Novo Aeon – Raul Seixas

, por Alexandre Matias

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O Brasil não teve seu Elvis, Roberto Carlos era certinho demais para o papel e a jovem guarda era calcada nos filmes dos Beatles, não nos do monarca de Memphis. E do mesmo jeito que o nosso Mick Jagger usa saias (sim, Rita Lee), a persona de Elvis foi bater na porta de um baiano que entendeu o rock’n’roll como um baião arrogante, encontrando semelhanças – às vezes óbvias – entre Luiz Gonzaga e Robert Johnson. Seu sétimo disco pode não ter vendido tanto quanto os anteriores (Gita vendeu 600 mil discos, Novo Aeon, 60 mil), mas resume e refina o personagem que Raul criava: ególatra (“Eu Sou Egoísta”), inseguro (“Para Nóia”), hedonista (“A Maçã”), hippie (“Sunseed”), roqueiro (“Rock do Diabo”, “A Verdade Sobre a Nostalgia”), brega (“Tu és o MDC da Minha Vida”) e esquizofrenicamente brasileiro (“Caminhos”, “É Fim de Mês”). Mas é em épicos como “Tente Outra Vez” e a faixa-título em que mostra que tem sangue azul – e as palavras “rock” e “brasileiro”, aparentemente antagônicas, soam como uma só.