“Trovoa”, com Maurício Pereira, Juçara Marçal e O Terno

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No final do Fora da Casinha, que foi sensacional, eu tava comentando com a Roberta sobre como “Trovoa”, do Maurício Pereira, virou uma espécie de hino da cena independente brasileira e ela perguntou se eu tinha ouvido a versão que ele gravou com a Juçara no especial de fim de ano de 2012 de seu programa, o Cultura Livre. A edição do programa contou com vários convidados (Karina Buhr, Kiko Dinucci, Bárbara Eugênia, Tatá Aeroplano, Pélico, Rafael Castro, Tulipa, Letuce, Rael, entre outros), todos acompanhados pel’O Terno, mas esse momento é bem especial.

Dá pra ver o programa especial inteiro abaixo:

Fora da Casinha 2017

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Mancha chega ao terceiro ano de seu festival com um avanço considerável: depois de dois anos cobrando ingresso para a entrada do público, em 2017 ele realiza seu Fora da Casinha gratuitamente, montando dois palcos no Largo da Batata neste sábado para apresentar mais uma safra de bandas independentes que passaram pela mítica Casa do Mancha, que completa uma década de atividade este ano, como Giovani Cidreira, Ema Stoned, Glue Trip, Tagore, Negro Leo, Bárbara Eugena e Tatá Aeroplano, entre outros. Como nas duas edições anteriores, o festival começa com a tradicional discotecagem Sussa – Tardes Trabalho Sujo deste que vos escreve (ao lado do Danilo), puxando para o tom do festival (bandas independentes brasileiras), e com o show do padrinho do festival, o mestre Maurício Pereira (os horários dos shows estão no final deste post – além de mais informações que você encontra aqui). Conversei com o Mancha sobre a edição do Fora da Casinha deste ano a seguir.

qual o principal desafio desta terceira edição do festival?
Acredito que nosso desafio desse ano é se manter eficaz na função de apontar novos nomes da música independente nacional desta vez pra um público mais heterogêneo. Até então o festival acontecia dentro de um local controlado e por mais que o público fosse amplo, existia um denominador comum a todos que se dispuseram a comprar um ingresso para ver um festival de música independente.
Agora com o festival gratuito na rua amplificamos a reverberação da nossa proposta chegando em um público que não necessariamente viria até nós. E conquistar esse público que não foi atrás de você é tão complexo quanto prazeroso. A música tem essa função de surpreender, estamos olhando pra isso com um brilho especial desta vez.

E em relação ao elenco, comente sobre os artistas que escolheu.
O Maurício Pereira é nosso padrinho, então dispensa comentários. Todos os outros artistas vem com trabalhos recentes que acabaram de sair ou estão prestes a sair. Alguns com uma caminhada mais longa que outros, mas todos passando por um momento fértil justamente para serem apresentados para esse público heterogêneo que a rua proporciona.
A programação desse ano privilegiou esse diálogo com a rua como um todo.

O festival encerra a programação de dez anos da Casinha. Fale sobre essa comemoração.
Completar uma década nessa empreitada com música já é uma vitória fabulosa. O mês de setembro foi todo dedicado a isso com shows que marcaram a história da casinha, artistas que tem uma relação super íntima e começaram junto aqui conosco. É um orgulho imenso ver todos esses frutos, bandas crescendo, publico interessado, novas bandas surgindo com vontade de tocar aqui.. tudo isso derivou de 10 anos persistência nossa e de muitas outras pessoas que caminharam juntas.
Terminar isso com o festival dessa forma, gratuito na rua, me pareceu a melhor forma de concluir um ciclo que acima de tudo está sendo enriquecedor pra todos que estão envolvidos.

Quais os próximos planos para a Casinha e para o festival no ano que vem?
Uma das coisas que 2017 me ensinou foi de controlar os planos, diminuir as expectativas e prestar mais atenção no processo. Enxergar tudo que foi feito e que já é motivo de muitas felicidades, sentir prazer nisso e no hoje, não enlouquecer com o amanhã e estar sujeito às supresas da vida. Essa lição me deixou mais leve.
Mas claro, pode ser que tudo mude num piscar de olhos. Tudo certo.

13h: Discotecagem Sussa | Trabalho Sujo
14h: Mauricio Pereira
14h40: Bárbara Eugênia + Tatá Aeroplano
15h35: Vitreaux
16h20: Giovani Cidreira
17h05: Aloizio e a Rede + Bratislava
17h50: Ema Stoned
18h30: Raça
19h10: Glue Trip
19h55: Tagore
20h40: Negro Leo

Concertos de Discos

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A partir deste mês retomamos no Centro Cultural São Paulo a série Concertos de Discos, idealizada pela diretora original da discoteca pública que hoje batiza a instituição, a pesquisadora Oneyda Alvarenga, em que pesquisadores e especialistas dissecam discos clássicos em audições comentadas. Como estamos nas comemorações dos 50 anos do ano de 1967 (dentro do projeto Invenção 67), iniciamos os trabalhos com oito aulas sobre oito discos essenciais lançados naquele ano – das estréias do Pink Floyd, Doors, Velvet Underground e Jimi Hendrix, a discos cruciais nas carreiras de Tom Jobim, Roberto Carlos, Aretha Franklin e dos Beatles. O time de especialistas reunidos é da pesada e as audições acontecem na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, no CCSP, durante as terças e quintas de junho, gratuitamente, a partir das 18h30. Veja a programação completa deste primeiro mês abaixo (mais informações aqui):

Concertos de Discos
de 6 a 29/6 – terças e quintas – 18h30
O Invenção 67 ressuscita os célebres Concertos de Discos, que a primeira diretora da Discoteca do Centro Cultural São Paulo, Oneyda Alvarenga, ministrou entre 1938 e 1958. Os Concertos de Discos voltam focados em música popular e realizados na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, convidando o público a uma audição comentada. Programe-se: as audições são limitadas a 30 pessoas. Todos os concertos começam pontualmente às 18h30.

60min – livre – Discoteca Oneyda Alvarenga
grátis – sem necessidade de retirada de ingressos

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
dia 6/6 – terça – 18h30
Pai e filho, Maurício Pereira (Os Mulheres Negras) e Tim Bernardes (O Terno) falam sobre o clássico dos Beatles: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

The Piper at the Gates of Dawn
dia 8/6 – quinta – 18h30
O crítico e músico Alex Antunes (Akira S, Shiva Las Vegas) trata do disco de estreia do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn.

Wave e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim
dia 13/6 – terça – 18h30
O músico e historiador Cacá Machado analisa os álbuns Wave, de Tom Jobim, e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, parceria com Sinatra e Jobim que marcou a inserção da bossa nova no contexto internacional.

The Doors
dia 15/6 – quinta – 18h30
O jornalista Jotabê Medeiros mergulha no álbum de estreia da banda The Doors, que juntou de modo dramático jazz, blues, lisergia e poesia.

I Never Loved a Man the Way I Love You
dia 20/6 – terça – 18h30
Especialista em hip hop, soul e funk, a jornalista Mayra Maldjian analisa I Never Loved a Man the Way I Love You, turning point na carreira de Aretha Franklin – e do rythmn’n’blues.

Are You Experienced?
dia 22/6 – quinta – 18h30
Músico e jornalista, Rodrigo Carneiro (Mickey Junkies) surfa em Are You Experienced?, disco em que estreou a banda Experience, de certo guitarrista canhoto chamado Jimi Hendrix.

Em Ritmo de Aventura
dia 27/6 – terça – 18h30
Guitarrista e vocalista da banda Autoramas, Gabriel Thomaz entra Em Ritmo de Aventura para falar do clássico de Roberto Carlos.

The Velvet Underground & Nico
dia 29/6 – quinta – 18h30
O jornalista e editor da revista Bravo!, Guilherme Werneck, trata de The Velvet Underground & Nico, o disco que lançou a banda de Lou Reed – e também as bases do punk.

As 10 músicas mais importantes do indie brasileiro para o Mancha

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Neste domingo acontece a segunda edição do festival Fora da Casinha, que o compadre Mancha Leonel – o Mancha, da Casa do Mancha – levanta na raça e na unha, sem patrocínio e reunindo o filé da produção musical brasileira independente. Na edição do ano passado ele bateu na tecla do indie rock brasileiro, crucial em sua formação e na história da casinha. Na edição 2016, ele aponta para o perfil atual do estabelecimmento e seus passos futuros, incluindo ícones do rock independente nacional e novos sabores da atual cena pop brasileira, reunindo dez apresentações (Hurtmold, Jaloo, Mauricio Pereira, Cidadão Instigado, Anelis Assumpção & Dustan Gallas, Luiza Lian, Kiko Dinucci, Maglore, As Bahias e a Cozinha Mineira, Ventre e Juliana Perdigão) em três palcos a partir das quatro da tarde. Como no ano passado, eu, Luiz e Danilo representamos a SUSSA – Tardes Trabalho Sujo, tocando apenas música independente brasileira na área comum, que conta com área de alimentação, feirinha de publicações independentes, lançamento do livro Cena Musical Paulistana dos Anos 2010, do Thiago Galletta, e exibição do documentário Música ao Lado” sobre as pequenas casas de shows em São Paulo. O evento acontece na Unibes Cultural, do lado do metrô Sumaré (mais informações aqui), e eu pedi pro Mancha escolher as dez músicas do indie brasileiro que foram mais importante em sua formação. Sugiro dar play no vídeo e abaixar o volume para ouvir a música comentada ao fundo da explicação da escolha para cada faixa.

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Bonifrate – “Cantiga da Fumaça”

Pullovers – “Tudo Que Eu Sempre Sonhei”

PELVs – “Even if the sun goes down”

Astromato – “No Macio, No Gostoso”

Bazar Pamplona- “Faixa Bônus”

Thee Butchers Orchestra – “Sugar”

Motormama – “Coração Hardcore”

Wado e o Realismo Fantastico – “Tormenta”

Apanhador Só – “Não Se Precipite”

Superguidis – “Malevolosidade”

Ave Mancha!

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Nós da trupe Sussa – eu, Danilo, Pattoli, Babee e Klaus – fomos chamados pra dar início aos trabalhos do Fora da Casinha, o festival de oito anos da Casa do Mancha, que consagra a atual cena independente brasileira com o primeiro festival de indie rock realizado em São Paulo neste século. Na real é uma desculpa pra aplaudirmos pessoalmente este sujeito incrível que, na raça, vem adubando cada vez mais uma cena local e autoral, além de criar uma das melhores bolhas de otimismo da cidade (a incrível foto acima, com Samurai e a Ana de papagaios de pirata, foi tirada pela Kátia e eu tunguei de uma ótima história oral do Mancha contada na Vice). São dez atrações – Twinpine(s), Gui Amabis, Carne Doce, Supercordas, Maurício Pereira, Holger, Soundscapes, Stela Campos, O Terno e Boogarins – que mostram a amplitude e especificidade deste gênero, que também reunirá um verdadeiro quem é quem do indie rock brasileiro nesta década – não apenas de São Paulo, pois tem gente vindo de tudo quanto é lugar. Pra comemorar, vamos tocar só música brasileira. O festival começa às 16h deste domingo no Centro Cultural Rio Verde e os ingressos estão quase no fim!

Fora da Casinha 2015

Fora da Casinha

Nem lembro há quanto tempo conheço o Mancha, mas lembro perfeitamente da minha felicidade quando ele aceitou dividir uma Noite Trabalho Sujo na Trackers na primeira vez que fizemos shows na festa (com Bonifrate e Soundscapes). A parceria seguiu logo depois quando o convidei para repetir a dose na festa de 18 anos do Trabalho Sujo (quando ele convocou o MZK e o Curumin) e saquei que havia uma preocupação: Mancha, que fez seu nome junto à cena independente brasileira ao transformar sua própria casa em um dos melhores (e menores) palcos da cidade, era refém de um local.

Havia uma preocupação de expandir os horizontes espaciais da Casa do Mancha para que seu trabalho não ficasse preso a uma coordenada geográfica e ele já tinha algumas ideias na manga. A primeira delas confirma-se hoje, quando ele chamou o Trabalho Sujo pra ser o veículo que anuncia o primeiro Fora da Casinha: um festival de música independente brasileira que acontece durante o primeiro domingo de outubro. São 10 bandas que já passaram pela Casinha se apresentando continuamente por honestos 60 reais (40 reais o primeiro lote, não dê mole) – talvez a melhor relação custo/benefício da noite paulistana. O festival acontece no Centro Cultural Rio Verde e reúne Holger, Gui Amabis, Mauricio Pereira, Twinpine(s), Stela Campos, O Terno, Carne Doce, Soundscapes, Supercordas e Boogarins. Eu, Danilo, Klaus, Luiz e Babee estaremos presentes recebendo o público com a tranquilésima volta das Tardes Trabalho Sujo – não, a Sussa não morreu.

“Faz uns anos que flerto com extrapolar o limite físico da casinha, não ficar refém de um modelo de trabalho singular”, me explica o Mancha. “Já temos essa preocupação de não estagnar numa situação confortável e nos últimos dois anos realizamos algumas produções fora com resultados muito bons. Conforme fomos amadurecendo ficou mais latente a relevância do que podemos apresentar, então fui moldando a idéia de um festival que mantivesse a narrativa que temos na Casa do Mancha só que numa proporção maior.”

Ele conta um pouco da história do lugar: “A Casa do Mancha surgiu de um estúdio caseiro na sala da casa onde eu morava. Basicamente minha intenção era gravar minhas idéias, músicas de amigos e eventualmente juntar todo mundo pra mostrar o que a gente tava fazendo. Aconteceu isso e muito mais. Aos poucos as gravações ganharam melhor qualidade, aprendemos a tirar um bom som da sala e as apresentações se tornaram mais frequentes, disputadas por um público que buscava conhecer novos artistas. Tive pessoas incríveis que passaram anos comigo ajudando a conduzir a casinha como o Tomaz Afs e o Rafael Crespo e isso me fez perceber que existia ali um potencial para ajudar a alicerçar uma fatia da produção musical independente.”

Ele reforça o acerto de opção: “Por estar numa posição privilegiada, em contato com muitos artistas constantemente, vejo coisas incríveis na produção atual. Não é a realidade do grande mercado pois esse ainda é pautado pela lógica do consumo fácil, sem muitas preocupações com referências ou evolução. Mas agora, passada a comoção do acesso à tecnologia que facilitou as gravações, voltamos ao ponto que o artista se destaca pelas apresentações. Isso necessariamente progride a música ao vivo, tanto pro lado dos artistas quanto dos locais de show.”

Pergunto se é uma só edição ou se teremos outros Fora da Casinha depois desse: “O festival nasce como comemoração dos 8 anos da casinha”, diz. “Minha maior preocupação foi costurar artistas que representam bem nosso trabalho durante esse tempo, todos tem um forte laço conosco, são parceiros de longa data e estão nesse festival muito mais pela relação que eles tem com a casa do que qualquer outro motivo. Então vai ser uma festa de aniversário com amigos. E aniversário a gente faz todo ano, se tivermos fôlego e amigos pra comemorar sempre… Por que não?”

Os ingressos começaram a ser vendidos hoje e o primeiro lote custa só R$ 40. Não dê mole.