Mais um Inferninho Trabalho Sujo no Redoma com a energia lá no talo. Desta vez foi a vez de receber duas estreias na festa e a primeira delas veio lá no Espírito Santo. O Gastação Infinita surgiu no mesmo interior capixaba que trouxe nomes tão distintos para a música brasileira como Roberto Carlos, Sergio Sampaio, Primitive Painters, My Magical Glowing Lens e Mickey Gang e a fusão de gêneros musicais promovida pelo encontro do baterista e vocalista Matheus Tavares, com o guitarrista e flautista Iago Tartaglia, o baixista Hecthor Murilo, o tecladista Pedro “Puff” e guitarrista Vitor “VT” coloca, no mesmo balaio, jazz, funk, música pop, rock clássico e progressivo, MPB e até tradições de seu estado, como quando puxam um congo em pleno set elétrico. Ainda trabalhando músicas do disco do ano passado, começa a mostrar o repertório que se forma num disco que querem lançar ainda esse ano, chamado Moqueca de Minério, que é uma boa definição da própria sonoridade do grupo, embora não tenha a conotação tóxica que o título originalmente se pretende. Os minérios dessa moqueca musical são consistentes e a banda não poupa energia para mostrar isso. Mas sem nunca perder o humor, inclusive no momento em que arremessam um jacaré inflável no público, ameaçando parar o show se o boneco cair no chão. Sempre no talo, o grupo está prestes a decolar.
Depois foi a vez do trio Nigéria Futebol Clube atropelar o público com um atordoo sonoro que bebe tanto do punk clássico e do hardcore, mas principalmente do pós-punk e do híbrido de punk-funk que une bandas tão distintas quanto Gang of Four, Funkadelic, Red Hot Chili Peppers e Bad Brains num mesmo panteão sonoro. E o que começou como uma sessão de descarrego rítmico logo transformou-se numa gira elétrica em que o baterista e vocalista Raphael “PH” Conceição puxava a pregação de seu púlpito percussivo, enquanto o guitarrista Rodrig Silva ecoava tanto ecos magnéticos de Andy Gill e Glenn Branca quanto sintonizava-se com os delírios mântricos de Albert Ayler e Ornette Coleman (e soltando efeitos sonoros – até sambas antigos – que disparava descalço pelos pedais), acompanhado de perto do baixo de Cauã de Souza ecoa tanto os da nave de George Clinton (Bootsy Collins e Billy Bass) quanto o início da carreira de um de seus discípulos mais devotos, Flea. A performance do trio ainda não foi devidamente capturada em disco – e dá pra entender a dificuldade de quem se atrever -, mas já é um dos melhores segredos da nova cena de São Paulo. Arrasadores.
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Semana que vem tem mais um Inferninho Trabalho Sujo no Redoma e pela primeira vez recebemos uma banda de fora de São Paulo para tocar nesse palco, quando os capixabas do Gastação Infinita fazem sua estreia na festa na sexta-feira dia 22, mostrando o disco que lançaram no ano passado, Odisséia na Ideiaerradolândia. Quem divide a noite com eles é o explosivo trio paulistano Nigéria Futebol Clube, também fazendo sua estreia no Inferninho Trabalho Sujo. A casa fica na Rua 13 de Maio, 825-A, no Bixiga, abre às 21h, e os ingressos já estão à venda neste link. Eu discoteca antes, durante e depois dos shows, desta vez com o auxílio luxuoso da querida Gabriela Cobas. Vamos lá?
Ingressos .
Chegou a semana da Desaniversário e desta vez, eu, Claudinho, Camila e Clarice nos reunimos para comemorar dois anos da festa numa noite daquelas! A festa acontece neste sábado, 16 de agosto, como sempre no Bubu, que fica na marquise do estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/nº), a partir das 19h. Vem dançar com a gente!
Wilsera me chamou mais uma vez pra participar de sua festa o Baile de Eleanor Rigby, dedicada apenas aos Beatles – esta edição especificamente comemorando o cinquentenário de Help!. A festa acontece dia 16 de agosto no Cineclube Cortina e os ingressos já estão à venda.
Mais um Inferninho Trabalho Sujo no Porão da Casa de Francisca e aos poucos vamos engatilhando a festa nesse icônico palco da cidade, cuja localização subterrânea e as frondosas cortinas vermelhas sempre premiam a noite com aquela atmosfera lyncheana. Dessa vez reuni Mundo Vídeo e Dadá Joãozinho na mesma noite, inaugurando a parceria desses dois artistas que logo lançarão um material conjunto que foi apresentado pela primeira vez nessa sexta-feira. A noite começou com a apresentação enxuta e direta do Mundo Vídeo, Gael Sonkin e Vítor Terra digladiando guitarras como se jogassem videogame, disparando bases eletrônica – por vezes frenéticas, outras mais relax – para cantar sobre dramas emocionais do dia a dia. O público foi enchendo o porão e curtindo o primeiro show e aos poucos se preparava para a segunda parte da noite…
Depois foi a vez de Dadá Joãozinho fazer sua apresentação para antecipar o encontro dos dois artistas, que aconteceria no final da noite. Mas como Vítor Terra já está na formação da banda de Dadá – ao lado de Bruno Mamede (sopros), Éverton Santos (baixo), Filipe Castro (percussão) e João Viegas (teclados) -, Gael Sonkin subiu junto com essa banda desde a primeira música e o encontro de Dadá com Mundo Vídeo começou a partir do show do primeiro. O rapper carioca começou o show com sangue nos olhos, provocando o público para dançar e bater cabeça de uma forma insistente, enquanto apresentava músicas de seus dois discos e uma versão para “Nunca Vi Você Tão Triste” de Zeca Pagodinho, além de convidar Popoto, vocalista da banda Raça, para subir no palco e dividir os vocais de “Olha Pra Mim”, single que lançou no fim do ano passado. O show cresceu ainda mais quando, em sua parte final, os dois artistas mostraram as primeiras composições inéditas pela primeira vez ao vivo, fazendo todo mundo entrar em suas frequências. Onda boa.
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Em mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Porão da Casa de Francisca, reúno dois novos nomes da atual cena musical brasileira que estão começando um trabalho conjunto. O artista Dadá Joãozinho, de Niterói, transcende estilos e passeia por gêneros musicais distintos como rock, samba, pop, jazz, hip-hop, soul e MPB trazendo a cada faixa um retrato de múltiplas temporalidades, cruzando passado, presente e futuro, misturando repertórios de seus discos Tds Bem Global (este também lançado pelo selo californiano Innovative Leisure) e 1997. Já a dupla carioca Mundo Vídeo mistura informações desconexas – que vão do rock à trilha sonora de videogame, passando por música brasileira, rock clássico, reggae, hyperpop, pós-punk e funk – de forma frenética, transformando seu show num ataque aos sentidos, que deu origem ao disco Noite da Lua Torta, lançado pelo selo Balaclava no ano passado. Os dois artistas estão prestes a lançar um EP conjunto e nesta apresentação farão seu primeiro show experimentando um novo repertório, tocando juntos além de fazer seus dois shows isolados, antecipando a parceria. Antes e depois dos shows, eu mesmo discoteco abrindo e fechando a noite. Os ingressos estão à venda neste link.
Viajei fim de semana passado e perdi a primeira Desaniversário desde que inventei a festa há dois anos com Claudinho, Camila e Clarice e há um tempo estamos cogitando a possibilidade de passear com a festa por outros lugares, até que o bom e velho Mancha nos chamou pra tocar em sua nova Casinha (que fica na rua Jorge Rizzo, atrás do Sesc Pinheiros) e no próximo sábado, dia 26 de julho, eu e Camila baixamos lá para fazer a primeira Desaniversário fora do Bubu – e a primeira que vara noite adentro, para além da meia-noite. E dá pra comprar ingresso com antecedência neste link, vamos lá?
O primeiro Inferninho Trabalho Sujo no Fervo reuniu dois shows que funcionam como bons exemplos da amplitude musical da nova geração de bandas e como, apesar de virem de áreas sonoras distintas, harmonizam com gosto. A noite começou com o delírio prog-jazz do Tubo de Ensaio, que apesar de não negar suas raízes no rock clássico e na música brasileira, partem dessa mistura para voos instrumentais e viagens vocais que misturam improviso e psicodelia. Num transe instrumental que mistura doces harmonias vocais, groove hipnótico e equipamentos fabricados em casa, o quinteto mostrou algumas músicas de seu recém-lançado Endoefloema com várias canções inéditas que eles já estão preparando para o próximo trabalho. É bonito ver como a sinergia do grupo, tanto a presença performática e carismática da vocalista Manuela Cestari – interagindo constantemente com o pequeno e avassalador baterista Gabriel Ribeiro, que por vezes deixa seu kit para tocar metalofone, à simbiose de contrapontos do baixo melódico de Francisco Barbosa e a guitarra jazzy e psicodélica de Lorenzo Zelada, entrelaçando-se com os teclados espiralados de Lorena Wolther, que, ao lado de Lorenzo, compõe jogos vocais suaves e lisérgicos junto a Manu. A intensidade do show e a cumplicidade da banda amplia muito as dimensões das canções do disco, que por vezes esticam de duração em solos e improvisos contínuos, que conversavam diretamente com as trips instrumentais do Tutu Naná, que por sua vez vêm de um outro universo musical.
Depois foi a vez do Tutu Naná mostrar que o transe instrumental simbiótico também pode vir de uma outra fonte sonora, que mistura tanto referências de jazz brasileiro, quanto de noise, rock clássico, shoegaze e pós–punk. O quarteto catarinense nascido das cinzas da banda John Filme acabou de lançar o ótimo Itaboraí, em que mostram que não há fronteiras musicais quando se transcende o vínculo artístico para além da convivência, transformando o trabalho musical dos quatro num mesmo organismo vivo. Quase sem precisar trocar olhares, seus integrantes abrem fronteiras musicais que por vezes começam em dedilhados sutis da guitarra de Akira Fukai nas linhas de baixo elípticas de Jivago Del Claro, crescem nos vocais entrelaçados dos dois ao lado da vocalista Carol Acaiah, que por vezes puxa sua flauta transversal para liberar o ruído coletivo ou para domá-lo em momentos de êxtase, quase sempre impulsionados pela bateria impetuosa e quebrada de Fernando Paludo, um monstro que parece ter saído de uma mutação genética entre Dom Um Romão, Ginger Baker, Milton Banana, Art Blakey e Keith Moon (além de ficar fazendo loops com seu vocal distorcido entre as músicas). Cada apresentação é um convite a um novo transe e não foi diferente neste primeiro Inferninho Trabalho Sujo no Fervo, quando o público desceu para perto dos trilhos do trem na Água Branca para uma noite de puro delírio musical. E como se não bastasse, o Tutu Naná encerrou sua apresentação com uma improvável versão “Duas Opiniões”, do Tom Zé. Foi demais.
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Desbravamos mais um ano do Inferninho Trabalho Sujo mostrando uma nova geração de artistas que está vindo com tudo nesta década ao mesmo tempo em que espalhamos a festa por diferentes casas da cidade. Desta vez, chegamos pela primeira vez na Ocupação Fervo, que desde o começo do ano está agitando ali na Água Branca. Quem abre a noite é a banda paulistana psicodélica Tubo de Ensaio, estreando no Inferninho, que vem mostrar seu recém-lançado primeiro disco Endofloema, que conecta diferentes pontas, de diferentes épocas, da música lisérgica brasileira. Depois é a vez do noise açucarado do Tutu Naná, quarteto de Maringá residente em São Paulo que acaba de lançar mais um disco, o inspirado Itaboraí, batizado com o nome da rua em que moram – juntos, tocando quase todo dia – na cidade. A casa abre às 18h e o primeiro show começa às 21h – e enquanto as bandas não estiverem tocando eu discoteco. O Fervo fica na rua Carijós, 248, na Água Branca, e dá para vir tanto pela rua Guaicurus (perto do Sesc Pompeia), quanto pelo outro lado do trilho do trem – e o melhor é que não custa nada pra entrar, é só chegar! Vamos nessa!
Vamos a mais uma Desaniversário neste sábado, fazendo todo mundo se acabar de dançar a tempo de voltar cedo pra casa e curtir o domingo. Dessa vez não compareço à festa – minha primeira vez fora – mas quem estará ao lado do Claudinho, da Camila e da Clarice é a sensacional Michi Provensi, a primeira DJ convidada desde o início das nossas noites maravilhosas. Ela ajuda a espantar o frio com aqueles hits que todo mundo gosta de cantar junto, como sempre a partir das 19h até um pouco depois da meia-noite. E mais uma vez no Bubu, que fica na marquise do estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/nº). Vem dançar com a gente!