O processo solitário
Mais do que bonita, a apresentação que Mari Merenda fez nesta terça-feira no Centro da Terra dando início à nova fase de sua carreira que batizou o espetáculo, Reverbero, mostrou como ela vem disposta a ir além da primeira fase de sua carreira, quando cantava sorridente músicas fáceis de serem lembradas em vídeos online. Tocando na noite sozinha no palco, ela esteve quase o tempo todo às teclas, derramando sua voz forte e sensível em suas novas composições, canções profundas e emotivas, baladas que vêm do fundo de seu coração e quase sempre falam do processo – solitário – da criação artística, comparando-o a outras construções em vida. Mas por vezes amarrava chocalhos aos tornozelos ou sacava o assalato do bolso para mostrar seu lado mais solar (ligado aos hits que já emplacou online, como sua versão para “Feira de Mangaio” ou “Veneno”, gravada em parceria com a norte-americana Sofi Tukker). Isso estava evidente na música que escolheu para ser o primeiro capítulo dessa transição, com “Bote no Lugar”, seu novo single que será lançado nesta sexta-feira, em parceria com o percussionista Guegué Medeiros, que ela convidou para subir ao palco. Ele também a acompanhou quando ela entoou “Segue o Seco” de Marisa Monte, mas a essência dessa apresentação estava em sua estada solitária no palco, que reforçava uma musicalidade menos pop e mais dramática como escolha estética e desafio pessoal. Como, por exemplo, ao puxar a densa “Milagreiro” do Djavan para tocar sozinha ao violão ou quando exercitava o coro de sua própria voz – repetida em gravações em loop – em um pedal de efeitos. O ápice foi a última música da noite, a faixa que batiza essa nova fase, em que a cantora conseguiu dissipar a tensão cênica que deu à canção ainda ao piano, ficando depois de pé para dissipá-la com outro loop, desta vez humano, ao reger o público para repetir sua principal frase melódica. Está só começando, Mari!
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