Noites Trabalho Sujo

A próxima edição do Inferninho Trabalho Sujo acontece na véspera da sexta-feira da paixão, quando mais uma vez reúno na Porta Maldita três artistas de sonoridades díspares mas dentro de uma mesma lógica estética e geracional. Lauiz abre os trabalhos começando a despedir-se do disco do ano passado, Perigo Imediato, ao mesmo tempo em que aponta para novos rumos musicais, contando com possíveis participações especiais. A banda sem rosto Polly Noise & The Cracks vem em seguida mostrando sua sonoridade melódica e ruidosa para, no final, recebermos a presença do quarteto Tutu Naná, um dos nomes em ascensão da cena indie brasileira desta década. E entre os shows, toco umas músicas pra mexer com os quadris dos presentes. A Porta Maldita fica no número 400 da rua Luiz Murat, entre os bairros de Pinheiros e Vila Madalena. E comprando ingressos antecipadamente sai mais barato.

Dia 12 de abril temos mais um encontro no Bubu, quando transformamos o restaurante da marquise do estádio do Pacaembu em nossa pista favorita. É mais um dia de Desaniversário, festa que faço com a Camila, a Clarice e o Claudinho e que não deixa ninguém parado – e ninguem se acabar até mais tarde, pois começamos às 19h e terminamos à meia-noite, sempre com aquela sequência de músicas que todo mundo gosta de cantar junto. A entrada custa 50 reais e o Bubu fica na Praça Charles Miller s/nº. Vem dançar com a gente!

Bandas de MPB

O fim de semana fechou com mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Redoma, quando reuni duas novas bandas paulistanas que acrescentam o teclado à formação baixo, guitarra e bateria para passear por um repertório que conversa com a história da música brasileira recente – bandas de MPB! A Devolta ao Léu, que começou os trabalhos da noite, começa ali na virada dos anos 50 para os 60, puxando elementos de samba jazz e bossa nova com música pop brasileira. Desfalcados de um de seus fundadores (o guitarrista Eduardo Rodrigues, que estava fora de São Paulo), o quarteto chamou o baixista Roberth Nelson da banda Saravá para o palco e o baixista original do grupo, Leo Bergamini, assumiu a guitarra nesta apresentação. Completam o grupo a vocalista e tecladista Bru Cecci, com sua voz pequena e precisa como os timbres de seu teclado, e o baterista virtuose Rafa Sarmento, fazendo um pequeno showcase de um determinado período de nossa MPB e trazendo-o para este século, tocando um repertório inteirinho autoral. Promissor.

Depois foi a vez da já conhecida Orfeu Menino, liderada pela vocalista Luíza Villa, fazer um show quase inteirinho autoral – uma evolução considerável de repertório que a banda se impôs há menos de um ano, apresentando músicas novas a cada novo show. O entrosamento dos músicos segue intacto e impressionante, mantendo as viradas surpreendentes do baterista Tommy Coelho, a presença – marcada por seu vocal – do teclado de Pedro Abujamra, o groove melódico do baixo de João Ferrari e agora o brilho soul funk brasileiro da guitarra do novato João Vaz. O grupo começou a apresentação vestindo máscaras, que achei que fossem tirar na versão que fazem para “Cara Cara” de Gilberto Gil (“tira essa máscara, cara cara, quero ver você”), mas eles não só não tocaram essa música como limitaram-se a apenas duas versões alheias nesse show: “Pega Rapaz” da Rita Lee nos anos 80 e “Tudo Joia”, que trouxeram no bis – quando tocaram com o guitarrista mineiro Arthur Scarpini, a primeira participação especiais que o grupo tem em seus shows e este encerrou com “Pega Mal” – e lembro que quando os conheci, quando Luíza veio me propor seu show em homenagem à Joni Mitchell há pouco mais de um ano, esta era sua única música autoral. Tá evoluindo bem…

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Este fim de semana tem mais um Inferninho Trabalho Sujo no Redoma, em pleno domingo! Desta vez, a festa reúne duas bandas novatas que bebem na fonte da música brasileira dos anos 60 e 70 para fazer música deste século. A Devolta ao Léu, formada por Bru Cecci (teclado e voz) Eduardo Rodrigues (guitarra), Rafa Sarmento (bateria) e Leo Bergamini (baixo), está dando seus primeiros passos com influências de rock experimental e artistas brasileiros como Itamar Assumpção, Clube da Esquina e Erasmo Carlos, enquanto a Orfeu Menino, formada por Luíza Villa (voz), João Vaz (guitarra), Pedro Abujamra (teclado), João Ferrari (baixo) e Tommy Coelho (bateria), passa por Marcos Valle, João Donato, Edu Lobo, João Bosco e Joyce, rejuvenescendo o espírito do jazz brasileiro para o século 21. E quando as bandas não estiverem no palco, sou eu quem deixa o som rolar – e os ingressos já estão à venda neste link!

Hipnose ruidosa

Na segunda edição do Inferninho Trabalho Sujo na Casa de Francisca, duas bandas da pequena gravadora paulistana em ascensão Selóki Records tomaram conta do clássico templo da música brasileira em São Paulo, ao trazer duas camadas de hipnose ruidosa que espalharam uma tensão noise inédita em seu Porão. A noite começou com a aparição da Madre de Luiza Pereira, grupo em que a ex-vocalista da banda Inky dissolve suas tensões pessoais e exerce sua paixão pela microfonia melódica acompanhada de um trio demolidor, formado por Desirée Marantes (na segunda guitarra), Theo Charbel (no baixo e vocais) e Martin Simonovich (na bateria). Mostrando músicas de seu disco de estreia, Vazio Obsceno, Luiza surfou em câmera lenta na névoa elétrica de sua banda, deixando o clima da noite no ponto para a segunda atração da sexta.

Depois foi a vez dos cinco Madrugada fechar mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo em sua estreia na Casa de Francisca. Paula Rebellato, Otto e Yann Dardenne, Raphael Carapia e Cacá Amaral promoveram mais uma vez seu ritual kraut, partindo da repetição mecânica num loop quadrado – mas em constante movimento pela banda ter dois bateristas, Yann e Cacá! -, que arredonda com a marcação quase funky do baixo minimalista de Otto, que também estabelece balizas vocais para o ritmo e as expansões sensoriais promovidas pelos dois sócios do Porta: de um lado Paula repete frases nos synths enquanto roga juras de libertação, do outro Rapha faz sua guitarra rugir em abstrato ao enterrá-la constantemente em seu amplificador. A massa sonora do quinteto rapidamente tomou conta do ambiente, dragando todas as atenções para aquela missa profana que celebrava a força de uma tempestade, entre relâmpagos e trovões. Absurdo.

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Mais uma vez o Inferninho Trabalho Sujo chega ao Porão da Casa de Francisca, desta vez dia 4 de abril, sexta em que reunimos dois shows intensos e elétricos da nova geração de bandas desta década, começando a noite com a nova versão do grupo Madre, liderado por Luiza Pereira, que agora conta com Desirée Marantes na segunda guitarra, e seguindo com o mantra circular e tribal do quinteto Madrugada, com duas baterias e muita fé no krautrock. E enquanto as bandas não estiverem no palco, a discotecagem, como sempre, fica comigo, que mantenho o clima elétrico da noite. Os ingressos já estão à venda neste link. Vamos?

Mais um Inferninho Trabalho Sujo daqueles, este com a vantagem de trazer duas ótimas bandas em ascensão que nunca haviam pisado no palco do nosso querido Picles. A noite começou com a banda Morro Fuji, diretamente do ABC, mostrando que está em ponto de bala, com canções redondinhas, boa dinâmica entre seus integrantes e uma presença de palco magnética, mostrando-se como mais uma das novas bandas da cena pós-pandêmica que engrossa a sensação de nova geração que vem se firmando, cuja base rock confunde rock clássico com indie rock e o senso melódico conversa tanto com o pop brasileiro dos anos 80 e 90 e a MPB mais elétrica. E avisaram que tem disco programado pra esse ano, vou ficar de olho…

Depois do Morro Fuji foi a vez da ótima Miragem, que já havia tocado em outra edição do Inferninho Trabalho Sujo mas nunca tinha ido ao palco do Picles. E a banda sonhada pela guitar heroine Camilla Loureiro fica mais intensa a cada nova apresentação, desta vez transformando-se em um quinteto graças à efetivação da ex-diretora de clipes da banda Mariana Nogueira como tecladista da banda. Mas o foco e a força da banda expandem a partir de sua principal compositora e guitarrista, multiartista que faz os clipes de animação da banda e trajava uma camiseta com a capa do disco de estreia do grupo lançado no ano passado, Muitos Caminhos Prum Lindo Delírio. O álbum, esse estranho e atrativo alienígena que soa tanto faz o grupo soar como uma banda de rock brasileiro dos anos 80, uma banda prog cabeçuda, um grupo pós-punk e uma banda de rock psicodélico clássica ao mesmo tempo, às vezes na mesma música, torna-se ainda mais pesado e dinâmico ao vivo e os outros três integrantes – o guitarrista Gustavo Esparça, o baixista Rafael Biondo e o baterista de Lucas Soares – fazem o grupo soar à altura – e voar além – dos delírios de sua compositora, que sempre deixa todo mundo de queixo caído quando sola sua guitarra. Mais um showzaço do grupo, deixando tudo a postos pra que eu e Pérola viajássemos na discotecagem, metamorfoseando a pista do Picles em ambientes completamente distintos a cada parte da noite, misturando todo tipo de vibe (latina, dance, psicodélica, roqueira, R&B ou brasileira) no mesmo astral incansável! E semana que vem tem mais Inferninho!

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A próxima edição do @inferninhotrabalhosujo acontece nessa sexta-feira, no lendário Picles, quando convido as bandas Miragem, esta tocando pela segunda vez na festa e comemora o lançamento do clipe “Eterna Distração”, e Morro Fuji, que faz sua estreia no Inferninho ao lançar o single “Cores e Luzes”, para dividir o palco antes de eu começar a discotecar madrugada adentro, desta vez com a comadre Pérola Mathias, que ajuda a esquentar a pista do caótico e amado sobrado no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros. Os ingressos antecipados podem ser comprados mais baratos aqui.

Um estranho e interessante alinhamento cósmico aconteceu na sexta passada na Porta Maldita, quando reuni três artistas de diferentes pontas do espectro musical para um Inferninho Trabalho Sujo memorável. A noite começou com os novatos da Orfeu Menino mostrando que eles não têm tempo ruim quando o assunto é jazz brasileiro. Liderados pelo carisma encarnado de Luíza Villa, o grupo fez seu show quase todo autoral à exceção de três músicas, que pautam bem o terreno habitado pela banda: “Chega Mais” da Rita Lee, emendada com “Cara Cara” do Gil e “Tudo Joia” do Orlandivo. Passeando suas composições pelo samba jazz pós-bossa nova, estrearam três músicas novas e estão absorvendo bem a entrada do novo guitarrista, o carioca João Vaz. Fiquem de olho neles…

Depois foi a vez de outro poço de entretenimento que é o show de Ottopapi, codinome que Otto Dardenne assumiu para sua carreira solo. Acompanhado de uma banda fulminante (Vítor Wutzki e Thales Castanheiras nas guitarras, Gael Sorkin na bateria, Bianca Godói no baixo e Danileira nos synths, efeitos e coreografias), ele é um dos melhores shows de São Paulo atualmente, com aquela energia de rock de garagem que ecoa tanto os momentos menos artsy do Velvet Underground quando a época que os Strokes eram uma banda semidesconhecida, em composições tão descartáveis quanto grudentas, hits pop disfarçados de pulsões elétricas que não deixam ninguém parado. E ele já anunciou que o disco tá vindo…

E a noite encerrou com o Casual Art Ensemble, projeto de improviso noise surgido do encontro de três quartos dos heróis indies cariocas do Oruã (os cariocas Lê Almeida, João Casaes e Bigú Medine) com a dupla paulistana Retrato (Ana Zumpano e Beeau Gomez), que pode reunir ainda mais gente, que foi o que aconteceu na sexta-feira, com as presenças de Guilherme Pacola (bateria, percussão e efeitos), Clóvis Cosmo (sopros e percussão) e Gabriel Gadelha (do Naimaculada, no sax), conduzindo o público a três diferentes transes hipnóticos em que seus integrantes trocavam de instrumentos a cada nova viagem. Coisa linda.

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E nem terminou um e já temos outro: sexta que vem temos mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo na magnífica Porta Maldita – e essa noite é estelar, começando pelos novatos Orfeu Menino, banda liderada pela vocalista Luíza Villa, mostrando seu novíssimo repertório autoral, seguido da incrível banda de Ottopapi em mais uma catarse indo direto ao centro nervoso da crueza e urgência do rock e finalizando com o improviso do Casual Art Ensemble, grupo formado pela dupla Retrato e por 3/4 do grupo Oruã, liderado por Lê Almeida. Como sempre discoteco antes, entre e depois dos shows, sempre reforçando o clima quente dessa noite. Os ingressos podem ser comprados antecipadamente aqui.