Capas de discos clássicos de indie rock expandidas por inteligência artificial

O Marko segue expandindo capas de discos por inteligência artificial e eu dei um toque nele pra fazer alguns clássicos do indie rock.

Tem mais aí embaixo:  

Você já ouviu falar na Elephant 6?

Pra maioria das pessoas, nomes como Olivia Tremor Control, Neutral Milk Hotel, Apples In Stereo, Of Montreal, Elf Power e Music Tapes parecem paródias de nomes de bandas inventadas como fizeram Robert Anton Wilson e Robert Shea no final de seu épica trilogia Illuminatus! Mas para poucos, são senhas para um universo de psicodelia e experimentação, magia e ciência sônica aliada ao uso de psicodélicos recreativos, clássicos do rock e espírito de comunidade que ia de encontro à lógica de marketing total que dominou o mercado da música a partir dos anos 80. Reunidos sob o nome de Elephant 6 esta cena musical que começou na cidade norte-americana de Anthens, na Georgia, e não era nem uma gravadora, um movimento musical ou um coletivo artístico, mas um híbrido destas coisas que começou a surgir ao redor das três primeiras bandas criadas por Bill Doss, Will Cullen Hart, Jeff Mangum e Robert Schneider: Olivia Tremor Control, Neutral Milk Hotel e Apples In Stereo. Este é o foco do documentário Elephant 6 Recording Co., que finalmente viu a luz do dia no ano passado, depois de anos em produção e chega às salas de cinema brasileiras graças ao festival In Edit, cuja 15ª edição acontece neste mês. Assista ao trailer abaixo:  

Vida Fodona #754: 16 anos de Vida Fodona

Aos 45 minutos do segundo tempo do mês de fevereiro.

Ouça aqui.  

Vida Fodona #719: Sei lá o que tá acontecendo

Tantas coisas acontecendo, tantos sentimentos superpostos que eu nem sei mais de nada…

Ouça aqui.  

Vida Fodona #654: Festa-Solo (29.6.2020)

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Mais uma segunda, mais um dia de Vida Fodona ao vivo no twitch.tv/trabalhosujo, a partir das 21h – o na semana passada foi assim.

Pink Floyd – “Wots … Uh The Deal”
Neutral Milk Hotel – “Oh Comely”
Nick Drake – “Hazey Jane II”
Neil Young – “Separate Ways”
Belle and Sebastian – “Is It Wicked Not to Care”
Erasmo Carlos – “Gente Aberta”
Paralamas do Sucesso – “Romance Ideal”
Chet Faker – “No Diggity”
Rihanna – “Consideration”
Frank Ocean – “Nikes”
Prince – “When Doves Cry”
Sandra Sá – “Olhos Coloridos”
Tim Maia – “Márcio Leonardo e Telmo”
Thiago França – “Bolero de Marly”
Rolling Stones – “100 Years Ago”
Letrux – “Saúde”
Eduardo Dusek – “Rock da Cachorra”
Labelle – “Lady Marmalade”
Jessie J + Nicki Minaj + Ariana Grande – “Bang Bang”
Destiny’s Child – “Jumpin’, Jumpin'”
Fagner – “Cartaz”
Lizzo – “Juice”
Chromeo – “Clorox Wipe”
Falco – “Der Kommissar”
Blondie – “Rapture”
5th Dimension – “Aquarius” / “Let The Sunshine In”
Sly & the Family Stone – “If You Want Me To Stay”
Cardigans – “Lovefool”
LCD Soundsystem – “Daft Punk Is Playing at My House”
Titãs – “Diversão”
Babe Ruth – “The Mexican”
Paul McCartney – “Coming Up”
Dani Siciliano – “Walk the Line”
Kiss – “Sure Knows Something”
Evinha – “Esperar pra Ver (Poolside + Fatnotronic Edit)”
Roxy Music – “Love is the Drug”
Queen – “Killer Queen”
Music Go Music – “Warm in the Shadows”
Pulp – “A Little Soul”
David Bowie – “Life on Mars?”
Beatles – “Old Brown Shoe”
Cream – “Wrapping Paper”

Todo o show: Neutral Milk Hotel ao vivo no Ottawa Folk Festival, 13 de setembro de 2014

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Desde que comecei a filmar shows, o único artista que não filmei dos shows que vi (que eu me lembre) foi Jeff Mangum, quando o homem Neutral Milk Hotel nem havia cogitado reunir sua velha banda. Por um bom tempo, os vídeos ou registros de áudio dos shows da volta do indie mais recluso dos anos 90 eram raros e esparsos, mas eles ficaram mais frequentes à medida em que, com a volta do Neutral Milk Hotel, no ano passado, os shows foram ficando maiores e menos intimistas. Tanto que esse cara conseguiu filmar todo o show que a banda apresentou no Folk Festival de Ottawa, no Canadá, no mês passado. Bom demais!

Dica do Carbone.

Vida Fodona #393: Demorei, mas tou aqui

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Acontece.

Marcelo Jeneci – “Alento”
Lorde – “Royals”
Chet Faker + Kilo Kish – “Melt”
Criolo – “Duas de Cinco”
Arctic Monkeys – “Hold On, We’re Going Home”
Arcade Fire – “Afterlife”
David Bowie – “Love is Lost (James Murphy Remix)”
Herbie Hancock – “Chamaleon”
Chromeo – “Sexy Socialite”
Haim – “The Wire”
Mahmundi – “Vem”
Cícero – “Duas Quadras”
Rodrigo Amarante – “Hourglass”
Elf Power – “Lift in the Shell”
Of Montreal – “Amphibian Days”
Boogarins – “Doce”
Neutral Milk Hotel – “Naomi”
Unknown Mortal Orchestra – “Swim And Sleep (Like A Shark)”

Deixa de onda…

“A gente nunca ensaia”: Neutral Milk Hotel, outubro de 2013, por Fabio Carbone

Carbone assistiu a um dos shows de volta do Neutral Milk Hotel na semana passada e eu pedi para que ele escrevesse sobre o que viu pra cá. As fotos e o áudio do show em Covington, Kentucky, foram registrados pelo próprio Fabio.

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“Neutral Milk Hotel?” – perguntou franzindo a testa e com um sotaque difícil de entender.

Percebi que teria que explicar de novo que banda era essa, como já fiz pra tantos amigos e parentes. Achei melhor não entrar em detalhes, quem perguntava dessa vez era um policial que trabalhava na divisa de Indiana com Ohio, onde a velocidade máxima baixa de 70 para 65 milhas por hora e confesso que vi a placa avisando, mas o jazz da WICR no carro, o piloto automático liberando meus pés pro air drum e o sol gostoso na cara me impediram de mudar a velocidade de cruzeiro. Acabei fazendo tudo isso quando um carro com estrela de xerife no capô e luzes azuis e vermelhas piscando por todo lado me fizeram encostar e contar porque tinha saído do Brasil decidido a rodar mais de mil quilômetros dentro dos Estados Unidos para ver a banda mais importante da minha vida. Tudo terminou com um aperto de mão e a promessa de que iria procurar a Rebecca Parker que estudou com meu amigo xerife e hoje mora na América do Sul.

A esperança de ver o Neutral Milk Hotel ao vivo surgiu quando Jeff Mangum decidiu se apresentar sozinho novamente, depois de um hiato de turnês por uma década e meia. A receptividade nos seus shows solo em teatro e a maneira que hipnotizou os manifestantes no Occupy Wall Street contribuíram muito para ele trazer a banda de volta para pra rua. No festival de Coachella, em 2012, a magia aconteceu por alguns momentos: Scott Spillane e o chegado Jeremy Thal se juntaram a ele. Bastava esperar.

Os ingressos da primeira parte da turnê americana se esgotaram em minutos. Consegui ingresso para a terceira data, na cidade de Covington, Kentucky. Teria seis meses para me planejar e partir para essa cidade que nunca tinha ouvido falar. Nesse meio tempo, perguntei ao Jeremy Barnes (bateria) quando veio ao Brasil para se apresentar com A Hawk and A Hawksaw como estavam os ensaios para os shows: “Não tem, a gente nunca ensaia”.

Quem abriu a noite foi o Elf Power, outra uma banda do núcleo duro do coletivo Elephant 6. A banda empolgava as pessoas mais próximas do palco e entretia as conversas dos outros presentes que já lotavam o Madison Theatre. Com o barulho da galera no bar atrapalhando, consegui refúgio no primeiro terço do tablado a poucos metros do palco. Cheguei junto com uma homenagem da banda ao Bill Doss, um dos mentores do coletivo, morto em 2012 e membro do Olivia Tremor Control e Apples in Stereo, entre outros projetos. A música escolhida foi “Jumping Fences”, numa versão bem mais lenta e linda, responsável por afogar nossos olhos em lágrimas antes até dos instrumentos entrarem, para nossos alento, como se fôssemos também íntimos da pessoa mais querida que deixou o coletivo muito cedo.

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Esperava Jeff Mangum entrando sozinho no palco para tocar “Two Headed Boy”, como nas outras duas noites. Dessa vez, a banda tomou o palco todo logo de cara para fazer a plateia duvidar da realidade e tocaram “The King of Carrot Flowers, pt I, II & III”. Nada de respirar, “Holland, 1945” acelerou o público da frente, enquanto outros choravam ou fechavam os olhos depois dos três hinos.

Da esquerda para a direita, o palco era preenchido pelo naipe de metais, mas que também ajudavam com violões, baixo e teclado: Jeremy Thal, Laura Carter (Elf Power), Astra Taylor – esposa do Jeff Mangum – e Scott Spillane, que repetia cada sílaba de Jeff encarando a multidão hipnotizada. No centro do palco, Jeremy Barnes na bateria e Julian Koster, multi-instrumentista como todos, responsável pelos serrotes e que pogava quando tinha instrumentos “fáceis de controlar”, como o acordeão. Espera, são mesmo aqueles serrotes! Jeff Mangum ficava mais à direita, separado do resto da banda por um abat-jour de ovelha sobre os amplificadores.

“Gardenhead” e “Everything Is” chegaram para cantar com os punhos cerrados. Jeff aponta para uma menina e pede para ela não tirar fotos. De fato, todos respeitavam o pedido da banda, salvo por um breve click desesperado para tentar levar alguma imagem para casa. Pouca coisa apareceu nas redes sociais depois do show.

O público também era peculiar para um show de rock. Ao final de cada música, os gritos e aplausos duravam bastante, até um silêncio profundo devolvendo a vez para a banda. Veio “In the Aeroplane Over the Sea” e surgiu um abraço coletivo que juro não ter iniciado. A banda deixa Jeff sozinho com “Two Headed Boy”. Jeff chama o público para cantar o final da música quando a banda volta armada para “The Fool”.

Só para ter certeza que todo mundo estava derretendo, a música seguinte foi “Naomi”.

Tirando Scott e sua barba fistáile, a banda não interage tanto com o público. Jeff responde de maneira monossilábica às declarações de amor e pedidos de casamento de homens e mulheres. Quando alguém agradeceu a volta da banda, ele respondeu que nunca haviam se separado. É verdade.

Foram mais nove canções. Do ITAOTS, só “Communist Daughter” ficou de fora. O show termina com “Engine” e uma brincadeira de Jeff depois do Julian queimar a largada avançando uma nota com seu serrote. “Obrigado! Essa foi ‘Engine, part II'”.

As pessoas já se olhavam com cumplicidade, éramos testemunhas de um momento que jamais nos esqueceremos, com ou sem fotos proibidas.

O áudio do primeiro show de volta do Neutral Milk Hotel

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Silvano descolou o áudio com a íntegra do primeiro show da volta do Neutral Milk Hotel quinze anos depois de Jeff Mangum ter tocado com essa banda pela última vez.

De chorar, ouça o resto do show logo abaixo:

 

O primeiro show da volta do Neutral Milk Hotel

Depois de quinze anos, a banda liderada por Jeff Mangum voltou à ativa num show ontem em Baltimore, nos EUA, que deu início a uma turnê mundial que só termina no ano que vem (se tudo der certo, os vejo em maio do ano que vem). O diretor Lance Bangs pegou o setlist e postou em sua conta do Instagram:

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Demais, demais.