inéditas – “Meu Quarto”, “A Rua” e “Música do Peixe” -, ela escolheu a última para antecipar em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. É a primeira faixa que ela produz sozinha também, ouça abaixo:  

Lady Gaga épica

Lady Gaga reatou laços com o Brasil em uma noite épica que superou a catarse produzida por Madonna no ano passado neste sábado, no Rio de Janeiro. Ao mostrar seu melhor disco (o impressionante Mayhem) em formato operístico pop, ampliando a apresentação num enorme espetáculo teatral em larga escala, a cantora mostrou que está no seu auge e a intensidade da apresentação – sentida mesmo à distância, pela TV – mostrou o quanto essa noite foi importante para ela. Juntando mais de dois milhões de pessoas na praia de Copacabana, ela pode ter feito o show mais importante de sua carreira e consagrou a visão do prefeito carioca Eduardo Paes de transformar o meio do primeiro semestre em seu segundo réveillon, seu próprio show de intervalo do Super Bowl que não apenas reforça a importância da música e da cultura em todos os sentidos para o país (e justamente após a época mais trevosa de nossa história recente), como transforma a praia mais famosa do Brasil em um dos palcos mais populosos (e, consequentemente, desejados) do planeta. Com Madonna e Gaga, Paes conseguiu ampliar a quantidade de posições da praia no ranking dos maiores shows de todos os tempos – os réveillons de 1993 (Jorge Ben) e 1994 (Rod Stewart) e a vinda dos Stones (2006) já estavam entre os dez maiores shows de todos os tempos (os dois primeiros nas primeiras posições), com Madonna (no ano passado) e agora Lady Gaga, a praia tem cinco dos dez maiores shows de todos os tempos. Com isso aumenta-se ainda mais a especulação sobre a possibilidade dessa apresentação tornar-se uma atração anual no calendário brasileiro e sobre quem poderiam ser os próximos nomes. Além de vários shows nacionais (imagina essa turnê do Gil em Copacabana), nomes como Taylor Swift, The Weeknd, U2, Beyoncé, Coldplay, Bruno Mars, Rihanna e os próprios Stones de novo (e outros menos cotados, como BTS, Ed Sheeran, Pink Floyd, Metallica, Kendrick Lamar, Pearl Jam, Abba e Adele) surgem como possíveis candidatos. Mas vou deixar minha aposta aqui: Britney Spears.

#ladygaga #gagacabana #copacabana

Duas vertentes de uma nova cena

Mais um Inferninho Trabalho Sujo no Redoma, reunindo duas bandas novíssimas que mostram como a nova cena vem se movimentando, desta vez com cada um dos grupos revelando uma das vertentes desse cenário. A noite começou com o quarteto Copo e Água, que encaixa-se na categoria “bandas de MPB” que comentei outro dia: grupos cuja formação e entrosamento é próximo das bandas de rock, mas que as influências são essencialmente brasileiras e quase sempre buscando referências em discos antigos e gêneros decanos. E assim o grupo liderado pela impressionante vocalista e violonista Amanda Iumatti, aparentemente pequena, mas que cresce no palco com uma presença incrível e um vozeirão surpreendente, passeia com energia por sambas, bossas novas, baladas e frevos acompanhada de uma cozinha precisa, formada pelos ótimos Rodrigo Bergamin e Rafa Sarmento (este último tambem baterista do Devolta ao Léu, que havia tocado na edição anterior da festa naquela mesma casa). O tecladista original, Miguel Allain, não pode comparecer e a banda chamou o xará Miguel Marques, que segurou muito bem a noite tanto em seu instrumento quanto nos vocais, às vezes dividindo números apenas com Amanda.

Depois foi a vez do trio Los Otros com seu rock direto e melódico que bebe tanto das bandas inglesas dos anos 60 quanto do rock brasileiro dos anos 70 e a cena new wave e pós-punk da década seguinte, mostrando todo o entrosamento que uma banda que mora junto pode ter. O casal Tom Motta (guitarra) e Isabella Menin (baixo) está cada vez mais confiante no palco e a química dos dois funciona muito bem, sempre sobre a bateria de Vinicius Czaplinski. O trio sintetizou ainda mais o repertório, deixando blocos de músicas românticas entre as canções, e fazendo apenas uma versão, a já tradicional “Papai Me Empresta o Carro”, de Rita Lee. Em sua segunda aparição no Inferninho, o grupo estreou no Redoma às vésperas de lançar seu primeiro single, “Rotina”, que usou para encerrar sua apresentação.

#inferninhotrabalhosujo #losotros #copoeagua #redoma #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 073 e 074

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Los Otros e Copo e Água

Mais um Inferninho Trabalho Sujo à vista, desta vez no Redoma, ali no Bixiga, trazendo duas bandas que estão despontando na cena paulistanas, o trio Los Otros, formado por Tom Motta, Isabella Menin e Vinicius Czaplinski, que repete sua participação na festa às vésperas de lançamento de seu primeiro single, e os debutantes Copo e Água, que contam com Amanda Iumatti, Rodrigo Bergamin, Rafael Sarmento e Miguel Allain na formação, acabaram de lançar a primeira demo (chamada de Amanda e Os Besobedecem) e estão começando a preparar seu primeiro disco. A festa acontece na sexta, dia 2 de maio a partir das 21h, eu discoteco antes, entre e depois dos shows das bandas e o Redoma fica ali no Bixiga, no número 825A da Rua Treze de Maio, a festa começa às 21h e Vamos lá? Os ingressos já estão à venda!

Fiona Apple vem aí!

Bem que eu falei que a movimentação atípica de Fiona Apple nos últimos meses parecia indicar que ela estaria armando algo – e ela acaba de anunciar que lançará música nova na próxima quarta-feira, dia 7. “Pretrial (Let Her Go Home)” faz parte de um trabalho que a cantora e compositora tem realizado desde que começou a acompanhar julgamentos em que mães eram sentenciadas à cadeia mesmo antes do processo começar, em casos evidentes de abuso jurídico – daí o título da música. “Ela viu o impacto devastador da detenção pré-julgamento, especialmente em mães negras”, explicou o advogado voluntário e defensor dos direitos civis Scott Hechinger, fundador da ONG Zealous, que oferece assistência jurídica a pessoas necessitadas, que anunciou o lançamento da cantora, postando apenas um trecho de um vídeo para instigar os fãs. Ela fala mais sobre a causa em um site dedicado ao tema.

Veja abaixo:  

Neil Young 2025: “Se você é fascista, compre um Tesla”

“Talkin to The Trees está sendo anunciado hoje e nosso novo single, ‘Lets Roll Again’, já está aí, espero que vocês gostem”, escreveu Neil Young em seu site, ao anunciar mais um novo disco. “Ouvi dizer que o Elon Musk ficou chateado e me chamou de ‘Neil Velho’, mas, ei, eu tenho a mesma idade do sujeito que está gerindo o país”. E assim o mestre canadense oficializou a música que tocou ao vivo essa semana, uma versão de “This Land Is Your Land” em que ele fala para as empresas montadoras de carro dos EUA darem um jeito de produzir carros melhores senão vão ser engolidas pelas da China – e aproveitou para dar uma cutucada ferina no bilionário que comprou a presidência dos EUA para Trump ao cantar que “se você for um fascista, compre um Tesla”. Talkin To The Trees é o primeiro disco que Young lança com a banda Chrome Hearts, que montou no ano passado para cumprir datas que sua tradicional banda, o Crazy Horse, não pode cumprir, por questões de saúde de alguns de seus integrantes. Formada pelo veterano organista Spooner Oldham (que tocou com deus e o mundo, de Aretha Frankin a Bob Dylan, passando por Wilson Pickett, Sheryl Crow, Jewel e Frank Black), pelo guitarrista Micah Nelson (filho de Willie Nelson) e pela cozinha de outra banda de Young, o Promise of the Real, com o baixista Corey McCormick e o baterista Anthony LoGerfo, a banda lança seu disco de estreia no dia 12 de junho (já em pré-venda) e tanto o single quanto o nome das faixas podem ser vistos abaixo:  

R.E.M. aparecendo de novo…

Eu tô falando que essa chapa tá esquentando… Depois de algumas aparições ao vivo, o R.E.M. agora vem com um papo de comemorar os 45 anos de seu primeiro single, “Radio Free Europe”, com um EP feito para celebrar o aniversário de 75 anos da rádio que inspirou o nome do single, uma iniciativa do governo norte-americano de transmitir música e informações para países que viviam sob regimes autoritários, usando ondas radiofônica para burlar cortinas de ferro e muros políticos que isolavam alguns países do resto do mundo. A rádio – que existe até hoje com o mesmo nome do single ou apenas Radio Liberty – foi uma das inúmeras entidades afetadas pelos cortes do regime Trump nos EUA e o grupo norte-americano, embora inativo até segunda ordem, resolveu lançar este novo disco, batizado de Radio Free Europe 2025, para arrecadar fundos para a rádio, puxando como gancho não apenas o aniversário da emissora, que ainda está por vir, mas o 3 de maio que comemora o dia mundial da liberdade de imprensa. Puxado por um novo remix da música feito pelo produtor Jacknife Lee (que trabalhou com o grupo em seus dois últimos discos, Accelerate, de 2008, e Collapse Into Now, de 2011), o disco ainda conta com um remix feito produtor original do disco, Mitch Easter, o lado B daquele single “Sitting Still” e uma canção que só havia sido lançada em fita cassete naquele período, “Wh. Tornado”. A versão em vinil de Radio Free Europe 2025 só será lançada no segundo semestre, mas já está em pré-venda. E eu acho que isso é so o R.E.M. testando mais uma vez a água pra saber se vale a pena voltar. Claro que vale, camaradas!

Ouça o remix abaixo:  

The Cure via Deftones

E o Cure liberou mais um remix de seu Mixes Of A Lost World, que sai no início de junho. E depois de mostrar versões feitas por Four Tet e Paul Oakenfold, agora o senhor Smith liberou o belo remix feito pelo vocalista dos Deftones, Chino Moreno, para “Warsong”. Contudo, não é a primeira vez que os dois colaboram: Smith participou da faixa “Girls Float † Boys Cry” do segundo disco do projeto paralelo de Moreno, batizado de ††† (o famoso Cruzes), Goodnight, God Bless, I Love U, Delete, de 2023. E esse remix, cheio de acordes graves e ecos na voz do velho Bob, ficou bem bom, vai dizer.

Ouça abaixo: