O novo Milo Garage

O bom e velho Milo Garage funcionou no clássico sobradinho da Minas Gerais até essa semana e, em breve, dia 11 de maio, muda pra minha vizinhança – fica na Avenida Pompéia (número 1681), mas ali já é Sumaré, né… Seja bem-vindo.

Impressão digital #0057: O DJ e as redes sociais

A minha coluna no Caderno 2 foi sobre o debate sobre música eletrônica e redes sociais que mediei no YouPix, semana passada.

O DJ e a internet
Redes sociais e vida noturna

No dia 2 de abril, a colunista do C2+Música Claudia Assef publicou o artigo A Música Eletrônica Cresceu Demais?, em que comentava que os hábitos noturnos de São Paulo haviam mudado e como a noite paulistana havia deixado de se importar com música. Conversando com Facundo Guerra, empresário da noite e dono de casas como o Lions e o Vegas, ela ouviu que “os clubes já não são mais templos de música. São extensões das redes sociais, ponto de encontro. O cara vai na boate pra encontrar aquela menina que ele cutucou no Facebook. A música virou trilha de fundo”. E com as redes sociais, o artigo correu sozinho pela internet, gerando comentários acalorados e discussões enfurecidas.

Foi o suficiente para que a publicitária Lalai Luna, que também produz festas, resolvesse entrar na discussão, incentivando-a. Lalai estava na curadoria de uma das áreas do festival YouPix, que cresce ano após ano e que pode ter fôlego para disputar com a Campus Party o título de principal evento de cultura digital do País. E resolveu convidar algumas pessoas para continuar a discussão iniciada nas páginas do caderno. Além da Claudia e de Facundo, Lalai também participou da mesa e chamou a blogueira e produtora de festas Flávia Durante, o produtor e publicitário Bruno Tozzini e o jornalista e DJ Camilo Rocha e este nada modesto missivista para mediar a mesa. O título da discussão era propositalmente polêmico – As redes sociais estão matando a música eletrônica? –, mas o debate fugiu de rusgas fáceis e a discussão chegou a alguns pontos interessantes, que resumo aqui.

Sim – a noite virou uma extensão das redes sociais. As pessoas estão realmente mais interessadas em “reencontrar” pessoalmente os amigos com quem passaram o dia conversando, seja no Twitter, via Gtalk, no Facebook ou pelo MSN. E não é que as pessoas deixaram de se interessar por música, mas é que elas querem ouvir músicas que já conhecem, daí um fenômeno recente – de uns dez anos para cá – do frequentador que pede música para o DJ, algo considerado profano nos tempos em que o DJ era o soberano da noite. Talvez isso ocorra porque as pessoas estão ouvindo menos rádio e encontram, na noite, uma alternativa à zona de conforto que era o rádio em seus dias de glória.

Acontece que o DJ está perdendo a importância vertical que tinha sobre a pista – algo que afetou qualquer área que tenha sido invadida pela internet. Do mesmo jeito que as indústrias da música, do cinema, dos games, das notícias, entre outras, a cultura noturna também foi afetada pela horizontalização imposta pela rede. Agora é hora de aprender a lidar com isso para seguir a história.

Marcelo Camelo e o Toque Dela ao vivo

Sesc Pompéia @ São Paulo
28 de abril de 2011


Marcelo Camelo – “Tudo Passa”

Depois do debate de ontem (que foi bem legal, depois comento aqui), corri para o Sesc Pompéia pegar o primeiro show de Marcelo Camelo desde… (ele mesmo demorou pra lembrar antes de falar “setembro de”) 2009.


Marcelo Camelo – “Vermelho”

Foi um bom show, com Marcelo bem à vontade para, inclusive, cantar suas músicas dos Los Hermanos com tanta naturalidade e tranquilidade quanto as do disco novo. Não é propriamente um show envolvente – há uma distância de olhar na preguiça de sua performance que sorri para o público em vez de se jogar na emoção, nada que comprometa a apresentação, no entanto. Essa separação entre o artista e seu público diminui claramente nos momentos em que Marcelo surge sozinho no palco, sem o Hurtmold, e pede para o público cantar sozinho enquanto ele apenas toca.


Marcelo Camelo – “A Outra”

Nada relacionado ao Hurtmold, que deixa seu transe jazzístico em segundo plano para se portar perfeitamente como banda de apoio, funcionando como se pudessem traduzir Jack Johnson para o paulistanês ou como se o instrumental de Lulu Santos fosse orgânico como os Novos Baianos. Em momento algum nenhum músico se destaca, todos trabalhando para deixar Camelo bem à vontade – tanto musicalmente quanto no holofote.


Marcelo Camelo – “Vida Doce”

Do meu lado, enquanto filmava, Mallu assistia ao show no canto do palco. Mas seu olhar não era de idolatria, mas de orgulho. Estou esperando tanto esse terceiro disco dela…


Marcelo Camelo e Vanessa da Mata – “Samba a Dois”

O grande momento do show veio ao final, quando Camelo intimou Vanessa da Mata para o palco, quando os dois cantaram a música que abre o Bloco do Eu Sozinho Ventura. Foi um dueto informal, íntimo e familiar, mas me bateu uma estranha sensação de que talvez possamos rever essa cena (com essa mesma música, talvez) nos próximos 10, 20 anos…


Marcelo Camelo – “Acostumar”

E adorei o comportamento do público. Pensei que iria assistir à mais um espetáculo de idolatria típico dos shows dos Hermanos, mas, bem próximo do ídolo (regalias do palco da choperia do Sesc), os fãs de Camelo não se exaltavam… demais. Claro que todo mundo cantou todas as músicas juntos, que o silêncio reinava quando Camelo tocava pianinho e as palmas e os gritos explodiam quando ele as autorizava, mas nada de meninas chorando, um ou outro grito de “lindo!” soltado mais com ironia do que por fanatismo, mas havia uma sensação de familiaridade e reencontro que desce alguns degraus da esfera mega que os Hermanos habitava – um nível de intimidade que Amarante conseguiu logo que começou os ensaios do Little Joy e que, só agora, Marcelo consegue habitar. Talvez também seja culpa da maturidade dos fas que, dez anos depois de “Anna Júlia”, já estão mais comedidos e menos adolescentes…

Sábado de aleluia


Fotos: Camila Mazzini (mais aqui)

Vale a menção aqui à cabulosa festa de sábado passado, ocorrida no já favorito Beco 203, que tirou uma cabeçada de casa e lotou o sábado do feriado de forma inesperada. Teve o segundo round da minha discotecagem contra o Alex e antes de eu passar a discotecagem para a Carol, tive que tocar “Friday” em homenagem a ela (hehehe). E é bom que os mineiros se preparem: nesta sexta tem Gente Bonita em Belo Horizonte. E talvez – TALVEZ – tenhamos festa nova na semana que vem. Aguarde.

Gente Bonita no Clube da Luta

Apesar do nome no flyer ser o meu, eu e o Luciano baixamos com a Gente Bonita no Clube da Luta deste sábado. Tenho VIPs à vontade, é só colocar seu nome nos comentários até às 20h do dia da festa que não paga nada pra entrar. Vantagens de se ficar no feriado em São Paulo… O Beco fica ali na Augusta, onde era o Comitê, do lado do Studio SP. Além da GB, também tocam o blogueiro-revelação de 2009 Alex Correa (tristemente humilhado por mim na edição passada do Clube) e a querida Carol Nogueira, que faz da Ilustrada seu blog. Vamo lá?

Mulatu inzoneiro

E por falar em shows que assisti, filmei e não tive tempo de comentar aqui, seguem dois registros da apresentação do Mulatu Astatke em São Paulo. No vídeo de cima (“Yekermo Sew”) até consegui manter um mínimo enquadramento, já o de baixo (da clássica ) vale mais pelo registro do áudio – que conta com a participação do rapper Talib Kweli – do que pelo do vídeo (praticamente inexistente). E que showzão foi esse, viu…

O título do post eu surrupiei do Ramiro.

Hoje é o dia 4:20 – e tem Gente Bonita no Secreto

20 de abril, dia 20 do mês quatro, é o dia internacional do 4:20 e a Gente Bonita vai comemorar hoje lá no Secreto, invadindo a festa Isto Não é Um Karaokê, em que uma banda acompanha quem quiser cantar hits de todas as épocas (o naipe da lista de músicas pode ser conferido aqui). Para incluir seu nome na lista, basta colocar as coordenadas no site da casa. Vamo lá?

Falando na Lurdez…


“Meu Mundo Numa Quadra” / “Ziriguidum”


“Corrente de Água Doce” / “Mais Tarde”

Esqueci de postar aqui os vídeos que fiz do show que ela fez em fevereiro deste ano, ali na choperia do Sesc Pompéia. É impressionante ver como Lurdez conseguiu crescer – e bem – ao assumir uma inesperada carreira solo. Seu disco do ano passado é um dos grandes lançamentos do Brasil e no show que filmei deu para perceber que ela está cada vez mais à vontade com a personalidade livre, explorando tanto seu lado marrento quanto uma bem-vinda doçura e delicadeza feminina que, mesmo quando agressiva, não tinha tanto espaço no Mamelo Soundsystem. Enquanto isso, Brandão brinca de jazz com o Maurício Takara, o que me deixa bastante curioso em relação a um próximo disco do Mamelo. Serious shit.

No mesmo show que o da Lulina, assisti à apresentação dos soteropolitanos do Baiana System, uma banda prontinha, cozida na medida, mas cuja sonoridade já foi assimilada há uns cinco anos – pertencem ao mesmo universo de groove que os Seletores de Freqüência, o Instituto e a Nação Zumbi, trazendo um elemento crucial para sua personalidade musica: a guitarra baiana. Mas é questão de tempo para que descubrram um diferencial que afete todo a sonoridade do grupo, que não seja personalizado em um instrumento só. Mas isso também é questão de tempo e o grau de maturidade do grupo no palco prova que, em pouco tempo, sua assinatura musical poderá independer de um determinado timbre.


“Oxe Como Era Doce”


“Systema Fobica (Ubaranamaralina)”

De volta ao velho Galaxie 500

Outro show incrível foi o de sexta passada que, com a mesma banda que visitou os screentests de Andy Warhol capitaneada pelo casal Dean & Britta, homenageou a banda original de Dean, o Galaxie 500. Foi um show autenticamente emotivo, solene e intenso – como era o velho G500. E a proximidade entre público e palco oferecida na Choperia do Sesc Pompéia fez que músicos e fãs pudessem estar sintonizados na mesma freqüência. Filmei algumas músicas – e meu vídeo favorito é o de “Night Nurse”, por motivos pessoais.


“Temperature’s Rising”


“Decomposing Trees”


“Strange”


“Tugboat”


“Listen the Snow is Falling”


“4th of July”


“Moon Palace”


“Night Nurse”


“Ceremony”

Dean Wareham e Britta Philips tocando para Andy Warhol

O show de ontem foi lindo.


“Richard Rheem” / “Ann Buchanan” / “Teenage Lightning and Lonely Highways”


“It Don’t Rain on Beverly Hills”


“Herringbone Tweed” / “I Found it Not So”


“I’ll Keep it With Mine”


“Eyes in My Smoke”


“I’m Not a Young Man Anymore”


“Knives From Bavaria”


“Tiger Lily”

E hoje, quem vai?