1° de novembro – O lançamento da revista Billboard, o dia que o mundo conheceu o disco Abbey Road, a morte de Yma Sumac e o aniversário de Pabllo Vittar
2 de novembro – Carly Simon lança “You’re So Vain”, a primeira vez do termo “Beatlemania” é a prisão do pai de Marvin Gaye
3 de novembro – “Ice Ice Baby” levando o rap ao topo das paradas pela primeira vez, a volta dos Righteous Brothers e censura a shows de rock!
4 de novembro – Os Beach Boys lançam “Good Vibrations”, My Bloody Valentine lança o Loveless e morre Fred “Sonic” Smith
5 de novembro – Aniversário de D2, Thaíde e Mr. Catra, a estreia do programa de Nat King Cole e a morte de Link Wray
6 de dezembro – Taylor Swift lança 1989, os Sex Pistols estreiam ao vivo (por dez minutos!) e os Monkees lançam um filme lóki
7 de novembro – O nascimento de Ary Barroso, o último show de Aretha Franklin e a morte de Leonard Cohen
8 de novembro – O lançamento do quarto disco do Led Zeppelin, David Bowie no programa da Cher e o filme que deu um Oscar pro Eminem
9 de novembro – É lançada a revista Rolling Stone, o disco 36 Chambers do Wu-Tang Clan, John conhece Yoko e Bowie toca ao vivo pela última vez
10 de novembro – A gravação do clipe de “Bohemian Rhapsody”, o primeiro rap a entrar na lista dos mais vendidos e Chaka Khan com Prince, Stevie Wonder e Melle Mel
11 de novembro – John & Yoko lançam Two Virgins, Bill Haley chega ao topo das paradas e Dylan lança seu primeiro livro
12 de novembro – Madonna lança o disco Like a Virgin, o estúdio Abbey Road é fundado e o Velvet Underground faz seu primeiro show
13 de novembro – Atentado terrorista no show do Eagles of Death Metal, “Feelings” ganha o disco de ouro e morre Ol’ Dirty Bastard
14 de novembro – Michael Jackson lança o clipe de “Black Or White”, Ray Charles chega pela primeira vez ao topo e Pete Townshend assume que é bissexual
15 de novembro – Empresário do Milli Vanilli assume que dupla é uma fraude, Janis Joplin é presa por xingar um guarda e os Dire Straits dominam as paradas
16 de novembro – A morte de Candeia, a prisão do baterista do Clash e os Stones tocam na festa privê de um bilionário
17 de novembro – Morre o maestro Heitor Villa-Lobos, o primeiro disco das Spice Girls e Patti Smith ganha o National Book Award
18 de novembro – Genesis lança o clássico The Lamb Lies Down on Broadway, morre Danny Whitten da Crazy Horse de Neil Young e o Nirvana grava seu Acústico MTV
19 de novembro – Michael Jackson pendura o filho bebê na varanda, Carl Perkins grava “Blue Suede Shoes” e Zappa conclui sua ópera Joe’s Garage
20 de novembro – Keith Moon passa mal e fã termina o show tocando bateria com o Who, Isaac Hayes chega ao topo e Bo Diddley é banido da TV
21 de novembro – A morte de Peter Grant, o empresário que fez o Led Zeppelin acontecer, Olivia Newton John emplaca “Physical” e os Beatles lançam Anthology
22 de novembro – A morte acidental do líder do INXS, Michael Hutchence, o início da carreira de Simon & Garfunkel e Pearl Jam apenas em vinil
23 de novembro – Jerry Lee Lewis é preso após baixar armado na casa de Elvis Presley, Pink Floyd nas paradas de sucesso e morre Adoniran Barbosa
24 de novembro – Morre Freddie Mercury, Howlin’ Wolf toca na Inglaterra e o Crowded House encerra suas atividades
25 de novembro – Estreia Guarda-Costas o filme que catapultou a carreira de Whitney Houston, surge a primeira gravadora online e morre Nick Drake
26 de novembro – O clube Haçienda é leiloado, o Cream faz seu último show e Richey Edwards, dos Manic Street Preachers, é declarado morto
27 de novembro – O clipe de “Justify My Love” é banido da MTV, Hendrix comemora aniversário num show dos Stones e o Pavement termina ao vivo
28 de novembro – John Lennon toca pela última vez ao vivo (ao lado de Elton John), Kurt Cobain zoa o Top of the Pops e Britney dá a volta por cima
29 de novembro – O fenômeno Susan Boyle cumpre a promessa em seu primeiro álbum, morre George Harrison e Taylor Swift substitui a si mesma no topo
30 de novembro – Morre Cartola, Michael Jackson lança Thriller, Madchester chega ao Top of the Pops e Joey Ramone vira um quarteirão em NY
Um programa em homenagem a um dos principais nomes da música brasileira deste século.
Mr. Catra – “Cadê o Isqueiro? (Bonde dos Maconheiros)”
Mr. Catra – “Adestrador”
Mr. Catra – “Mercenária”
Digitaldubs + Mr. Catra – “Fala Que é Nóis”
Mr. Catra – “Vacilão”
Mr. Catra – “Índio Quer Apito”
Mr. Catra – “Rap Capô de Fusca”
Mr. Catra + MC Tati Quebra-Barraco – “Quebra o Meu Barraco”
Mr. Catra – “Vai Começar a Putaria”
Mr. Catra – “Mama Me Olhando”
Mr. Catra – “Antes, Durante e Depois”
Mr. Catra – “Tipo Uma Cavala”
Mr. Catra – “Vem Todo Mundo”
Mr. Catra – “Adultério”
Mr. Catra – “Maconha”
Mr. Catra – “Vem Quicando”
Mr. Catra – “O Retorno de Jedi”
Mr. Catra – “Se Meu Pau Não Parar de Crescer”
Mr. Catra – “Bonde do Justo”
Mr. Catra + Os Templários- “Filhos da Puta”
Mr. Catra – “Eu Fui de Todas Elas”
Mr. Catra foi o mais perto que cheguei de Tim Maia – e tinha essa sensação sempre que o encontrava. Um coração gigante, uma capacidade imbatível de se tornar o centro de qualquer roda de conversa, um senso de humor único, contando histórias escabrosas, inacreditáveis e surreais e as temperando com gargalhadas cavernosas e fumos ótimos. Mas esta personalidade ficava em segundo plano quando pegava o microfone na mão e se transformava em um semideus da música, transmutando qualquer show em uma celebração rítmica que nos levava a todos os centros de negritude de nosso imaginário – Kingston, Salvador, Nova Orleans, Luanda e, claro, o Rio de Janeiro. Um funkeiro que cantava – e encantava – com um timbre de feiticeiro velho, nos revelando lendas e histórias ancestrais em forma de crônicas cariocas seja ao lado de um DJ, de uma banda ou de outros MCs. Nunca sairá da minha memória uma noite na Casa da Matriz ao lado dos Digitaldubs (creio que no verão de 2004), em que as paredes suavam, a névoa branca ocupava pequeno espaço entre as cabeças e o teto, o grave fazia o chão tremer e ele disparava causos e palavras de ordem como um profeta tentando organizar o apocalipse. A notícia de sua passagem é mais uma dessas tragédias deste fatídico 2018, mas também talvez seja a oportunidade de se debruçar na obra em aberto deste que mestrão que, mesmo antes de sua morte, já era um dos maiores nomes da cultura urbana brasileira deste século. Vai na paz.
Quem conhece Mr. Catra sabe que ele é um dos vocalistas mais versáteis do Rio de Janeiro – flui tranquilamente do raggamuffin’ ao charm, passando pelo soul e pelo funk mais pesado. Seu apreço pelo samba, no entanto, é desconhecido da maioria das pessoas – e ele vem resolver essa questão lançando um disco inteiro dedicado ao gênero, chamado Com Todo Respeito Ao Samba.
Como disco de samba não acrescenta muito ao gênero, mas é uma clara prova de que Catra quer tirar seu troco também do público que curte o samba genérico de Seu Jorge – e ele não faz feio. Tem mais duas músicas aí embaixo, saca só:
Mais um programa, mais papo furado improv-style: falamos sobre o primeiro show do disco novo do Marcelo Camelo, do primeiro disco do Criolo, Instituto e +2, Casa de Francisca, Gui Amabis, Mr. Catra, YouPix e os trolls e até conselhos amorosos. Uma hora e vinte de Vinteonze: isso deve ser um sinal.
Ronaldo Evangelista & Alexandre Matias – “Vinteonze #0006“ (MP3)
Descemos mais uma vez às profundezas da eletricidade para depois sermos resgatados pela sutileza e finalmente cairmos na dança. Parece uma metáfora para a vida, mas não é.
Velvet Underground – “Foggy Notion”
Fall – “Cruiser’s Creek”
Thee Oh Sees – “Tidal Wave”
Céu – “Papa”
Miike Snow – “Faker”
Sondre Lerche – “Words and Music”
Big Star – “Thirteen”
JJ – “My Love”
Memory Cassette – “Sleep on the Roof”
Washed Out – “New Theory”
Delorean – “Deli”
Two Door Cinema Club – “What You Know (Lights Over LA Remix)”
Jamaica – “I Think I Like U 2”
Gorillaz – “Stylo (Alex Metric Remix)”
Lady Gaga + Beyoncé – “Telephone (Crookers Remix)”
Crookers + Yelle – “Cooler Couleur (Junkie XL Remix)”
Sneaky Sound System – “16 (Flight Facilities Remix)”
Mr. Catra & Os Apóstolos – “Mercenária”
Mr. Catra – “Vacilão”
E por falar em Trip, nem comentei sobre a ótima e longa entrevista que o Ronaldo e a Kátia fizeram durante um corre de Mr. Catra por São Paulo – em um encontro rápido com o Ronaldo ali no São Cristóvão, ele comentou que seguia a comitiva do sujeito só pela marola, hahaha. Na entrevista, publicada nas já tradicionais Páginas Negras da revista, o MC fala de política, religião, sua criação em escolas da elite carioca, crime organizado, sua treta com Marlboro, além de cochilar durante vários trechos do papo.
E numa conjunção cósmica de coincidências, a revista +Soma também deu a capa de sua última edição ao profeta do funk carioca, um dos personagens mais intensos da atual música brasileira. A matéria da +Soma também tem a grife de um compadre – no caso, o intrépido Matias Maxx, the Original Capitão Presença, que além de ser um dos repórteres mais setorizados em todo o imaginário que envolve Catra, acompanha a carreira do sujeito desde 1998 e sempre arrumou desculpa para puxar longos papos e transformá-los em entrevistas já clássicas (vale fuçar os zines de Matias, tanto o impresso Tarja Preta quanto o falecido blog La Cucaracha – que batiza sua loja em Ipanema -, além de incontáveis revistas para quem ele já vendeu essa pauta). E a matéria também bate em pontos levantados na entrevista da Trip, como sua conversão ao judaísmo em sua visita ao Muro das Lamentações em Israel, sua vida de workaholic, suas várias mulheres e seu papel dentro e fora do funk carioca. A revista é distribuída gratuitamente, mas quem não a encontra em canto nenhum pode baixá-la em PDF no site.
Mr. Catra – “O Fiel”
Catra, o Fiel, já é conhecido em todo o Brasil há pelo menos uma década e sua voz rouca alterna cantos religiosos, putanheiros, canabistas ou violentaços em qualquer palco que o requeira: casas noturnas de todas as classes, programas de TV, festivais ou em participações especiais em disco dos outros. Tem alguns hits no imaginário brasileiro, embora a maioria das pessoas não ligue o nome à pessoa – você já deve ter ouvido pelo menos um de seus três maiores hits, a fumífera “Cadê o Isqueiro?”, a intimada “Vacilão” e o alerta “Simpático”. Ele já teve disco solo lançado pela Warner, já foi tema de documentário na Holanda, teve matéria de oito páginas na Rolling Stone japonesa e disco sendo vendido em Dubai e Amsterdã. Já colaborou com Marcelo D2, Digitaldubs e DJ Dolores, inspirou João Brasil num episódio de pura vergonha alheia e é conhecido de quase todo mundo da cena de hip hop paulista. Sua luta é “contra a hipocrisia”, como ele sempre sublinha, e é justamente por isso que ele não é mais conhecido. Como o Brasil das “grandes pessoas humanas” que freqüentam o Faustão reagiriam às letras pornográficas, violentas e messiânicas de Mr. Catra?
Na verdade, Catra é um desafio à cultura nacional. Popular e populista, ele é um dos poucos MCs de funk carioca que realmente cantam, embora o rugido rouco, os discursos que irrompem no meio das músicas e a gargalhada diabólica não deixem que você perceba isso de cara. Ele é a figura mais próxima de um Tim Maia que temos na música brasileira hoje ao mesmo tempo que é a melhor tradução do gangsta rap para o Rio de Janeiro e um misto de James Brown com Isaac Hayes numa trip histórico-religiosa. Como nem tão cedo um sujeito que responde às mulheres-vegetais (a Samambaia, a Melancia) com uma agressiva Mulher Filé (veja o vídeo abaixo) chega ao topo do showbusiness brasileiro, tamanha a forma que ele subverte todos os clichês de bom-mocismo que se espera de um popstar que não nasceu no meio artístico.
Mr. Catra e Mulher Filé
As duas entrevistas funcionam como uma ótima introdução ao sujeito, mas dá pra se aprofundar melhor visitando outros hits do cara, como “O Retorno é de Jedi” com MC G3, “Vai Começar a Putaria“, “Cadê o Isqueiro?“, “67 Patinete“, “Fiel à Putaria” (nessa versão, com o Latino) e as infames subversões para hits da música brasileira, como “Tédio”, do Biquini Cavadão (que torna-se “Adultério“), “Primeiros Erros” de Kiko Zambianchi (que assume uma faceta singela com o novo título “Se Meu Pau Não Parar de Crescer“), “Itapoã”, de Toquinho (“Mamada de Manhã“, na nova encarnação), entre outras. Não esqueça de por o fone de ouvido se estiver em algum lugar onde alguém pode se assustar com um mísero palavrão, hein…
Não achei “Mercenária”, funkeira setentona pesada, no YouTube, mas se alguém descolar uns MP3 eu subo aqui… Aliás, fica no ar a idéia prum Vida Fodona especial Mr. Catra – quem sabe se eu arrumar mais MP3 do cara, eu agilizo pro mês que vem…
O título não é exagero: tem música antiga regravada por banda nova, remixes, mash-ups, hits recém-saídos, músicas de discos que ainda nem foram pra fábrica, MP3s pra download, hip hop com eletrônico, dubzeira, groove de pista, falação contida, brasileiros na medida, raridades, cruzamentos, intervalos curtos, funk carioca e começa e termina com o Radiohead. Acho que agora acertei a mão (sem trocadilhos e/ou piadinhas, plis).
– “Nobody Does It Better” – Radiohead
– “Cheryl Tweed” – Lily Allen
– “Carnaval Inesquecível na Cidade Alta” – Mundo Livre S/A
– “MTV Makes Me Want to Smoke Crack” – Beck
– “Woman (Mstrkrft Remix)” – Wolfmother
– “This Fire (Playgroup Remix)” – Franz Ferdinand
– “Bring the Seven Nation Army” – White Enemy
– “Tremendo Vacilão” – MC Perla
– “Ela Mama Meu Ganso” – Mr. Catra
– “Só Putaria” – MC Paulão
– “Pasmina” – Rabu Gonzalez
– “Crazy Logic” – Arty Fufkin
– “Smiley Faces Hypnotize” – Gnotorious
– “I Don’t Feel Like Dancing” – Scissor Sisters
– “From Atlantis to Interzone” – Klaxons
– “Take Me Back to Your House” – Basement Jaxx
– “Let Down” – Easy Star All-Stars com Toots and the Maytals