Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Mais um livro de Dylan vindo aí!

“O que eu desenharia?”, pergunta-se Bob Dylan às vésperas do lançamento de mais um livro, desta vez com seus desenhos. “Bem, acho que começaria por uma máquina de escrever, um crucifixo, uma rosa, lápis e facas e alfinetes, maços de cigarros vazios. Eu perderia completamente a noção do tempo. Uma ou duas horas se passaram e pareceria um só minuto. Não que eu me considere um grande desenhista, mas eu gosto da sensação de estar colocando alguma ordem no caos ao redor”. Com esse parágrafo, o mestre da canção dos Estados Unidos apresenta não apenas a exposição que já inaugurada na galeria Halcyon, em Londres, como seu novo livro, ambos com o mesmo título, Point Blank. A exposição já está aberta desde maio e o livro, seu segundo livro depois da pandemia (lançado após o ótimo The Philosophy of Modern Song, de 2022) e seu décimo livro com seus desenhos e pinturas e o décimo nono lançado com sua autoria, uma bibliografia que remonta ao clássico Tarantula, de 1971. Point Blank (Quick Studies) reúne mais de 100 desenhos e pinturas inéditos, em sua maioria desenhos em preto e branco que fez entre 2021 e 2022, incluindo retratos, naturezas mortas e paisagens, e será lançado pela mesma Simon & Schuster que lançou seu livro mais recente em parceria com a própria Halcyon Gallery – e já está em pré-venda. E não custa lembrar que há um forte rumor de um novo volume de seu clássico Crônicas pode finalmente vir à tona.

Veja imagens da exposição abaixo:  

O jazz de Joni Mitchell

Apesar de reconhecida como grande dama da canção norte-americana e quase sempre associada à música folk, a carreira de Joni Mitchell sempre esteve próxima ao jazz – e essa proximidade cresceu para além do que parecia ser um flerte no início de sua jornada, principalmente a partir do meio dos anos 70, quando começou a envolver-se com monstros sagrados do gênero, equiparando-se de igual pra igual, inclusive como instrumentista. Pois ela acaba de anunciar o lançamento de mais uma caixa de discos para repassar sua longa relação com o jazz, batizada simplesmente de Joni’s Jazz, que será lançada em setembro deste ano (e já em pré-venda). A caixa, que no formato CD traz quatro discos e em vinil traz oito, passa por toda a carreira da cantora, compositora e instrumentista, começando desde a faixa-título de seu disco mais festejado (Blue, lançado em 1971, mostrando a conexão do álbum com o histórico Kind of Blue, de Miles Davis), passando pelo primeiro disco em que dedicou-se ao gênero (Court and Spark, gravado com o baterista John Guerin e o guitarrista Larry Carlton, em 1974), por sua carta de amor a Charles Mingus batizada apenas com o sobrenome do mestre, o ao vivo Shadows and Light, que gravou com Jaco Pastorius, Herbie Hancock e Wayne Shorter (ambos discos de 1979), suas colaborações tardias com Hancock até a versão que fez de “Summertime”, dos irmãos Gershwin, em sua lendária participação no festival de Newport, em sua volta ao público, em 2022, além de demos e versões alternativas para composições desta vertente. Além de dedicar a caixa a Wayne Shorter (“era uma alegria tocar com ele”, escreveu), ela também deu uma amostra do que vem por aí ao revelar uma demo da faixa “Be Cool”, lançada no disco Wild Things Run Fast, de 1982, em que a toca apenas acompanhada do baterista John Guerin.

Ouça abaixo a nova faixa, além de ver a capa e a relação das músicas de sua nova caixa de discos:  

Mac DeMarco em casa

Sem lançar nada desde seus discos de 2023 (quando lançou o ótimo instrumental Five Easy Hot Dogs e o colosso de quase 200 faixas One Wayne G), o herói indie canadense Mac DeMarco finalmente manda notícias e anuncia seu próximo álbum, batizado apenas de Guitar, que será lançado no próximo mês de novembro. “Acho que Guitar é o mais próximo de representar onde está minha vida hoje no que diz respeito ao que eu consigo colocar em prática”, ele escreveu para anunciar o disco (já em pré-venda), que foi todo gravado por ele, em casa, em novembro do ano passado. “Estou feliz em compartilhar essa música e espero tocar essas músicas em todos os lugares que puder”. Para acompanhar o anúncio, ele revelou a capa, o nome das músicas e o primeiro single, a singela “Home”, que também vem acompanhada por um clipe, em que traduz o clima caseiro que parece ser a tônica do disco.

Dá uma sacada abaixo:  

Luiza Lian e um violão

Luiza Lian está aos poucos virando a página de seu disco mais recente e começa a experimentar com instrumentos tocados ao vivo, saindo do universo de samples e beats que construiu ao lado do produtor Charlie Tixier em seus três últimos discos. E resolveu ir para o básico ao convidar o André Vac, seu velho compadre que hoje puxa o cordão do Grand Bazaar, para acompanhá-la apenas ao violão em um show inédito no Bona, que fará no dia 12 de julho, numa vibe meio Acústico MTV – ou seria Luau MTV?. “Ocasião rara de ouvir essas músicas praticamente do jeito que elas nasceram”, como ela comentou. Os ingressos já estão à venda.

Cut Copy chegando…

Um dos principais nomes da cena dance australiana da década passada, o grupo Cut Copy não dava notícias desde que lançou seu disco mais recente, Freeze, Melt durante a pandemia. Até que, com a entrada do novo ano, o grupo voltou a se movimentar, lançando alguns singles que se revelaram sinais de mais um novo capítulo de sua carreira. O disco Moments deve sair em setembro deste ano e foi anunciado com com o lançamento de mais uma canção, “When This Is Over”, que vem com um coral infantil que dá outra cara para a dance tranquila do grupo de Melbourne. Junto do anúncio do novo disco, eles também revelaram a capa e a ordem das faixas, incluindo “Solid”, que abre o disco, e tirando a viajandona “A Decade Long Sunset”, faixas que lançaram neste primeiro semestre do ano. O disco já está em pré-venda.

Veja a capa, o nome das músicas e o novo single abaixo:  

A volta da Taylor Swift aos palcos

Nesta terça-feira, Taylor Swift voltou aos palcos depois que encerrou sua turnê The Eras, com a qual atravessou os anos de 2023 e 2024 para chegar ao topo do mundo do pop. Em um evento organizado por seu namorado, ela subiu de surpresa no final do show de uma das bandas que participavam da festa em Nashville, nos EUA, e pinçou seu maior hit, “Shake It Off”, para delírio da plateia presente. Bem-vinda de volta, Taylor!

Assista abaixo:  

Maria Bethânia: 60 anos no palco

Como se supunha, o teaser que Maria Bethânia soltou há uma semana em seu 79º aniversário era mesmo o anúncio de uma turnê em que ela comemora seis décadas no palco, desde que foi descoberta por Nara Leão para ser sua substituta no show Opinião. Mas em vez da megalomania recente de shows em estádios, ela prefere casas de shows tradicionais, fazendo quatro shows no Rio de Janeiro (dias 6, 7, 13 e 14 de setembro no Vivo Rio) e outras quatro datas em São Paulo (dias 4, 5, 11 e 12 de outubro no no Tokio Marine Hall), além de uma última apresentação em Salvador (dia 15 de novembro, na Concha Acústica). Os ingressos começam a ser vendidos nos dias 30 de junho e 1º de julho (para clientes do cartão Elo, que patrocina a turnê) e para o público em geral no dia 3 de julho, neste link.

Tatá em alfa

Não sei se dá pra cravar que foi o melhor, mas Tatá Aeroplano fez um dos melhores shows de sua carreira nesta terça-feira no Centro da Terra, quando escolheu o teatro, que estava lotado, para registrar seu primeiro disco ao vivo, plano que ele acalenta há uns bons anos – e o resultado não poderia ser melhor. Ele começou a noite mostrando diferentes músicas do início de sua carreira solo, quando deixou sua primeira banda, o Jumbo Eletro, para dedicar-se aos discos gravados no estúdio Minduca ao lado dos feras que se tornariam sua banda oficial, o guitarrista Junior Boca, o baixista e tecladista Dustan Gallas e o baterista Bruno Buarque. Primeiro trouxe apenas os três ao palco visitando pérolas que não tocava faz tempo, como “Mulher Abismo”, “Um Tempo Pra Nós Dois”, “Te Desejo Mas Te Refuto”, “Cão Sem Dono”, “Entregue A Dionísio”, além dos hits “Tudo Parado na City” e “Cama”, ainda revelando que fará um segundo show que também será transformado em disco ao vivo, puxando as músicas mais dançantes, enquanto optou por um repertório mais intimista – mas com alguns espasmos de loucura – no palco do teatro no Sumaré. Depois, ele chamou Malu Maria, Kika e Bia Magalhães para o palco para puxar algumas músicas de seu disco pandêmico Delírios Líricos (como “Deusa de 67”, a versão para “Ressurreições” de Jorge Mautner e a primeira vez que tocou ao vivo uma de suas músicas que mais gosto, “30 Anos Esta Noite”, com a presença surpresa de Richard Firmino no sax), para depois emendar músicas mais melancólicas dos discos em que o quarteto original incluía a participação das vocalistas, como Não Dá Pra Agarrar e Boate Invisível (como “A Carta na Mão”, “Sinfonia da Manhã” e “Na Beleza da Vida”). Metódico como sempre (quem conhece sabe), ele aproveitou para dizer que está gravando mais dois discos e apresentou uma inédita, que ele não vê como parte de nenhum desses dois novos trabalhos, dedicada a Raul Seixas, que completaria 80 anos se estivesse vivo no próximo sábado – algo que Tatá nem sabia até cantar “Eu Sou do Tempo de Tocar Raul”, que também contou com o sax de Firmino. A noite brilhante terminou com um quase bis pois a banda nem teve tempo de sair do palco para cantar outra de suas assinaturas musicais, a excelente “Night Purpurina”. Que show!

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Tatá Aeroplano: Alma Purpurina

Tatá Aeroplano volta ao palco do Centro da Terra mais uma vez, mas desta vez em grande estilo, pois irá gravar seu primeiro disco ao vivo, chamado de Alma Purpurina, no teatro, reunindo músicas de diferentes fases de sua carreira e trazendo grande elenco para celebrar esta gravação, que promete ser histórica. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Yeah Yeah Yeahs ♥ David Lynch

E os Yeah Yeah Yeahs continuam mantendo aquele climão na turnê Hidden in Pieces, que começaram no início do mês e que seguem, agora em território europeu, e depois de desenterrar algumas faixas que não tocavam ao vivo há mais de uma década e trazer uma versão deslumbrante para “Hyperballad” da Björk, eles começaram a abrir os shows citando David Lynch, um autor que é a cara da banda, ao incluir uma versão inacreditável para “In Heaven (Lady in the Radiator Song)”, presente no primeiro filme do mestre, Eraserhead, de 1977, que aos poucos se transforma em “Blacktop”. Lindo demais:

Assista abaixo: